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FRANKLIN OLIVEIRA DA SILVA VEIGA Estrongilose ..., Notas de estudo de Veterinária

Figura 5- Lesões macroscópicas de fígados de equídeos por larvas migratórias de Strongylus edentatus e equinus, no exame post mortem.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Ronaldinho890
Ronaldinho890 🇧🇷

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
UNIDADE EDUCACIONAL VIÇOSA
CAMPUS ARAPIRACA
FRANKLIN OLIVEIRA DA SILVA VEIGA
Estrongilose Gastrointestinal de Equídeos: Revisão de Literatura
Viçosa, 2018
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

UNIDADE EDUCACIONAL VIÇOSA

CAMPUS ARAPIRACA

FRANKLIN OLIVEIRA DA SILVA VEIGA

Estrongilose Gastrointestinal de Equídeos: Revisão de Literatura Viçosa, 2018

FRANKLIN OLIVEIRA DA SILVA VEIGA

Estrongilose Gastrointestinal de Equídeos: Revisão de Literatura Orientador: Prof. Dr. Wagnner José Nascimento Porto Viçosa, 2018 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Alagoas como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel.

RESUMO

O Brasil possui um dos maiores rebanhos de equídeos do mundo, gerando uma quantidade significativa de empregos e aquecendo a economia do país. As parasitoses intestinais apresentam características cosmopolitas, sendo uma das patologias que mais acometem a sanidade dos animais. Objetivou-se neste trabalho, mostrar a importância do conhecimento sobre esses parasitas para alcançar um diagnóstico preciso, formas de tratamento e controle mais eficientes para o sucesso na criação. Através de pesquisas em livros, artigos e sites especializados no assunto, a revisão bibliográfica incidiu sobre as diferentes fases do ciclo evolutivo dos estrôngilos, assim como os danos causados aos animais e medidas de prevenção para a infecção causada pelos nematódeos. Duas subfamílias de nematoides intestinais se destacam e foram ao alvo da abordagem; os grandes estrôngilos ( Strongylinae ), forma mais patogênica, e os pequenos estrôngilos ( Cyathostominae ) mais prevalentes. Causada pela presença de L3, a infecção por estrôngilos ocorre em animais de todas as idades, preferencialmente nos imunodeprimidos. Causa danos ao fígado, pâncreas, artérias mesentéricas, mucosas intestinais provocando sintomatologia severa podendo levar o animal a óbito. O diagnóstico é feito observando os sinais clínicos, presença de parasitos nas fezes e com o auxílio de exames laboratoriais. O uso indiscriminado de anti-helmínticos ocasiona o aparecimento de resistência parasitaria, sendo necessário conhecimento epidemiológico desses parasitas para chegar ao melhor tratamento. Como alternativa para diminuir a resistência tem sido utilizado fungos nematófagos, como o Duddingtonia flagrans, obtendo resultados satisfatórios sem efeitos colaterais. O conhecimento adequado das diversas maneiras em que os equídeos são criados, aliado a compreensão das nuances em que ocorre o aumento da carga parasitaria e o surgimento da infecção é de suma importância para alcançar o proposito desejado na criação, evitando surpresas. Palavras-chave: Equídeos. Estrôngilos. Helmintos

ABSTRACT

Brazil has one of the largest herds of equines in the world, generating a significant amount of jobs and warming the country's economy. The intestinal parasitoses present cosmopolitan characteristics, being one of the pathologies that most affect the sanity of the animals. The objective of this work was to show the importance of knowledge about these parasites in order to achieve an accurate diagnosis, more efficient treatment and control methods for successful breeding. Through researches in books, articles and specialized websites, the literature review focused on the different phases of the evolutionary cycle of the estrôngilos, as well as the damages caused to the animals and prevention measures for the infection caused by the nematodes. Two subfamilies of intestinal nematodes stand out and were targeted; the great strongillos (Strongylinae), more pathogenic form, and the small more prevalent stróngilos (Cyathostominae). Caused by the presence of L3, strontium infection occurs in animals of all ages, preferably immunocompromised. It causes damage to the liver, pancreas, mesenteric arteries, intestinal mucosa causing severe symptomatology and may lead to death. The diagnosis is made observing the clinical signs, presence of parasites in the feces and with the aid of laboratory tests. The indiscriminate use of anthelmintic causes the appearance of parasitic resistance, being necessary epidemiological knowledge of these parasites to reach the best treatment. As an alternative to decrease resistance has been used nematophagous fungi, such as Duddingtonia flagrans, obtaining satisfactory results without side effects. Proper knowledge of the various ways in which equines are created, together with an understanding of the nuances in which the parasitic load increases, and the onset of infection is of paramount importance to achieve the desired purpose in breeding, avoiding surprises. Key-words : Equines. Strongyles. Helminths

SUMÁRIO

  • 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................
  • 2 ETIOLOGIA.........................................................................................................................
  • 3 EPIDEMIOLOGIA E CICLO EVOLUTIVO...................................................................
    • 3.1 Strongylus vulgaris
    • 3.2 Strongylus edentatus
    • 3.3 Strongylus equinus
    • 3.4 Cyathostominae
  • 4 PATOGENIA E SINAIS CLÍNICOS................................................................................
    • 4.1 Strongylus vulgaris
    • 4.2 Strongylus edentatus.
    • 4.3 Strongylus equinus ……………………………………………………………………
    • 4.4 Cyathostominae ……………………………………………………………………….
  • 5 DIAGNÓSTICO…………………………………………………………………………..
  • 6 TRATAMENTO E CONTROLE………………………………………………………..
    • 6.1 RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA......................................................................
  • 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................
  • REFERÊNCIAS.....................................................................................................................

1 INTRODUÇÃO

O crescimento do agronegócio do cavalo, atua como um importante gerador de empregos. Os cavalos são utilizados desde os primórdios como meios de transporte, laser, fonte de proteína, isso nos ambientes urbanos e rurais. E isso não se estende apenas em algumas regiões do país. O Brasil está entre os países que possuem o maior rebanho de equinos no mundo. Movimentando cerca de 16,15 bilhões de reais por ano, gerando cerca de 610 mil empregos diretos e 2.429.316 empregos indiretos (MAPA, 2016). As parasitoses intestinais são uma das patologias que mais acometem a sanidade dos equinos ao redor do mundo. Tornando-se um desafio para os proprietários e médicos veterinários que trabalham nesta área. (ANDRADE et al., 2009; BOTELHO et al., 2012; MOLENTO M.B., 2005). Dentre as diversas espécies de parasitas que acometem os equinos, destacam-se duas subfamílias de nematoides intestinais, os grandes estrôngilos ( Strongylinae ) e os pequenos estrôngilos ( Cyathostominae ). Esses parasitas causam sérios danos ao intestino, devido a fixação na parede intestinal para ingerir sangue dos capilares ou se alimentando da mesma. Os animais podem apresentar sintomatologia como perda de peso, cólicas e diarreias (TAYLOR et al., 2007). Os grandes estrôngilos causam maiores danos à saúde animal, sendo estes responsáveis por causar trombose mesentérica, ocasionando cólicas severas. Os pequenos estrôngilos são os mais abundantes parasitos encontrados nas fezes dessa espécie, sendo responsáveis por perda de peso, cólica, ou até casos mais graves como ciatostomíase larvar (PEREIRA & MELLO, 1989; FORGATY & KELLY, 1993). Referente ao que foi exposto faz-se necessário o conhecimento sobre os parasitas que mais acometem os equinos, assim como sobre suas principais formas de diagnóstico e controle. Esta revisão tem como objetivo mostrar a importância do conhecimento sobre esses parasitas, formas de diagnóstico e controle tentando evitar maiores danos a saúde animal e, por conseguinte, prejuízos no setor do agronegócio. 2 ETIOLOGIA Os nematóides da ordem Strongylida, superfamília Strongyloidea mais importantes na medicina equina são compostos pela subfamília Strongylinae vulgarmente conhecidos como

Figura 2 - Ciatostomíneo adulto Fonte: Monrad & Thoisen, 2011 A infecção por estrôngilos ocorre em equinos de todas as idades, sendo mais patogênicos em animais que não desenvolveram imunidade (ALMEIDA et al., 2008). Debilidades nutritivas e excesso de trabalho em animais adultos predispõe a queda na imunidade contraindo infecções (FERRARO et al., 2008). Na criação extensiva, a infecção dos equinos esta na presença de larvas L3 na grama, geralmente em períodos em que a umidade esta alta, mais comumente na estação chuvosa, favorecendo a ingestão dos parasitas presentes na pastagem (LANGROVÁ et al., 2003). Em animais estabuladas, a infecção ocorre em consonância com a carga parasitaria e quantidade de animais que dividem o mesmo ambiente (CARVALHO et al., 2007). 3 EPIDEMIOLOGIA E CICLO EVOLUTIVO O cenário nacional apresenta condições favoráveis à sobrevivência das larvas de nematoides durante todo o ano, porém as larvas presentes nas fezes apresentam grande capacidade de sobreviverem por muito mais tempo no pasto, podendo chegar a mais de um ano. Em condições favoráveis, as larvas migram para o topo da vegetação onde serão ingeridas pelo hospedeiro dando continuidade ao ciclo (KUZMINA et al. 2006). Estudos em diferentes propriedades de criação de equídeos em todo o mundo demonstram que, uma vasta população de helmintos está presente em diferentes condições geográficas (NIELSEN, 2012). A temperatura ideal para o desenvolvimento das larvas até a L3 e em média 28°C, acima de 38°C causa a morte rápida dos ovos e abaixo de 4°C o desenvolvimento e interrompido. Todas as variáveis ambientais influenciam e tornam

complexo o desenvolvimento, migração e sobrevivência das larvas na pastagem. (NIELSEN et al., 2007) Lyons et al. (2000) relata que a infecção helmíntica tem caráter sazonal, porém há diferença da época de ocorrência nas diferentes regiões do mundo. Dessa forma, as condições mais favoráveis nos países com clima temperado, ocorrem na primavera e outono, enquanto que nos países de clima subtropical, essas condições ocorrem durante o inverno No Brasil, pesquisas mostram que conhecer a epidemiologia desses parasitos são de extrema importância para a realização de formas eficientes de controle. (SOUZA et al., 2012; MOLENTO et al., 2016). O início do ciclo biológico dos nematoides (figura 3) acontece de forma exógena igual para as duas subfamílias. Os ovos presentes nas fezes desenvolvem os estágios L1, L2 no ambiente, até atingirem a forma infectante L3, que vai ser ingerido pelos animais para dar continuidade ao desenvolvimento. As fezes dos animais servem como reservatório, pois oferece condições de proteção, evitando a dissecação, prolongando assim o ciclo durante algum tempo (MADEIRA DE CARVALHO, 2003) Figura 3 - Representação esquemática do ciclo dos parasitas da subfamília Strongylinae Fonte: Reinemeyer & Nielsen, 2013

grosso atingindo a sua maturidade reprodutiva e lançado seus ovos ao ambiente. O período pré-patente tem uma duração aproximada de 8 a 9 meses (URQUHART et al., 2001; VILAS et al., 1999; BOWMAN, 2008). 3.4 Cyathostominae Além das condições ambientais atuarem como fatores determinantes para o ciclo evolutivo, Chambarelli (2008), cita que o tipo de gramínea onde a larva se desenvolve e se esta é irrigada ou não, influência diretamente na distribuição de L3 nos ciatostomíneos. Viana (1999), relata que as gramíneas possuem características diferentes podendo ajudar ou não o desenvolvimento larval, fatores como pilosidade, tamanho e hábitos de crescimento de acordo com a espécie da gramínea. Uma vez ingerida sob fase L3 a larva penetra na mucosa e submucosa, onde pode haver uma parada no seu desenvolvimento (hipobiose). Em condições favoráveis, evolui para L4 e eclodem no lúmen intestinal (ABBOTT, et al. 2007; REINEMEYER, 2009). Posteriormente chegam a sua fase adulta, L5, se aderem ao lúmen do intestino, podendo ocasionar elevada perda de fluídos e proteínas. Durante esse período pode permanecer em forma de cistos até encontrarem condições favoráveis para a maturidade e reprodução (LYONS et al., 1999). 4 PATOGENIA E SINAIS CLÍNICOS 4.1 Strongylus vulgaris Espécie considerada de maior patogenicidade, principalmente na forma de L3. Durante seu percurso causa lesões geralmente na artéria mesentérica cranial e seus ramos, podendo haver formação de trombos e inflamação da parede vascular (figura 4), tornando a parede mais espessa (FOREYT & FOREYT, 2001; REICHMANN et al., 2001). Podendo ocasionar severas cólicas com choque cardiovascular, cianose nas membranas, apresentando quadro de dor (NIELSEN et al., 2015). Os parasitas adultos apresentam patogenicidade baixa, quando as larvas L permanecem na parede intestinal ingerindo proteínas do sangue e tecidos podem causar o

aparecimento de pequenos abcessos e provocar anemia (REINEMYER & NIELSEN, 2013; FOREYT, 2001; REINEMEYER, Em equinos de dois a nove meses pode causar hipertermia, caquexia, depressão, constipação, diarreia intermitente e posição de decúbito (MCCRAW & SLOCOMBE, 1976). Figura 4 - Trombo em ramo de artéria mesentérica, causada por S. vulgaris (seta) Fonte: Kolk & kroeze, 2013 4.2 Strongylus edentatus Alterações e lesões no fígado, devido a migração larvar, geralmente os animais mostram-se assintomáticos. Os animais infectados enquanto adultos, desenvolvem lesões na mucosa intestinal, granulomas e gastroenterite eosinofílica. Pode apresentar quadros de diarreia, hipertermia, hipoproteinemia, anemia taquicardia, edema, anorexia, depressão e emagrecimento (TAYLOR et al., 2007; BELL, et al., 2015). Provoca lesões hepáticas que levam o animal a desenvolver hepatite (KOLK & KROEZE, 2013) 4.3 Strongylus equinus Há poucas informações sobre a patogenia das larvas de S. equinus, sabe-se apenas do seu comportamento invasivo, tendo sinais clínicos semelhantes ao S. edentatus. A infeção por S. equinus causa pancreatite e pode danificar o fígado, resultando no desenvolvimento de disfunção pancreática e diabetes mellitus, respectivamente (MADEIRA DE CARVALHO, et al., 2007; STUDZINSKA, et al., 2012; REINEMEYER & NIELSEN,

Figura 6 - Edema abdominal como consequência de hipoproteinemia causada pela ciatostomíase Fonte: Kolk & Kroeze, 2013 5 DIAGNÓSTICO O histórico do pastejo aliado aos sinais clínicos são os primeiros passos para se chegar ao diagnostico (URQUHART et al. 1996). Observando as características macroscópicas das fezes: diarreicas sanguinolentas, presença de parasitas (MADEIRA DE CARVALHO, 2008) Microscopicamente, os parasitos podem ser diagnosticados com a utilização de técnicas quantitativas e qualitativas. Estas técnicas permitem quantificar e identificar os parasitas presentes nas fezes dos animais. Assim, são recolhidas fezes dos animais, as quais são acondicionadas, com o controle de temperatura e umidade adequadas para posteriormente serem analisadas. A técnica qualitativa de Willis (técnica de flutuação) mostra-se eficaz para a detecção de ovos de nematódeos. Baseia-se no fato dos ovos serem menos densos que o líquido em que se encontram e flutuarem (BOWMAN, 2006) A contagem de ovos por gramas (OPG) pela técnica quantitativa de MacMaster e usada com frequência para diagnosticar infecção por grandes estrôngilos (DUARTE et al.,1997). Outro método utilizado, a técnica de Roberts e O`Sullivan (coprocultura), têm como finalidade propiciar o desenvolvimento dos ovos parasitados até a forma larvar de terceiro estádio de nematódeos, sendo que para tal são necessárias: tempo, humidade, temperatura adequada e oxigenação (COUTO et al., 2008). Estudos recentes revelam que técnicas como o Polimerase Chain Reaction (PCR) semi-quantitativo, detectam o ácido desoxirribonucleico nos ovos de S. vulgaris e

Ciathostomun spp. (ANDERSEN, et al.,2013). Por sua vez não revelam parasitas em sua fase mais patogênica (NIELSEN, et al., 2015a). Porém, quando se utiliza o método de Enzyme- Linked immunosorbent Assay (ELISA) viabiliza a identificação de larvas de ciatostomíneos, através de antígenos específicos, no período pré-patente presentes na parede do intestino e antígenos para S. vulgaris presentes no sangue (NIELSEN, 2012; NIELSEN, et al., 2015b) 6 TRATAMENTO E CONTROLE A preocupação excessiva dos criadores de equinos com os danos que a carga parasitaria pode causar, gera um pensamento de erradicação dos parasitos, influenciando o tratamento frequente de seus animais a fim de baixar a OPG o próximo de zero (KAPLAN, 2002). Segundo Molento (2005), a maioria das criações de equídeos se fundamenta unicamente no uso de compostos antiparasitários, basicamente por sua eficiência, excelente relação custo-benefício e facilidade na obtenção. Os produtos anti-helmínticos mais utilizados disponíveis na atualidade são: os benzimidazóis (febendazole e oxibendazol), o tetrahidropiramidina (pamoato de pirantel), e as lactonas macrocíclicas (ivermectina, abamectina, moxidectina) (TRAVERSA, 2008). A associação de ivermectina com pirantel e ivermectina com praziquantel tem sido utilizada com maior frequência no controle de estrôngilos (PÉREZ-ÁVAREZ et al., 2013) Os antiparasitários são usados de forma supressiva, curativa ou estratégica nas várias formas de criação equina. O tratamento supressivo é conduzido em intervalos curtos (4- 8 semanas), especialmente em potros de até 1 ano e 6 meses, já o estratégico está de acordo com as condições climáticas da região e o possível aumento do número de parasitas no animal. O tratamento curativo é aplicado quando o animal apresenta alta contagem de ovos nas fezes ou sinais clínicos evidentes, sendo utilizados anti-helmínticos seletivos (SANGSTER, 2003). Entretanto, o uso inadequado desses produtos tem como consequência seu efeito abaixo da expectativa, aumentando os custos de produção (CEZAR et al., 2008) e propiciando o aparecimento de resistência parasitaria e, por conseguinte diminuindo a vida útil dos antiparasitários, (GEURDEN et al., 2014). Molento (2009) recomenda que animais jovens tenham contato com parasitoses para que desenvolvam imunidade adequada, possibilitando o surgimento de animais geneticamente mais resistentes. Alguns países proíbem a venda e uso de anti-helmínticos como profilaxia sem a supervisão de um médico veterinário (NIELSEN et al., 2006). A Dinamarca em 1999, a Suécia 2007, Holanda 2008 e Finlândia 2009 a tendência e que outros países da união

Figura 7 - Panagrellus spp. aprisionado por redes tridimensionais de D. flagrans Fonte: Buzati et al. 2017 6.1 RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA A resistência é herdada de sobreviventes às drogas utilizadas no tratamento onde os genes transmitidos se manifestem nas gerações subsequentes, caracterizadas pela pressão de seleção (HODGKINSON et al ., 2008; MOLENTO, 2005). A resistência a anti-helmínticos é caracterizada pela baixa nos níveis de eficácia da droga, ou seja, quando a droga não reduz os parasitos presentes no organismo animal a níveis aceitáveis (acima de 95%), durante um determinado período de utilização (CONDER & CAMPBELL, 1995). O uso excessivo de uma mesma droga, dosagens abaixo da indicação e a alta frequência de utilização dos anti-helmínticos propiciam o aparecimento da resistência. De acordo com as características de herdabilidade os ciatostomíneos tem maior facilidade em transmitir os genes resistentes, devido ao ciclo biológico curto, aumentando significativamente a população de parasitas em um curto espaço de tempo (MADEIRA DE CARVALHO, 2006). Os primeiros relatos de resistência anti-helmíntica foram para a droga fenotiazina no final dos anos 50 e início dos 60, primeiro em Haemonchus contortus , parasita de ovinos (DRUDGE, 1957) e, em seguida , ciatostomíneos de equinos resistentes, também, ao tiabendazol e benzimidazol (POYNTER; HUGHES, 1958; GIBSON, 1960; DRUDGE E ELAM, 1961).

Relatos da ocorrência de resistência dos ciatostomíneos frente ao benzimidazol, a piperazina e ao pamoato de pirantel foram descritos por Chapman et al. (1996). Young e colaboradores (1999) também determinaram a redução da eficácia do febendazole (32%), do pirantel (93%) e a alta eficácia da ivermectina (>99 %) contra ciatostomíneos. Somente na ultima década a resistência à ivermectina foi descrita em equinos, após quase trinta anos de uso generalizado desta droga (MOLENTO et al., 2008; TRAVERSA et al., 2009). Um dos principais motivos pela demora no desenvolvimento da resistência neste composto pode ser explicado pelo fato de que não possui ação sobre as larvas de quarto estágio encistadas na mucosa intestinal, sendo considerada uma grande população de refugia (Kaplan, 2002). Apesar de oferecer boa eficácia contra ciatostomíneos a moxidectina, no entanto estudos recentes alertam para possível resistência de acordo com dados de baixa eficácia (MOLENTO et al, 2008). Matthews et al. (2004) relata que os ciatostomíneos são resistentes a dois, dos três grupos de drogas anti-helmínticas, sendo elas os Benzimidazóis (Benzimidazol, Fenbendazol, Oxfendazol) e as Tetrahidropirimidinas (Pyrantel). Estes autores também relataram a grande resistência causada pelo uso contínuo de benzimidazóis, que é comum em vários países. A resistência dos estrongilídeos aos anti-helmínticos estabelece um sucessivo crescimento e compromete a saúde dos animais, logo as estratégias deveriam estar voltadas a fim de se obter o máximo de tempo possível da eficácia dessas drogas. A extensão da população de parasitas que não têm o contato com os tratamentos químicos, mesmo levando em consideração todos os fatores que a afetam é considerada refugia, não sofrem seleção pelos genes configurando uma das formas mais importantes nos níveis de parasitas no organismo. Portanto, é importante definir o período em que os animais não foram expostos com o anti-helmíntico para aplicar o melhor tratamento evitando a seleção de genes resistentes (NIELSEN et al. 2007) A rotação de fármacos anti-helmínticos é utilizada como forma de evitar o desenvolvimento de resistências dos parasitas aos parasiticidas usados, entretanto, não foram encontradas provas de que a rotação de fármacos resultasse na redução do aparecimento de resistência (KAPLAN; NIELSEN, 2010)