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Fisiologia do Exercício: Produção de Energia e Respostas Hormonais, Notas de aula de Fisiologia

Este documento aborda a fisiologia do exercício, enfatizando a produção de energia e as respostas hormonais durante diferentes tipos e intensidades de exercícios. O texto discute a importância da fisiologia do exercício para profissionais da saúde e atletas, além de detalhar os efeitos do exercício na concentração de glicose no sangue, absorção de glicose pelos músculos, liberação de glicose hepática, taxas de lipólise corporal e consumo máximo de oxigênio. Adicionalmente, o texto aborda a relação entre exercício e hormonas, como acth, aldosterona, catecolaminas, insulina, estrógenos e progesterona.

O que você vai aprender

  • Como a dieta precedente pode influenciar a utilização de glicogênio durante o exercício?
  • Qual é a importância da fisiologia do exercício para profissionais da saúde e atletas?
  • Como a intensidade e duração do exercício afetam a concentração de glicose no sangue?
  • Quais hormonas são liberadas durante exercícios de diferentes intensidades?
  • Quais são as principais adaptações fisiológicas que ocorrem durante exercícios de alta intensidade?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Havaianas81
Havaianas81 🇧🇷

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Brasília-DF, 2010.
Fisiologia do Exercício
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Baixe Fisiologia do Exercício: Produção de Energia e Respostas Hormonais e outras Notas de aula em PDF para Fisiologia, somente na Docsity!

Brasília-DF, 2010.

Fisiologia do Exercício

Fisiologia do Exercício

Elaboração:

Sérgio Ricardo de Abreu Camarda

Produção:

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Fisiologia do Exercício

Apresentação

Caro aluno,

Bem-vindo ao estudo da disciplina Fisiologia do Exercício.

Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa , material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e o desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos.

Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, a organização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

A carga horária desta disciplina é de 60 (sessenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua disponibilidade. Mas, lembre-se, há uma data-limite para a conclusão do curso, incluindo a apresentação ao seu tutor das atividades avaliativas indicadas.

Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas do curso; serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de distantes, podemos estar muito próximos.

A Coordenação

Pós-Graduação a Distância

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Apresentação: Mensagem da Coordenação.

Organização da Disciplina : Apresentação dos objetivos e da carga horária das unidades.

Introdução : Contextualização do estudo a ser desenvolvido por você na disciplina, indicando a importância desta para sua formação acadêmica.

Ícones utilizados no material didático

Provocação : Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

Para refletir : Questões inseridas durante o estudo da disciplina para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar : Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações : Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal.

Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas : Aprofundamento das discussões.

Praticando : Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar : Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências : Bibliografia consultada na elaboração da disciplina.

Pós-Graduação a Distância

Organização da Disciplina

Unidade V – Termorregulação

Carga horária: 5 horas

Conteúdo Capítulo Regulação da Temperatura em Atletas 10

Unidade VI – Recursos Ergogênicos

Carga horária: 5 horas

Conteúdo Capítulo Ergogênicos Fisiológicos e Farmacológicos 11

Fisiologia do Exercício

Introdução

A fisiologia do exercício é o ramo da ciência que investiga as respostas e as adaptações do corpo humano provocadas pelo exercício.

Os primeiros trabalhos desta área datam do século XVIII, contudo, somente no século XX ocorre a consolidação da disciplina, por meio do trabalho, envolvendo o exercício e o músculo esquelético, de três cientistas ganhadores do prêmio Nobel em 1923: Archibald Vivian Hill (Reino Unido), August Krogh (Dinamarca) e Otto Fritz Meyrhorf (Alemanha).

O grande crescimento da fisiologia do exercício deu-se com surgimento de sociedades profissionais, tais como o American College of Sports Medicine e o European College of Sports Science, que, por sua vez, levou ao grande aumento do número de publicações e de revistas científicas especializadas, as quais se destacam a Medicine and Science in Sports and Exercise, Journal of Applied Physiology, International Journal of Sports Medicine e Sports Medicine.

No Brasil, a fisiologia do exercício teve início na década de 1970 com atividades desenvolvidas pelos professores Maurício Leal Rocha, Claúdio Gil e Jorge Pinto Ribeiro. Na mesma época a Universidade Federal de São Paulo, pelo departamento de fisiologia, que foi o primeiro a implantar no Brasil a medida direta do consumo máximo de oxigênio, passou a desenvolver trabalhos voltados a fisiologia do exercício. Os pioneiros da universidade foram os professores Antonio Carlos da Silva, Turibio Leite de Barros Neto e Ivan da Cruz Piçarro e a professora Adriana K. Russo.

Nos dias de hoje, a fisiologia do exercício tem grande importância para profissionais da ciência da saúde ligados à atividade física e ao esporte. Quase a totalidade das equipes de alto rendimento, nas diferentes modalidades esportivas, possui um profissional com conhecimento na área de fisiologia do exercício chamado de fisiologista.

Apesar de essa profissão não estar regulamentada ainda, esse profissional tem como função levar ao conhecimento, para outros profissionais ligados ao exercício, os aspectos científicos que envolvem a respostas agudas e crônicas do organismo ante exercício e atividade física, potencializando os ganhos do condicionamento e diminuindo os riscos de incidência de lesões e overtraining.

Portanto, o objetivo da disciplina Fisiologia do Exercício, para o curso de Especialização em Nutrição Esportiva, será levar aos alunos os conhecimentos necessários para compreensão dos efeitos do exercício físico sobre os diversos sistemas orgânicos.

Fisiologia do Exercício

Metabolismos Unidade I

Em contraste, o principal papel do glicogênio hepático estocado é o de manter a concentração sanguínea de glicose entre as refeições, assegurando um adequado suprimento para os órgãos dependentes da glicose, tais como cérebro, sistema nervoso central, células sanguíneas e rins. Esses tecidos são responsáveis por, aproximadamente, 75% da utilização da glicose no repouso, enquanto o músculo esquelético é responsável por, aproximadamente, 15% a 20%. A maior parte da glicose hepática utilizada em repouso, aproximadamente 75%, advêm da glicogenólise, com menor contribuição da gliconeogênise.

Metabolismo dos Carboidratos Durante o Exercício

Durante o exercício, tanto o aumento da disponibilidade de glicogênio muscular antes, quanto a ingestão de carboidratos durante a atividade física têm demonstrado uma melhoria no desempenho.

O exercício é um estímulo bastante eficiente para a absorção muscular de glicose, sendo que o aumento de sua duração e intensidade, em certo nível, é acompanhado pelo aumento da captação de glicose.

A distribuição de glicose e insulina para a contração do músculo esquelético sofre um aumento durante o exercício, como consequência de um grande aumento do fluxo sanguíneo, maior transporte de glicose e ativação das enzimas glicolíticas e oxidativas, responsáveis pelo seu metabolismo.

A disponibilidade dos substratos também influencia na absorção da glicose pelos músculos durante o exercício. O aumento da concentração de glicose no sangue resulta em maior absorção da mesma e maior disposição para a prática do exercício, enquanto a sua diminuição pode limitar a absorção durante os últimos estágios de uma atividade prolongada.

O aumento da absorção de glicose pelos músculos é acompanhado pela maior liberação de glicose hepática, de modo que a glicose sanguínea permanece em níveis acima ou levemente acima dos níveis de repouso.

Durante o exercício intenso, o grande aumento da liberação de glicose hepática resulta em hiperglicemia; em contraste, durante o exercício prolongado de intensidade moderada, a absorção periférica de glicose excede a liberação hepática desse substrato, resultando em hipoglicemia.

A amplitude do aumento da liberação de glicose hepática é determinada pela intensidade e pela duração do exercício. A maior parte da glicose liberada pelo fígado é derivada do processo de glicogenólise; o declínio do glicogênio hepático durante o esforço prolongado resulta na redução da glicose, já que a gliconeogênese, embora sofra um aumento, é incapaz de compensar o processo de glicogenólise.

Durante as atividades de baixa intensidade, supõe-se que as alterações do nível plasmático dos hormônios pancreáticos, glucagon e insulina e seus níveis molares, são cruciais para o aumento da liberação da glicose hepática. O glucagon é, provavelmente, mais importante durante o exercício prolongado e, sabe-se que esse hormônio estimula a gliconeogênese hepática.

Nos exercícios mais intensos, os aumentos da adrenalina plasmática e da atividade simpática exercem um importante papel, contribuindo para o aumento na liberação de glicose hepática.

Metabolismo dos Carboidratos após o Exercício

Após uma atividade física que resulta em uma depleção significativa das reservas endógenas de carboidrato, a restauração do glicogênio muscular é prioritária. Na falta de ingestão de carboidratos, existe ressíntese mínima de glicogênio, e máximos níveis são alcançados com uma ingestão relativamente alta e o mais rápido possível após o exercício. Nos momentos mais precoces após o exercício (até 6 horas), a ingestão de glicose ou sacarose resulta na elevação dos estoques de glicogênio muscular, portanto a ingestão de alimentos que contenham grandes quantidades

Pós-Graduação a Distância

Metabolismos Unidade I

de carboidratos possui maior efeito na glicêmica, contribuindo para um aumento mais significativo dos estoques de glicogênio muscular do que os alimentos pobres em carboidratos.

A restauração dos estoques de glicogênio muscular está intimamente ligada ao aumento relativo da sensibilidade de todo o organismo à insulina, devido a depleção de glicogênio ocasionada pelo exercício. Esse fato pode explicar os efeitos benéficos do exercício agudo e crônico pela ação da insulina nos casos em que haja resistência a esse hormônio.

Maughan, Gleeson & Greenhaff, 2000. Figura 1 – Conteúdo de glicogênio do músculo vasto lateral durante exercício em bicicleta em intensidade equivalente à 80% do VO2max.

Diferencie o que são glicólise, gliconeogênese e glicogenólise.

Envie para seu tutor.

Pós-Graduação a Distância

Metabolismos Unidade I

células da mucosa intestinal onde são absorvidas. O conteúdo lipídico das micelas, por vezes, difunde-se para dentro das células da mucosa intestinal, movendo-se ao longo de um gradiente de concentração.

A partir da absorção pelas células da mucosa intestinal, os produtos lipídicos são combinados com vitaminas lipossolúveis para formar grandes partículas de gordura. As partículas lipídicas passam primeiro através da circulação linfática, onde sofrem hidrólise intravascular seguidos pela absorção em diferentes tecidos do corpo.

Estoque de Gordura Endógena

A gordura endógena representa 90.000 a 100.000 kcal de energia ou 70% a 80% do estoque total de energia do corpo. Somente 2% a 3% da gordura endógena é estocada nas fibras musculares esqueléticas como triglicerídeo intramuscular, importante para o exercício de resistência, pois é a única fonte de gordura imediatamente disponível ao músculo esquelético.

Metabolismo de Gordura

Lipogênese

O fígado e o tecido adiposo são considerados os locais primários da lipogênese em humanos e a ocorrência depende do estado nutricional do indivíduo. Algumas pesquisas demonstram que homens não obesos, que consumiram uma refeição de 500 g contendo principalmente carboidrato, converteram somente uma pequena parte dessa refeição (1% a 2%) em gordura, portanto, sob condições normais, a conversão do carboidrato da dieta em gordura é limitada. Entretanto, quantidades significantes de gordura podem ser sintetizadas a partir do carboidrato se os estoques corpóreos de glicogênio estiverem saturados e o indivíduo continuar consumindo carboidrato em quantidades excepcionalmente altas (aproximadamente 15 g/kg de peso corporal).

Lipólise

Lipólise é o processo pelo qual o triglicerídeo é quebrado em ácidos graxos e glicerol e ocorre tanto intracelularmente como extracelularmente. O inibidor mais potente da lipólise é a insulina, e os principais ativadores são as catecolaminas, o hormônio do crescimento e os glicocorticoides. Os ácidos graxos derivados do plasma e/ou intramusculares são oxidados dentro da mitocôndria, entretanto, enquanto os ácidos graxos de cadeia curta e média podem difundir-se livremente para dentro da mitocôndria, os de cadeia longa precisam ser transportados do citosol para dentro da mitocôndria por duas enzimas de ligação, a carnitina palmitoil-transferase I e II.

Uma vez dentro da mitocôndria, os ácidos graxos com cadeias de qualquer comprimento sofrem um processo chamado de B-oxidação. O produto final da B-oxidação é a acetil coenzima A (acetil-CoA), que pode ser utilizado de 3 modos diferentes: primeiro, pode entrar no ciclo dos ácidos tricarboxílicos e ser oxidada completamente em dióxido de carbono e água; segundo, servir como fonte de átomos de carbono na síntese do colesterol e/ou de esteroides; e terceiro, ser convertida em corpos cetônicos no fígado.

A oxidação de gordura pelo músculo esquelético em repouso e durante o exercício é dependente do transporte mitocondrial.

Metabolismo da gordura durante o exercício

A oxidação de gordura durante o exercício é influenciada pela intensidade, pela duração, pela disponibilidade de ácido graxo livre plasmático e pela disponibilidade de carboidrato.

Fisiologia do Exercício

Metabolismos Unidade I

As taxas de lipólise corporal são maiores para exercícios correspondentes a intensidade de 65% e 85% do consumo máximo de oxigênio (VO2max).

Numa intensidade de esforço correspondente a 25% do VO2max, a gordura fornece 86% da energia consumida, advindo do ácido graxo livre plasmático. Contudo, a oxidação da gordura intramuscular ocorre somente nas intensidades mais altas do exercício.

Isso demonstra que a gordura é principal substrato para exercícios de intensidades baixa e moderada, abaixo de 65% do VO2max.

Em exercícios de longa duração, há uma redução progressiva no uso da gordura intramuscular e glicogênio muscular devido ao esgotamento dos estoques. Esse fator é compensado pelo metabolismo aumentado ácido graxo livre plasmático e da glicose.

Figura 3 – Captação de oxigênio e substratos energéticos durante um exercício prolongado. As áreas do meio e de baixo representam a proporção da captação de O 2 pela oxidação dos ácidos graxos livre (AGL) e da glicose sanguínea. As áreas de cima indicam a oxidação dos combustíveis que não são carreados pelo sangue (glicogênio muscular, gorduras e proteínas intramusculares).

Com as informações dadas até o momento, qual tipo de atividade física seria a melhor opção para um indivíduo que deseja emagrecer?

Fisiologia do Exercício

Metabolismos Unidade I

A ingestão de creatina, parece aumentar a curto prazo a performance , especialmente quando é feita repetidamente. Provavelmente, o mecanismo está relacionado com uma regeneração mais acelerada da adenosina trifosfato, resultante da suplementação.

Este efeito ergogênico pode resultar num maior desenvolvimento secundário nas habilidades do treinamento. Além disso, o aumento nos conteúdos de creatina intramusculares, pode induzir a síntese proteica por via aumento do volume hídrico das fibras. Dessa forma, a suplementação de creatina resulta num maior incremento na massa muscular quando comparada às situações de ausência de suplementação.

Em vários tipos de indivíduo, tem sido relatada, a necessidade de uma dieta com teores mais elevados de aminoácidos em relação à média dos adultos. Nesta categoria estão incluídas as crianças, adolescentes e mulheres grávidas em função do crescimento; mães amamentando pelo motivo de síntese protéica elevada e cidadãos senis pela diminuída taxa de síntese proteica.

Embora seja prematuro afirmar, neste grupo, ao iniciar um programa de exercícios com intensidade e frequência suficientes, a suplementação proteica pode ser especialmente benéfica devido ao efeito potencial da atividade física nas condições citadas.

Pelo fato de não existir um risco relatado para níveis de ingestão de proteínas superiores aos normalmente recomendados (máximo de 2,0 g/Kg/d), quantidades ao redor de 1,1 a 1,4 g/Kg para as atividades aeróbias e 1,5 a 1,8 g/Kg/d para os programas de potência muscular sejam prudentes. Embora existam exceções, normalmente é possível a obtenção destes valores com pequenos ajustes nas dietas já existentes.

A necessidade de uma ingestão proteica para os indivíduos fisicamente ativos tem sido debatida há anos, por tanto, muitos estudos ainda são necessários para se descobrir a importância das vantagens potenciais, bem como para se determinar recomendações mais específicas para diversos casos individuais, cujas necessidades encontram-se elevadas por razões diversas.

Pós-Graduação a Distância

Unidade II

Produção de Energia no Exercício

Capítulo 4 – Fontes de Energia

O processo contrátil do músculo caracteriza um mecanismo de transformação de energia. A energia química obtida pela hidrólise da adenosina trifosfato (ATP) será utilizada em parte para a produção de energia mecânica (trabalho) e o restante será dissipado como energia térmica (calor).

Essa energia química é efetivamente utilizada no acoplamento do aparelho contrátil do músculo entre os filamentos de actina e miosina, caracterizando o mecanismo de contração muscular. Portanto, do ponto de vista energético, a contração muscular é um processo de transformação de energia mecânica em térmica.

O percentual dessa energia química que será transformada em trabalho caracteriza a eficiência mecânica do movimento. Em condições ideais, o músculo consegue transformar 25% de energia química em trabalho, ou seja, obtém uma eficiência de 25%. Inevitavelmente, uma grande fração dessa energia sempre se dissipará como energia térmica, e este calor formado deve ser dissipado para que não interfira no próprio processo físico-químico da contração, aumentando excessivamente a temperatura corporal.

Para que a atividade contrátil do músculo ocorra, é necessário que a energia química do ATP seja continuamente reestocada, ou seja, o ATP hidrolisado deve ser constantemente ressintetizado. Para isso, o músculo utiliza-se de três fontes de energia: o sistema ATP-CP, também chamado de metabolismo anaeróbio alático, o metabolismo anaeróbio lático e o metabolismo aeróbio. Porém, o grande desafio do músculo é manter sua atividade contrátil ao mesmo tempo em que repõe a energia que está utilizando, estabelecendo um mecanismo de controle que regule a produção de energia em função da demanda. Dessa forma, este mecanismo deve ser extremamente sensível, tornando possível a manutenção da contração muscular nas diferentes situações de requerimento energético.

Sabendo-se que a transição do repouso para a atividade intensa pode determinar um aumento na demanda de ATP de até cem vezes, observa-se a importância de um mecanismo de controle que satisfaça essa necessidade metabólica do músculo na razão direta da intensidade em que o exercício é realizado. Mesmo com essa demanda enorme de energia, os mecanismos reguladores conseguem evitar que o nível de ATP intracelular decresça aquém de 40% de sua concentração inicial. Isso demonstra a alta eficiência no mecanismo de ajuste, que impede a depleção do ATP, que levaria a completa falência do mecanismo contrátil. Além disso, há sinais indicadores de fadiga que irão evitar e proteger o músculo da depleção dos estoques de ATP.

Portanto, a dificuldade está em se estabelecer um sinal de controle que ajuste a ressíntese de ATP à necessidade do músculo, compatibilizando-a com os sistemas energéticos de forma a mobilizá-los para que se tenha um mecanismo de ajuste adequado.

A necessidade de ATP ocorre devido ao seu consumo final realizado pelas enzimas do aparelho contrátil, as ATPases musculares. A intensidade do exercício sustentada pelo músculo determinará a taxa de utilização de ATP, que deve estar compatibilizada com a taxa de ressíntese que, consequentemente, atuará sobre os fatores reguladores das vias de

Pós-Graduação a Distância

Produção de Energia no Exercício Unidade II

à quantidade de creatina fosfato mantida após o sistema metabólico energético assumir a demanda energética, o que fica bem exemplificado pelo “sprint” de um atleta ao final de uma prova de longa duração.

O metabolismo anaeróbio lático é o segundo sistema de produção de energia. Caracteriza-se pelo processo no qual a glicose é utilizada anaerobiamente, no citoplasma da célula muscular, até sua transformação em ácido lático, que se acumula no local.

Por este processo, obtém-se um saldo energético suficiente para ressintetizar 2 mols de ATP por mol de glicose transformada em ácido lático, mantendo a contratilidade do músculo às custas dessa ressíntese anaeróbia.

No metabolismo anaeróbico láctico (fig. 3), o lactato é o produto final da degradação da molécula de glicose (açúcar) utilizada para a produção de energia (ATP). Isso ocorre porque não há oxigênio suficiente para que ocorra o sistema de metabolismo aeróbico.

Este, é o principal sistema de produção de energia utilizado em atividades físicas que têm duração relativamente curta, de 30 segundos a 90 segundos, como, por exemplo, em corridas de 400 metros, no atletismo. O lactato produzido no músculo vai para a corrente sanguínea e daí para o fígado, onde é removido do sangue e metabolizado.

A concentração de lactato no sangue é de aproximadamente 1,0 mmol/L a 1,8 mmol/L, em repouso e durante o exercício leve, quando existe equilíbrio entre sua produção muscular e sua remoção hepática.

À medida que o exercício físico se intensifica, ocorre um desequilíbrio entre a produção e remoção, com consequente acúmulo de lactato no sangue e aumento de sua concentração.

Esse aumento da concentração do lactato no sangue pode ser utilizado para a detecção de um índice de limitação funcional, o limiar anaeróbio, que tem grande utilidade no treinamento desportivo.

A energia liberada, pelos metabolismos anaeróbios alático e lático é rápida, porém relativamente pouco ATP é ressintetizado por estes mecanismos. Portanto temos a terceira via para a ressíntese de ATP, o metabolismo aeróbio , que ocorre no citoplasma e na mitocôndria.

A geração de ATP pelo metabolismo aeróbio, pela quebra da glicose, esta dividida em três etapas:

  1. Glicólise (citoplasma) – o mesmo processo do metabolismo anaeróbio lático, que gera inicialmente 2 ATPs + 2 piruvato + 2 NADH , com oxigênio suficiente, o ácido pirúvico entra na segunda etapa:
  2. Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico (matriz da mitocôndria) – o ácido pirúvico e convertido em acetil- CoA que é fracionado gerando 2 ATPs + 8 NADH + 2 FADH 2. O NADH e o FADH 2 são então encaminhados para a terceira e última etapa:
  3. Cadeia Respiratória – (crista da mitocôndria) – os 8 NADH e os 2 FADH 2 liberam seus elétrons (H+) ricos em energia gerando 3 ATPs por cada NADH e 2 ATPs por cada FADH 2. Estes elétrons geram 30 ATPs advindos do NADH (2 da cadeia respiratória + 8 do ciclo de Krebs = 10 NADH x 3) somado a 4 ATPs advindos do FADH 2 ( da cadeia respiratória x 2), perfazendo um total de 34 ATPs.

O fracionamento total de uma molécula de glicose, gera um total de 38 ATPs , 2 da glicólise, 2 do ciclo de Krebs e 34 da cadeia respiratória.

O catabolismo das gorduras, através do metabolismo aeróbio, segue a mesma linha de raciocínio do fracionamento do carboidrato. O fracionamento da gordura gera grande quantidade de acetil-CoA, através da oxidação beta, e o resultado final, portanto, também é a geração de muito ATP, cerca de 460 por molécula de gordura.

Através da desaminação a proteína pode também ser fracionada e entrar no ciclo de Krebs para fornecer energia, contudo não é o principal combustível, já que seu papel central é a formação de tecidos. A proteína passa a ter um

Fisiologia do Exercício

Produção de Energia no Exercício Unidade II

papel importante como substrato energético em casos de inanição e atividades físicas extenuantes, como o caso das ultramaratonas.

Figura 5 – Esquema representativo da glicólise.

RESUMO SOBRE OS SISTEMAS ENERGÉTICOS

São classificados de acordo a participação do oxigênio e com o produto final nas reações químicas em:

AERÓBIO (dependente de oxigênio).

ANAERÓBIO (independente de oxigênio) Lático (presença do ácido lático como produto final da glicólise) ou Alático (sem ácido lático como produto final da hidrólise da CP).

CARACTERÍSTICAS DO METABOLISMO AERÓBIO

  • Responsável pelo fornecimento de energia no repouso e em exercícios de baixa a média intensidade e longa duração.
  • Utiliza como substrato energético a glicose, os ácidos graxos e os aminoácidos (quando glicose estiver diminuída).
  • As reações ocorrem no citoplasma (glicólise) + mitocôndria (Ciclo de Krebs).
  • Produtos finais das reações químicas: CO 2 + H 2 O + ATP.

ANAERÓBIO LÁTICO

  • Responsável pelo fornecimento de energia em exercícios de alta intensidade e moderada duração.
  • Utiliza como substrato energético o glicogênio e a glicose.
  • As reações ocorrem no citoplasma (glicólise).
  • Produtos finais das reações químicas: Ácido Lático + ATP.

ANAERÓBIO ALÁTICO

  • Responsável pelo fornecimento de energia em exercícios de alta intensidade e curtíssima duração;
  • Utiliza como substrato energético a creatina fosfato (CP).