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Documento que discute as opiniões sobre o uso de carne como alimento, com perspectivas de ramasís sobre a alimentação vegetariana, sua influência na evolução espiritual e na saúde. Ele argumenta que a carne penetra na aura dos seres humanos, impedindo o alto voo do espírito, e que o homem se inferiores ao selvagem ao consumir carne. Além disso, ele discute a transição gradual para a alimentação vegetal.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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rAMAtíS |HercíLIO MAeS
assim não fosse, de há muito tempo o intercâmbio espiritual entre o vosso mundo e o Espaço estaria solucionado.
Quanto a nós, esperamos que a bondade do Pai permita podermos cumprir o mandato espiritual conforme o nosso humilde merecimento. Sabeis que as medidas do cientificismo humano aproximam-se de modi- ficações acentuadas e bastante compreensíveis, nos próximos anos, pois algumas demarcações tradicionais e já consagradas nos compêndios terrenos deverão sofrer novas equiparações, a fim de atender a novos padrões específicos da Ciência em evolução. Em face do progresso da astrofísica e do alcance do homem além de sua vivência planetária, do domínio dos teleguiados, satélites, naves interespaciais, obviamente ampliar-se-ão todos os conceitos de estabilidade física e far-se-ão novos ajustes no direito humano, focalizando novas propriedades aerográficas, ante a competição aflita para conquista dos domínios extraterráqueos!
Entretanto, apesar desses acontecimentos insólitos ou incomuns, que parecem mesmo ultrapassar as fronteiras do cognoscível permitido por Deus, lembramo-vos que ainda se trata de assunto demarcado pela transitoriedade do mundo material, isto é, admiráveis realizações porém provisórias e inerentes ao tempo de durabilidade da massa planetária em que habitais. Deste modo, não poderíamos cessar estas palavras sem insistirmos em vos dizer que a maior conquista do homem ainda não é a interplanetária, mas a vitória em si mesmo ao vencer suas paixões, vícios e orgulho, que demoram a alma na vestimenta da personalidade humana.
E destacando entre os mais vivos e febricitantes conhecimentos e descobertas atuais a fórmula de matemática sideral definitiva para a suprema glória do espírito, somos compelidos a vos afirmar que essa fórmula ainda é a mesma enunciada pelo inolvidável Jesus, quando preceituou que “Só pelo AMOR será salvo o homem”.
Curitiba, 12 de julho de 1959 Ramatís
PERGUNTA: — Em vista das opiniões variadas e por vezes con- traditórias, tanto entre as correntes religiosas e profanas como até entre a classe médica, quanto ao uso da carne dos animais como alimento, gostaríamos que nos désseis amplos esclarecimentos a respeito, de modo a chegarmos a uma conclusão clara e lógica sobre se o regime alimentar carnívoro prejudica ou não o nosso organismo ou influi de qualquer modo para que seja prejudicada a evolução do nosso espírito. Preliminarmente, devemos dizer que no Oriente — como o afirmam muitas das pessoas antivegetarianas — a abstenção do uso da carne como alimento parece prender-se apenas a uma tradição religiosa, que os ocidentais consideram como uma absurdidade, dada a diferença de costumes entre os dois povos. Que nos dizeis a respeito? RAMATÍS: — A preferência pela alimentação vegetariana, no Oriente, fundamenta-se na perfeita convicção de que, à medida que a alma progride, é necessário, também, que o vestuário de carne se lhe harmonize ao progresso espiritual já alcançado. Mesmo nos reinos inferiores, a nutrição varia conforme a delicadeza e sensibilidade das espécies. Enquanto o verme disforme se alimenta no subsolo, a poética figura alada do beija-flor sustenta-se com o néctar das flores. Os inicia- dos hindus sabem que os despojos sangrentos da alimentação carnívora fazem recrudescer o atavismo psíquico das paixões animais, e que os princípios superiores da alma devem sobrepujar sempre as injunções da matéria. Raras criaturas conseguem libertar-se da opressão vigorosa
FISIOLOGIA DA
FASCÍCULO GRÁTIS PRIMEIRO CAPÍTULO
das tendências hereditárias do animal, que se fazem sentir através da sua carne.
PERGUNTA: — Mas a alimentação carnívora, principalmente no Ocidente, já é um hábito profundamente estratificado no psiquis- mo humano. Cremos que estamos tão condicionados organicamente à ingestão de carne, que sentir-nos-íamos debilitados ante a sua mais reduzida dieta!
RAMATÍS: — Já tendes provas irrecusáveis de que podeis viver e gozar de ótima saúde sem recorrerdes à alimentação carnívora. Para provar o vosso equívoco, bastaria considerar a existência, em vosso mundo, de animais corpulentos e robustos, de um vigor extraordinário e que, entretanto, são rigorosamente vegetarianos, tais como o elefante, o boi, o camelo, o cavalo e muitos outros. Quanto ao condicionamento biológico, pelo hábito de comerdes carne, deveis compreender que o orgulho, a vaidade, a hipocrisia ou a crueldade, também são estigmas que se forjaram através dos séculos, mas tereis que eliminá-los defini- tivamente do vosso psiquismo. O hábito de fumar e o uso imoderado do álcool também se estratificam na vossa memória etérica; no entan- to, nem por isso os justificais como necessidades imprescindíveis das vossas almas invigilantes.
Reconhecemos que, através dos milênios já vividos, para a for- mação de vossas consciências individuais, fostes estigmatizados com o vitalismo etérico da nutrição carnívora; mas importa reconhecerdes que já ultrapassais os prazos espirituais demarcados para a continuidade suportável dessa alimentação mórbida e cruel. Na técnica evolutiva sideral, o estado psicofísico do homem atual exige urgente aprimora- mento no gênero de alimentação; esta deve corresponder, também, às próprias transformações progressistas que já se sucederam na esfera da ciência, da filosofia, da arte, da moral e da religião.
O vosso sistema de nutrição é um desvio psíquico, uma perversão do gosto e do olfato; aproximai-vos consideravelmente do bruto, nessa atitude de sugar tutanos de ossos e de ingerirdes vísceras na feição de saborosas iguarias. Estamos certos de que o Comando Sideral está empregando todos os seus esforços a fim de que o terrícola se afaste, pouco a pouco, da repugnante preferência zoofágica.
PERGUNTA: — Devemos considerar-nos em débito perante Deus, devido à nossa alimentação carnívora, quando apenas atende- mos aos sagrados imperativos naturais da própria vida? RAMATÍS: — Embora os antropófagos também atendam aos “sagrados imperativos naturais da vida”, nem por isso endossais os seus cruentos festins de carne humana, assim como também não vos regozijais com as suas imundices à guisa de alimentação ou com as suas beberagens repugnantes e produtos da mastigação do mi- lho cru! Do mesmo modo como essa nutrição canibalesca vos causa espanto e horror, também a vossa mórbida alimentação de vísceras e vitualhas sangrentas, ao molho picante, causa terrível impressão de asco às humanidades dos mundos superiores. Essas coletividades se arrepiam em face das descrições dos vossos matadouros, charqueadas, açougues e frigoríficos enodoados com o sangue dos animais e a visão patética de seus cadáveres esquartejados. Entretanto, a antropofagia dos selvagens ainda é bastante inocente, em face do seu apoucado entendi- mento espiritual; eles devoram o seu prisioneiro de guerra, na cândida ilusão de herdar-lhe as qualidades intrépidas e o seu vigor sanguinário. Mas os civilizados, para atenderem às mesas lautas e fervilhantes de órgãos animais, especializam-se nos caldos epicurísticos e nos requintes culinários, fazendo da necessidade do sustento uma arte enfermiça de prazer. O silvícola oferece o tacape ao seu prisioneiro, para que ele se defenda antes de ser moído por pancadas; depois, rompe-lhe as entra- nhas e o devora, famélico, exclusivamente sob o imperativo natural de saciar a fome; a vítima é ingerida às pressas, cruamente, mas isso se faz distante de qualquer cálculo de prazer mórbido. O civilizado, no entanto, exige os retalhos cadavéricos do animal na forma de suculentos cozidos ou assados a fogo lento; alega a necessidade de proteína, mas atraiçoa-se pelo requinte do vinagre, da cebola e da pimenta, descul- pa-se com o condicionamento biológico dos séculos em que se viciou na nutrição carnívora, mas sustenta a lúgubre indústria das vísceras e das glândulas animais enlatadas; paraninfa a arte dos cardápios da necrofagia pitoresca e promove condecorações para os “mestres-cucas” da culinária animal! Os frigoríficos modernos que exaltam a vossa “civilização”, cons- truídos sob os últimos requisitos científicos e eletrônicos concebidos pela inteligência humana, multiplicam os seus aparelhamentos mais
Expomo-vos aquilo que deve ser meditado e avaliado com urgên- cia, porque os tempos são chegados e não há subversão no mecanismo sideral. É mister que compreendais, com toda brevidade, que o veículo perispiritual é poderoso ímã que atrai e agrega as emanações deletérias do mundo inferior, quando persistís nas faixas vibratórias das paixões animais. É preciso que busqueis sempre o que se afina aos estados mais elevados do espírito, não vos esquecendo de que a nutrição moral também se harmoniza à estesia do paladar físico. Em verdade, enquanto os lúgubres veículos manchados de sangue percorrerem as vossas ruas citadinas, para despejar o seu conteúdo sangrento nos gélidos açougues e atender às filas irritadas à procura de carne, muitas reencarnações serão ainda precisas para que a vossa humanidade se livre do deslize psíquico, que sempre há de exigir a terapia das úlceras, cirroses hepá- ticas, nefrites, artritismo, enfartes, diabetes, tênias, amebas ou uremias!
PERGUNTA: — Por que motivo considerais que o homem se inferioriza ao selvagem, na alimentação carnívora, se ele usa de pro- cessos eficientes, que visam evitar o sofrimento do animal no corte? Não concordais em que o homem também atende à sua necessidade de viver e se subordina a um imperativo nutritivo que lhe requer uma organização industrial?
RAMATÍS: — O selvagem, embora feroz e instintivo, serve-se da carne pela necessidade exclusiva de nutrição e sem transformá-la em motivos para banquetes e libações de natureza requintada; entre os civilizados, entretanto, revivem esses mesmos apetites do selvagem mas, paradoxalmente, de modo mais exigente, servindo de pretexto para noitadas de prazer, sob as luzes fulgurantes dos luxuosos hotéis e restaurantes modernos. Criaturas ruidosas, álacres, e que apregoam a posse de genial intelecto, devoram, em mesas festivas, os cadáveres dos animais, regados pelos temperos excitantes, enquanto a orquestra famosa executa melodias que se casam aos odores da carne carbonizada ou do cozido fumegante! Mas sabei que as poéticas e sugestivas deno- minações dos pratos, expostas nos cardápios afidalgados, não livram o homem das consequências e da responsabilidade de devorar as vísceras do irmão inferior!
Apesar dos floreios culinários e do cardápio de iguarias “sui generis”, que tentam atenuar o aspecto repugnante das vitualhas san-
grentas, os homens carnívoros não conseguem esconder a realidade do apetite desregrado humano! Aqui, a designação de “dobradinha à moda da casa” apenas disfarça o repulsivo ensopado de estômago de boi; ali, os sugestivos “miúdos à milanesa” são apenas retalhos de vesículas e fígado, traindo o sabor amargo da bílis animal; acolá, os “apetitosos rins no espeto” não conseguem sublimar a sua natureza de órgãos excretores da albumina e da ureia, que ainda se estagnam sob o cutelo mortífero. Embora se queira louvar o esforço do mestre culinário, o “mocotó à europeia” não passa de viscoso mingau de óleo lubrificante de boi abatido; os “frios à americana” não vão além de vitualha sangrenta, e a “feijoada completa” é apenas um nauseante charco de detritos cozidos na imundície do chouriço denegrido, dos pés, películas e retalhos arrepiantes do porco, que ainda se misturam à ureia da banha gordurosa! É evidente que se deve desculpar o bugre ignorante, que ainda se subjuga à nutrição carnívora e perverte o seu paladar, porque a sua alma atrasada ignora a soma de raciocínios admiráveis que ao civilizado já é dado movimentar na esfera científica, artística, religiosa e moral. Enquanto os banquetes pantagruélicos dos Césares romanos marcam a decadência de uma civilização, a figura de Gandhi, sustentado a leite de cabra, é sempre um estímulo para a composição de um mundo melhor.
PERGUNTA: — Deveríamos, porventura, violentar o nosso or- ganismo físico, que é condicionado milenarmente à alimentação de carne? Certos de que a natureza não dá saltos e não pode adaptar-se subitamente ao vegetarianismo, consideramos que seria perigosa qual- quer modificação radical nesse sentido. O nosso processo de nutrição carnívora já é um automatismo biológico milenário, que há de exigir alguns séculos para uma adaptação tão insólita. Quais as vossas con- siderações a esse respeito? RAMATÍS: — Não sugerimos a violência orgânica para aque- les que ainda não suportariam essa modificação drástica; para esses, aconselhamos gradativamente adaptações do regime da carne de suíno para o de boi, do de boi para o de ave e do de ave para o de peixe e mariscos. Após disciplinado exercício em que a imaginação se higieniza e a vontade elimina o desejo ardente de ingerir os despojos sangren- tos, temos certeza de que o organismo estará apto para se ajustar a um
novo método nutritivo de louvor espiritual. Mas é claro que tudo isso pede por começar e, se desde já não efetuardes o esforço inicial que alhures tereis de enfrentar, é óbvio que hão de persistir tanto esse tão alegado condicionamento biológico como a natural dificuldade para uma adaptação mais rápida. Mas é inútil procurardes subterfúgios para justificar a vossa alimentação primitiva e que já é inadequada à nova índole espiritual; é tempo de vos asseardes, a fim de que possais adotar novo padrão alimentício. Inegavelmente, o êxito não será alcançado do modo por que fazeis a substituição do combustível de vossos veí- culos; antes de tudo, a vossa alma terá que participar vigorosamente de um exercício, para que primeiramente elimine da mente o desejo de comer carne.
Muitas almas decididas, que já comandam o seu corpo físico e o submetem à vontade da consciência espiritual, têm violentado esse automatismo biológico da nutrição de carne, do mesmo modo por que alguns seres extinguem o vício de fumar, sob um só impulso de vontade. Também estais condicionados ao vício da intriga, da raiva, da cólera, do ciúme, da crueldade, da mentira e da luxúria; no entanto, muitos se libertam repentinamente dessas mazelas, sob hercúleos esforços evangélicos.
É reconhecendo a debilidade da alma humana para as libertações súbitas, e preparando-vos psiquicamente para repudiardes a carne, que temos procurado influenciar o mecanismo do vosso apetite, dando-vos conselhos cruamente e de modo ostensivo, de modo a que mais facil- mente vos liberteis dos exóticos desejos de assados e cozidos, que, na realidade, não passam de rebotalhos e cadáveres que vos devem inspirar náuseas e aversão digestivas.
Daí as nossas preocupações sistemáticas, em favor do vosso bem espiritual, para que ante a visão, por exemplo, de dobradinhas “saboro- sas” que recendem ao molho odorante, reconheçais, na verdade, as tétri- cas cartilagens que protegem a região broncopulmonar do boi, em cujo local se processam as mais repugnantes trocas de matéria corrompida!
PERGUNTA: — Porventura os cuidadosos exames a que são submetidos os animais, antes do corte, não afastam a possibilidade de contaminarem o homem com qualquer enfermidade provável?
RAMATÍS: — Essa profilaxia de última hora não identifica os resíduos da enfermidade que possa ter predominado no animal destina- do ao corte e que, evidentemente, não deixou vestígios identificáveis à vossa instrumentação de laboratório. Apesar dos extremos cuidados de higiene e das medidas de prevenção nos matadouros, ainda desconheceis que a maioria dos quadros patogênicos do vosso mundo se origina na constituição mórbida do porco! O animal não raciocina, nem pode ex- plicar-vos a contento as suas reais sensações dolorosas consequentes de suas condições patogênicas. O veterinário criterioso enfrenta exaustivas dificuldades para atestar a enfermidade do animal, enquanto que o ser humano pode relatar, com riqueza até de detalhes, as suas perturbações, o que então auxilia o diagnóstico médico. Assim mesmo, quantas vezes a medicina não descobre a natureza exata dos vossos males, surpreen- dendo-se com a eclosão de enfermidade diferente e que se distanciava das cogitações familiares! Às vezes, um simples exame de urina, reque- rido para fins de somenos importância, revela a diabete que o médico desconhecia no seu paciente; um hemograma solicitado sem graves preocupações pode atestar a leucemia fatal! As enfermidades próprias da região abdominal, embora explicadas com riqueza de detalhes pelos enfermos, muitas vezes deixam o clínico vacilante quanto a situar uma colite, uma úlcera gastroduodenal ou um surto de ameba histolítica! Uma vez que no ser humano é tão difícil visualizar com absoluta precisão a origem dos seus males, requerendo-se múltiplos exames de laboratório para o diagnóstico final, muito mais difícil será conhecer-se o morbo que, no animal, não se pode focalizar na sintomatologia comum. Quantas vezes o suíno é abatido no momento exato em que se iniciou um surto patogênico, cuja virulência ainda não pôde ser assinalada pelo veteri- nário mais competente, salvo o caso de rigorosa autópsia e meticuloso exame de laboratório! Para isso evitar, a matança de porcos exigiria, pelo menos, um veterinário para cada animal a ser sacrificado. Os miasmas, bacilos, germes e coletividades microbianas famé- licas, que se procriam no caldo de cultura dos chiqueiros, penetram na vossa delicada organização humana, através das vísceras do porco, e debilitam-vos as energias vitais. Torna-se difícil para o médico situar essa incursão patogênica, inclusive a sua incubação e o período de de- senvolvimento; por isso, mais tarde, há de considerar a enfermidade como oriunda de outras fontes patológicas.
RAMATÍS: — Trata-se apenas de mais um requinte doentio do vosso mundo, e que revela o deplorável estado de espírito em que se encontra a criatura humana. O homem não se conforma com os efei- tos daninhos que provêm de sua alimentação pervertida e procura, a todo custo, fugir à sua tremenda responsabilidade espiritual. Mas não conseguirá ludibriar a lei expiatória; em breve, novas condições en- fermiças se farão visíveis entre os insaciáveis carnívoros protegidos pela “profilaxia” dos antibióticos. Além do efeito deletério da carne, que se intoxica cada vez mais com a própria emanação astral e mental do homem desregrado, encontrar-vos-eis às voltas com o preciosismo técnico de novas enfermidades situadas no campo das alergias inespe- cíficas, como produtos naturais das reações antibióticas nos próprios animais preparados para o corte!
Espanta-nos a contradição humana, que principalmente, produz a enfermidade no animal que pretende devorar, e em seguida aplica-lhe a profilaxia do antibiótico!
PERGUNTA: — Podeis dar-nos um exemplo dessa contradição? RAMATÍS: — Pois não? A vossa medicina considera que o ho- mem gordo, obeso, hipertenso, é um candidato à angina e à comoção cerebral; classifica-o como um tipo hiperalbuminóide e portador de perigosa disfunção cárdio-hépato-renal. A terapêutica mais aconselhada é um rigoroso regime de eliminação hidrossalina e dieta redutora de peso; ministra-se ao homem alimentação livre de gorduras e predomi- nantemente vegetal, e o médico alude ao perigo da nefrite, ao grave distúrbio no metabolismo das gorduras e à indefectível esteatose he - pática. Cremos que, se os velhos pajés antropófagos conhecessem algo de medicina moderna e pudessem compreender a natureza mórbida do obeso e sua provável disfunção orgânica, de modo algum permitiriam que suas tribos devorassem os prisioneiros excessivamente gordos! Compreenderiam que isso lhes poderia causar enfermidades inglórias, em vez de saúde, vigor e coragem que buscavam na devora do prisio- neiro em regime de ceva!
Mas o homem do século XX, embora reconheça a enfermida- de das gorduras, devora os suínos obesos, hipertrofiados na engorda albumínica, para conseguir a prodigalidade da banha e do toucinho: primeiro os enferma em imundo chiqueiro, onde as larvas, os bacilos
e microrganismos, próprios dos charcos, fermentam as substâncias que alimentam os oxiúros, as lombrigas, as tênias, as amebas colis ou histo- líticas. O infeliz animal, submetido à nutrição putrefata das lavagens e dos detritos, renova-se em suas próprias dejeções e exsuda a pior cota de odor nauseante, tornando-se o transformador vivo de imundicies, para acumular a detestável gordura que deve servir às mesas fúnebres. Exausto, obeso, letárgico e suarento, o porco tomba ao solo com as banhas fartas e fica submerso na lama nauseante; é massa viva de ureia gelatinosa, que só pode ser erguida pelos cordames, para a hora do sa- crifício no matadouro. Que adianta, pois, o convencional beneplácito de “sadio”, que cumpre ao veterinário, na autorização para o corte do animal, quando a própria ciência humana já permitiu o máximo de condições patogênicas! De modo algum essa tétrica “profilaxia” antibiótica livrar-vos-à da sequência costumeira a que sois submetidos implacavelmente; conti- nuareis a ser devorados, do mesmo modo, pela cirrose, a colite, a úlcera, a tênia, o enfarte, a nefrite ou o artritismo; cobrir-vos-eis, também, de eczemas, urticárias, pênfigo, chagas ou crostas sebáceas; continuareis, indubitavelmente, sob o guante da icterícia, da gota, da enxaqueca e das infecções desconhecidas; cada vez mais enriquecereis os quadros da patogenia médica, que vos classificarão como “casos brilhantes” na esfera principal das síndromes alérgicas.
PERGUNTA: — Uma vez que os animais e as aves são incons- cientes e de fácil proliferação, a sua morte, para nossa alimentação, deve ser considerada crime tão severo, quando se trata de costume que já nasceu com o homem? Cremos que Deus foi quem estabeleceu a vida assim como ela é, e o homem não deve ser culpado por apenas seguir as suas diretrizes tradicionais. Cumpria a Deus, na sua Augusta Inteligência, conduzir as suas criaturas para outra forma de nutrição independente da carne; não é verdade? RAMATÍS: — A culpa começa exatamente onde também começa a consciência quando já pode distinguir o justo do injusto e o certo do errado. Deus não condena suas criaturas, nem as pune por seguirem diretrizes tradicionais e que lhes parecem mais certas; não existe, na realidade, nenhuma instituição divina destinada a punir o homem, pois é a sua própria consciência que o acusa, quando desperta e percebe os
seus equívocos ante a Lei da Harmonia e da Beleza Cósmica. Já vos dissemos que, quando o selvagem devora o seu irmão, para matar a fome e herdar-lhe as qualidades guerreiras, trata-se de um espírito sem culpa e sem malícia perante a Suprema Lei do Alto. A sua consciência não é capaz de extrair ilações morais ou verificar qual o caráter superior ou inferior da alimentação vegetal ou carnívora. Mas o homem que sabe implorar piedade e clamar por Deus, em suas dores; que distingue a desgraça da ventura; que aprecia o conforto da família e se comove diante da ternura alheia; que derrama lágrimas compungidas diante da tragédia do próximo ou de novelas melodramáticas; que possui sensi- bilidade psíquica para anotar a beleza da cor, da luz e da alegria; que se horroriza com a guerra e censura o crime, teme a morte, a dor e a desgraça; que distingue o criminoso do santo, o ignorante do sábio, o velho do moço, a saúde da enfermidade, o veneno do bálsamo, a igreja do prostíbulo, o bem do mal, esse homem também há de compreender o equívoco da matança dos pássaros e da multiplicação incessante dos matadouros, charqueadas, frigoríficos e açougues sangrentos. E será um delinquente perante a Lei de Deus se, depois dessa consciência desperta, ainda persistir no erro que já é condenado no subjetivismo da alma e que desmente um Ideal Superior!
Se o selvagem devora o naco de carne sangrenta do inimigo, o faz atendendo à fome e à ideia de que Tupã quer os seus guerreiros plenos de energias e de heroísmos; mas o civilizado que mata, reta- lha, coze e usa a sua esclarecida inteligência para melhorar o molho e acertar a pimenta e a cebola sobre as vísceras do irmão menor, vive em contradição com a prescrição da Lei Suprema. De modo algum pode ele alegar a ignorância dessa lei, quando a galinha é torcida em seu pescoço e o boi traumatizado no choque da nuca; quando o porco e o carneiro tombam com a garganta dilacerada; quando a malvadez humana ferve os crustáceos vivos, embebeda o peru para “amaciar a carne” ou então satura o suíno de sal para melhorar o chouriço feito de sangue coagulado.
Quantas vezes, enquanto o cabrito doméstico lambe as mãos do seu senhor, a quem se afinizara inocentemente, recebe o infeliz animal a facada traiçoeira nas entranhas, apenas porque é véspera do Natal de Jesus! A vaca se lamenta e lambe o local onde matam o seu bezerro; o cordeiro chora na ocasião de morrer!
Só não matais o rato, o cão, o cavalo ou o papagaio, para as vossas mesas festivas, porque a carne desses seres não se acomoda ao vosso paladar afidalgado; em consequência, não é a ventura do animal o que vos importa, mas apenas a ingestão prazenteira que ele vos pode oferecer nas mesas lúgubres.
PERGUNTA: — Como poderíamos vencer esse condicionamento biológico e mesmo psíquico, em que a nossa constituição orgânica é hereditariamente predisposta à alimentação carnívora? A ciência médica afirma que, à simples ideia de nos alimentarmos, o sistema endócrino já produz sucos e hormônios de simpatia digestiva à carne, e dessa sincronia perfeita entre o pensamento e o metabolismo fisio- lógico, achamos que fica demonstrada a fatal necessidade de nutrição carnívora. Em compensação, muitos vegetarianos hão revelado alergia a frutas ou hortaliças! Não é isso bastante para justificar a afirmativa de que o nosso organismo precisa evidentemente de carne, a fim de poder-se desenvolver sadia e vigorosamente? RAMATÍS: — O cigarro também não foi criado para ser fuma- do fanaticamente pelo homem; este é que imita a estultice dos bugres descobertos por Colombo e termina transformando-se num escravo da aspiração de ervas incineradas. À simples lembrança do cigarro, o vosso sistema endócrino, num perfeito trabalho psicofísico, de prevenção, também produz antitoxinas que devem neutralizar o veneno da nicotina e proteger-vos da introdução da fumaça fétida nos pulmões delicados. A submissão ao desejo de ingerir a carne é igual à submissão do fumante inveterado para com o seu comando emotivo, pois ele é mais vítima de sua debilidade mental do que mesmo de uma invencível atuação fisiológica. O viciado no fumo esquece-se de si mesmo e, por isso, aumenta progressivamente o uso do cigarro, acicatado continuamente pelo desejo insatisfeito, criando, então, uma segunda natureza, que se torna implacável e exigente carrasco. Comumente fumais sem notar todos os movimentos prelimina- res que vos comandam automaticamente, desde a abertura da carteira até a colocação do cigarro nos lábios descuidados; completamente in- conscientes dessa realidade viciosa, já não fumais, mas sois fumados pelo cigarro, guiados pelo instinto indisciplinado. No vício da carne ocorre o mesmo fenômeno; viveis distanciados da realidade de que
aura do cão, do gato ou do carneiro, os quais já se situam num plano mais afetivo e revelam alguns bruxuleios de entendimento racional.
O chiqueiro é de um clima repulsivo e repleto de energias dele- térias, que atuam tanto no campo físico como na esfera astral. Quando o suíno é sacrificado, a sua carne reflui sob o impacto violento, febri- citante e doloroso da morte; o choque que lhe extingue a existência, ainda plena de vitalidade física, também exacerba-lhe o duplo-etéreo astral, e que está sob o comando geral do espírito-grupo. Essa matança prematura, que interrompe de súbito a corrente vital energética, irrita furiosamente as forças de todos os planos interpenetrantes no animal; os demais veículos se contraem e se confrangem, ao mesmo tempo, atritando-se num turbilhão de energias contraditórias e violentas, que se libertam como verdadeiros explosivos etéricos. Há completa “coa- gulação físio-astral”; o sangue, que é a linfa da vida e o portador dos elementos mais poderosos do mundo invisível, estagna em seu seio o “quantum” de energia inferior do mundo astral e que o próprio porco carreia para o seu corpo físico.
No instante da morte, as energias deletérias, que flutuam na aura do suíno e lhe intercambiam o fenômeno da vida inferior, coagulam-se na carne sacrificada e combinam-se com o “tônus-vital” degradante, que provém da engorda e do sofrimento do animal no charco de al- bumina e ureia. A carne do porco fica verdadeiramente gomosa, pela substância astral que se coagula ao seu redor e se fixa viscosamente nas fibras cadavéricas.
Os espíritas e demais estudiosos da alma sabem que todas as coi- sas e seres são portadores de um veículo etéreo-astral, o qual absorve as energias ambientais e expele as que são gastas nas trocas afins aos seus tipos psíquicos ou físicos.
Quando ingeris retalhos de carne de porco, absorveis também sua parte astral inferior e que adere à coagulação do sangue; essa ener- gia astral desregrada e pantanosa é agressiva e nauseante nos planos etéricos; assim que os sucos gástricos decompõem a carne física no estômago humano, liberta-se, então, esse visco astral, repelente e per- nicioso. Sob a lei de atração e correspondência vibratória nos mesmos planos, a substância gomosa, que é exsudada pela carne digerida no estômago, incorpora-se, então, ao corpo etéreo-astral do homem e abai- xa as vibrações de sua aura, colando-se à delicada fisiologia etérica
invisível, à semelhança de pesada cerração oleosa e adstringente. O astral albuminoso do porco, que também é ingerido com o “delicioso petisco” assado, transforma-se em densa cortina fluídica no campo áu- rico do homem demasiadamente carnívoro. Deste modo, dificulta-se o processo normal de assistência espiritual daqui, pois os Espíritos Guias já não conseguem atravessar a barreira viscosa do baixo magnetismo, a fim de formularem a intuição orientadora aos seus pupilos carnívoros. A aura se apresenta suja das emanações do astral inferior e ofuscante, que se exsuda da carne do suíno. Os homens glutônicos e excessivamente afeiçoados à carne de porco afirmam-se dotados de invejável vigor sexual, enquanto que as criaturas exclusivamente vegetarianas são algo empalidecidas, letár- gicas e distanciadas da virilidade costumeira do mundo das paixões humanas. Esse fato comprova que o aumento da nutrição de carne acar- reta também o aumento da sensação de ordem mais primitiva. Mas, em sentido oposto, a preferência pela alimentação vegetariana é poderoso auxiliar para o espírito se libertar do jugo material. Os antigos banquetes pantagruélicos, dos romanos e babilônicos, em cujas mesas lautas se amontoavam assados e cozidos cadavéricos, terminavam sempre nas mais lúbricas orgias, que ainda mais se supe- rexcitavam com a influência do astral inferior dos animais devorados. Ainda hoje, o excesso de alimentação carnívora, que é preferida pelos aldeões, estigmatiza muitos deles com o “fácies suínico” ou o “estigma bovino”, que lhes dá um ar pesadão e letárgico, caracterizando fisio- nomias que lembram vagamente o temperamento dos animais devo- rados. É a excessiva carga astral que lhes interpenetra o perispírito e transforma a configuração humana, fazendo transparecer os contornos do tipo animal inferior. Nos planos erráticos do Além, é muito comum encontrarmos espí- ritos que se afeiçoaram tão fanaticamente aos despojos dos animais, que passam a reproduzir certas caricaturas circenses, com visíveis aspectos animalescos caldeados pelo astral inferior!
PERGUNTA: — Os orientais, que são absolutamente vegetaria- nos, têm conhecimento completo dos efeitos que nos relatais, sobre a carne?
RAMATÍS: — O mestre hindu, meditativo e místico, que procura continuamente o contato com os planos mais delicados, evita a ingestão de carne, que lhe contamina a aura com o astral inferior. Os “guias”, muito conhecidos na tradição espírita, sempre lutam com dificuldade quando desejam intuir-vos após os lautos banquetes de vísceras en- gorduradas, que digeris para atender ao sofisma das proteínas. Prin- cipalmente nos trabalhos de materializações, os delicados fenômenos são imensamente prejudicados pela presença de assistentes com os estômagos saturados de carne, e que identificam o clima repulsivo do necrotério onde estão se decompondo vísceras.
É esse, também, um dos motivos por que a maioria dos mé - diuns, obcecados pelas churrascadas e pelos banquetes opíparos onde se abusa da carne, estaciona em improdutivo animismo e mantém só apagados contatos com os planos mais altos. Alguns médiuns glutões e exageradamente carnívoros ironizam e subestimam as práticas e os ensinamentos esoteristas, destinados a apurar a sensibilidade psíquica através do regime vegetariano. Essas criaturas pensam que as forças sutis dos planos angélicos podem-se casar discricionariamente às eru- tações fluídicas da digestão provinda dos retalhos cadavéricos! Raras são as que compreendem que, nos dias de trabalhos mediúnicos, passes ou radiações, a carne deve ser eliminada de suas mesas. Outras há que ignoram que o êxito de operações fluídicas à distância não depende absolutamente de proteínas animais mas, principalmente, da exsudação ectoplasmática de um sistema orgânico limpo de impurezas astrais.
PERGUNTA: — Qual o processo mais eficiente para o discípulo eliminar de sua aura ou perispírito os fluidos deletérios que são exsu- dados pela carne animal?
RAMATÍS: — É a terapêutica do jejum o processo que melhor auxilia o espírito a drenar as substâncias tóxicas que provêm do astral inferior pois, devido ao descanso digestivo, eliminam-se os fluidos perniciosos. A Igreja Católica, ao recomendar o jejum aos seus fiéis, ensina-lhes inteligente método de favorecimento à inspiração superior. As figuras etéreas dos frades trapistas, dos santos ou dos grandes místi- cos, sujeitos a alimentação frugal, comprovam o valor terapêutico dessa alimentação. O jejum aquieta a alma e a libera em direção ao mundo etéreo; auxilia a descarga das toxinas do astral inferior, que se situam na aura humana dos “civilizados”.
Aliás, já existem no vosso mundo algumas instituições hospitala- res que têm podido extinguir gravíssimas enfermidades sob o tratamento do jejum ou pela alimentação exclusivamente à base de suco de frutas. Jesus, a fim de não reduzir o seu contato com o Alto, ante o assédio tenaz e vigoroso das forças das trevas, mantinha a sua mente límpida e a governava com absoluta segurança graças aos longos jejuns, em que eliminava todos os resíduos astrais, perturbadores dos veículos inter- mediários entre o plano espiritual e o físico. O Mestre não desprezava esse recurso terapêutico para a tessitura delicada do seu perispírito; não se esquecia de vigiar a sua própria natureza divina, situada num mun- do conturbado e agressivo, que atuava continuamente como poderoso viveiro de paixões e detritos magnéticos a forçarem-lhe a fisiologia angélica. Evitava sempre a alimentação descuidada e, quando sentia pesar em sua organização as emanações do astral inferior, diminuía a resistência material ao seu espírito, praticando o jejum, que lhe favo- recia maior libertação para o seu mundo celestial. Nunca vimos Jesus partindo nacos de carne ou oferecendo pernis de porco aos seus discípulos; ele se servia de bolos feitos de mel, de fubá e de milho, combinados aos sucos ou caldos de cereja, morangos e ameixas.
PERGUNTA: — Na hora da desencarnação, a alimentação car- nívora pode prejudicar o desprendimento do espírito? RAMATÍS: — A Lei é imutável em qualquer setor da vida; o êxito liberatório na desencarnação depende, acima de tudo, do tipo de vibrações boas ou más na hora em que o desencarnante é submetido à técnica espiritual desencarnatória. O perverso que se lançou num abismo de crueldade, na vida física, será sempre um campo de energias trevosas e impermeáveis à ação dos espíritos benéficos; mas o santo, que se dá todo em amor e serviço ao próximo, torna-se uma fonte re- ceptiva de energias fulgentes, que lhe abrem clareiras para a ascensão radiosa. Justamente após o abandono do corpo físico é que o campo energético do perispírito revela, no Além, mais fortemente, o resulta- do do metabolismo astral que entreteve na Terra. Em consequência, o homem carnívoro, embora evangelizado, sempre há de se sentir mais imantado ao solo terráqueo do que o vegetariano que, além de ser es- piritualizado, incorpore energias mais delicadas em seu veículo peris-
douros, podem ser almas primitivas, que não avaliam o grau de sua responsabilidade espiritual junto à coletividade do mundo físico. Mas aqueles que fogem na hora cruel do massacre do irmão bem demons- tram compreender a perversidade do ato e o reconhecem como injusto e bárbaro. Em consequência, ratificam o conhecimento de sua respon- sabilidade perante Deus, recusando--se a assistir àquilo que em sua mente significa severa acusação ao espírito. Confirmam, portanto, ter conhecimento da iniquidade de se matar o animal indefeso e inocente. É óbvio que, se depois o devoram cozido ou assado, ainda maior se lhes torna a culpa, porque o mesmo ato que condenam, com a ausência deliberada, fica justificado pessoal e plenamente na hora famélica da ingestão dos restos mortais do animal.
Os fujões pseudamente piedosos não passam, aliás, de vulgares cooperadores das mesmas cenas tétricas do sacrifício do animal; o consumidor de carne também não passa de um acionista e incentivador da proliferação de açougues, charqueadas, matadouros e frigoríficos.
O vosso código prevê, na delinquência do vosso mundo, penas severas tanto para o executor como para o mandante dos crimes de co- participação mental, pois a responsabilidade pesa sobre ambos. Os que não matam animais ou aves, por piedade, mas digerem jubilosamente os seus despojos, tornam-se coparticipantes do ato de matar, embora o façam à distância do local do sacrifício; são, na realidade, cooperadores anônimos da indústria de carnes, visto que incentivam o dinamismo da matança ao consumirem a carne que mantém a instituição fúnebre dos matadouros e do trucidamento injusto daqueles que Deus também criou para a ascensão espiritual.
PERGUNTA: — Cremos que muitos seres divinizados, que já vive- ram em nosso mundo, também se alimentaram de carne; não é verdade?
RAMATÍS: — Realmente, alguns santos do hagiológio católico, ou espíritos desencarnados considerados hoje de alta categoria, puderam alcançar o céu, apesar de comerem carne. Mas o portador da verdadeira consciência espiritual, isto é, aquele que, além de amar, já sabe por que ama e por que deve amar, não deve alimentar-se com a carne dos animais. A alma efetivamente santificada repudia, incondicionalmen- te, qualquer ato que produza o sofrimento alheio; abdica sempre de si mesma e dos seus gozos, em favor dos outros seres, transformando-se
numa Lei Viva de contínuo benefício e, na obediência a essa Lei be- néfica, assemelha-se à força que dirige o crescimento da semente no seio da terra: alimenta e fortifica, mas não a devora! Essa consciência espiritual torna-se uma fonte de tal generosida- de, que toda expressão de vida do mundo a compreende e estima, pela sua proteção e inofensividade. Sabeis que Francisco de Assis discursava aos lobos e estes o ouviam como se fossem inofensivos cordeiros; Jesus estendia sua mão abençoada, e as cobras mais ferozes se aquietavam em doce enleio; Sri Maharishi, o santo da Índia, quando em divino “samadhi”, era procurado pelas aranhas, que dormiam em suas mãos, ou então afagado pelas feras, que lhe lambiam as faces; alguns místicos hindus deixam-se cobrir com insetos venenosos e abelhas agressivas, que lhes voam sobre a pele com a mesma delicadeza com que o fazem sobre as corolas das flores! Os antigos iniciados essênicos mergulhavam nas florestas bravias, a fim de alimentarem os animais ferozes que eram vítimas das tormentas e dos cataclismos. Inúmeras criaturas gabam-se de nunca haverem sido mordidas por abelhas, insetos daninhos, cães, ou cobras. Geralmente são pessoas vegetarianas, que assim mantêm integralmente vivo o amor pelos animais. As almas angelizadas, que já chegaram a compreender realmente o motivo da vida do espírito no mundo de formas, que possuem um coração magnânimo e incapaz de presenciar o sofrimento dos animais, também não lhes devoram as entranhas, do mesmo modo como os verdadeiros amigos dos pássaros não os prendem em gaiolas mesmo douradas! É ilícito ao homem destruir um patrimônio valioso que Deus lhe confia para uma provisória administração na Terra; cumpre-lhe proteger desde a flor que enfeita a margem dos caminhos até ao infe- liz animal escorraçado e que só pede um pouco de pão e de amizade. O devorador de animais, por mais evangelizado que seja, ainda é um perturbador da ordem espiritual na matéria; justifique-se como quiser, mas a persistência em nutrir-se com despojos animais prova que não se adaptou ainda, de modo completo, aos verdadeiros objetivos do Criador.
PERGUNTA: — Qual a reação psicofísica que deve sentir a pessoa, sob o impacto do fluido magnético-astral que se liberta da carne de porco? RAMATÍS: — A reação varia de conformidade com o tipo indi- vidual: o homem comum, e demasiadamente condicionado à ingestão
de carne de porco, sentir-se-á ainda mais fortalecido e instigado ener- geticamente para a vida de relação, assim como
um motor pesado e rude funciona melhor com um combustível mais grosseiro. Os homens coléricos, irascíveis e descontrolados nas suas emoções, que se escravizam facilmente aos impulsos do instinto animal, são comumente fanáticos adoradores das mesas lautas, e gran- demente afeiçoados às churrascadas. O magnetismo vital inferior, que incorporam continuamente ao seu organismo físico e astral, ativa-lhes bastante os centros do comando animal, mas prejudica-lhes a natureza angélica no metabolismo para a absorção de um magnetismo superior. As reações variam, portanto, conforme a sensibilidade psíquica e a condição espiritual dos carnívoros; um simples pedaço de carne de porco, que seria suficiente para perturbar o perispírito delicado de um Gandhi, ou de um Francisco de Assis, poderia acelerar a vitalidade do psiquismo descontrolado de um Nero ou de um Heliogábalo!
PERGUNTA: — Desde que estamos operando num mundo físico e compacto, que requer de nós atividades exaustivas, não poderá o aban- dono da alimentação carnívora provocar-nos uma anemia perigosa?
RAMATÍS: — Sabeis que o corpo humano é apenas uma conglo- merado de matéria ilusória, em que um número inconcebível de espaços vazios, interatômicos, predomina sobre uma quantidade microscópica de massa realmente absoluta. Se pudésseis comprimir todos os espa- ços vazios que existem na intimidade do corpo físico, até que ele se tornasse o que em ciência se denomina “pasta nuclear”, reduzi-lo-íeis a uma pitada de pó microscópico, que seria a massa real existente. O organismo humano é maravilhosa rede de energia, sustentada por um gênio cósmico. O homem é espírito aderido ao pó visível aos olhos da carne; na realidade, é mais nítido, dinâmico, verdadeiro e potencial no seu “habitat” espiritual, livre do pó enganador. Vós ingeris grande quantidade de massa material, na forma de lauta alimentação, aten- dendo mais às contrações espasmódicas do organismo, do que mesmo à sua necessidade magnético-vital. O corpo, em verdade, só assimila o “quantum” de que necessita para suster a forma aparente, pelo qual excreta quase toda a quota ingerida. Nos planetas mais evoluídos, a alimentação é quase toda à base de sucos, que penetram na organização viva, alguns até pelo fenômeno comum da osmose e absolutamente
sem excreção. Neles, as almas apuradas sabem alimentar-se, em grande parte, através dos elementos etéricos e magnéticos hauridos do Sol e do ambiente, inclusive o energismo prânico do oxigênio da atmosfera. Não vos será difícil comprovar que inúmeros operários mal ali- mentados conseguem realizar tarefas pesadas, assim como os tradicio- nais peregrinos de passado, que pregavam a palavra do Senhor ao mun- do conturbado, viviam frugalmente e abjuravam a carne. O progresso espiritual se evidencia em todos os campos de ação em que o espírito atua, pelo qual — se realmente pretendeis alcançar o estado angélico — tereis também que procurar desenvolver um metabolismo mais deli- cado e escolhido, na alimentação do vosso corpo. A ascensão espiritual exige a contínua redução da bagagem de excessos do mundo animal. Seria ilógico que o anjo alçasse voo definitivo para as regiões excelsas, saudoso ainda da ingestão de gordura dos seus irmãos inferiores!
PERGUNTA: — E se o homem teimar em se alimentar de carne, quais os recursos que os Mestres poderão empregar para afastá-lo dessa nutrição? RAMATÍS: — Sabeis que os excessos nas mesas pantagruélicas, principalmente na alimentação carnívora, quando atestam a negligência e a teimosia do espírito humano para com a sua própria felicidade, são sempre corrigidos com a terapêutica das admiráveis válvulas de segu- rança espiritual, que aí no vosso mundo funcionam sob a terminologia clássica da ciência médica com as sugestivas denominações de úlceras, cânceres, cirroses, nefrites, enterocolites, chagas, inclusive a criação de condições favoráveis para o “habitat” das amebas coli ou histolíticas, giárdias ou estrongilóides, tênias, ou irrequietos protozoários de formas exóticas. Sob a ação desses recursos da natureza, vão-se acentuando, então, as trocas exigíveis à entidade espiritual, e a compulsória fruga- lidade vai agindo para a transformação exaustiva, mas concretizável, do animal na figura do anjo. As excrescências anômalas e mórbidas, que se disseminam pelo corpo físico, funcionam na prodigalidade de sinais de advertência, que regulam harmônica e equitativamente o trá- fego digestivo. Elas obrigam a dietas espartanas ou substituições por nutrições mais delicadas, ao mesmo tempo que se retificam impulsos glutônicos e se aprimoram funções que purificam o astral em torno e na intimidade da tessitura etérica. Quantas vezes o teimoso carnívoro se
hábitos perniciosos e oferecendo, em troca, outros meios mais valiosos e que atendem à substituição desejada. De há muito que proliferam no vosso orbe as indústrias abençoadas do “nylon” e de outros produtos de manufatura plástica, capazes de substituir com êxito a mórbida fa- bricação de artefatos de couro arrancado ao infeliz animal. No terceiro milênio não serão mais preferidos o sapato, a bolsa, a carteira ou o traje confeccionado com a matéria-prima sangrenta, que estimula hoje a indústria da morte.
Hoje mesmo, no tocante aos acessórios de vossa alimentação, o azeite e a banha de coco já substituem a repulsiva gordura cultivada no chiqueiro e no charco de albumina do porco.
PERGUNTA: — Quer isso dizer que o terrícola, no futuro, tor- nar-se-á exclusivamente vegetariano; não é assim?
RAMATÍS: — Não tenhais dúvida alguma. Esse é um impera- tivo indiscutível para a humanidade futura. O progresso econômico à base da indústria da morte, no fabrico do presunto enlatado, do “patê de foie gras”, que é pasta de fígado hipertrofiado de ganso ou galinha, dos cozidos de vísceras saturadas de ureia do boi pacífico, ou dos re- pulsivos chouriços de sangue coagulado, tudo sob invólucros atrativos, não consta dos planos siderais para atender às necessidades do mundo no terceiro milênio!
Assim como vos horrorizais ante a antropofagia dos selvagens, que devoram músculos e trituram nos dentes as tíbias dos seus adver- sários — o que, sob o vosso código penal, seria considerado crime horroroso — no futuro, quando imperarem as Leis Áureas de Proteção às Aves e aos Animais, também serão processados criminalmente os “virtuosos civilizados” que tentarem devorar os seus irmãos menores para adquirir as famosas proteínas!
PERGUNTA: — Mas já existem, em nosso mundo, algumas so- ciedades de proteção aos animais e às aves, o que nos parece provar já haver sido dado um grande passo para o estabelecimento do re- gime vegetariano na Terra. Que dizeis a esse respeito? RAMATÍS: — Consideramos louvável tal empreendimento, mas a maioria dessas sociedades só se preocupa, por enquanto, com a regulamentação da
caça ou apenas com os maus tratos para com os animais de carga e de transportes. A verdadeira sociedade de proteção ao animal e à ave, que pretenda realmente se enquadrar nos cânones divinos, terá que lutar tenazmente para que se evite a morte do infeliz ser que ainda é sacrificado para atender às mesas dos civilizados. Paradoxalmente, muitos dos vossos contemporâneos que superintendem as sociedades de proteção aos animais são comedores de carne e, portanto, coopera- dores para que prossigam a carnificina nos matadouros e as chacinas nas charqueadas, onde o sentido utilitarista desconhece a mansuetude, a piedade e o amor! Não duvidamos de que possais chegar, um dia, ao ridículo mesmo de comemorardes os aniversários das instituições terrenas, de proteção aos animais e às aves, sob festiva e suculenta churrascada de carne de boi sacrificado na véspera, e onde os brilhantes oradores hão de proferir discursos sobre a Lei da Caça ou o amor ao animal, enquanto o magarefe prepara o “apetitoso” filé no espeto, ao tempero da moda. A questão de se restringir a caça a uma época determinada do ano, longe do período de procriação da ave ou do animal, não iden- tifica proteção alguma ou prova de piedade para com esses seres; é apenas extremoso cuidado para não se extinguirem prematuramente as espécies reservadas à destruição pelos caçadores, em tempo opor- tuno. A piedade e a proteção aos pássaros ou animais das selvas, só as demonstrareis com a absoluta recusa ou proibição de matá-los em qualquer período do ano. A oficialização de época apropriada para a matança de pássaros e de animais indefesos é apenas um subterfúgio, que não vos eximirá, perante as leis da vida, da responsabilidade de matar. Apesar de a utlização da cadeira elétrica e os fuzilamentos ofi- ciais serem considerados, por um grupo de juristas sentenciosos, como medida perfeitamente legal, perante Deus é um crime oficializado e muito pior do que o homicídio a que o indivíduo foi impelido por um mau sentimento, pelo amor, pela fome, ou num momento de cólera ou mesmo desejo incontrolável de vingança. O criminoso, embora useiro e vezeiro na delinquência, não avalia, comumente, a extensão do seu delito a que, quase sempre, é instigado por feroz egoísmo do instinto de conservação; mas os criadores de leis que autorizam assassinatos premeditados serão responsáveis pelo delito de matarem por cálculo, embora aleguem que assim o fazem em defesa das instituições sociais.
PERGUNTA: — Como poderíamos lograr desfazer esse con- dicionamento biológico da alimentação carnívora, sem sofrermos a violência de uma substituição radical?
RAMATÍS: — Alhures já vos temos dito que os peixes, os ma- riscos e os crustáceos são “corpos coletivos”, correspondentes a um só “espírito-grupo”, que lhes dirige o instinto e gera-lhes uma reação única e igual em toda a espécie. Um peixe, fora d’água ou dentro dela, manifesta sempre a mesma reação, igual e exclusiva, de todos os demais peixes do mesmo tipo. Entre milhões de peixes iguais, não conseguireis distinguir uma única reação diferente no conjunto. No entanto, inúmeras outras espécies animais já revelam princípios de consciência; podem ser domesticadas e realizar tarefas distintas entre si. O boi, o suíno, o cão, o gato, o macaco, o carneiro, o cavalo, o elefante, o camelo, já revelam certo entendimento consciencial a parte, em relação às várias funções que são chamados a exercer. Eles requerem, cada vez mais, a vossa atenção e auxílio, a fim de se afirmarem num sentimento evolutivo para outros planetas, nos quais as suas raças poderão alcançar melhor desenvolvimento, no comando de organismos mais adequados às suas características. Quando o seu psiquismo se credenciar para o comando de cérebros humanos, as suas constituições psicoastrais poderão então retornar ao vosso globo e operar na linha evolutiva do homem terríco- la. Eis o motivo por que Jesus nunca sugeriu aos seus discípulos que praticassem a caça ou a matança doméstica, mas aconselhou-os a que lançassem as redes ao mar.
Os peixes e os mariscos ainda se distanciam muitíssimo da espé- cie animal, que é dotada de rudimentos de consciência. Mesmo que não sejais absolutamente vegetarianos, e vos alimenteis de peixes, crustá- ceos ou mariscos, já revelareis grande progresso no domínio ao desejo doentio da zoofagia. Não vos aconselhamos a desistência violenta do uso da carne, se ainda não sois dotados de vontade poderosa que vos permita a mudança radical de regime; podeis eliminar, primeiramente, o uso da carne dos animais, em seguida a das aves, e depois vos man- terdes com a alimentação de peixe e congêneres, até que naturalmente o vosso organismo se adapte à alimentação exclusiva de vegetais e frutas.
É preciso, entretanto, que governeis a vossa mente, para que ela se possa modificar pouco a pouco, e vá abandonando o desejo de uma nutrição que é vilmente estigmatizada com a morte do animal. Se
assim procederdes, em breve o desejo mórbido de ingerirdes vísceras cadavéricas poderá ser substituído pelo salutar desejo da alimentação vegetariana, em que trocareis as vitualhas sangrentas pelos frutos su- culentos e sadios. O primeiro esforço para vos livrardes da nutrição carnívora deve ser no sentido de compreenderdes a realidade intrínseca de que se constitui a carne e que se disfarça sob a forma de saborosos pitéus.
PERGUNTA: — Dai-nos um exemplo objetivo de como pode- remos governar a mente e controlar o instinto, para extinguirmos o desejo de saborear a carne de animais. RAMATÍS: — Primeiramente é necessário que não vos deixeis fascinar completamente pelo aspecto festivo das mesas repletas de pratos com carnes, aos quais a arte mórbida ainda ajusta enfeites que não passam de sugestões pérfidas para que mais se acicatem os desejos inferiores. Diante do presunto “apetitoso”, convém que mediteis sobre a realidade fúnebre que está à vossa frente; há que recordar a figura do suíno metido no charco, na forma de malcheiroso e detestável monturo de albumina, suarento, balofo e imundo, que depois é cozido em água fervente, para dar-vos o presunto “rosado e cheiroso”. Ante o churrasco “delicioso”, não vos deixeis seduzir pelo cheiro da carne a crepitar sob apetitoso condimento, mas considerai-o na sua verdadeira condição de musculatura sangrenta, que durante a vida do animal eliminou o suor acidulado pelos poros, verteu toxinas e ureia, figurando-o, também, como a rede microscópica que canaliza bacilos de todos os matizes e de todas as consequências patogênicas. Na realidade, o vosso estômago não foi criado para a macabra função de cemitério vivo, dentro do qual se liberta a fauna dos germens ferozes e famélicos e se desmantelam as fibras animais! Se não vos deixardes dominar pelo impulso inferior, que perverte a imaginação e vos ilude com a falsidade da nutrição apetitosa, cremos que em breve sentir-vos-eis libertos da necessidade de ingestão dos despojos animais, assim como há homens que mental e fisicamente se libertam do vício de fumar e não mais sofrem diante dos fumantes inveterados. E, se o desejo impuro ainda comandar o vosso psiquismo negligente e enfraquecer a vontade superior, é mister que, pelo menos, recordeis a comoção dolorosa do animal, quando é sacrificado sob o cutelo impiedoso do
PERGUNTA: — Somos de parecer que os espíritas ainda não podem ser censurados em consequência de sua alimentação carnívora, pois é um costume que, além de bastante natural, é próprio do nosso atual estado evolutivo espiritual. É-nos difícil compreender que ao promovermos uma inofensiva e tradicional churrascada, ou tomar- mos parte em uma refeição carnívora, possa situar-nos culposamente perante o Criador. Não temos, pelos menos, certa razão?
RAMATÍS: — É tempo de raciocinardes mais sensatamente no tocante ao verdadeiro sentido da espiritualidade, fazendo distinção, também, com mais clareza, entre os vícios mais próprios do reino de Mamon e os valores que promovem a cidadania para o mundo de Deus.
Malgrado as contestações que apresentais quanto à nutrição car- nívora, alegando o condicionamento natural do pretérito, é tempo de compreenderdes que já soou a hora do definitivo despertamento espi- ritual. Em concomitância com a próxima verticalização do vosso orbe em seu eixo imaginário, há que também vos verticalizardes em espírito, libertando-vos, outrossim, da alimentação cruel e ignominiosa das vís- ceras animais. Não são poucas as vezes em que as vossas contradições chegam a assumir caráter de um insulto aos bens generosos que provêm da magnitude do Pai!
PERGUNTA: — Não percebemos o que quereis dizer. Dai-nos um exemplo de alguma dessas contradições a que vos referis em tom tão enérgico.
RAMATÍS: — Já tivemos ocasião de presenciar homenagens que espíritas prestaram a seus confrades, oferecendo-lhes retalhos cadavéri- cos assados, ao mesmo tempo que sobre suas cabeças pendiam cachos de uvas dos lindos parreirais que lhes ofereciam, além dos seus frutos, a sombra amiga para o festim mórbido! Enquanto a carne queimava no braseiro ardente, a sua fumaça fétida e viscosa engordurava as ma- cieiras, as videiras e os dourados laranjais pejados de frutos nutridos, que são ofertas divinas desdenhadas pelo homem ingrato!
Os pregadores espíritas, integrados no messianismo de salvar as almas escravizadas à matéria, devem cooperar para a sanidade da vida em todas as suas expressões físicas ou morais. Consequentemente, nunca deverão incentivar processos mórbidos que contrariem o ritmo harmonioso dessa existência sadia. Assim como nas festividades espíri-
tas os alcoólicos são repudiados, por serem perniciosos e deprimentes, as churrascadas e os banquetes carnívoros também devem ser repelidos, porque vos afastam das vibrações delicadas das almas superiores. Es- tranhamos que, para o êxito da festividade espírita, o cadáver do irmão inferior tenha que ser torrado no braseiro da detestável churrascaria viciosa do mundo profano! Do lado de cá perambulam espíritas desencarnados, tão condi- cionados, ainda, aos banquetes pantagruélicos e carnívoros, que rogam a bênção de um corpo físico em troca dos próprios bens do ambiente celestial! Outros há que ainda não se compenetraram do papel ridículo que representam recitando, compungidos, versículos evangélicos em festividades fraternas do espiritismo, ao mesmo tempo que o confrade serviçal assa o cadáver do irmão inferior, para o cemitério do ventre!
PERGUNTA: — Muitos espíritas afirmam que a alimentação nada tem que ver com o espiritismo, pelo qual motivo vossas considera- ções a esse respeito são improdutivas e mesmo censuráveis. Que dizeis? RAMATÍS: — É sabido que todas as filosofias do Oriente que pregam a libertação do espírito do jugo da matéria, sempre hão pre- ceituado que a primeira conquista de virtude do discípulo consiste no abandono definitivo da nutrição carnívora. Como Allan Kardec, ao codificar a doutrina espírita, também se inspirou nos postulados da filosofia espiritualista oriental, não devem os espíritas considerar im- produtivo e até censurável recomendar-lhes que não se alimentem com a carne dos animais. Isso equivale a louvar e defender a alimentação carnívora, no que Kardec nunca pensou. Todo esforço moderno, de espiritualização do mundo, nunca pôde fugir de situar as suas raízes iniciáticas no experimento milenário do Oriente, cuja tradição religiosa, de templos dignos de respeito, traz por fundamento essencial a doutrina vegetariana. Nada estranharíamos, se essa censura proviesse de mem- bros de religiões sectaristas, que não compreendem ainda o que seja a evolução do espírito e não acreditam que o animal possa ter alma, nem que os prejuízos que causais ao corpo carnal se refletem no corpo espiritual; mas é sempre contraditório que o espírita advogue a prática da ingestão do cadáver do seu irmão inferior, quando já é portador de uma consciência mais ampla e desenvolvida sob a alta pedagogia de amadurecidos valores iniciáticos do passado.
É provável que as nossas cogitações sobre o vegetarianismo sejam consideradas improdutivas e ostensivas, por parte de certa porcentagem de espíritas; no entanto, as suas censuras contra aquele sistema e os seus louvores à nutrição carnívora implicam em se considerar que Deus fracassou lamentavelmente quanto à criação de recursos para nutrir os seus filhos e teve, por isso, de lançar mão do execrável recurso de criar cabritos, coelhos, porcos, bois e carneiros, destinados exclusivamente ao sacrifício cruel das mesas humanas!
Se os animais pudessem falar, que diriam eles a respeito dessa gentil disposição de muitos espíritas de os devorarem sob festivos car- dápios e requintados molhos que deixariam boquiabertos muitos zulus antropófagos?
É estranhável, portanto, que ainda se façam censuras às solicita- ções seguintes, em que temos situado o nosso principal labor:
Deste modo, podereis integrar-vos nos preceitos amorosos de Jesus e corresponder à dádiva generosa do Criador, que veste o solo terráqueo de hortaliças, legumes e árvores pejadas de frutos, na divina e amorosa oferta viva para uma nutrição sadia!
PERGUNTA: — Há quem conteste as vossas opiniões, alegando que Allan Kardec não censurou, em suas obras, a alimentação carní- vora, nem a considerou indigna ou imprópria de espíritas. Que dizeis? RAMATÍS: — Allan Kardec viu-se compelido a adaptar os seus sensatos postulados ao espírito psicológico da época, evitando conflito não só com a mentalidade profana — ainda bastante acanhada devido à escravidão ao dogma religioso como também com as instituições responsáveis pela economia em que a indústria da carne representava uma de suas bases fundamentais. Dado que o vegetarianismo era dou- trina praticada por pequeno número de iniciados que se aproximavam das fontes espiritualistas do Oriente, seria prematuro e inconsequente que o nobre codificador firmasse esse postulado no espiritismo recém-exposto ao público, e que bem poderia se tornar ridículo para os neófitos da doutrina. Naquela época a simples recomendação da abstinência completa da carne, como princípio de uma doutrina codificada para a massa comum, acarretaria o fracasso incontestável dessa doutrina. O espiritismo, em seu início, foi encarado mais como revelação de preceitos esotéricos do que mesmo como doutrina de ordem moral e disciplina evangélica, cujas virtudes ainda eram consideradas como exclusividade da religião dogmática dominante. No entanto, em sua base oculta-se a mensagem claríssima para “os que tiverem olhos de ver”, na qual Allan Kardec vos legou sugestiva e sibilina advertência que endereça particularmente aos seus adeptos, com relação ao vegetarianismo. Examinando a magnífica obra de Kardec, que constitui a Terceira Revelação no âmbito do vosso planeta em progresso espiritual, dar- -vos-emos apontamentos que distinguem, perfeitamente, o pensamento do autor quanto à alimentação vegetariana. Diz o codificador, em nota pessoal, de esclarecimento à resposta da pergunta nº 182, do cap. IV, do O Livro dos Espíritos ; Encarnação dos Diferentes Mundos: À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste se aproxima igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria; deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo; menos grosseiras se lhes fazem as necessidades físicas, não mais sendo preciso que os seres vivos se destruam mutuamente para se nutrirem.