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Fichamento com principais citações da obra do autor
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
D´ANDREA, Tiarajú Pablo. A Formação dos Sujeitos Periféricos: Cultura e Política na Periferia de São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo Programa de Pós- Graduação em Sociologia, 2013. “Carregando sentidos polissêmicos, o termo concorre, substitui ou opera como equivalente a termos que indicam processos ou espaços geográficos e sociais similares, tais como bairros populares, moradores de bairros populares, bairros pobres, e mesmo classes populares. Posto, em um primeiro momento, como indicador das peculiaridades dos processos de urbanização das nossas cidades, com o correr dos anos o termo se consolidou no campo da denominada questão urbana.” (D´ANDREA, 2013, p. 10) “Não mais entendida apenas como local de pobreza, privação e sofrimento passível de comiseração, a periferia passa a ser um termo utilizado como marcador da presença ativa de populações vistas não sob o signo da fragilidade, mas da potencialidade. No Rio Janeiro, esse mesmo deslocamento ocorreu com o termo favela. Potencialidade aqui entendida em dois sentidos: portador de possibilidades e portador de potência ou força.” (D´ANDREA, 2013, p. 10) “No entanto, essa potencialidade é marcada pela ambivalência. De um lado, carrega o que se pode entender como um sentido emancipatório, associado à diminuição da posição de subalternidade, à valorização das formas de ser dessas populações e dissolventes dos estigmas que sempre acompanharam, neste país, a condição de pobreza. Por outro lado, essa potencialidade foi também capturada pelo mercado, passando a ser alvo e operador de uma celebração mercadológica dos pobres: é nesse registro que se pode entender a disputa [...]” (D´ANDREA, 2013, p. 10) “As classes populares estão sempre em movimento buscando saídas e alternativas, mais ou menos radicais, para seus dilemas e desafios históricos. Este momento é de
reconstrução de bases das quais se possam produzir novos fazeres políticos, em um momento onde as principais representações das classes populares nas últimas décadas entraram em crise. É tempo de reforçar a potencialidade de alguns processos e superar aqueles que já não oferecem respostas analíticas e organizativas.” (D´ANDREA, 2013, p.
“Lutar pela própria sobrevivência foi a questão catalisadora que fez girar uma engrenagem produtora de fatos e circunstâncias que afetaram a vida social, sob o primado de soluções práticas para um contexto de morte. É nesse registro que se pode entender o surgimento dos coletivos artísticos nas periferias.” (D´ANDREA, 2013, p. 14) “A partir da década de 1990, uma série de coletivos artísticos surgiram nos bairros periféricos de São Paulo. Quatro foram os principais motivadores para esse fenômeno: a possibilidade de fazer política em um contexto de descenso dos movimentos sociais e dos partidos políticos; a luta por pacificação; a necessidade de sobrevivência material, da qual a produção artística se revelou como uma possibilidade e; a arte como emancipação humana.” (D´ANDREA, 2013, p. 16) “De certo, a produção cultural realizada por moradores de bairros populares foi um elemento definitivo na formulação de um novo significado para o termo periferia, que passou a incluir em seu bojo os elementos arte e cultura concomitantes a significados antes apenas restritos a pobreza e violência. Esta produção artística revelou a potência criativa desse morador na mesma medida em que auxiliou na construção do orgulho periférico.” (D´ANDREA, 2013, p. 16) “É fato que essa produção artística também foi motivada por agentes estatais e por ações ligadas ao empreendedorismo social que tenderam a fazer da arte uma espécie de analgésico social. Também é fato que a arte foi e é muitas vezes produzida na periferia visando à indústria cultural e o status advindo da condição de artista.” (D´ANDREA, 2013, p. 16) “ [...] uma mudança na subjetividade da população periférica que passa a crer na sua própria capacidade de superação dos dilemas históricos que se apresentam. Esta nova subjetividade, cujo cerne reside no reconhecimento da própria condição, na potencialidade dessa condição e no orgulho dessa condição, quando aciona o agir político, para esta tese, transforma o indivíduo em sujeito periférico.” (D´ANDREA, 2013, p. 19)
forma de quebrar essa barreira. Quando eu construo mais um equipamento cultural no centro, eu continuo com a mesma linha. “Em seu livro A Distinção (2007), Pierre Bourdieu retratou com rigor como as diferenças entre as classes sociais se expressam nos gostos e nos hábitos culturais. Analisando diversos setores da vida social, como a decoração, os esportes, a linguagem, a postura corporal, dentre outros. O autor aponta que entre as classes abastadas se faz presente uma série de mecanismos que regulam as relações sociais e podem ser expressos em ritualizações, distâncias, polidez e normas.” (D´ANDREA, 2013, p. 123) “ [...] morar na periferia pode possuir diversas formas, adquirir distintos contornos e apresentar múltiplas facetas, dependendo da posição do indivíduo, sua trajetória pessoal e as condições socioeconômicas das localidades onde habita e circula.” (D´ANDREA, 2013, p. 138) “A experiência social compartilhada do sentir-se periférico é fundamentalmente urbana. Morar na periferia se contrapõe a habitar regiões mais bem estruturadas da cidade e com melhor poder aquisitivo. É possuir uma experiência urbana calcada fundamentalmente na segregação socioespacial, com grandes deslocamentos pela cidade no trajeto trabalhomoradia ou mesmo quando da procura de serviços somente oferecidos em bairros melhor estruturados. Esta experiência de segregação socioespacial, marcada fundamentalmente pelo deslocamento na cidade, pode se erigir por meio da utilização do automóvel e de uma rotina de trânsito, mas na maioria dos casos se expressa na utilização de transportes públicos, com certo nível de precarização e ratificador das grandes distâncias com a qual se estrutura a urbe paulistana. Tal experiência compartilhada de percepção da urbe também se expressa nas dificuldades no mercado laboral, no acesso a serviços públicos de qualidade, nas opções de lazer e cultura distribuídas de maneira desigual pela cidade.” (D´ANDREA, 2013, p. 139) “Essa experiência também se expressa, óbvio, em um certo modus vivendi no próprio local de moradia, atributo ao qual José Guilherme Magnani denominou “habilidade pra viver na quebrada”97. Isto se expressa no reconhecimento de “quem é quem”, no saber lidar com a violência no bairro e na postura que se tem no território de moradia. Experiência compartilhada que também se manifesta em histórias familiares comuns de migrações, trabalhos mais ou menos precários, trajetórias urbanas, mundo do crime e conversão à igreja.” (D´ANDREA, 2013, p. 139)
“Ainda com as ferramentas analíticas propostas por Bourdieu, a busca por uma categoria de identificação comum em um tempo de orfandade de categorias de identificações comuns baseou-se, mormente, em algo que o autor denominou gostos de classe e estilos de vida (BOURDIEU, 2007: 240).” (D´ANDREA, 2013, p. 139) “Neste caso, não necessariamente uma experiência formulada por meio de categorias profissionais e reconhecimentos mútuos na esfera do trabalho, mas em uma experiência urbana compartilhada, que, por sua vez, é resultado de uma dada produção social do espaço urbano que se realiza numa sociedade capitalista, com os desdobramentos evidentes que disso pode decorrer, expressos nos problemas de distintas ordens existentes em uma cidade como São Paulo. Percebedora de uma situação e de uma experiência comum na cidade, a população moradora da periferia “formou-se tanto quanto foi formada” (THOMPSON, 1987), assim como construiu nesse processo de formação os termos que melhor lhe representaria, a partir de uma experiência compartilhada.” (D ´ANDREA, 2013, p. 140) “No subúrbio, mesmo na fase já alcançada pela industrialização e pelos loteamentos de terrenos para moradias operárias, os lotes eram grandes, as casas tinham espaço para o grande quintal, um remanescente do rural que permanecia no urbano (...). A periferia já é o produto da especulação imobiliária, ruas estreitas, calçadas estreitas, falta de praças, terrenos minúsculos, casas ocupando na precariedade de seus cômodos todo o reduzido espaço disponível para a construção, falta de plantas, muita sujeira e fedor.” (MARTINS, 2001: 78) “ [...] segundo Martins, subúrbio e periferia não são a mesma coisa nem geograficamente e nem historicamente. Pode haver uma continuidade geográfica entre ambos, mas não uma sobreposição.” (D´ANDREA, 2013, p. 143) “ Neste ponto, é válida a argumentação de Martins: os bairros afastados do centro da cidade do Rio de Janeiro foram pensados na lógica suburbana, com legalidade na aquisição dos lotes, casas com quintais, arruamentos padronizados, planejamento urbano, dentre outras características. [...] O termo favela designa outra realidade urbana e outra ordem de questões.” (D´ANDREA, 2013, p. 144) “mas então o que pode a arte para despertar a humanidade do pesadelo em que se debate ao longo de toda a sua pré-história? Enquanto bem cultural, tesouro artístico, reserva ética ou coisa que o valha, absolutamente nada. São troféus de guerra. Porém, enquanto simples