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Fichamento A sociedade do Espetáculo, Notas de aula de Sociologia

Sobre o livro Sociedade do Espetáculo, disciplina de sociologia.

Tipologia: Notas de aula

2020
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Compartilhado em 22/02/2020

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2º Período Direito (FACELI).
Disciplina: Homem, Cultura e Sociedade.
Professora: Drª Ludimila Caliman Campos
Grupo: Amanda Neves, Ana Carolina Prates, Lavínia Coimbra, Milena Afonso e
Naycha Migliorini.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo e Outros Textos. Tradução de Carlos
Nelson Coutinho. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
“O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo
do não-vivo” (p.22);
“O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma
parte da sociedade, e como instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade,
ele é expressamente o setor que concentra todo o olhar e toda a consciência. (...)
olhar iludido e da falsa consciência.” (p.22);
“(...) o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante.” (p.23);
“No mundo realmente reinvertido, o verdadeiro é um momento do falso.” (p.23);
“(...) o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana.”
(p.23);
“Mas o espetáculo não é outra coisa senão o sentido da prática total de uma formação
socioeconômica, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém”
(p.24);
“A atitude que ele exige por princípio é esta aceitação passiva que, na verdade, ele
obteve pela sua maneira de aparecer sem réplica, pelo seu monopólio da aparência.”
(p.24);
“O espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si próprio.” (p.24);
“A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição
de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase
presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados da economia
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2º Período – Direito (FACELI). Disciplina: Homem, Cultura e Sociedade. Professora: Drª Ludimila Caliman Campos Grupo: Amanda Neves, Ana Carolina Prates, Lavínia Coimbra, Milena Afonso e Naycha Migliorini. DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo e Outros Textos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. “O espetáculo em geral, como inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo” (p.22); “O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade, e como instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, ele é expressamente o setor que concentra todo o olhar e toda a consciência. (...) olhar iludido e da falsa consciência.” (p.22); “(...) o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante.” (p.23); “No mundo realmente reinvertido, o verdadeiro é um momento do falso.” (p.23); “(...) o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana.” (p.23); “Mas o espetáculo não é outra coisa senão o sentido da prática total de uma formação socioeconômica, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém” (p.24); “A atitude que ele exige por princípio é esta aceitação passiva que, na verdade, ele já obteve pela sua maneira de aparecer sem réplica, pelo seu monopólio da aparência.” (p.24); “O espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si próprio.” (p.24); “A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados da economia

conduz a um deslizar generalizado do ter em parecer, de que todo o "ter" efetivo deve tirar o seu prestígio imediato e a sua função última.” (p.24); “A primeira fase da dominação da economia sobre a vida social levou, na definição de toda a realização humana, a uma evidente degradação do ser em ter. A fase presente da ocupação total da vida social pelos resultados acumulados da economia conduz a um deslizar generalizado do ter em parecer, de que todo o "ter" efetivo deve tirar o seu prestígio imediato e a sua função última.” (p.25); “É o princípio do fetichismo da mercadoria, a dominação da sociedade por "coisas suprassensíveis embora sensíveis" que se realiza absolutamente no espetáculo, onde o mundo sensível se encontra substituído por uma seleção de imagens que existem acima dele, e que ao mesmo tempo se fez reconhecer como a sensível por excelência.” (p.29); “Numa sociedade em que a mercadoria concreta permanece rara ou minoritária, a dominação aparente do dinheiro se apresenta como o emissário munido de plenos poderes que fala em nome de uma potência desconhecida.” (p.30-31); “O espetáculo é uma permanente guerra do ópio para fazer aceitar a identificação dos bens às mercadorias;” (p.31); “O espetáculo é a outra face do dinheiro: o equivalente geral abstrato de todas as mercadorias.” (p.32); “É a luta de poderes, que se constituíram para a gestão do mesmo sistema socioeconômico, que se desenrola como a contradição oficial, pertencente de fato à unidade real; isto, à escala mundial assim como no interior de cada nação.” (p.35); “O agente do espetáculo posto em cena como vedete é o contrário do indivíduo, o inimigo do indivíduo, tanto em si próprio como, evidentemente, nos outros.” (p.37); “O que o espetáculo apresenta como perpétuo é fundado sobre a mudança, e deve mudar com a sua base. O espetáculo é absolutamente dogmático e, ao mesmo tempo, não pode levar a nenhum dogma sólido. Para ele nada para; é o estado que lhe é natural e, todavia, o mais contrário à sua inclinação.” (p.40); “Como uma mesma corrente, desenvolvem-se as lutas de classes da longa época revolucionária, inaugurada pela ascensão da burguesia, e o pensamento da história,

duas concepções da revolução proletária, ambas contendo uma dimensão autoritária, pela qual a auto-emancipação consciente da classe é abandonada...” (p.48); “A ideologia da organização socialdemocrata submetia-a ao poder dos professores que educavam a classe operária, e a forma de organização adotada era a forma adequada a esta aprendizagem passiva. A participação dos socialistas da II Internacional nas lutas políticas e econômicas era certamente concreta, mas profundamente acrítica...” (p.51); “Se a questão central da revolução estivesse posta aberta e honestamente, capitalismo ou socialismo, nenhuma dúvida, nenhuma hesitação seriam hoje possíveis na grande massa do proletariado." Assim, alguns dias antes da sua destruição, a corrente radical do proletariado alemão descobria o segredo das novas condições que todo o processo anterior havia criado (para o qual a representação operária tinha grandemente contribuído): a organização espetacular da defesa da ordem existente, o reino central das aparências onde nenhuma "questão central" se pode já pôr "aberta e honestamente". A representação revolucionária do proletariado neste estádio tinha se tornado, ao mesmo tempo, o fator principal e o resultado central da falsificação geral da sociedade.” (p.52); “A classe ideológica totalitária no poder é o poder de um mundo reinvertido: quanto mais ela é forte, mais ela afirma que não existe, e a sua força serve-lhe antes do mais para afirmar a sua inexistência. Ela é modesta nesse único ponto, porque a sua inexistência oficial deve também coincidir com o nec plus ultra do desenvolvimento histórico, que simultaneamente se deveria ao seu infalível comando. Exposta por toda a parte a burocracia deve ser a classe invisível para a consciência, de forma que e toda a vida social que se torna demente. A organização social da mentira absoluta decorre desta contradição fundamental.” (p.55); “O projeto, já formulado por Napoleão, de "dirigir monarquicamente a energia das recordações" encontrou a sua concretização total numa manipulação permanente do passado, não só nos significados, mas também nos fatos. Mas o preço deste franqueamento de toda a realidade histórica é a perda de referência racional que é indispensável à sociedade histórica do capitalismo...” (p.56);

“...Neste desenvolvimento complexo e terrível, que arrastou a época das lutas de classes para novas condições, o proletariado dos países industrializados perdeu completamente a afirmação da sua perspectiva autônoma e, em última análise, as suas ilusões, mas não o seu ser. Ele não foi suprimido. Permanece irredutivelmente existente na alienação intensificada do capitalismo moderno: ele é a imensa maioria dos trabalhadores que perderam todo o poder sobre o emprego da sua vida, e que, desde que o sabem, se redefinem como o proletariado, o negativo em marcha nesta sociedade...” (p.60) “...Porém, quando o proletariado descobre que a sua própria força exteriorizada concorre para o reforço permanente da sociedade capitalista, já não só sob a forma de trabalho seu, mas também sob a forma dos sindicatos, dos partidos ou do poder estatal que ele tinha constituído para se emancipar, descobre também pela experiência histórica concreta que ele é a classe totalmente inimiga de toda a exteriorização petrificada e de toda a especialização do poder...” (p.60); “Quando a realização, cada vez mais poderosa da alienação capitalista a todos os níveis, tornando cada vez mais difícil aos trabalhadores reconhecer e nomear a sua própria miséria, os coloca na alternativa de recusar a totalidade da sua miséria ou nada, a organização revolucionária teve de aprender que ela já não pode combater a alienação sob formas alienadas.” (p.62 ); “O movimento inconsciente do tempo manifesta-se e torna-se verdadeiro na consciência histórica.” (p. 64); “A história sobrevém, pois, perante os homens, como um fator estranho, como aquilo que eles não quiseram e do qual se julgavam abrigados.” (p. 65); “O conformismo absoluto das práticas sociais existentes, às quais se encontram para sempre identificadas todas as possibilidades humanas, já não tem outro limite exterior senão o receio de tornar a cair na animalidade sem forma. Aqui, para continuar no humano, os homens devem permanecer os mesmos.” (p. 66); “...a sucessão das gerações sai da esfera do puro cíclico natural para se tornar acontecimento orientado, sucessão de poderes.” (p. 66);

“O mundo possui já o sonho de um tempo de que ele deve possuir agora a consciência para o viver realmente. (p. 77); “A ditadura do automóvel, produto-piloto da primeira fase da abundância mercantil, inscreveu-se no terreno com a dominação da autoestrada, que desloca os antigos centros e exige uma dispersão cada vez maior. ” (p. 80); “Mas a organização técnica do consumo não está senão no primeiro plano da dissolução geral que conduziu, assim, a cidade a consumir-se a si própria. ” (p. 80); “A história universal nasceu nas cidades e atinge a maioridade no momento da vitória decisiva da cidade sobre o campo. Marx considera como um dos maiores méritos revolucionários da burguesia este fato: "ela submeteu o campo à cidade" cujo ar emancipa. Mas se a história da cidade é a história da liberdade, ela é também a da tirania, da administração estatal que controla o campo e a própria cidade.” (p. 80); “O urbanismo que destrói as cidades, reconstrói um pseudocampo, no qual estão perdidas tanto as relações naturais do antigo campo como as relações sociais diretas da cidade histórica, diretamente postas em questão.” (p.81); “As “cidade novas” do pseudo-campesinato tecnológico inscrevem claramente no terreno a ruptura com o tempo histórico sobre o qual são construídas; a sua divisa pode ser: “Aqui mesmo nunca acontecerá nada, e nunca aqui aconteceu nada”. ” (p. 81); “A cultura é a esfera geral do conhecimento e das representações do vivido na sociedade histórica, dividida em classes; o que se resume em dizer que ela é esse poder de generalização existindo à parte, como divisão do trabalho intelectual e trabalho intelectual da divisão. ” (p.83); “Ao ganhar a sua independência, a cultura começa um movimento imperialista de enriquecimento, que é, ao mesmo tempo, o declínio da sua independência. A história, que cria a autonomia relativa da cultura e as ilusões ideológicas quanto a esta autonomia, exprime-se também como história da cultura. ” (p. 83); “A cultura é o lugar da procura da unidade perdida. Nesta procura da unidade, a cultura como esfera separada é, ela própria, obrigada a negar-se.” (p. 83);

“O progresso dos conhecimentos da sociedade, que contém a compreensão da história como o coração da cultura, adquire por si próprio um conhecimento sem retorno que é expresso pela destruição de Deus. Mas esta "condição primeira de toda a crítica" é de igual modo a obrigação primeira de uma crítica infinita. ” (p. 83); “O fim da história da cultura manifesta-se em dois aspectos opostos: o projeto da sua superação na história total e a organização da sua manutenção enquanto objeto morto na contemplação espetacular. Um destes movimentos ligou o seu destino à crítica social e o outro à defesa do poder de classe. ” (p.84); “Ao perder a comunidade da sociedade do mito, a sociedade deve perder todas as referências de uma linguagem realmente comum, até ao momento em que a cisão da comunidade inativa pode ser superada pelo acesso à comunidade histórica real. ” (p. 84); “Quando a arte tornada independente representa o seu mundo com cores resplandecentes, um momento da vida envelheceu e ele não se deixa rejuvenescer com cores resplandecentes. Ele deixa-se somente evocar na recordação. A grandeza da arte não começa a aparecer senão no poente da vida.” (p. 85); “A importância, por vezes excessiva, adquirida pelo conceito de barroco na discussão estética contemporânea traduz a tomada de consciência da impossibilidade dum classicismo artístico: os esforços a favor dum classicismo ou neoclassicismo normativos, desde há três séculos, não foram senão breves construções fictícias falando a linguagem exterior do Estado, da monarquia absoluta ou da burguesia revolucionária vestida à romana.” (p. 85); “O desaparecimento da arte histórica, que estava ligada à comunicação interna duma elite, que tinha a sua base social semi-independente nas condições parcialmente lúdicas ainda vividas pelas últimas aristocracias, traduz também este fato: que o capitalismo conhece o primeiro poder de classe que se confessa despojado de qualquer qualidade ontológica; e que a raiz do poder na simples gestão da economia é igualmente a perda de toda a mestria humana. ” (p. 85); “As artes de todas as civilizações e de todas as épocas podem, pela primeira vez, ser todas conhecidas e admiradas em conjunto. É uma "recoleção das recordações" da

“Não compreende que a própria mercadoria fez as leis cuja aplicação "honesta" deve provocar tanto a realidade distinta da vida privada, como a sua reconquista ulterior pelo consumo social das imagens.” (p. 88); “Boorstin descreve os excessos de um mundo que se nos tornou estranho, como excessos estranhos ao nosso mundo. Mas a base "normal" da vida social, à qual ele se refere implicitamente quando qualifica o reino superficial das imagens, em termos de julgamento psicológico e moral, como o produto das "nossas extravagantes pretensões", não tem nenhuma realidade nem no seu livro nem na sua época. ” (p. 88); “É porque a própria história persegue a sociedade moderna como um espectro, que se encontra a pseudo-história construída a todos os níveis do consumo da vida, para preservar o equilíbrio ameaçado do atual tempo congelado. ” (p. 89); “A afirmação da estabilidade definitiva de um curto período de congelamento do tempo histórico é a base inegável, inconsciente e conscientemente proclamada, da atual tendência a uma sistematização estruturalista. O ponto de vista em que se coloca o pensamento anti-histórico do estruturalismo é o da eterna presença de um sistema que nunca foi criado e que nunca acabará. ” (p. 89); “Porque é evidente que nenhuma ideia pode conduzir para além do espetáculo, mas somente para além das ideias existentes sobre o espetáculo. Para destruir efetivamente a sociedade do espetáculo, são necessários homens pondo em ação uma força prática. ” (p. 90); “Para distinguir artificialmente luta teórica e luta prática - porque, na base aqui definida, a própria constituição e a comunicação duma tal teoria já não pode conceber-se sem uma prática rigorosa - é certo que o percurso obscuro e difícil da teoria crítica deverá também ser o moto do movimento prático, atuando à escala da sociedade. ” (p. 90); “A teoria crítica deve comunicar-se na sua própria linguagem. É a linguagem da contradição, que deve ser dialética na sua forma como o é no seu conteúdo. Ela é crítica da totalidade e crítica histórica. Não é um "grau zero da escrita," mas a sua reinversão. Não é uma negação do estilo, mas o estilo da negação. ” (p. 90);

“O desvio é a linguagem fluida da anti-ideologia. Ele aparece na comunicação que sabe não poder deter nenhuma garantia em si própria e definitivamente.” (p. 91); “Na linguagem da contradição, a crítica da cultura apresenta-se unificada: enquanto ela domina o todo da cultura - o seu conhecimento como a sua poesia – e enquanto não se separa mais da crítica da totalidade social. ” (p. 92); “Quando a ideologia, que é a vontade abstrata do universal, e a sua ilusão, se encontra legitimada pela abstração universal e pela ditadura efetiva da ilusão na sociedade moderna, ela já não é a luta voluntarista do parcelar, mas o seu triunfo.” (p. 93); A sua realização é também a sua dissolução no conjunto da sociedade. Com a dissolução prática desta sociedade deve desaparecer a ideologia, o último contra- senso que bloqueia o acesso à vida histórica.” (p. 93); “O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta na sua plenitude a essência de qualquer sistema ideológico: o empobrecimento, a submissão e a negação da vida real.” (p. 94); “Numa sociedade em que ninguém pode já ser reconhecido pelos outros, cada indivíduo torna-se incapaz de reconhecer a sua própria realidade. A ideologia está em sua casa; a separação construiu o seu mundo.” (p. 94); “O espetáculo, em toda a sua extensão, é o seu "sinal do espelho". Aqui se põe em cena a falsa saída dum autismo generalizado.” (p. 95); “Aquele que sofre passivamente a sua sorte quotidianamente estranha é, pois, levado a uma loucura que reage ilusoriamente a essa sorte, ao recorrer a técnicas mágicas. O reconhecimento e o consumo das mercadorias estão no centro desta pseudo- resposta a uma comunicação sem resposta. A necessidade de imitação que o consumidor sente é precisamente a necessidade infantil, condicionada por todos os aspectos da sua despossessão fundamental.” (p. 95); “Se a lógica da falsa consciência não pode reconhecer-se veridicamente a si própria, a procura da verdade crítica sobre o espetáculo deve ser também uma crítica verdadeira.” (p. 95);

existe. As consequências práticas, como se vê, são imensas. Acreditava-se saber que a história tinha aparecido, na Grécia, com a democracia. Pode verificar-se que ela desaparece do mundo com ela.” (p.106); “Acabou-se com esta inquietante concepção que dominou durante mais de duzentos anos, segundo a qual uma sociedade podia ser criticável e transformável, reformada ou revolucionada. E isto não foi obtido pelo aparecimento de argumentos novos, mas muito simplesmente porque os argumentos se tornaram inúteis.” (p.106); “Jamais a censura foi tão perfeita. Jamais a opinião daqueles a quem se faz crer ainda, em certos países, que são cidadãos livres, foi tão pouco autorizada a tornar- se conhecida, cada vez que se trata duma escolha que afetará a sua vida real. Jamais foi permitido mentir-lhes com uma tão perfeita ausência de consequência. O espectador é suposto ignorar tudo, não merecer nada. Quem olha sempre, para saber a continuação, jamais agirá: e tal deve ser o espectador.”(p.107); “Esta democracia tão perfeita fabrica ela mesma o seu inconcebível inimigo: o terrorismo. Ela quer, com efeito, antes ser julgada pelos seus inimigos que pelos seus resultados. A história do terrorismo é escrita pelo Estado. E, portanto, educativa. As populações espectadoras não podem certamente saber tudo sobre o terrorismo, mas podem sempre saber a esse respeito o suficiente para ser persuadidas de que, comparado ao terrorismo, tudo o resto deverá parecer-lhes mais aceitável, em todo o caso mais racional e mais democrático.”(p.107 - 108); “O interesse atual da justiça repressiva neste domínio consiste, naturalmente, em generalizar o mais rapidamente possível. O importante neste tipo de mercadorias é a embalagem, ou a etiqueta: os códigos de barras.”(p.108); “O discurso espetacular cala evidentemente, além de tudo aquilo que é propriamente secreto, tudo aquilo que não lhe convém. Daquilo que mostra ele isola sempre o meio, o passado, as intenções, as consequências. É, portanto, totalmente ilógico. Já que ninguém pode contradizê-lo, o espetáculo tem o direito de contradizer-se a si mesmo, de ratificar o seu passado.” (p.109); “Não é pois surpreendente que, desde a infância, os alunos facilmente comecem, e com entusiasmo, pelo Saber Absoluto da informática: enquanto ignoram cada vez mais a leitura, que exige um verdadeiro julgamento a cada linha; e que só ela pode

dar acesso à vasta experiência humana anti-espetacular. Já que a conversação está quase morta e em breve também estarão muitos daqueles que sabiam falar.”(p.110); “Mas também quando se propagou o respeito por aquele que fala no espetáculo, que é considerado ser importante, rico, prestigiado, que é a autoridade mesma, a tendência espalha-se também entre os espectadores, de quererem ser tão ilógicos como o espetáculo, para alardear um reflexo individual dessa autoridade.”(p.110); “A falta de lógica, isto é, a perda da possibilidade de reconhecer instantaneamente o que é importante daquilo que é menor ou está fora de questão; o que é incompatível ou inversamente poderia bem ser complementar; tudo aquilo que implica tal consequência e o que, ao mesmo tempo, a proíbe; esta doença foi voluntariamente injetada em altas doses na população pelos anestesistas reanimadores do espetáculo.”(p.110); “(...) o indivíduo a quem este pensamento espetacular empobrecido marcou profundamente, e mais que qualquer elemento da sua formação, coloca-se assim, desde o início, ao serviço da ordem estabelecida, ainda que a sua intenção subjetiva possa ser completamente contrária a esse resultado. Ele seguirá no essencial a linguagem do espetáculo, porque é a única que lhe é familiar: aquela em que lhe ensinaram a falar.”(p.111); “O indivíduo, paradoxalmente, deverá negar-se permanentemente se pretende ser um pouco considerado nesta sociedade. Esta existência postula com efeito uma fidelidade sempre variável, uma série de adesões constantemente enganosas a produtos falaciosos. Trata-se de correr rapidamente atrás da inflação dos sinais depreciados da vida. A droga ajuda a conformar-se com esta organização das coisas; a loucura ajuda a fugir dela.”(p.111); “Acontece também que um suspeito, inocente, confesse momentaneamente um crime que não cometeu, pela simples razão de ter ficado impressionado pela lógica da hipótese de um delator que queria culpabilizá-lo.”(p. 112); “O julgamento de Feuerbach sobre o fato de que o seu tempo preferia «a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade», foi inteiramente confirmado pelo século do espetáculo, e isto nos diversos domínios em que o século XIX quisera ficar à margem daquilo que era já a sua natureza profunda: a produção industrial

Eles nunca querem ver a prática real do seu tempo. Porque ela é triste demais para as suas frias esperanças. O Estado não o ignora e joga com isso.” (p.124); “A imbecilidade crê que tudo é claro, quando a televisão mostrou uma bela imagem e a comentou com uma audaciosa mentira.” (p.124); “Todos admitem que haja uma peque na zona de segredo reservada aos especialistas; e para a generalidade das coisas, muitos acreditam estar no segredo.” (p.124 e 125); “De resto, não valem senão para melhor fazer aceitar a dominação, e nunca para a compreender efetivamente. Elas constituem o privilégio dos espectadores de primeira classe: aqueles que têm a palermice de acreditar que podem compreender algo, não servindo- se daquilo que se lhes esconde, mas acreditando naquilo que se lhes revela!” (p.125); “É enganador querer explicar qualquer coisa opondo a Máfia ao Estado: nunca estão em rivalidade.” (p.127); “Há em toda a parte muitos mais loucos que outrora, mas o que é infinitamente mais cômodo é que pode falar-se disso loucamente.” (p.128); “No espetacular integrado, as leis dormem; porque não foram feitas para as novas técnicas de produção, e porque elas são torneadas na distribuição por acordos de um tipo novo.” (p.129); “Em muitos domínios, fazem-se mesmo leis precisamente para que sejam torneadas, por aqueles que justamente possuirão todos os meios para isso.” (p.129); “No partido democrático, as relações pessoais estavam por toda a parte marcadas pela desconfiança e sempre ficava a dúvida se aquele com quem se tinha relação não era conivente com os conjurados.” (p.130); “Hoje conspirar a seu favor é uma nova profissão em grande desenvolvimento.” (p.130); “Os temas e as palavras foram selecionados artificialmente, com a ajuda de computadores informados em pensamento crítico. Há nestes textos algumas falhas, bem pouco visíveis, mas apesar disso dignas de ser assinaladas: neles, o ponto de fuga da perspectiva está sempre anormalmente ausente.” (p.131);

“Acreditar que se aplicam ainda mecanicamente alguns modelos conhecidos do passado é tão enganador como a ignorância geral do passado.” (p.132); “Tendo chegado as coisas a serem aquilo que são, pode ver-se alguns autores coletivos empregados da edição mais moderna, quer dizer, aquela que dispõe da melhor difusão comercial.” (p.133); “Aqueles que pensam que eles são verdadeiramente empreendedores literários individuais, independentes, podem então chegar a assegurar sabiamente que, agora, Ducasse zangou-se com o conde de Lautréamont; que Dumas não é Macquet e que é preciso, sobretudo não confundir Erckman com Chatrian; e que Censier e Daubenton já não se falam. Seria melhor dizer que este género de autores modernos quis seguir Rimbaud, pelo menos nisto, «Eu é um outro».” (p.133); “A coerência da sociedade do espetáculo tem, duma certa maneira, dado razão aos revolucionários, visto que se tornou claro que nela não pode reformar-se o mais pequeno detalhe sem desfazer o conjunto.” (p.134); “Cada país, sem fazer menção das numerosas alianças supranacionais, possui presentemente um número indeterminado de serviços de polícia ou contraespionagem, e de serviços secretos estatais ou para estatais.” (p.134); “Assim, mil e uma conspirações a favor da ordem estabelecida enredam-se e combatem-se um pouco por todo o lado, com a imbricação cada vez mais estendida das redes e das questões ou ações secretas; e o seu processo de integração rápida em cada ramo da economia, da política, da cultura.” (p.135); “Numa mesma rede, perseguindo aparentemente um mesmo fim, aqueles que não constituem senão uma parte da rede são obrigados a ignorar todas as hipóteses e conclusões das outras partes, e sobretudo do seu núcleo dirigente.” (p.135); “Velhos preconceitos por todo o lado desmentidos, precauções tornadas inúteis, e até mesmo vestígios de escrúpulos doutros tempos, estorvam ainda um pouco no pensamento de numerosos governantes esta compreensão, que toda a prática estabelece e confirma dia a dia. Não somente se faz crer aos submetidos que ainda estão, no essencial, num mundo que se fez desaparecer, como os próprios governantes sofrem por vezes da inconsequência de ainda acreditarem nisso nalguns aspectos.” (p.137);