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Uma análise detalhada das cartas aos filipenses e a filemom escritas pelo apóstolo paulo. O texto discute a autenticidade das cartas, a localização e a data de composição, além de analisar suas mensagens e significados. A análise também aborda a relação entre as duas cartas e a importância de paulo para a história do cristianismo.
Tipologia: Trabalhos
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Curso Reconhecido pela Portaria MEC nº 1056, D.O.U. 11/04/2002. Reconhecimento renovado através da Portaria MEC nº 175, D.O.U. 21/03/2014. Disciplina: Cartas e Apocalipse Curso: Bacharelado em Teologia Data: 12/03/ Docente: Prof. Dra. Carolina Bezerra de Souza Discente: João Daronco Assinatura FILIPENSES E FILEMON
1. FILIPENSES – FILIPOS: De acordo com Ralph P. Martin, após o fracasso inicial de Paulo em adentrar na província romana da Ásia durante sua segunda viagem missionária, Paulo e seu grupo seguiram para o norte em direção à Antioquia da Pisídia. Ao tentar entrar na Bitínia, também foram impedidos e, então, decidiram seguir para o oeste, descendo a linha costeira até Trôade. Foi lá que Paulo recebeu uma visão desafiadora: "Passa à Macedônia e ajuda-nos" (At 16:9). Atendendo imediatamente a esse chamado, navegaram para Samotrácia e depois para Nápolis, o porto de Filipos, onde a estrada romana via Egnatia levava diretamente à cidade, localizada a cerca de 14 quilômetros no interior. Segundo Isidoro Mazzarolo, a cidade de Filipos, revela uma história rica e variada, desde sua fundação por Filipe II da Macedônia até sua evolução para uma cidade imperial romana durante o reinado de Augusto. Filipos foi estabelecida entre os anos de 358/357 a.C. por Filipe II, rei da Macedônia, em uma região de terras férteis que oferecia acesso ao Mar Egeu por meio do porto de Nápoles. Além disso, a cidade era abençoada com a proximidade de várias minas de ouro e prata, conferindo-lhe uma posição econômica vantajosa. Sua localização estratégica às margens da Via Ignatia, uma rota terrestre vital entre Roma e Bizâncio, fortaleceu sua importância como centro comercial e de comunicação.
Após a conquista romana da Macedônia em 168 a.C., Filipos foi dividida em quatro distritos políticos, e sua prosperidade inicial foi prejudicada pelo esgotamento das minas de ouro. No entanto, a cidade recuperou seu prestígio em 42 a.C. durante a batalha entre Brutus e Cassius contra Antônio e Otaviano. A vitória destes últimos levou à transformação de Filipos em uma cidade militar por Otaviano, posteriormente conhecido como Augusto. A cidade foi rebatizada como Colonia Julia Augusta Victrix Philippensium e tornou-se predominantemente habitada por romanos, embora os nativos ainda compartilhassem o espaço com seus conquistadores. Sob o governo de Augusto, Filipos floresceu como uma cidade romana, onde a língua oficial era o latim. Desfrutando de isenções fiscais e com uma população em grande parte composta por indivíduos de classe média-alta e bem educados, a cidade tornou-se um centro de poder militar e cultural. Os militares ocupavam muitos cargos de liderança na cidade, adotando títulos e práticas romanas. Filipos também abrigava uma comunidade judaica, como era comum em muitas outras cidades da Ásia Menor e da Europa na época. Segundo Martin, essa comunidade representava uma minoria religiosa dentro de um contexto majoritariamente pagão, e suas práticas e crenças muitas vezes entravam em conflito com as normas e tradições romanas. O relato de Paulo em Atos menciona a presença de uma sinagoga em Filipos, onde ele pregava para os judeus e prosélitos. Essa diversidade religiosa em Filipos criava um ambiente de sincretismo, onde diferentes tradições e cultos se misturavam e se influenciavam mutuamente. Pois, no Império Romano, a religião desempenhava um papel fundamental na vida pública e privada. A adoração aos deuses do panteão romano era uma parte essencial da identidade cívica e nacional, e os cultos imperiais eram especialmente valorizados, pois demonstravam lealdade ao Estado e ao imperador. Em Filipos, como em outras cidades romanas, monumentos e inscrições reverenciavam os imperadores. Além disso, a presença de divindades greco-romanas e orientais na cidade contribuía para uma diversidade religiosa. Os cultos importados do Oriente, como os de Ísis, Serápis, Apolo e Asclépio, coexistiam com as antigas divindades trácias, como Bendis e Mindrito. Havia a adoração da grande deusa-mãe Cibele, evidenciando a fusão de diferentes tradições religiosas na cidade. Gerando desta forma, tensões e conflitos, especialmente entre os seguidores do cristianismo emergente e as autoridades e líderes religiosos locais. A acusação de Paulo
outra forma, com um assunto diferente, e com uma linguagem diferente da que Paulo estava utilizando anteriormente. Comblin cita que, até o capítulo 3,1 Paulo estava alegre, o texto transmite essa ideia, porém, no capítulo 3,2 Paulo reflete em sua carta um tom muito mais agressivo. Aparecem até mesmo, adversários que não se tinha conhecimento. Em segundo lugar, temos a seção de agradecimento em Filipenses 4,10-20 que, segundo o autor, pode ter sido escrita separadamente como um bilhete de agradecimento após receber os donativos dos filipenses. Isso explicaria por que não há agradecimento no início da carta, mesmo mencionando os donativos. Deste modo, José Comblin adota a hipótese das 3 cartas oferecendo uma divisão A, B e C: Carta A (a mais antiga): Fl 4,10-20; Carta B (posterior a carta A): Fl 1,1-3,1a e 4,2-7.21-23; Carta C (a última): Fl 3,1b-4,1 e 4,8-9. Gerhard Barth compartilha da mesma tese de Comblin, em seu livro Barth menciona que o escritor mais antigo a conhecer e testemunhar a Carta aos Filipenses, Policarpo de Esmirna, faz referência a "cartas" escritas por Paulo aos filipenses, sugerindo a possibilidade de múltiplas cartas existirem antes da composição da carta atual. Além disso, o Catalogus Sinaiticus sírio e Georgius Syncellus também mencionam diversas cartas aos filipenses, o que indica uma tradição de múltiplas correspondências entre Paulo e a comunidade de Filipos. Com base nessas observações, Barth propõe uma divisão da carta em três partes distintas: Carta A (Filipenses 4:10-20), uma carta de agradecimento pela recepção de um donativo em dinheiro; Carta B (Filipenses 1:1-3:1 + Filipenses 4:4-7 + possivelmente Filipenses 4:21-23), um relato sobre a situação do apóstolo preso, após a recuperação de Epafrodito; e Carta C (Filipenses 3:2-4:3 + Filipenses 4:8-9), uma carta polêmica envolvendo confronto com falsos mestres. Ainda assim, no livro de Isidoro Mazzarolo, encontramos autores que defendem teses diferentes, como Bruce Frederick Fyvie, que opta por uma divisão em duas cartas. Ele argumenta que a Epístola aos Filipenses pode ser dividida em duas partes distintas com base na análise do estilo literário e das mudanças de tom e tema ao longo do texto. Ele propõe uma divisão em duas cartas: a) A primeira carta abrangeria Filipenses 1:1-3:1. b) A segunda carta incluiria Filipenses 3:2-4:23.
Bruce sugere que a segunda parte, Filipenses 3:2 em diante, pode ter sido escrita no mesmo contexto de 2 Coríntios 10-13. Ele argumenta que os opositores mencionados em Filipenses 1:15-18 não são os mesmos que são tratados com severidade na segunda parte da carta (3:2 em diante). Isso sugere para ele uma mudança de circunstâncias ou de oposição enfrentada por Paulo. Quanto à extensão da segunda carta, Bruce considera diversas possibilidades para seu término: Filipenses 4:1: "Amados, estai firmes no Senhor." Filipenses 4:3: O apelo a Clemente para que ajude Síntique e Evódia. Filipenses 4:9: "Tudo o que aprendestes de mim, colocai-o em prática." Bruce também sugere que o final do texto, Filipenses 4:10-23, poderia ser um anexo posterior à segunda carta, possivelmente adicionado em uma data posterior para fornecer informações adicionais ou saudações finais. 1.3. LUGAR E DATA DE COMPOSIÇÃO: Comblin sugere que as três cartas mencionadas, A, B e C, foram escritas em um intervalo de tempo relativamente curto. A carta A precede a carta B por alguns meses, enquanto a carta C segue a carta B por alguns meses, no máximo um ano. A principal circunstância que determina o local e a data de composição dessas cartas é a prisão de Paulo. A interpretação tradicional associa a prisão mencionada na carta aos Filipenses à prisão de Paulo em Roma, conforme descrito por Lucas no final dos Atos dos Apóstolos. No entanto, vários aspectos da carta contradizem essa hipótese, principalmente a distância entre Roma e Filipos, que tornaria as comunicações rápidas entre essas cidades improváveis. A hipótese de que a prisão ocorreu em Cesaréia também é considerada improvável devido à distância e à ausência de menção a um cativeiro de Paulo lá nos Atos dos Apóstolos. Por isso, a hipótese mais aceita é a de Éfeso, pois a distância entre Éfeso e Filipos era menor e as comunicações mais viáveis. Embora os Atos dos Apóstolos não mencionem um cativeiro de Paulo em Éfeso, isso não é uma objeção decisiva, pois os Atos não são completos e Paulo faz alusão a outros cativeiros em suas epístolas que não estão registrados nos Atos. A semelhança entre Filipenses e 2Coríntios, que foi escrita durante a estadia de Paulo em Éfeso, reforça essa hipótese.
Despedida – 4,21- Esquema B Introdução – 1,1- O sofrimento de Paulo – 1,12- O sofrimento da comunidade – 1,27-2, O sofrimento dos auxiliares – 2,17- Os perigos no sofrimento – 3,1- Orientações no sofrimento – 4,1- Contudo, Chantal Reynier nos fornece uma estrutura muito mais minuciosa: 1,1-2: dedicatória 1,3-11: ação de graças e oração 1,12-2,30 (Primeira Parte): o apóstolo e a comunidade na quenose de Cristo 1,12-26: a prisão em benefício do Evangelho 1,27-2,5: os Filipenses perante o Evangelho 2,6-11: o percurso normativo de Cristo 2,12-18: apropriação do mistério de Cristo pela comunidade 2,19-30: projetos de Paulo para a comunidade 3,1-4,1 (Segunda Parte): exemplaridade e exortação 3,1-3: chamadas de atenção 3,4-16: vocação de Paulo 3,17-4,1: exortação fraterna à comunidade 4,2-20 (Terceira Parte): conselhos e confidências 4,2-3: solicitude de Paulo 4,4-9: fidelidade ao homem e ao humano 4,10-20: necessidade e liberdade da missão de Paulo 4,21-23: epílogo 1.5. OBJETIVO DA EPÍSTOLA E CONTEÚDO: Segundo Comblin, o objetivo da Epístola aos Filipenses é o confronto entre diferentes concepções sobre a missão dos apóstolos e o conteúdo da mensagem cristã. Paulo escreveu a carta porque percebeu a necessidade de abordar esse problema. Não se tratava apenas de rivalidades pessoais, mas sim de divergências fundamentais sobre
como conceber a missão dos apóstolos e o conteúdo do cristianismo. Comblin cita que na época de Paulo, a liderança na Igreja não era definida pelo Direito Canônico como é hoje na Igreja Católica. Em vez disso, vários evangelizadores percorriam o mundo, fundavam comunidades e pregavam sua interpretação do evangelho. Quando surgiam divergências, havia rivalidades e competições entre eles. Cada evangelizador procurava convencer o povo cristão usando os argumentos que considerava melhores, às vezes recorrendo a meios pouco leais. Paulo enfrentava um problema de liderança e autoridade apostólica, especialmente em Éfeso, onde a comunidade estava dividida. Ele sabia que também os filipenses poderiam ser perturbados por pregadores de evangelhos que considerava falsos. Assim, o tema central da Epístola aos Filipenses é o problema da autoridade apostólica na Igreja: quem tem autoridade para pregar o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo? Como discernir o verdadeiro missionário do falso? Para Paulo, o fundamento da autoridade do evangelizador está no próprio evangelho. Se o evangelho proclamado por um apóstolo é verdadeiro e autêntico, então esse apóstolo é legítimo. Por outro lado, se o evangelho é falso, o apóstolo não é verdadeiro. O evangelho da cruz de Cristo é central na argumentação de Paulo. Ele defende que qualquer missionário que proclame a cruz de Cristo é legítimo e autêntico. Esse evangelho tem quatro elementos principais: Não há outro meio de salvação além da cruz de Cristo; A cruz simboliza o caminho da libertação e implica renúncia a todo poder e privilégio; A cruz inclui o enfrentamento da perseguição, prisão e até da morte; A cruz implica serviço aos outros, seguindo o exemplo de Jesus, que escolheu a condição de servo. Paulo confronta os "inimigos da cruz de Cristo", missionários que resistem em abandonar suas antigas tradições judaicas e evitam confrontos com as autoridades terrenas. Eles tentam manter os cristãos presos ao passado, rejeitando a nova compreensão trazida pela mensagem da cruz de Cristo. Em Éfeso, Paulo enfrenta missionários rivais que o acusam de fraqueza por ter usado sua cidadania romana para evitar a morte imediata. Apesar disso, ele os tolera como parte de seus próprios desafios, reconhecendo sua autenticidade na pregação da cruz.
Isidoro Mazzarolo em seu livro destaca o papel fundamental das mulheres, especialmente de Lídia, na fundação da igreja em Filipos, conforme descrito nos Atos dos Apóstolos. Mazzarolo começa analisando o encontro de Paulo e Silas com um grupo de mulheres à beira do rio em um sábado, destacando que essa reunião não ocorreu em uma sinagoga, pois estas estavam sempre dentro da cidade. Ele especula sobre o motivo da reunião dessas mulheres e sugere que elas poderiam estar buscando um espaço para cultivar sua espiritualidade, mesmo enquanto realizavam tarefas cotidianas como a lavagem de roupa. Mazzarolo levanta a possibilidade de que esse grupo de mulheres pudesse estar se reunindo como um movimento de contestação ou protesto contra a estrutura local, seja rejeitando a exclusão da sinagoga, se fossem judias, ou iniciando algum movimento de libertação, se fossem gregas. Ele ressalta que, independentemente da forma específica de sua prática religiosa, o importante é reconhecer a emergência da espiritualidade nos corações dessas mulheres. O autor enfatiza o papel ativo dessas mulheres na recepção da mensagem pregada por Paulo e Silas, destacando sua prontidão para acolher os mensageiros e iniciar o processo de transformação em suas famílias e comunidade. Ele sugere que a casa oferecida por Lídia aos missionários pode ter sido a primeira igreja doméstica da Europa, simbolizando o início da igreja em Filipos e o protagonismo das mulheres nesse processo.
2. FILEMON: Segundo Isidoro Mazzarolo, a Carta de Paulo a Filemon, é importante como expressão dos sentimentos e pensamentos de um cristão que encontrou em Jesus Cristo a fonte da libertação. Mazzarolo enfatiza que essa carta, embora seja uma das menores do Novo Testamento, goza de grande reconhecimento quanto à sua autenticidade e desfruta de um lugar privilegiado no cânon desde os primórdios do cristianismo. Ele observa que a carta é reconhecida como uma carta pastoral, pois oferece orientações práticas e concretas sobre como viver em compromisso com Jesus Cristo. Paulo escreve a Filemon no momento em que envia de volta Onésimo, não como um escravo, mas como um irmão na fé, tratando-o com afeto e chamando-o de amado e colaborador.
Ainda, Mazzarolo cita que Filemon, é das duas únicas cartas verdadeiramente pessoais no Novo Testamento. Ele compara essa carta com a Terceira Epístola de João, que também apresenta uma dinâmica de emissor e receptor, o que revela uma relação íntima entre as partes envolvidas. Mazzarolo ressalta que, Filemon é a única carta autentica de Paulo com o estilo pessoal. Ele destaca a singularidade da carta de Filemon no contexto do mundo greco- romano, observando que ela segue de perto o estilo das cartas pessoais da época, que tinham uma finalidade pública e eram lidas em público. Ele sugere que a referência a Ápfia e Arquipo indica que a carta não se limita apenas a Filemon, mas abrange toda a comunidade em Colossos, onde a igreja se reunia em sua casa. Mazzarolo explora a dualidade da carta, que possui um estilo pessoal, mas uma finalidade pública, destacando quatro pontos-chave: a presença de elementos jurídicos que envolvem toda a comunidade, a situação de Onésimo como escravo de Arquipo enviado por causa da igreja, o desejo de Paulo de que Onésimo seja libertado para trabalhar na igreja e a expectativa de que Onésimo assuma essa nova tarefa. 2.2. DATA E LOCAL DE COMPOSIÇÃO Ralph P. Martin analisa a carta a Filemon, destacando sua conexão estreita com a Epístola aos Colossenses. Martin sugere que ambas as cartas foram enviadas do mesmo lugar, provavelmente durante o período em que Paulo estava em custódia, seja em Éfeso ou em Roma. Ele discute a possibilidade de Paulo e Onésimo estarem juntos na prisão, o que levanta questões sobre a localização exata da detenção de Paulo. Martin considera argumentos a favor de Paulo estar em Éfeso quando escreveu a carta, baseando-se nas referências à hospitalidade solicitada por Paulo e na visita planejada ao vale do Lico, que seriam consistentes com seus planos em Éfeso, conforme registrado em Atos 19-20. No entanto, Martin também reconhece a possibilidade de Paulo estar em Roma ao escrever a carta, sugerindo uma mudança de planos em sua viagem para a Espanha, conforme mencionado em Romanos 15.23-24, 28. Ele pondera sobre os argumentos de vários estudiosos em prol da origem romana da carta, levando em consideração a fuga de Onésimo para Roma e a inclusão de Lucas e Marcos na lista de saudações, que estavam associados com Roma.
a. 1-3 Pré-escrito; b. 4-7 Proêmio; c. 8-20 Pedido de acolhida do fugitivo; d. 21-25 Saudação final e anúncio da visita. A proposta de Frederick Fyvie Bruce: a. 1-3 Pré-escrito; b. 4-7 Agradecimentos pela liberalidade de Filemom; c. 8-14 Pedido de Paulo; d. 15-20 Reforço do pedido; e. 21-22 Promessas de visita; f. 23-24 Saudação de Paulo e companheiros; g. 25 Bênção final. A grande maioria dos autores concorda com Vielhauer na divisão em quatro passos: a. 1-3; b. 4-7; c. 8-20; d. 21-25. Entretanto, Mazzarolo prefere seguir a estrutura de Bruce. 2.4. CONTEÚDO DA CARTA: A carta a Filemom, conforme descrita por Reynier, seria um apelo emocional e espiritual de Paulo para que Filemom perdoasse Onésimo, seu escravo fugitivo. Paulo destacou a importância do perdão cristão e instaurou Filemom a receber Onésimo de volta não apenas como um escravo, mas como um irmão em Cristo. Nesse contexto, a ênfase estaria na demonstração da verdadeira compaixão cristã, independentemente da condição social de Onésimo. A carta de Paulo contem expressões de esperança de que Filemom compreendesse e praticasse os princípios do amor e da dignidade cristã. Já de acordo com Martin, a carta a Filemom não se limitaria apenas ao apelo de Paulo para o perdão de Onésimo e sua reintegração, mas também abordara questões mais amplas relacionadas à vida em Cristo e à relação entre senhores e escravos. Paulo contextualizou o perdão de Filemom dentro dos ensinamentos cristãos sobre serviço mútuo e amor ao próximo. Ao enfatizar que tanto Filemom quanto Onésimo são servos de Cristo, Paulo influenciou a maneira como eles se relacionavam, promovendo uma visão mais inclusiva e compassiva da dignidade humana, que transcende as estruturas sociais da época. Além disso, Paulo explorou a ideia da liberdade em Cristo, sugerindo
uma relativização da escravidão dentro da perspectiva do Evangelho. Essa abordagem mais abrangente visou não apenas resolver a questão específica entre Filemom e Onésimo, mas também promover uma compreensão mais profunda dos valores cristãos e do Reino de Deus. 2.5. ESCRAVIDÃO A LUZ DE FILEMON De acordo com Isidoro Mazzarolo, a carta de Paulo a Filemon é como um documento fundamental que revela o início dos questionamentos sobre a escravidão dentro do Cristianismo. O autor destaca que a prática da escravidão estava profundamente enraizada na sociedade da época e não seria fácil de ser removida. No entanto, Paulo reconhece que a escravidão contradiz diretamente os princípios do Evangelho, como afirmado em Gálatas 3,28, onde ele proclama que não há mais distinção entre escravos e livres, judeus e gregos. Mazzarolo observa que o Cristianismo estava atraindo pessoas de diferentes camadas sociais, incluindo ricos, nobres, poderosos, pobres e escravos, o que por vezes gerava tensões e dificuldades dentro das comunidades cristãs. Ele destaca que Paulo não era conformista, mas sim defensor da mudança gradual dentro das possibilidades de cada contexto social, como se evidencia na carta a Filemon. O autor argumenta que a carta a Filemon mostra como os primeiros cristãos, em nome do Evangelho, lutavam pela dignidade, liberdade e direitos humanos, desafiando os costumes da época, inclusive de pessoas religiosas. Ele enfatiza que a filosofia cristã defendia a libertação como um processo que não se fazia por meio de revoltas ou guerras, mas sim através da pedagogia do Evangelho, seguindo o exemplo de Jesus. Desta forma, Mazzarolo comenta que Paulo, na carta a Filemon, não apela para a Lei, mas sim para a compaixão. O autor cita que a Lei, por si só, não é capaz de produzir os efeitos desejados no campo da fé, perdão e amor. Ele argumenta que a razão deve ceder espaço ao coração, permitindo que este sinta e compreenda questões que são mais profundas e humanas. A escravidão era um sistema central na economia da época, movido pela força humana, e os escravos eram considerados meros instrumentos de trabalho. Ao abordar a situação específica de Onésimo, um escravo de Filemon, ele discute se Onésimo causou prejuízo ao seu mestre ou não. Mazzarolo argumenta que, legalmente, os escravos não eram considerados pessoas, mas apenas propriedades de seus donos. Ele comenta o uso da palavra grega que traduzida significa: sentir
BARTH, Gerhard. A Carta aos Filipenses. São Leopoldo: Sinodal, 1983. 93 p. COMBLIN, José. Epístola aos Filipenses. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985. 65 p. COMBLIN, José. Epístola aos Colossenses e Epístola a Filemon. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986. 107 p. LÉGASSE, Simon. A Epístola aos Filipenses e a Epístola a Filemon. São Paulo, SP: Paulinas, 1984. 80 p. MARIANNO, Lília Dias. “Tudo posso” ... será? Masculinidade, (im)potência e dependência em Filipenses. Estudos Bíblicos, 102, Petrópolis: Vozes, p.77-83, 2009. MARTIN, Ralph P. Filipenses: introdução e comentário. São Paulo, SP: Vida Nova,