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Febre: Definição, Características e Diagnóstico, Notas de aula de Diagnóstico

Uma visão geral da febre, um sinal antigo e comum em consultas médicas. A febre é mais do que um aumento da temperatura corporal, sendo uma resposta complexa do organismo a desafios imunológicos. O texto aborda a natureza adaptativa da resposta febril, seus efeitos multissistêmicos e a importância de sua compreensão no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de diversas doenças e enfermidades.

O que você vai aprender

  • Como a febre é definida atualmente?
  • Quais sintomas acompanham a febre?
  • Quais são as causas imunológicas da febre?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Gisele
Gisele 🇧🇷

4.5

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Febre – Propedêutica clínica
Dra Maria Helena Sampaio Favarato
A febre é um dos sinais mais antigos descritos, bem como uma das razões
mais comuns para consultas médicas em todo o mundo. A febre geralmente
ocorre em resposta a infecções, inflamações e traumas. No entanto, essa visão
da febre é meramente uma simplificação, que um corpo crescente de
evidências sugere que a febre representa uma resposta adaptativa complexa
do hospedeiro a vários desafios imunológicos, sejam eles infecciosos ou não
infecciosos. Embora a temperatura corporal elevada seja um componente
indispensável da resposta febril, não é sinônimo de febre. É geralmente aceito
que a febre é um aumento da temperatura corporal acima das flutuações
diárias normais que ocorrem em conjunto com um valor de referência
termorregulatório elevado. Para realçar a natureza adaptativa da resposta
febril, o conceito de febre foi readequado em 2001, sendo definida a febre
como um estado de temperatura central elevada, que é frequentemente, mas
não necessariamente, parte das respostas defensivas de organismos
multicelulares (hospedeiro) à invasão de matéria viva (microrganismos) ou
inanimada, reconhecida como patogênica ou alienígena pelo hospedeiro.
A complexidade da resposta febril pode ser atribuída a seus efeitos
multissistêmicos, orquestrados por mecanismos endócrinos, neurológicos,
imunológicos e comportamentais. Além de um aumento regulado da
temperatura corporal, a febre também é acompanhada por vários
comportamentos de doença, alterações nas características metabólicas e
fisiológicas dos sistemas do corpo e alterações nas respostas imunes. A
resposta febril, portanto, continua sendo um contribuinte significativo para a
patogênese, apresentação clínica e resultado de muitas doenças e
enfermidades. Consequentemente, a compreensão da febre e da resposta
febril é vital no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de várias doenças
e enfermidades.
1. Termorregulação
Em indivíduos saudáveis, a temperatura corporal varia em função de
vários fatores ambientais e biológicos, como a hora do dia, o local das
medições de temperatura, nível de atividade física, idade, sexo e raça,
entre outros. Apesar dessa variabilidade, a temperatura corporal é
rigidamente regulada dentro de um intervalo razoavelmente constante -
um ponto de ajuste térmico- através do processo de termorregulação.
Assim, a regulação da temperatura corporal depende de um circuito
termorregulatório. A região pré-óptica do hipotálamo anterior ainda é
considerada o principal centro de termorregulação no SNC, onde os
sinais de temperatura gerados periférica e centralmente são recebidos e
integrados.
2. Temperatura normal, febre e hipertermia
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Febre – Propedêutica clínica Dra Maria Helena Sampaio Favarato A febre é um dos sinais mais antigos descritos, bem como uma das razões mais comuns para consultas médicas em todo o mundo. A febre geralmente ocorre em resposta a infecções, inflamações e traumas. No entanto, essa visão da febre é meramente uma simplificação, já que um corpo crescente de evidências sugere que a febre representa uma resposta adaptativa complexa do hospedeiro a vários desafios imunológicos, sejam eles infecciosos ou não infecciosos. Embora a temperatura corporal elevada seja um componente indispensável da resposta febril, não é sinônimo de febre. É geralmente aceito que a febre é um aumento da temperatura corporal acima das flutuações diárias normais que ocorrem em conjunto com um valor de referência termorregulatório elevado. Para realçar a natureza adaptativa da resposta febril, o conceito de febre foi readequado em 2001, sendo definida a febre como um estado de temperatura central elevada, que é frequentemente, mas não necessariamente, parte das respostas defensivas de organismos multicelulares (hospedeiro) à invasão de matéria viva (microrganismos) ou inanimada, reconhecida como patogênica ou alienígena pelo hospedeiro. A complexidade da resposta febril pode ser atribuída a seus efeitos multissistêmicos, orquestrados por mecanismos endócrinos, neurológicos, imunológicos e comportamentais. Além de um aumento regulado da temperatura corporal, a febre também é acompanhada por vários comportamentos de doença, alterações nas características metabólicas e fisiológicas dos sistemas do corpo e alterações nas respostas imunes. A resposta febril, portanto, continua sendo um contribuinte significativo para a patogênese, apresentação clínica e resultado de muitas doenças e enfermidades. Consequentemente, a compreensão da febre e da resposta febril é vital no diagnóstico, tratamento e acompanhamento de várias doenças e enfermidades.

  1. Termorregulação Em indivíduos saudáveis, a temperatura corporal varia em função de vários fatores ambientais e biológicos, como a hora do dia, o local das medições de temperatura, nível de atividade física, idade, sexo e raça, entre outros. Apesar dessa variabilidade, a temperatura corporal é rigidamente regulada dentro de um intervalo razoavelmente constante - um ponto de ajuste térmico- através do processo de termorregulação. Assim, a regulação da temperatura corporal depende de um circuito termorregulatório. A região pré-óptica do hipotálamo anterior ainda é considerada o principal centro de termorregulação no SNC, onde os sinais de temperatura gerados periférica e centralmente são recebidos e integrados.
  2. Temperatura normal, febre e hipertermia

Devido à grande variabilidade da temperatura corporal em relação a vários fatores, a definição de temperaturas corporais febris continua sendo motivo de controvérsias com definições variadas por diferentes autores. Com base nas diretrizes para o manejo de doenças febris da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras, temperatura retal ≥38 ° C ou temperatura axilar ≥ 37.5°C são indicativos de febre em adultos e crianças. No entanto, em comparação com crianças mais velhas e adultos, bebês e crianças pequenas apresentam febres mais altas e mais prolongadas, aumentos de temperatura mais rápidos e maiores flutuações de temperatura. No grupo acima de 65 anos, que provavelmente têm temperaturas corporais mais baixas, o reconhecimento da febre pode ser dificultado. A hipertermia, ao contrário, é um aumento não regulado da temperatura central a um nível acima do setpoint hipotalâmico com superprodução de calor (eg. tempestade tireoidiana), capacidade reduzida de dissipar o calor (eg. uma criança empacotada), ou uma combinação de ambos (eg. Insolação, esforço excessivo em um dia quente e úmido). A resposta do corpo à hipertermia é o oposto de sua resposta à febre: em vez de um tremor inicial, rubor intenso resultante de vasodilatação e sudorese para perder tanto calor quanto possível para o exterior. Considerando que a hipertermia pode aumentar a temperatura corporal a níveis perigosos, a febre é um processo homeostático, fisiologicamente regulado dentro de limites benignos. Considera-se hipertermia como temperatura > 41,5°C.

  1. Sintomas de febre O reset do ponto de equilíbrio térmico para um nível mais alto pelos sinais de febre humoral e neural inicia um ciclo de feedback que leva à sequência de manifestações clínicas e comportamentais que caracterizam a resposta febril. Para atender ao novo ponto de equilíbrio, a perda de calor é inibida pela vasoconstrição da pele (levando a calafrios e arrepios), bem como por mecanismos comportamentais, como assumir uma posição fetal para reduzir a superfície corporal ou usar roupas grossas e procurar ambientes mais quentes. Vários mecanismos de ganho de calor são então ativados, incluindo aumento da contração muscular (levando a rigidez). Quando o sinal de febre não está mais presente no SNC, o ponto de equilíbrio cai para o normal com a ativação de mecanismos de perda de calor, como a transpiração. Assim, a febre é muitas vezes caracterizada por calafrios, rigidez, aumento da temperatura corporal e subsequentemente transpiração e queda da temperatura corporal.
  2. Classificação, tipos e padrões As febres podem ser caracterizadas como agudas quando têm duração menor que uma semana, subagudas, quando até duas semanas; e crônicas, quando persistem por mais de duas semanas, cada uma delas com etiologias mais prováveis características. Quanto ao padrão, pode ser sustentada/contínua, intermitente ou recorrente.

Dados de Anamnese e Exame Físico Doenças Associadas Espirros, coriza, tosse seca, odinofagia Infecções de via aérea, gripe, resfriado comum Bócio, exoftalmo Hipertiroidismo, tireotoxicose Confusão mental Meningite, encefalite, lesões de SNC, ou infecções sistêmicas (ex: ITU, BCP) levando a quadro de delirium Convulsões Meningite, encefalite, lesões SNC, quadros de hipertermia Irritação Meníngea Meningite, hemorragia subaracnóidea (HSA) Descoramento Anemia por doença crônica: (colagenoses, micobacteroses, neoplasias) ou hemólise aguda (anemia hemolítica auto-imune, hemólise intravascular) Dissociação Pulso - Temperatura febre Tifóide, brucelose, Leptospirose, febre por Drogas, febre Factícia Linfonodomegalias Linfomas, síndromes “mono-like”, doenças do tecido conectivo, tuberculose, micoses sistêmicas Icterícia Leptospirose, dengue, febre Amarela, malária, parasitoses intestinais, hepatites, hemólise. Diarréia Doença inflamatória intestinal, hipertiroidismo, enterites, parasitoses intestinais, neoplasias, HIV Disúria, sinal de Giordano Infecções urinárias baixas, pielonefrite Taquicardia Feocromocitoma, tireotoxicose, sepse Dispnéia Pneumonia, pneumocistose, tuberculose, neoplasia, TEP Hepato-esplenomegalia Doenças linfoproliferativas, esquistossomose, leishmaniose visceral, síndromes “mono-like” Dor torácica Miocardite, pericardite, TEP Sopro cardíaco endocardite Crepitação pulmonar, achados de derrame pleural Pneumonia, tuberculose, neoplasia, lupus Ascite Peritonite bacteriana, neoplasias Sinais de peritonismo Apendicite, pancreatite, perfuração de alças intestinais, diverticulite Dor pélvica, corrimento Moléstia Inflamatória Pélvica Aguda (MIPA), endometrite, neoplasia genital Lesões de pele localizadas Celulite, erisipela, impetigo Rash cutâneo Meningococcemia, síndrome do choque tóxico (estreptococo e estafilococo), endocardite, síndromes “mono-like”, lupus, micobactérias, micoses sistêmicas, púrpura trombocitopênica, sífilis, exantema por drogas, doenças exantemáticas da infância, neoplasias, outras vasculites Artrite, artralgia Lupus, artrite reumatóide juvenil, febre reumática, gota, pseudo-gota, monoartrite infecciosa Ferida Cirúrgica Infecção de ferida cirúrgica, abscessos

Intubação Orotraqueal Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica Presença de Sonda e/ou Cateter Infecção associada ao Sítio de Inserção do Dispositivo Referências

  • Adam HM. Fever: measuring and managing. Pediatrics in review. 2013;334;
  • Ogoina D. Fever, fever patterns and disease called fever- a review. J Infectious Public Health. 2011; 4:108-
  • Zambon LS. Hipertermia, febre e febre de origem indeterminada. Em: http://medicinanet4.hospedagemdesites.ws/conteudos/acp- medicine/5945/hipertermia_febre_e_febre_de_origem_indeterminada.htm (consultado em 30/04/2019)