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Guias e Dicas
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farmacos no sistema urinario e respiratorio, Resumos de Farmacologia

farmacos veterinários no sistema urinario e respiratorio

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 22/09/2021

IasminAlmeida
IasminAlmeida 🇧🇷

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SISTEMA URINÁRIO
São seis as classes de diuréticos atualmente conhecidos: os mercuriais, os inibidores da
anidrase carbônica, os diuréticos de alça, os tiazídicos, os diuréticos poupadores de potássio, e
ainda, os diuréticos osmóticos.
Mercuriais = Os mercuriais são compostos derivados do mercuripropanol, entre eles
meraluride, mercurofilina, mersalila, meretoxilina, mercumatilina, mercaptomerina e
clormerodrina. Atualmente o uso dos mercuriais está praticamente fora de uso na prática
clínica devido aos efeitos colaterais como o desenvolvimento da alcalose metabólica
hipoclorêmica, arritmias cardíacas e insuficiência renal aguda, como também reações de
hipersensibilidade (agranulocitose, trombocitopenia, leucopenia), febre, náuseas, êmeses etc.
A parenteral é a melhor via de absorção dos mercuriais, sendo a via digestiva lenta e
incompleta. Pouco dos compostos mercuriais são filtrados pelo rim, pois estes se ligam
fortemente às proteínas plasmáticas. A secreção tubular é a principal forma de eliminação dos
mercuriais, na forma de complexos de cisteínas ou acetilcisteínas. A ação destes diuréticos,
após administração oral, iniciase entre 1 e 2 h, alcançando o pico de ação entre 6 e 7 h, e
permanecendo até 12 a 24 h.
Estudos iniciais relatam a ação dos mercuriais nos segmentos dos túbulos contornados
proximais uma vez que estes compostos são capazes de inibir a secreção de íons orgânicos p-
aminohipurato (PAH). Mais tarde descobriuse que a sua ação ocorria em toda a extensão
tubular, com ação predominante na alça de Henle, e ação discreta no túbulo contornado distal.
Inibidores da anidrase carbônica = O primeiro composto desta classe a ser reconhecido por
apresentar atividade diurética foi a sulfanilamida, que desenvolvia como efeito colateral
acidose metabólica devido à maior excreção de bicarbonato urinário. Com o progredir das
pesquisas relacionadas à fisiologia renal, despertouse o interesse em sintetizar substâncias
inibidoras da anidrase carbônica que fossem mais potentes e de indicação específica. Assim,
foram sintetizadas substâncias com atividade inibitória centenas de vezes maior que a
sulfanilamida e entre elas encontramse a acetazolamida, a etoxzolamida, a diclorfenamida e a
metozolamida.
Entre os inibidores da anidrase carbônica, a acetazolamida é rapidamente absorvida pela via
oral, atingindo a concentração plasmática em 2 h, sendo o efeito máximo observado entre 6 e
8 h, e é completamente eliminada em 12 a 24 h, através do rim, por mecanismos de secreção
ativa.
A anidrase carbônica está presente praticamente em toda a extensão do néfron e ela é a
responsável pela formação de ácido carbônico (H2CO3 ) e posterior geração de íons H + .
Assim, os inibidores da anidrase carbônica retardam a troca de íons Na + pelo H + e inibem a
reabsorção de bicarbonato. Portanto, a ação destes inibidores concentrase, principalmente,
nos túbulos contornados proximais, inibindo a reabsorção de sódio, bem como nos túbulos
contornados distais, e também em outros segmentos do organismo que envolvem transporte
iônico de H + ou HCO3 . Assim, os inibidores da anidrase carbônica também favorecem a
redução da pressão intraocular e do líquido cefalorraquidiano.
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SISTEMA URINÁRIO

São seis as classes de diuréticos atualmente conhecidos: os mercuriais, os inibidores da anidrase carbônica, os diuréticos de alça, os tiazídicos, os diuréticos poupadores de potássio, e ainda, os diuréticos osmóticos. Mercuriais = Os mercuriais são compostos derivados do mercuripropanol, entre eles meraluride, mercurofilina, mersalila, meretoxilina, mercumatilina, mercaptomerina e clormerodrina. Atualmente o uso dos mercuriais está praticamente fora de uso na prática clínica devido aos efeitos colaterais como o desenvolvimento da alcalose metabólica hipoclorêmica, arritmias cardíacas e insuficiência renal aguda, como também reações de hipersensibilidade (agranulocitose, trombocitopenia, leucopenia), febre, náuseas, êmeses etc. A parenteral é a melhor via de absorção dos mercuriais, sendo a via digestiva lenta e incompleta. Pouco dos compostos mercuriais são filtrados pelo rim, pois estes se ligam fortemente às proteínas plasmáticas. A secreção tubular é a principal forma de eliminação dos mercuriais, na forma de complexos de cisteínas ou acetilcisteínas. A ação destes diuréticos, após administração oral, iniciase entre 1 e 2 h, alcançando o pico de ação entre 6 e 7 h, e permanecendo até 12 a 24 h. Estudos iniciais relatam a ação dos mercuriais nos segmentos dos túbulos contornados proximais uma vez que estes compostos são capazes de inibir a secreção de íons orgânicos p- aminohipurato (PAH). Mais tarde descobriuse que a sua ação ocorria em toda a extensão tubular, com ação predominante na alça de Henle, e ação discreta no túbulo contornado distal. Inibidores da anidrase carbônica = O primeiro composto desta classe a ser reconhecido por apresentar atividade diurética foi a sulfanilamida, que desenvolvia como efeito colateral acidose metabólica devido à maior excreção de bicarbonato urinário. Com o progredir das pesquisas relacionadas à fisiologia renal, despertouse o interesse em sintetizar substâncias inibidoras da anidrase carbônica que fossem mais potentes e de indicação específica. Assim, foram sintetizadas substâncias com atividade inibitória centenas de vezes maior que a sulfanilamida e entre elas encontramse a acetazolamida, a etoxzolamida, a diclorfenamida e a metozolamida. Entre os inibidores da anidrase carbônica, a acetazolamida é rapidamente absorvida pela via oral, atingindo a concentração plasmática em 2 h, sendo o efeito máximo observado entre 6 e 8 h, e é completamente eliminada em 12 a 24 h, através do rim, por mecanismos de secreção ativa. A anidrase carbônica está presente praticamente em toda a extensão do néfron e ela é a responsável pela formação de ácido carbônico (H2CO3 ) e posterior geração de íons H +. Assim, os inibidores da anidrase carbônica retardam a troca de íons Na + pelo H + e inibem a reabsorção de bicarbonato. Portanto, a ação destes inibidores concentrase, principalmente, nos túbulos contornados proximais, inibindo a reabsorção de sódio, bem como nos túbulos contornados distais, e também em outros segmentos do organismo que envolvem transporte iônico de H + ou HCO3 –. Assim, os inibidores da anidrase carbônica também favorecem a redução da pressão intraocular e do líquido cefalorraquidiano.

Diuréticos de alça = Apesar de os medicamentos considerados diuréticos de alça (saluréticos potentes) apresentarem as características químicas dos derivados tiazídicos, este grupo é considerado em separado, devido a sua maior potência como diurético salurético. O ácido etacrínico, a furosemida e a bumetanida são os principais diuréticos deste grupo, sendo a furosemida de uso mais frequente na Medicina Veterinária. A furosemida, o ácido etacrínico e a bumetanida são facilmente absorvidos pela via oral. A furosemida, um ácido fraco, ligase às proteínas plasmáticas, sendo apenas uma pequena fração metabolizada e a outra secretada através das células dos túbulos contornados proximais, assim alcançando o sítio de ação. A furosemida também apresenta ação efetiva quando administrada pela via intravenosa. Tanto a furosemida como o ácido etacrínico são eliminados através da urina (65%) e das fezes (35%). Particularmente para a furosemida, o início da ação após administração intravenosa ocorre em 30 min e o efeito perdura por 2 a 3 h. Já na administração oral, o efeito do medicamento só é observado 1 a 2 h após e pode persistir, em média, por 4 h. A administração intramuscular parece ser mais efetiva nos felinos quando comparados à espécie canina, pois a salurese e a diurese ocorrem mais rapidamente. O principal segmento do néfron em que os diuréticos de alça atuam é a alça de Henle, principalmente em seu ramo ascendente, interferindo na reabsorção ativa de Na + e Cl – , chegando a corresponder a cerca de 20% da carga total filtrada de sal pelo rim, e por esta razão são considerados diuréticos potentes. Em consequência da oferta maior de sódio no túbulo contornado distal, pode ocorrer maior excreção de potássio. Também em decorrência a este mecanismo, encontrase envolvida a excreção urinária de cálcio. Os diuréticos de alça, além de induzirem o aumento do fluxo sanguíneo renal, também redistribuem o sangue da região justamedular para a região externa da cortical, e ainda mantêm a diurese mesmo na presença de diminuição da taxa de filtração glomerular ou do mecanismo de feedback tubuloglomerular. Tiazídicos e análogos | Saluréticos = moderados Com o intuito de substituir os inibidores da anidrase carbônica em busca de medicamentos de ação mais potente, a clortiazida foi descoberta, despertando um grande interesse por ocasionar excreção urinária de cloreto, acompanhado de Na + e K + , em vez de bicarbonato, o que permitiria o seu uso mais prolongado pela via oral. Várias foram as substâncias pesquisadas a partir dos derivados benzotiazinas que ficaram conhecidos com o nome genérico de diuréticos tiazídicos. A modificação mais importante realizada nestes compostos foi a hidrogenização da ligação insaturada 34 da molécula de clorotiazida, que originou o composto hidroclorotiazida, com uma potência 10 vezes superior àquela da clorotiazida, quando comparada em doses equimolares. Entre outros derivados tiazídicos podemos citar flumetiazida, benzotiazida, hidroflumetiazida, triclormetazida, ciclopentazida, ciclotiazida, bendrofluatiazida, meticlotiazida e politiazida. Os tiazídicos apresentam ação tanto pela administração oral como pela via intravenosa, sendo a oral mais efetiva no sentido de a absorção ser mais lenta e, por conseguinte, não ser rapidamente eliminada pelos rins. A clortalidona apresenta um efeito natriurético por 60 a 72 h. Em geral, os compostos tiazídicos sofrem biotransformação hepática, eliminação hepática e principalmente renal (filtração glomerular e secreção tubular ativa). São considerados saluréticos moderados pois, mesmo quando utilizados em doses máximas, a fração excretada de sódio não ultrapassa 10%. Autores indicam que a ação destes medicamentos ocorre principalmente no túbulo contornado distal e em menor intensidade na

SISTEMA RESPIRATÓRIO

As afecções do sistema respiratório têm variada etiologia, podendo ser de origem infecciosa, parasitária, alérgica ou multifatorial. Serão abordados medicamentos adjuntos ou sintomáticos, os quais são associados à terapia específica. Entre os medicamentos utilizados com a finalidade de promover o alívio dos sintomas, incluemse os expectorantes, os antitussígenos ou béquicos, os broncodilatadores, os descongestionantes (antihistamínicos e agonistas β1 adrenérgicos) e os antiinflamatórios. Outros medicamentos utilizados no tratamento de afecções do sistema respiratório são os estimulantes respiratórios ou analépticos, empregados quando há acentuada depressão respiratória, como pode ocorrer, por exemplo, durante a anestesia. Expectorantes reflexos = Estes expectorantes atuam por meio de estimulação de terminações nervosas vagais, na faringe, no esôfago e até mesmo na mucosa gástrica, levando ao aumento da produção de muco pelas células, em particular da mucosa respiratória. Neste sentido, sabe- se que a ingestão de substâncias nauseantes promove o aumento das secreções salivar, nasal, lacrimal e, por contiguidade, da traqueobrônquica; esta propriedade é a base para a utilização de alguns medicamentos, como o iodeto de potássio, a guaifenesina e a ipecacuanha.

Iodeto de potássio Após a administração oral do iodeto de potássio (Broncofisin ® , Broncofedrin ® , Iodetox ® , Killtosse ® ) e sua associação (Alivic ® , Iodepol ® Lasa ® )*, há uma latência para o aparecimento do efeito de aproximadamente 15 a 30 min, dependendo da espécie animal e da repleção gástrica. A duração do efeito é de, no máximo, 6 h. O iodeto de potássio é um expectorante salino, que tem a capacidade de aumentar as secreções em até 150%. O principal efeito indesejável do uso deste medicamento é a ocorrência de náuseas e vômito, já que o iodeto de potássio produz irritação gástrica. O uso continuado por 3 semanas ou mais de iodeto de potássio poderá causar hipotireoidismo com consequente depressão da função da glândula tireoide. Além disso, podese ainda verificar aumento das glândulas parótidas e submaxilares. Devese evitar o uso deste expectorante durante a prenhez, já que o iodeto de potássio atravessa a barreira placentária, podendo produzir disfunção da tireoide fetal. Também não se recomenda a administração deste medicamento em animais lactantes. Guaifenesina A guaifenesina, também conhecida como guaiacolato de glicerila (Asmatoss ® , Bromax ® , Broncofenil ® , Glicotosse ® , Frenotosse ® , Glyteol ® , guaifenesina – genéricos, Xarope Vick ® , Xarope Vick Mel ® ) e suas associações (Aeroflux ® , Broncocilin ® , † Bronquitoss ® , Bricanyl Composto ® , ‡ Deflux Expectorante § ) são derivados da degradação da lignina, polímero não hidrocarboneto, presente na madeira. Este medicamento, além de ser um potente relaxante muscular de ação central (para detalhes, ver Capítulo 14), é também empregado como expectorante. A guaifenesina é absorvida pelo trato gastrintestinal, onde parece atuar como irritante idêntico aos iodetos. Pouco se sabe sobre sua farmacocinética; entretanto, acreditase que este medicamento já comece a atuar logo após sua absorção, com duração de efeito de aproximadamente 4 a 6 h. O uso de guaifenesina em pacientes com distúrbios de coagulação ou com úlceras no trato gastrintestinal não é indicado, já que este medicamento produz diminuição da adesividade plaquetária. Como esta substância é um derivado do creosato, não é indicado o seu uso em gatos. Ipeca A ipeca ou ipecacuanha é obtida da raiz ou rizoma seco da planta Cephaelis ipecacuanha (Xarope Creosotado ® ), podendo também ser encontrada em outros vários produtos, associada a diversas plantas medicinais. A estimulação das terminações nervosas vagais ocorre por meio de um princípio ativo denominado emetina, um alcaloide com potente atividade emética, sendo, ainda hoje, utilizado com esta finalidade (ver Capítulo 32). Em doses baixas, a ipecacuanha é um expectorante reflexo, atuando por várias horas. Devido ao potente efeito emético do alcaloide, verificase normalmente êmese nas espécies animais que vomitam, além de diarreia. Não se recomenda o uso de expectorantes à base deste alcaloide em animais cardíacos e/ou idosos, pois a emetina pode produzir hipotensão, taquicardia e alterações eletrocardiográficas. Expectorantes mucolíticos = Estes medicamentos são assim denominados porque produzem diminuição da viscosidade das secreções pulmonares, facilitando, consequentemente, a sua eliminação. Estes expectorantes têm uso relativamente recente em Medicina Veterinária, sendo os seus principais representantes a bromexina e a Nacetilcisteína.

Expectorantes inalantes = Estes medicamentos têm emprego limitado em Medicina Veterinária, uma vez que a administração de expectorantes por inalação requer o uso de aparelhos para a produção de vapores. Além disso, há necessidade do uso de máscaras e/ou um local apropriado para o confinamento do animal, o que produz, muitas vezes, inquietação deste. Devese ainda considerar que, em geral, os animais se ressentem, no início da administração, do forte odor do expectorante vaporizado. Entre os expectorantes mais utilizados estão a benzoína, uma resina aromática, e o óleo de eucalipto. A nebulização de solução fisiológica de NaCl a 0,9% tem também sido empregada com a finalidade de fluidificar o catarro, promovendo, consequentemente, a diminuição da viscosidade. Neste procedimento, devese usar um nebulizador que libere partículas de até no máximo 5 μm de diâmetro, para que estas penetrem nos bronquíolos menores. O dióxido de carbono é outro expectorante utilizado por inalação. Este gás é empregado principalmente quando houver necessidade de remover secreções na parte inferior do sistema respiratório. O dióxido de carbono causa hiperemia da mucosa dos bronquíolos, produzindo secreções menos viscosas, facilitando assim a sua eliminação; além disso, este agente produz movimentos respiratórios mais profundos e ativos, auxiliando a excreção do catarro. Normalmente, empregase o dióxido de carbono em concentração a 5%. Medicamentos antitussígenos (béquicos) = De maneira geral, os béquicos não são usados isoladamente, sendo com frequência incorporados a preparações que contêm expectorantes mucolíticos e substâncias demulcentes (xaropes). Devese ainda lembrar que muitos dos antitussígenos disponíveis no comércio são inapropriados, apresentando, muitas vezes, incompatibilidade nas associações. O objetivo primário, quando da terapia antitussígena, é promover a diminuição tanto da gravidade quanto da frequência da tosse, mas sem comprometer a defesa promovida pelo sistema mucociliar. Devese, ainda, sempre que se for utilizar esta terapia, procurar a causa da tosse para que possa ser realizado o tratamento adequado. Portanto, os antitussígenos sempre deverão ser medicamentos coadjuvantes no tratamento de afecções no sistema respiratório. A ação dos antitussígenos ocorre no sistema nervoso central (SNC), onde estes medicamentos inibem as respostas do centro da tosse aos estímulos que lá chegam. Os antitussígenos que atuam neste nível são os agentes narcóticos, como a codeína e o butorfanol, e os agentes não narcóticos como o dextrometorfano e a noscapina. Os medicamentos antitussígenos de ação central não devem ser associados aos expectorantes, nem ser utilizados em pacientes com secreção abundante, pois esta secreção poderá acumularse no sistema respiratório, promovendo asfixia. Antitussígenos narcóticos = A comercialização dos antitussígenos narcóticos está sujeita a notificação de receita ou receita de controle especial, em função do seu potencial para causar abuso/dependência em seres humanos. A maioria dos hipnoanalgésicos tem propriedades antitussígenas. Entretanto, somente alguns deles, como a codeína, a hidrocodona e o butorfanol, vêm sendo empregados como béquicos, pois estes opioides apresentam menor risco de dependência; além disto, são também efetivos por via oral. Deve ser destacado também que estes medicamentos, como possuem potente efeito analgésico, podem mascarar um processo doloroso associado à afecção do sistema respiratório, ou a outra afecção concomitante, prejudicando o tratamento. A codeína, ou metilmorfina (Belacodid ® , Codaten ® , Codex ® , Paco ® , Tylex ® , Vicodil ® , paracetamol + fosfato de codeína genéricos),* um derivado fenantrênico do ópio, é um potente antitussígeno e um analgésico de ação

moderada. A administração se faz principalmente por via oral, sendo rapidamente absorvida. Os efeitos duram aproximadamente 3 a 4 h. A dose de codeína indicada é de 1 a 2 mg/kg. Os efeitos colaterais indesejáveis mais frequentes são vômito, constipação intestinal, sonolência (em cães), ou excitação (como ocorre em felinos e equinos). A hidrocodona (Codofen ® : associação de hidrocodona + paracetamol), também derivado fenantrênico do ópio, é um antitussígeno mais potente do que a codeína, causando menor depressão respiratória. Este opioide é utilizado principalmente em cães, sendo a dose indicada para esta espécie animal de 0,25 mg/kg, por via oral, a cada 6 a 12 h. Em felinos, a dose pode variar de 2,5 a 5 mg/animal, a cada 8 a 12 h, devendo ser usado com precaução nesta espécie animal. Os efeitos colaterais são os mesmos que aqueles descritos para a codeína. O butorfanol (Torbugesic ® ) também vem sendo amplamente utilizado, principalmente em cães, como antitussígeno. O butorfanol tem potência antitussígena 20 vezes maior do que a codeína, permanecendo seus efeitos por um tempo 2 vezes maior do que este último opioide. Outra vantagem do uso do butorfanol é sua potência analgésica, que se calcula seja de 5 a 7 vezes maior do que a da morfina. A dose de butorfanol utilizada com finalidade antitussígena, para cães, é de 0,05 a 0,1 mg/kg, de 2 a 4 vezes/dia, por via subcutânea, seguindose o tratamento, mediante administração oral deste antitussígeno na formulação em tabletes, na dose de 0,5 a 1,1 mg/kg, por 3 a 4 dias, a cada 6 a 12 h. Pode também ser empregada em felinos, sendo recomendada a dose de 0,1 a 0,4 mg/kg por via sucutânea, 2 a 4 vezes/dia. Para equinos e bovinos, a dose de butorfanol recomendada é de 0,01 a 0,1 mg/kg, por via intravenosa ou intramuscular. Antitussígenos não narcóticos O dextrometorfano (Benalet TSC ® , Bisoltussin ® , Trimedal Tosse ® ), também encontrado em associações (Dibendril ® , Silencium® , Xarope 44E ® )* é um opioide sintético não narcótico. A atividade antitussígena deste medicamento é 15 a 20 vezes menor que a do butorfanol e igual à da codeína; no entanto, ao contrário deste último opioide, o dextrometorfano não produz depressão respiratória, efeito analgésico, tontura, narcose ou irritação no trato gastrintestinal. Além disso, não induz dependência. Em seres humanos, é o antitussígeno mais utilizado e seguro que se conhece atualmente. Por outro lado, poucas são as informações sobre o uso do dextrometorfano nas diferentes espécies de animais domésticos; para cães e gatos, preconiza- se a administração deste antitussígeno na dose de 2 mg/kg, até 4 vezes/dia por via oral. Em geral, este medicamento é administrado por via oral; entretanto, poderá também ser prescrito para administração por via parenteral. Entre os efeitos colaterais descritos em seres humanos, citamse ligeira sonolência, tontura, gastralgia e reações cutâneas alérgicas. Em doses elevadas poderá causar depressão respiratória. BRONCODILATADORES = Os broncodilatadores têm amplo uso em Medicina, preferencialmente no tratamento da fase inicial da asma brônquica. Estes medicamentos são também, com frequência, usados em Medicina Veterinária, para evitar o aparecimento da broncoconstrição, que é parte de uma complexa série de eventos que iniciam a tosse. Os broncodilatadores são divididos em três grupos: os agonistas betaadrenérgicos; as metilxantinas, principalmente a teofilina; e os anticolinérgicos, como a atropina e o glicopirrolato. Agonistas beta-adrenérgico O uso destes medicamentos em afecções no sistema respiratório se deve basicamente ao efeito broncodilatador, que se faz por ação direta nos receptores betaadrenérgicos do músculo liso do brônquio; inibição da liberação de serotonina e histamina pelos mastócitos e

em aumento da concentração de 3 5′ ′cAMP, que estimula uma proteinoquinase, e esta, por sua vez, fosforila (inibindo) uma enzima denominada quinase da cadeia leve da miosina, a qual promove a contração da musculatura lisa. Por outro lado, atualmente há controvérsias sobre este mecanismo de ação, uma vez que existem alguns trabalhos mostrando que as concentrações de metilxantina necessárias para inibir a enzima isolada ultrapassam a faixa terapêutica. Como a fosfodiesterase apresenta diferentes isoenzimas, em distintos locais, uma das propostas seria de que as xantinas (teofilina) inibiriam determinada isoenzima e não todas elas. Propõese, ainda, que as metilxantinas seriam antagonistas competitivas da adenosina; entretanto, este mecanismo não explicaria por que a emprofilina, um derivado xantínico, não possuindo efeito antagonista em receptores de adenosina, é um potente broncodilatador. Sugerese, ainda, que a teofilina possa atuar alterando o transporte intracelular de cálcio; entretanto, são poucas as evidências sobre este mecanismo de ação. A grande vantagem terapêutica da teofilina sobre os outros broncodilatadores seria de que esta metilxantina promoveria aumento na força de músculos respiratórios e, com isto, o decréscimo do trabalho associado à respiração. A dose de teofilina (Codrinan ® , Drylina ® , Filinasma ® , Talofina ® , Teolong ® , TeoBras ® , Teobronc ® , Teofilab ® , Teosin ® , teofilina – genéricos) indicada para cães é de 6 a 11 mg/kg, a cada 8 a 12 h, por via oral ou intravenosa (em situações de emergência). Para gatos, recomendase administrar 4 mg/kg, a cada 8 a 12 h, por via oral; se a administração for por via intravenosa, preconizase a dose de 0,1 mg/kg. Para equinos, em situações de emergência (p. ex., edema pulmonar), devese administrar a teofilina por via intravenosa na dose de 2 a 7 mg/kg, diluída em solução salina (100 mℓ), por um período de 30 min; em outras situações, recomendase a dose de 11 mg/kg, por via oral, a cada 8 a 12 h. A teofilina pode também ser encontrada em associações com sulfato de efedrina (Franol ® ) ou com sulfato de efedrina e cloridrato de hidroxizina (Marax ® ). Deve ser sempre revista e ajustada a administração de teofilina, uma vez que, mesmo em seres humanos, há ampla variação individual na meiavida plasmática; além disto, fatores como, por exemplo, dietas, doenças e interação com outros medicamentos podem alterar sua excreção. São vários os efeitos adversos associados à teofilina, como excitação do SNC (como insônia e tremores), alterações no trato gastrintestinal (em geral, vômito), também estimulação cardíaca e aumento da diurese. Ressaltase que a teofilina tem um índice terapêutico baixo; portanto, a dose deve ser determinada com muito cuidado para que não haja o aparecimento dos efeitos tóxicos. Especialmente em equinos, a teofilina apresenta estreito índice terapêutico e é considerada menos eficiente que os medicamentosβagonistas. Para bovinos, a dose recomendada é de 20 mg/kg, a cada 12 h; no entanto, estudos mostram que a teofilina em bovinos apresenta pequeno efeito broncodilatador. ANTICOLINÉRGICOS = A principal inervação do músculo liso brônquico se faz pelo sistema nervoso autônomo parassimpático, produzindo a broncoconstrição. O uso de medicamentos anticolinérgicos tem por finalidade antagonizar este efeito, produzindo a broncodilatação. A atropina, um alcaloide extraído da Atropa belladona, foi, por muito tempo, o principal medicamento utilizado com a finalidade de produzir a broncodilatação; entretanto, devido aos diversos efeitos indesejáveis que este alcaloide produz, como taquicardia, midríase e depressão do SNC, limitouse seu uso por via sistêmica; contudo, a atropina pode ser administrada também por aerossol, reduzindo a incidência destes efeitos indesejáveis. Outro medicamento anticolinérgico é o glicopirrolato (não existe produto comercial no Brasil), um composto de amônio quaternário. O glicopirrolato apresenta pequena capacidade de atravessar a barreira hematencefálica; portanto, diferentemente do que ocorre com a atropina, não são observados efeitos no nível do SNC. O glicopirrolato também não atravessa a

barreira placentária. Este medicamento vem sendo particularmente empregado na clínica de equinos, no tratamento da doença pulmonar crônica obstrutiva. Nesta espécie animal, a dose utilizada é de 2 a 3 μg, a cada 8 a 12 h, por via intramuscular. Entretanto, maiores informações são necessárias para que se possa utilizar com segurança e eficácia o glicopirrolato nas diferentes espécies animais, inclusive na equina. O ipratrópio, que pode ser encontrado como princípio ativo único (Aerodivent ® , Ares ® , Asmaliv ® , Atrovent ® , Bromovent ® , Broncovent ® , Iprabon ® , Ipraflux ® , Ipraneo ® , Iprat ® , Alvent ® , Brometo de Ipratróprio – genéricos), ou associado (Conbivent ® : brometo de ipratróprio + salbutamol), também um anticolinérgico, derivado amônio quaternário, vem sendo amplamente utilizado em humanos, principalmente no tratamento da asma; porém, em Medicina Veterinária, seu uso é restrito para equinos, sendo preconizada a dose de 2 a 3 μg/kg, por inalação. O efeito máximo é observado apenas 30 min após a administração; no entanto, tem duração de 3 a 5 h. Sabese que, no nível do sistema respiratório, existem três tipos de receptores muscarínicos. Assim, enquanto os receptores M3 liberam acetilcolina, os receptores M2 bloqueiam esta liberação; portanto, medicamentos anticolinérgicos não muito seletivos, como a atropina e o ipratrópio, podem, em algumas situações, potencializar a liberação de acetilcolina por bloquearem os receptores M2. O tiotrópio (Spiriva Respimat ® ) apresenta também características semelhantes às do ipratrópio, sendo também aplicado por inalação; no entanto, tem duração de efeitos mais longa. Os estudos relativos a este medicamento incluíram apenas em seres humanos, não existindo avaliação do uso do tiotrópio em animais. DESCONGESTIONANTES = Os descongestionantes são usados no tratamento sintomático das rinites e das sinusites alérgicas ou virais. Os principais medicamentos utilizados como descongestionantes são os antihistamínicos e os agonistas de receptores α1 adrenérgicos. Anti-histamínicos Considerandose que a histamina tem importante papel na etiologia da broncoconstrição e, consequentemente, da tosse, justificase o amplo uso de antihistamínicos (antagonistas de receptores H1 ) como auxiliares no tratamento de diversas afecções do sistema respiratório. Além disto, os antihistamínicos apresentam efeitos parassimpatolítico (efeito semelhante ao da atropina, diminuindo as secreções) e anestésico local, os quais contribuem sobremaneira para o bemestar do paciente. Os antagonistas de receptores H1 comumente utilizados como descongestionantes são dimenidrinato (Agasten ® ), clorfeniramina (Polaramine ® ), hidroxizina (Hixizine ® ) edifenidramina – que normalmente vem associada,* mas que pode também ser encontrada sem associação (Benadryl ® , cloridrato de difenidramina – genérico) –, sendo utilizados na clínica de equinos e, particularmente, na clínica de cães e gatos. Têm sido ainda empregados, para tal finalidade, os antihistamínicos denominados de segunda geração: cetirizina (Cetrizin ® , Zyrtec ® , cloridrato de cetirizina – genérico) e loratadina (Atinac ® , Claritin ® e loratadina – genérico). Agonistas α1-adrenérgicos Os agonistas α1 adrenérgicos causam vasoconstrição, promovendo, consequentemente, a redução do fluido exsudato. Os principais medicamentos utilizados com esta finalidade são a efedrina (Abbot Efedrina ® , Efedrin ® , Hosphedrin ® , Unifedrine ® , sulfato de efedrina – genérico), que também pode ser encontrada em associação (Franol ® , Marax ® ) † , e a pseudoefedrina ‡ Devido aos vários efeitos produzidos quando da administração sistêmica, como estimulação do SNC, hipertensão, alterações cardíacas, alteração na drenagem do humor aquoso e retenção urinária, recomendase que a utilização destes descongestionantes