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Este documento discute os estudos que mostraram que a existência de restaurações aumenta o risco de desenvolver novas lesões de cárie. Ele aborda a duração de restaurações, sua proteção contra recorrência de doença, e as etapas de progressão de lesões de cárie secundária. Além disso, o texto discute os desafios na detecção de lesões de cárie secundária radiograficamente e os elementos necessários durante a pesquisa radiográfica. Finalmente, ele apresenta critérios para evitar o aparecimento de lesões de cárie secundária.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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RIE SECUNDÁRIA – ELEMENTOS DE DIAGNÓSTICO E OPÇõ TERAPÊUTICAS
ELEMENTOS DE DIAGNÓSTICO E OPÇõES
Dissertação orientada pela Dr.ª Rosário Mexia
Dissertação orientada pela Dr.ª Rosário Mexia
MESTRADO INTEGRADO
i
Cárie secundária – elementos de diagnóstico e opções terapêuticas
Resumo
O diagnóstico precoce de lesões de cárie secundária é parte integrante e fundamental da actividade clínica diária dos médicos dentistas. Para que o diagnóstico possa ser feito com certeza e segurança, é imprescindível o domínio de um conjunto de conceitos de índole teórica sobre a doença cárie e a sua manifestação visível, as lesões de cárie. Foi por isso objectivo desta dissertação discutir aspectos relevantes da etiopatogénese e diagnóstico das lesões de cárie secundária, pois um correcto entendimento destes conceitos teóricos afigura-se como pré-requisito fundamental para perceber as características clínicas que estas lesões apresentam. A problemática da avaliação das restaurações foi outro tema abordado. O tema foi desenvolvido no quadro mais amplo da dentisteria minimamente invasiva, na qual a dentisteria operatória actual se fundamenta. Adicionalmente, procurou-se também discutir algumas abordagens terapêuticas conservadoras no âmbito do tratamento das lesões de cárie secundária. Para esse fim, procedeu-se a uma revisão sistemática da literatura disponível sobre estes temas.
PALAVRAS-CHAVE: cárie secundária, diagnóstico, cavidade exploratória, avaliação restaurações, procedimentos reparadores
ii
Secondary caries – diagnosis and therapeutic options
Abstract
Early diagnosis of secondary caries is an integral and fundamental part of a dentist’s daily clinical activity. For a diagnosis to be made with certainty and security, it is essential to know of the theoretical concepts about the nature of the disease dental caries and its visible manifestation, the caries lesion. One of the objectives of this dissertation was to discuss relevant aspects of etiopathogenesis and diagnosis of secondary caries, because, in our opinion, a correct theoretical understanding of these concepts is a fundamental prerequisite in understanding the clinical features of secondary caries lesions. The assessment of restorations was another subject of this dissertation. The theme was discussed in the broader framework of minimally invasive dentistry, on which current operative dentistry is based. Additionally, it were also discussed some conservative therapeutic approaches in the treatment of secondary caries. To this purpose, we proceeded to a systematic review of available literature on these topics.
KEYWORDS : secondary caries, diagnosis, exploratory cavity, evaluation of restorations, repairing procedures
iv
A opção deliberada desta dissertação é a de enfatizar os meios de diagnóstico para as lesões de cárie secundária, e os procedimentos terapêuticos presentemente disponíveis para as tratar. Dessa forma, os conceitos teóricos sobre a doença cárie não serão discutidos em profundidade, mas sim abordados apenas na medida em que permitam elucidar o porquê dos procedimentos e protocolos clínicos aqui descritos.
1.2. DESENVOLVIMENTO 1.2.1 Diagnóstico e tratamento da doença cárie 1.2.1.1. Dentisteria minimamente invasiva: seus fundamentos e objectivos A dentisteria minimamente invasiva é uma metodologia que engloba as várias etapas- chave da doença cárie, desde o diagnóstico, passando pelo tratamento, até à prevenção da recorrência da doença (Fontana e colaboradores, 2009). Classificar esta abordagem de “metodologia” é o mesmo que dizer: é uma maneira de compreender e de agir perante a doença. Mas é uma maneira nova de compreender e agir? O que traz de novo ao certo? Na óptica do autor, três aspectos:
A mudança na forma de encarar a doença cárie, e o modo como esta mudança influi na prática clínica, pode talvez ser sentida de forma mais aguda nas primeiras etapas, a do diagnóstico e plano de tratamento. A dentisteria minimamente invasiva postula, como elementos-chave do diagnóstico (Fontana e colaboradores, 2010):
O plano de tratamento a implementar vai assentar sobre todos os elementos positivos colhidos do passo precedente, o diagnóstico. As linhas de actuação vão nortear-se pelos seguintes princípios (Fontana e colaboradores, 2010):
O novo modelo de tratamento da doença cárie tem vindo a impôr-se como alternativa à abordagem estritamente restauradora. Uma das razões para tal poderá dever-se ao facto de a abordagem preventiva trazer à luz as insuficiências e limitações do modelo que o precede:
progressão da doença; e o conhecimento desses factores, é sem dúvida, de fundmental importância. Porém, é necessário ter presente o facto de que a esmagadora maioria deles escapa ao controlo do médico dentista, e não são passíveis de modificação, qualquer que seja a terapêutica que implementada (Fontana e colaboradores, 2010).
É por estas razões que Thylstrup e colaboradores (1998) sugerem que pensemos na doença cárie como uma doença localizada, resultado de uma actividade bacteriana associada a locais específicos. Estes locais correspondem às regiões da superfície dentária onde há tendência para ocorrer estase de placa. A formação e maturação do biofilme bacteriano irá ocorrer nas regiões em que este vai estar a salvo das forças mecânicas intraorais. Por estas entendemos as forças mastigatórias, a acção de autolimpeza do fluxo salivar e vias de escape dos alimentos, mas também as resultantes da acção mecânica da escovagem dos dentes, por exemplo. O papel da dieta rica em glícidos com elevada adesividade é sobejamente conhecido; menos abordado, porém igualmente importante na etiopatogenia das lesões de cárie, é aquele desempenhado pela saliva (Thylstrup e colaboradores, 1998). A saliva vai contribuir para a limpeza do biofilme. No entanto, é nos sítios onde a sua acção é mais necessária, nomeadamente nas superfícies proximais e no fundo do sistema fissurário, que a sua eficácia é menor. De facto, com a maturação do biofilme (nas superfícies dentárias protegidas das forças mecânicas intra-orais), a saliva vai converter-se na sua principal fonte de nutrição. A não remoção deste biofilme permite a sua perpetuação sobre a estrutura dentária, o que irá conduzir à destruição progressiva do dente (a lesão de cárie). Outro conceito importante a reter: deve pensar-se nas lesões de cárie como as manifestações visíveis da doença, e não como a doença em si (Fejerskov e Kidd, 2003). Importará ter presente o conceito de doença cárie como um processo: ocorre quando um biofilme bacteriano se acumula tempo suficiente sobre superfícies dentárias, em regiões não sujeitas a forças mecânicas. A acção lesiva do biofilme desloca o equilíbrio no sentido da desmineralização da estrutura dentária, o que clinicamente se vai traduzir na lesão de cárie. A progressão da lesão de cárie sobre a superfície dentaria segue um padrão conhecido: a desmineralização do esmalte subsuperficial; a lesão branca; a microcavitação; e finalmente a cavitação (Fejerskov e Kidd, 2003). À excepção do primeiro, cada um destes estádios apresenta um conjunto identificável de características observáveis clinicamente, também
conhecidas. O padrão de progressão da lesão segue a orientação dos prismas de esmalte e dos túbulos dentinários (Fejerskov e Kidd, 2003).
1.2.3.2. Cárie secundária: algumas questões de interesse Esclarecidos alguns conceitos sobre etiologia e progressão da doença, de seguida vai procurar dar-se resposta a algumas questões actuais sobre o fenómeno da cárie secundária.
Os mecanismos de etiopatogénese e progressão das lesões de cárie primária também se aplicam às lesões de cárie secundária? E, estreitamente relacionada com esta primeira questão: o interface dente-restauração é um meio privilegiado para a progressão da lesão de cárie secundária? Estudos iniciais sobre o tema (Hals e Kvinnsland, 1974), que procuraram analisar histologicamente as características da lesão de cárie secundária, referiram que esta seria composta por dois tipos de lesão: a primeira uma lesão de cárie secundária superficial, adjacente às margens da restauração, em tudo semelhante à lesão de cárie primária. A segunda, presente na profundidade do interface dente-restauração, seria uma entidade histológica nova, a lesão de parede. A lesão de parede corresponderia à lesão de cárie secundária na profundidade. A progressão da lesão de parede dever-se-ia à disseminação de fluidos e metabolitos no interface entre a restauração e o dente, um fenómeno conhecido como microinfiltração. Tudo parecia apontar para a validade desta hipótese: estudos histológicos de dentes extraídos com cárie secundária evidenciavam a lesão superficial e a lesão de parede (Kidd, 1981); e numerosos estudos comprovavam a existência da microinfiltração como um fenómeno presente em praticamente todas as restaurações (Fejerskov e Kidd, 2003). Porém, os fundamentos sobre os quais assentavam esta teoria não eram tão sólidos quanto se pensava. Os estudos que comprovam a existência da microinfiltração foram na sua grande maioria feitos in vitro; a extrapolação dos seus resultados para a prática clínica deve ser feita com muita cautela. De facto, numerosos autores falharam em encontrar associação entre microinfiltração e cárie secundária (Mjör e Gordan, 2002). Esta constatação coloca um sério entrave à teoria da lesão de cárie secundária como sendo constituída por dois tipos de lesão. De facto, se os microorganismos e metabolitos que se disseminam para a interface por microinfiltração não são responsáveis pela lesão de parede,
cuidado e rigor em todas as etapas da execução da restauração, desde o isolamento, acabamento das margens, aplicação do sistema adesivo, etc. Estes estudos parecem novamente consubstanciar a hipótese de que a lesão de cárie secundária é um problema com a sua génese à superfície das restaurações (Thylstrup e colaboradores, 1998).
Restaurações defeituosas estão em risco acrescido de desenvolverem lesões de cárie secundária? A resposta é, indubitavelmente, sim. Restaurações defeituosas apresentam uma prevalência aumentada de cárie secundária (Anusavice, 1989). Mas, tendo chegado a este ponto, importa perceber quais são ao certo as caracteristicas das restaurações defeituosas que se pensa serem responsáveis pelo início e progressão das lesões de cárie secundária. Um achado clínico importante são as falhas marginais com mais de 0,4mm, segundo alguns estudos (Kidd e colaboradores, 1995); outros apontam 0,25mm (Thylstrup e colaboradores, 1998). Os estudos verificaram que defeitos marginais com esse diâmetro, ou maiores, estão positivamente associados a um risco aumentado de cárie secundária. Pensa-se que se deve ao facto de estas falhas marginais actuarem como locais retentores de placa bacteriana (Mjör e Toffenetti, 2000). A anatomia do defeito (e a localização do mesmo) impossibilitam a remoção mecânica do biofilme, o que pode propiciar a formação e evolução de placa bacteriana cariogénica nesse local. Outros estudos procuraram estabelecer associações entre defeitos nas restaurações e risco de cárie secundária. Do ponto de vista do diagnóstico da cárie secundária, os resultados ficaram aquém do inicialmente esperado: não foi encontrada relação entre degradação marginal e o fenómeno de cárie secundária (Kidd e colaboradores, 1995). A pigmentação da dentina subjacente às margens da restauração e a microinfiltração também não estão associadas a cárie secundária (Kidd e colaboradores, 1994).
1.2.3.3. Conceito actual de cárie secundária Tendo presente o que foi dito acima, torna-se pertinente a questão: o que é então a cárie secundária? Actualmente, considera-se cárie secundária não como um ataque universal ao interface dente-restauração, mas sim o estabelecimento de uma nova lesão, localizada, no interface entre a restauração e o dente. De forma sucinta, e usando o conceito apresentado por Mjör e
Toffenetti em 2000, cárie secundária é cárie primária adjacente às margens de uma restauração. Defeitos marginais extensos, na medida em que funcionem como retentores de placa, podem estar associados a um risco aumentado de lesões de cárie. Pigmentação marginal, microinfiltração, e degradação marginal, não estão associados a risco acrescido de lesão de cárie secundária (Fejerskov e Kidd, 2003).
O primeiro aspecto que será discutido é o da localização das lesões de cárie secundária. Numerosos estudos mostram que estas se encontram sobretudo na margem cervical das restaurações, junto ao ângulo cavossuperficial das mesmas (Mjör, 1998). Existem algumas razões para este facto:
O diagnóstico precoce das lesões de cárie secundária apresenta algumas dificuldades, decorrentes das limitações dos métodos de diagnóstico utilizados. O que não quer dizer que esses métodos de detecção e diagnóstico devam ser colocados de parte, ou o seu papel menorizado, por considerados ineficazes. Pelo contrário, as dificuldades na obtenção de elementos que permitam fazer um diagnóstico preciso da presença, extensão e actividade das lesões de cárie secundária, funciona como um argumento a favor da sua utilização de forma crítica e complementar (Fejerskov e Kidd, 2003). Porém, é preciso ter presente o facto de que, em algumas situações, haverá incerteza quanto ao diagnóstico de uma lesão de cárie secundária. A utilização complementar de todos
da dentina adjacente às margens da restauração são achados comuns, atribuíveis a vários factores como pigmentação extrínseca e microinfiltração, sem que cárie secundária esteja necessariamente presente (Kidd e Beighton, 1996). Em face de todas estas variáveis, como devem ser interpretados os achados da inspecção visual? Permanece válido o achado clínico de uma lesão branca, ou castanha, adjacente à margem de uma restauração, como indicação de lesão de cárie secundária. Mas o grau de certeza que se atribui a esse achado é necessariamente menor (Thylstrup e colaboradores, 1998), e requer que se utilizem os outros meios de diagnóstico para confirmar ou refutar o diagnóstico. Por outro lado, a suspeita de uma lesão de cárie secundária em proximal deverá levar à observação cuidadosa da crista marginal do dente adjacente não restaurado (Fejerskov e Kidd, 2003). Sabe-se que os dentes adjacentes a restaurações proximais têm um risco cerca de 4 vezes maior de desenvolverem cárie, do que os seus congéneres adjacentes a dentição hígida (Fejerskov e Kidd, 2003).
1.2.4.4.2. Sondagem Já foram referidas as aplicações da sonda no contexto do exame dentário. O critério da textura (lesão mole versus dura), usado na determinação da actividade da lesão de cárie primária, é igualmente válido para determinação da actividade da lesão de secundária (Kidd, 2001). Na lesão primária a textura da lesão tomava muitas vezes primazia sobre a cor no diagnóstico da actividade, pois lesões antigas de progressão lenta podem apresentar-se como castanhas, não obstante estarem activas. A incorporação de pigmentos extrísecos na lesão é apontada como a principal razão para tal. Na lesão secundária as razões pesam ainda mais a favor da textura como critério principal - o tipo de restauração e a pigmentação dos tecidos adjacentes à mesma tendem a dificultar o diagnóstico estritamente visual. Importa ainda enfatizar que o gesto de sondagem deve ser realizado gentilmente, percorrendo de forma suave a superfície da lesão para sentir a sua textura. A utilização de uma sonda afiada e o diagnóstico de “cavitação” por sondagem estão contra-indicados (Anusavice, 1989). Porém, a detecção de defeitos marginais nas margens cervicais de restaurações proximais é um indicação importante para uso da sonda, como já foi referido. Idealmente, deverá ser feita suavemente e com uma sonda periodontal, para evitar o risco de cavitação iatrogénica de uma lesão de cárie secundária incipiente. O diâmetro da sonda periodontal corresponde ao
diâmetro do defeito marginal que se sabe estar associado a um risco acrescido de cárie (0,4mm, segundo Kidd e colaboradores, 1996).
1.2.4.4.3. Radiográfico O uso complementar dos vários meios de diagnóstico, como componente fundamental da detecção, classificação da extensão e da actividade das lesões de cárie, já foi referido. É neste contexto que se insere a observação radiográfica: deve ser encarada com um coadjuvante de diagnóstico, complementar à inspecção visual. Dois princípios importantes deverão orientar a decisão do médico dentista ao solicitar raios X: a decisão de tirar radiografias deve sempre ser baseada numa indicação clínica específica, e não por norma, ou rotina; os pacientes deverão ser sujeitos ao mínimo de radiações possível que permita diagnóstico (Fejerskov e Kidd, 2003). Não existe uma correspondência perfeita entre o que aparece na radiografia e a realidade. Vários elementos são responsáveis por esta imagem em “espelho distorcido” do real, que é dada pelos raios X:
A capacidade de interpretação dos raios X pelo médico dentista será porventura o factor mais importante na valorização deste método de diagnóstico. Saber o que procurar, onde procurar, quais as vantagens e desvantagens associadas ao seu uso, o que é que um raio X revela (mas também o que falha em mostrar): são estes os factores que vão influenciar a interpretação, e que serão abordados de seguida. Os raios X apresentam um conjunto de vantagens significativas (Fejerskov e Kidd, 2003), nomeadamente o facto de permitirem: