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história das facas artesanais
Tipologia: Notas de estudo
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inclusive para cometer esculturas em metal fundido, não era o suficiente. Lá pelos anos setenta – 1970, fiquei impressionado com um colecionador de canetas tin- teiro. Eram milhares. Espalhadas pela casa inteira. Fiquei me perguntando o que leva alguém a ter centenas de canetas Parker Duofold. Até entendo porque. Modelos mais variados, cores diversas, locais de fabricação diferentes, etc. Mas, algo me chamou a atenção. Além de catálogos de fabricantes o tal colecionador de canetas jamais ouvira falar nos poucos livros que eu tinha lido a respeito de canetas. Livros in- formativos e não catálogos. Li bastante a respeito de facas, metalurgia, cutelaria e assuntos afins, em bibliotecas aqui e pelo mundo. Livros são caros e depois juntam poeira. Preferi e prefiro anotar o que me interessa. Como já disse, sou muito curioso e, quando um assunto me interessa, procuro ler a respeito. Felizmente meus pais liam bastante e adquiri o gosto pela leitura. Também gostavam de ir a museus, o que me rendeu boas e más lembranças a respeito de facas. Fato é que há poucos livros a respeito de facas. No Brasil só conheço um livro, o de Oswal- do Lamartine de Farias. Existem outras publicações, é verdade, mas são traduções de livros estrangeiros e obras exibindo catálogos de coleções. Trazem boas informações, mas deixam a desejar. Também encontrei textos na Internet elaborados por gente que conhece o assunto e não teve medo de dividir seu conhecimento. Contudo, perto do que existe de livros pelo mundo afora, tratando de facas locais, ficamos “mal no filme”. Nos nossos museus as facas, quando não são antiguidades fantásticas, ficam encafuadas nas reservas, aqueles espaços dos museus que quase ninguém vê. E aqui no nosso país, se até múmias em exposição quase apodrecem, imaginem as pobres facas, guardadas em caixas esquecidas. Curiosidade e interesse por um assunto têm um preço. A frustração. Você quer saber mais e quase não há informação. A tal da aposentadoria me empurrou para procurar mais. De tantas notas, desenhos, anotações, velhas e novas, termina-se por emendar umas nas outras para tentar obter algum quadro geral de referência. Daí à tentação de escrever mais amplamente foi um passo. Fico pensando se o paulistano de boa cepa, L. Gazinhato, homem generoso que colocou na Internet tanta informação, conseguiu terminar seu almejado livro. Escrever é penoso e fica-se pensando na multidão de adoradores de facas que se conheceu e que poderiam ajudar. Mas os endereços foram embora quando se jogou fora aquela agenda sebosa de 1984 junto com outros papéis velhos que hoje fazem muita falta. Ou, o pior: quando se sabe que um artefato caiu no mundo. Tenho quase certeza de que cheguei perto de uma Lape- ana num destes “museus” familiares que brotam no interior. Foi em Cascavel – Paraná. Mas em 2002 o Sr. Plínio Schwartz respondeu carta minha dizendo que com o falecimento da mãe a co- leção foi dispersa. Uma família modesta que sobrevivia com uma pequena granja de galinhas. A esperança é a Internet: a obra aberta. Qualquer um pode trazer o que sabe e o que viu: a foto, a descrição. Por fim, o projeto é que o bom gaúcho e cuteleiro Jean Hugo Callegari coloque na Internet as informações que acumulei. Ele, além de conhecimento sobre o tema, é bem melhor que eu nestas lides de computador. As primeiras notas que reuni foram apresentadas, depois de algumas boas conversas, a Roberto Fonseca e Silva, que além de boa gente e colecionador colocou sua coleção à disposição para fotos e informações. Nesta mesma ocasião, Serge Michel, que insiste em dizer que é fran-
cês, chegando mesmo a falar com sotaque, mas que além de carioca é um artesão (e escultor, faz maravilhas em marfim) e cuteleiro como poucos, também trouxe seu incentivo. Os dois fizeram sugestões, que acatei, como eles terão a oportunidade de ver, se tiverem a paciência de ler. Deve ficar claro que foi tentado dar um certo foco em nossa História. Servindo ao propó- sito de contextualizar a faca e sua evolução provável. Esta idéia me pareceu sadia e foi sugerida por Serge Michel e Roberto. Há uma certa prolixidade e a repetição de temas e abordagens. Peço desculpas. Não peço desculpas por minhas dúvidas, que, aliás, deixo bem expressas. E não são poucas. Por isso preferi deixar muita coisa indicada e, em aberto. Mas, não impede que eu tenha algumas certezas. Algumas são indicadas ou sugeridas após analisar e discutir os temas. — Augusto José de Sá Campello
Origens do Formato de Lâminas Vou começar por uma tentativa de circunscrever o que vem a ser uma faca. Parece inquestionável que uma faca é uma ferramenta, um instrumento criado pelo ho- mem para ser uma extensão perfuro-cortante de sua mão. A propósito, penso ser melhor que uma faca, além de um objeto perfuro-cortante, deva ser curta e dotada de um fio ou gume e de uma ponta, embora algumas facas, estranhas, não tenham o que se convenciona chamar de pon- ta. Outra característica está ligada à geometria da lâmina, sempre o fio ou gume termina perto do cabo (ou não, termina antes), mas ultrapassando a linha inferior do referido cabo. Há exceções a esta ultrapassagem. São raras, mas existem facas com guardas. Outras com lâminas que se afilam em direção ao cabo. A bem dos fatos, o que mais existe são as tais exce- ções. Perfuro-cortante é terminologia jurídica, mas, convenha-se, é difícil melhorar esta “defi- nição”. Isto, uma ferramenta, instrumento, utensílio (posso sentir o arrepio de alguns com o uso desta palavra) seria algo proveniente do Paleolítico, da idade da pedra lascada. Com a necessária ressalva de que a pedra não foi o único material. Apenas, por sua natureza, restou conservado em maior número. São inúmeras as coleções obtidas em sítios arqueológicos, nas quais, as “ferramentas” perfu- ro-cortante, de formato próximo ao triangular, surgem como primeiro testemunho da intenção do homem de contar com um instrumento capaz de perfurar e cortar, ao lado de outras funções mais restritas como raspagem, por exemplo. Este formato é dito próximo ao triangular, pois identificar um artefato desta natureza como faca é difícil e discutível. No âmbito da Arqueologia há uma palavra estranha: lesma(s), que é utilizada para dar início ao processo descritivo. Na realidade, estes objetos de pedra lascada, se parecem mesmo com lesmas.
A figura 14 dá bem a idéia do que é uma “lesma”. E a figura 13 tem tudo para ser uma faca. O material básico é sempre o mesmo, variando o minério. Com dureza elevada, capaz de ser lascado por percussão visando a obter superfícies aguçadas e, sempre por percussão, chegar- se a um objeto, uma ferramenta com ponta(s) e gume ou dois gumes. O que não é raro, bem ao contrário. Diversos outros “tipos” de ferramentas eram obtidas pelo processo de se percutir um bloco maior até se chegar ao almejado. Algumas, para nós, e mesmo para a mente treinada do paleon- tólogo/arqueólogo, seriam um tanto enigmáticas quanto ao seu uso/utilidade. Entretanto, artefatos de formato rudimentarmente (ou não) triangulares, dotados de ponta e gume(s) teriam sido as primeiras “facas” do homem. Ou, no mínimo, cumprido as funções que damos a este objeto. Quantos destes artefatos teriam sido laboriosamente feitos (lascados) com o objetivo de se obter uma lança e não uma faca? Em alguns casos é possível deduzir que o objetivo tenha sido este. Ou apenas as primeiras tentativas de prender-se um cabo ao artefato. Furadores, pontas de lança e de setas, arpões, machados de mão, são outros exemplos de ferramentas – extensão da mão, do braço.
houve e há nas jazidas, porções de metal quase puro.
Adaga africana de cobre, Séc. XIX -medidas ignoradas. Mero exemplo. Este primeiro estágio da metalurgia e outros subseqüentes teriam mais de “arte” do que nossas mentes atuais poderiam imaginar. E mesmo de franca magia. O “artesão”, fundidor, se valia de fórmulas complicadas, com ingredientes estranhos, para tentar chegar, se os deuses aprouvessem, ao resultado almejado. Seus fornos, eficazes para a época, eram rudimentares e pequenos. Na maioria das vezes, fornos descartáveis, usáveis para uma única corrida de metal. Teriam sido dois “tipos” principais: em torre e de chão – um buraco escavado. Ou, de início, simples fogueiras. No início, supõe-se, a fundição era feita a céu aberto, fogueiras, sendo o calor necessário obtido por meio de foles primitivos, meras bolsas de couro. E o material era vertido em moldes e depois retrabalhado e encabado. Os resultados de escavações arqueológicas são razoavelmente escassos. Mas, embora raras, lá estão facas de cobre de formato triangular. Pequenas e simples. Nada sofisticadas como a bela adaga africana acima. Neste ponto, avançando na História para o período da Antiguidade Clássica e início da Idade Média é necessário esclarecer um ponto: a raridade. Para nós, que vivemos rodeados de objetos metálicos, sua presença é um fato corriqueiro, não damos atenção à nossa “riqueza”. Para homens daqueles períodos históricos seríamos ricos e poderosos. Muito ricos, se eles vissem as gavetas de nossas cozinhas. Ricos e/ou poderosos da Antiguidade e de períodos históricos anteriores (estou falando de civilização ocidental e sua raiz mediterrânea) sempre de acordo com os costumes funerários, de cada cultura, eram enterrados com seus utensílios, armas, etc. O comum dos mortais, não. No máximo, levava para o além algumas “tranqueiras” sem valor. Tinha-se uma faca de cobre? Este objeto certamente passaria a seus descendentes e, pelo uso, ao final, simplesmente tenderia a desaparecer. Ou seja, a maioria dos artefatos provém de túmulos de “reis”, chefes de clã, chefes tribais, figuras de destaque como o feiticeiro e/ou sacerdote(isa). O que não lhes retira represen- tatividade, pois são padrões da cultura. Fato ou fatos semelhantes, sem forçar demais a imaginação e sem cair em erro por demais grosseiro, ocorreram durante os períodos posteriores – Idade do Bronze, do Ferro, etc. E aconte- ceram até recentemente. Muito do que temos em nossas coleções são exemplares que pertence- ram a pessoas de classe alta e média. As facas do povão das quais eu, particularmente gosto mais, por serem mais baratinhas e mesmo por serem, por vezes fora do comum são bem mais raras. Vamos a um fato histórico registrado que por um lado reforça minhas propostas de rarida- de, aquela de ferramenta utilitária e a do desaparecimento das facas de uso do povo. Quando a Coroa Portuguesa (Brasil Colônia) decidiu através do seu Conselho Ultrama- rino, em 1746, que seria bom povoar um pouco mais o nosso rincão lançou um Edital nas Ilhas dos Açores que, lá pelas tantas dizia: …”se dará a cada casal uma espingarda, duas enxadas, um
machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras”… Onde foram parar as facas “coloniais”? E, notem, as quantidades são pequenas por família.
Na figura acima, a peça número 13 tem o desenho de “facão” (francês), muito usado na cutelaria européia desde o século XVIII. As peças de números 4, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 dão idéia da variada pro- dução das cutelarias européias no século XIX e início do XX. Notar que algumas são mais instru- mentos profissionais. A peça 12 é uma faca de caça. As peças número 4 e 5 são canivetes. Medidas ignoradas. No parágrafo acima da figura, há duas questões. A primeira se refere à raridade e ao “desa- parecimento” das facas do período do Brasil Colônia. A recuperação de informações a respeito de artefatos deste nosso período histórico é difícil. A outra questão, o realce que se deu ao pe- queno número de artefatos colocados à disposição dos casais sinaliza na direção do custo de tal material e sua decorrente raridade. Mas, voltando à antiguidade, alguém pode, com toda a razão, formular a seguinte pergunta: e os guerreiros, os soldados? Os de hoje voltam para casa com as más lembranças de sempre e algumas quinquilharias. Os de antigamente, quase certamente, apenas com as más lembranças. Armas eram poder. E ficavam recolhidas nos “castelos”, mais tarde nos chamados arsenais dos mandatários. Cabendo lembrar que foram muito poucas as culturas e os povos que mantiveram exércitos regulares, nas quais havia o status de guerreiro, com o direito, talvez, de levar suas ar- mas para o além. Em boa parte, os armamentos seriam repassados para novos combatentes ou para os descendentes. Ou então, perdida a briga, em butim. Depois desta digressão, volto às facas e seu formato triangular. Durante os períodos his- tóricos mencionados, o formato se mantém. O objetivo, dispor de um objeto perfuro-cortante
A figura acima é uma reprodução de um Pugio. Medidas ignoradas. De todo modo, com o advento da Revolução Urbana é possível que as facas tenham come- çado, também, a se diversificar. Os artesãos, que passam a se fixar nos núcleos urbanos, desen- volvem facas “especiais” para as necessidades de seus ofícios. A estes “tipos” usados nas diversas profissões urbanas, devem ser somados os tipos anteriormente usados no universo agropecuá- rio e de caça e coleta. Mas, as de uso comum permanecem. e teriam conservado seu formato triangular. Seriam estas últimas aquelas que poderiam ser consideradas como de “defesa ou uso pessoal”. Ou ainda, de uso geral. As facas em si, com lâminas curtas. Entrando na seara das facas digamos “exóticas”, algumas das quais se afastam do formato triangular, mas que se adaptam com perfeição ao usoprevisto pode-se citar: facas de arremesso (as de algumas regiões da África parecem tudo, menos uma faca) facas européias de caça, facas cerimoniais religiosas, facas chinesas, facas semitas e/ou árabes, etc. Uma faca chama a atenção, é o ou a Kanjar da Índia. Sua função seria de complemento ao armamento ou de defesa pessoal. Outra faca que volta e meia vemos por aqui é a “faca chilena”, um artefato com a ponta acen- tuadamente voltada para cima, um tanto semelhante às facas Iemenitas. A “faca chilena” ao que parece seria mais uma arma. Ou seria uma faca de uso do segmento agro-pecuário? O único registro que tenho é que o “corvo”, a faca chilena, era originalmente uma ferramenta de trabalho em mineração.
Na figura acima leia-se faca de arremesso, diversas outras obras apresentam esta lâmina como de arremesso, e há, também uma faca de dedo. Medidas ignoradas. Hoje o arremesso de facas está tendendo a transformar-se num esporte. Existem inclusive clubes e associações com sites na Inter- net. A caça teria sido o uso principal. Com poucas exceções – a faca européia de caça é uma delas, outra característica da ferra- menta perfuro-cortante vem a ser o comprimento da lâmina. O que me permite colocar uma pergunta importante: a partir de que comprimento de lâmina triangular perfuro-cortante um artefato deixa de ser uma faca? Punhais e adagas são “facas” especiais (ou não) muito antigas. Facões, nem tanto. A faca de caça européia é emblemática. Seu objetivo era o de provocar intensa hemorragia interna, preferencialmente lesando o coração de animais de porte médio e até maiores como cervos e ursos. Acuados pela cachorrada ou já feridos por lança, flecha, bala.
É bem o caso da adaga da foto abaixo. Adquirida na década de 70 em um antiquário em Alexandria -Egito, nada mais mediterrâneo. Já ouvi e li que há uma adaga “tipo” ou padrão mediterrâneo. Seria esta uma representante do tipo? Mas, notem que o segundo gume não vai totalmente da ponta às proximidades do cabo.
Comprimento total de 30,5 cm, lâmina com 18,4 cm, largura da lâmina 2,7 cm, espessura da lâmina junto à guarda 0,4 mm. Cabo em madrepérola em gomos, pomo e cinta junto à guarda de metal amarelo. Pomo é uma figura fundida com motivos de folhagens e asas. Bainha em metal amarelo revestido de couro (restaurado). O aço da lâmina tem dureza muito baixa. Origem: Eu- ropa Século XIX, provavelmente França. Um critério de diferenciação pode vir a ser estabelecido à conta da “robustez” da adaga. É muito comum encontrar-se lâminas de maior espessura. Ou, utilizando o artifício de reforço estrutural da protuberância e/ou das depressões centrais. Um caso bastante extremo parece ser o das “adagas” utilizadas em lutas singulares com espada. Normalmente, era um artefato de lâmina razoavelmente espessa e/ou dotado de uma “costela” central. Estou falando de algo lá pelo Século XVI, antes da esgrima européia fixar seus parâmetros, entre os quais a proibição do uso de outra arma branca juntamente com a espada ou o sabre. Estas segunda lâmina tem uma designação curiosa : “mão esquerda”. Mal traduzindo do francês – main gauche. Cabe ressaltar que havia “escolas” de esgrima: italiana, alemã, espanhola e francesa. Estas “adagas” usadas no combate com espada tinham, em sua maioria (o que tende a esta- belecer um tipo), lâminas razoavelmente estreitas, de formato triangular, ponta aguçada e fina. Parece-me que estariam mais para punhais. Caso se aceite que punhais são dotados de lâminas estreitas e finas, etc., em relação a facas e adagas.
Perdão pela qualidade insuficiente. Adaga Italiana, século XVIII. Note-se quão estreita é a lâmina. Medidas ignoradas.
Uma adaga italiana CINQUEDEA, “cinco dedos”, circa 1600. Medidas ignoradas. Notar a semelhança longínqua com o Pugio. Novamente a grande variedade tende mais a desorientar que a ajudar. Que dizer dos pu- nhais com lâminas de seção triangular, ou mesmo cruciformes? Nunca é demais lembrar.
Um formato de adaga extremamente antigo é egípcio. Egito antigo, dos Faraós. Seu for- mato geral varia pouco ao longo de algumas dinastias. Mas, L. Gazinhato registrou numa expo- sição itinerante de artefatos egípcios da antiguidade, uma indiscutível faca. O exemplar de adaga encontrado no túmulo do famoso Tut Ankamon pode ser considera- do como “padrão”, pois as variações em relação a artefatos de outras dinastias são pequenas.
As adagas acima são também egípcias. Alguns autores as consideram “espadas cerimoniais”. Me- didas ignoradas. Uma característica desta “arma” antiqüíssima pode indicar o diferencial entre faca e adaga: o formato é o de triângulo com dois lados, forçando um pouco é claro, iguais. O que nos dá uma seção losangular ou, o que também é comum um retângulo acoplado a dois triângulos – os dois gumes ou ainda de um losângulo. Algumas adagas medievais são, quanto às suas lâminas, triângulos isósceles e mesmo, alguns exemplares têm o formato de triângulo eqüilátero. Quanto a estas últimas lâminas, ou o uso/desgaste nos legou um triângulo isóscele ou re- tangular ou, o objetivo do artesão foi o de obter robustez. Cabendo ressaltar que a característica perfuro-cortante é, no caso da adaga, um objetivo plenamente atingido. O que seria, digamos diverso do objetivo da faca (em termos).
As peças são Celtas. As adagas levam os números 50, 51, e aquela abaixo, com corrente. A de nú- mero 61 tem formato típico de faca. Material: bronze. Medidas ignoradas. Muitos achados arque- ológicos são mantidos em suas bainhas. Por razões de preservação e/ou manutenção do conjunto. Mas, se a característica perfuro-cortante está plenamente presente, por outro lado é neces- sário pensar a respeito das funções requeridas ou embutidas numa adaga. São dois fios, ou seja, a função corte é bilateral, o portador esperava contar com um artefato capaz de cortar dos dois lados (sem conotação sexual, por favor). Na hora da luta ou do uso, isto era ou seria altamente desejável. Tanto mais em objetos de bronze que tendiam a perder a afiação com rapidez. A ponta serviria à função de estocar. O que também não era menos importante na hora da contenda. Enfim, três maneiras de atingir os objetivos de quem usava. Três funções. As adagas variam muito de formato ao longo da História. Caso emblemático é aquele do “DIRK” dos “Highlanders” escoceses. Seu formato variou bastante ao longo de sua evolução. Havendo Dirks que são mais punhais do que adagas. Por razões conhecidas a história, a evolução do Dirk está bem documentada. Coisa rara no