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Ética na Imprensa: Reflexões de Eugênio Bucci, Notas de aula de Ética

Neste livro, eugênio bucci aborda a importância da ética na imprensa contemporânea brasileira, onde a liberdade de imprensa já foi conquistada. Ele discute a ética jornalística como um contrato com os leitores e a necessidade de aplicá-la diariamente por jornalistas e empresários. Bucci critica a história da imprensa brasileira e os motivos pelos quais os jornalistas e empresários se recusam a debater sobre ética. Além disso, ele discute o risco de comprometer a autonomia crítica dos veículos de comunicação com o crescente avanço de fusões no setor de mídia.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância da ética na imprensa contemporânea brasileira?
  • Por que os jornalistas e empresários se recusam a debater sobre ética?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das
Letras, 2000.
Na história contemporânea brasileira, a imprensa venceu gran-
des percalços, como a censura, que mascarava a realidade. E agora,
nesses dezesseis anos em que se vê de novo livre, ela se defronta
com outro problema: o da ética nos meios de comunicação. Para
elucidar essa questão e ajudar a refletir sobre ela, o jornalista e crí-
tico de mídia Eugênio Bucci escreveu Sobre ética e imprensa, uma
obra que merece ser adotada por escolas de comunicação e veículos
de imprensa, não apenas para ser lida, mas, sobretudo, para ser
aplicada cotidianamente pelos atuais e futuros profissionais, pois a
ética esta na práxis.
No decorrer dela, a ética jornalística é tratada como pedra de
toque do contrato com os leitores e a liberdade de imprensa é um
quesito inegociável. O autor não endossa o princípio de que os fins
justificam os meios. Para Bucci, o jornalismo é lugar de conflito. E
é por ele ter essa característica que a ética existe, embora, muitas
vezes, a arrogância dos jornalistas e dos empresários se sobrepo-
nham ao debate sobre a questão ética. A ética não é uma norma a
ser seguida apenas por repórteres e editores, devendo envolver tanto
os empregados quanto os empregadores.
Faz sentido falar de ética na imprensa? Para Bucci, trata-se de
uma questão fundamental e urgente (p. 29). Ele retoma a história
para exemplificar: “No dia 25 de janeiro de 1984, o Jornal Nacional
tapeou o telespectador. Mostrou cenas de uma manifestação pública
Ética jornalística:
um debate necessário
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BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Na história contemporânea brasileira, a imprensa venceu gran- des percalços, como a censura, que mascarava a realidade. E agora, nesses dezesseis anos em que se vê de novo livre, ela se defronta com outro problema: o da ética nos meios de comunicação. Para elucidar essa questão e ajudar a refletir sobre ela, o jornalista e crí- tico de mídia Eugênio Bucci escreveu Sobre ética e imprensa, uma obra que merece ser adotada por escolas de comunicação e veículos de imprensa, não apenas para ser lida, mas, sobretudo, para ser aplicada cotidianamente pelos atuais e futuros profissionais, pois a ética esta na práxis. No decorrer dela, a ética jornalística é tratada como pedra de toque do contrato com os leitores e a liberdade de imprensa é um quesito inegociável. O autor não endossa o princípio de que os fins justificam os meios. Para Bucci, o jor nalismo é lugar de conf lito. E é por ele ter essa característica que a ética existe, embora, muitas vezes, a arrogância dos jornalistas e dos empresários se sobrepo- nham ao debate sobre a questão ética. A ética não é uma norma a ser seguida apenas por repórteres e editores, devendo envolver tanto os empregados quanto os empregadores. Faz sentido falar de ética na imprensa? Para Bucci, trata-se de uma questão fundamental e urgente (p. 29). Ele retoma a história para exemplificar: “No dia 25 de janeiro de 1984, o Jor nal Nacional tapeou o telespectador. Mostrou cenas de uma manifestação pública

Ética jornalística:

um debate necessário

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na praça da Sé, em São Paulo, e disse que aquilo acontecia em vir- tude da comemoração do aniversário da cidade. A manifestação era real: a multidão estava lá para exigir eleições diretas para a Presidên- cia da República. O Jor nal Nacional enganou o cidadão naquela noite

  • e prosseguiu eng anando por semanas a fio, ao omitir infor mações sobre a campanha por eleições diretas.” O autor cita ainda que em outros dois momentos a Rede Globo não foi ética com o seu público: nas eleições presidenciais de 1989 e na mobilização popular pelo impeachment de Collor em 1992. Não há aperfeiçoamento técnico, exatidão na coleta e publicação das informações de interesse, rapidez editorial, elegância gráfica, lingua- gem apropriada ou qualquer outro atributo exigido dos grandes veículos de comunicação que tornem supérflua a função normativa da ética, que é julgar com serenidade e independência os fatos, norteada pelos inte- resses da sociedade, cuja coesão e senso ético se relacionam sem con- fusão com a obrigação da retidão nas informações de seus órgãos. Para o autor, os jornalistas não g ostam de falar e debater sobre ética, apontando ele como razões a tradição da cultura política no Brasil, as vigências de regimes autoritários, os poderosos incentivos a práticas fisiológicas ou clientelísticas e a arrogância que impera nas redações dos veículos de comunicação. “O jornalismo já é um si mesmo a realização de uma ética: ele consiste em publicar o que outros querem esconder mas que o cida- dão tem o direito de saber” (p. 41). Os riscos morais inerentes à prática política são um problema dos políticos, ou seja, não da im- prensa séria que tem o direito e o dever de julgá-los por critérios com os quais não pode transigir. Se a verdade é precária, a credibilidade da imprensa pode ser duradoura.. O pecado ético do jornalista não é deixar aflorar suas convic- ções ideológicas, pois isso é intrínseco aos seres humanos. A falta de ética consiste em não esclarecê-los. O que não pode haver é uma ligação for mal de subordinação pública entre o jornalista e setores públicos ou privados. Ele está na profissão para obedecer aos inte- resses públicos, devendo eliminar sempre qualquer possibilidade de alinhamentos excusos. Com a precisão e a minúcia de um trabalho jornalístico sensato, o livro constitui um relato assaz interessante de como a sinergia entre imprensa e ética é indissociável na prática.