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Habilidades visuais e desenvolvimento da leitura em crianças nativas de português, Notas de estudo de Língua Portuguesa

Um estudo sobre a relação entre a habilidade de processamento visual e a leitura em crianças brasileiras no primeiro ano de instrução formal. O estudo investigou as estimativas apoiadas em concepções de reta numérica e a importância de habilidades visuais como análise, atenção, escaneamento e memória para a leitura. Os resultados indicaram a existência de relações estatisticamente significativas entre a habilidade de análise visual e consciência fonológica, leitura, identificação de palavras fora de contexto e conhecimento semântico.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Kaka88
Kaka88 🇧🇷

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VITOR NEVES GUIMARÃES
ESTUDO DA CONTRIBUIÇÃO DAS HABILIDADES
VISUOESPACIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO
DA LEITURA EM CRIANÇAS TÍPICAS NATIVAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA
São João del-Rei
PPGPSI-UFSJ
Setembro/2018
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VITOR NEVES GUIMARÃES

ESTUDO DA CONTRIBUIÇÃO DAS HABILIDADES

VISUOESPACIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO

DA LEITURA EM CRIANÇAS TÍPICAS NATIVAS DE

LÍNGUA PORTUGUESA

São João del-Rei PPGPSI-UFSJ Setembro/

VITOR NEVES GUIMARÃES

ESTUDO DA CONTRIBUIÇÃO DAS HABILIDADES

VISUOESPACIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO

DA LEITURA EM CRIANÇAS TÍPICAS NATIVAS DE

LÍNGUA PORTUGUESA

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Psicologia. Área de Concentração: Psicologia Linha de Pesquisa: Instituições, Saúde e Sociedade Orientadora: Tatiana Cury Pollo Co-orientadora: Cláudia Cardoso-Martins São João del-Rei PPGPSI-UFSJ Setembro/

RESUMO

Um dos principais fatores que contribuem para a leitura competente é a consciência fonológica. Sua contribuição para essa habilidade foi largamente investigada e é conhecida. Entretanto, outras habilidades parecem contribuir para o desenvolvimento da leitura. Neste estudo, buscou-se investigar a contribuição da habilidade de processamento visual para a leitura em crianças brasileiras típicas falantes de língua portuguesa no primeiro ano de alfabetização. Participaram da pesquisa crianças de escolas privadas de uma cidade do sudeste do país (N = 69). Foram avaliadas, em dois momentos distintos, a leitura de palavras frequentes e infrequentes, reconhecimento de fonemas e processamento visual por meio de tarefas experimentais e testes psicométricos. Realizaram-se análises estatísticas a fim de investigar as relações entre as variáveis estudadas. Palavras-chave: leitura; consciência fonológica; processamento visual; crianças típicas; português.

LISTA DE SIGLAS

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética ISSN International Standard Serial Number PV Processamento visual UFSJ Universidade Federal de São João del-Rei WISC Escala Wechsler de Inteligência para Crianças

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………..

ARTIGO. HABILIDADE DE PROCESSAMENTO VISUAL E LEITURA EM

CRIANÇAS TÍPICAS BRASILEIRAS…………………………………………………...

CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………...

REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………...

ANEXOS…..………………………………………………………………………………

De fato, estudos indicam que parece haver uma diminuição da participação do processamento visual quando os indivíduos se tornam leitores mais habilidosos (Brunswick, Martin, & Rippon, 2012). Contudo, outro estudo realizado por Tobia e Marzocchi (2014) constatou a importância do processamento visual somente entre crianças mais velhas em comparação com as mais novas. As diferenças nos resultados encontrados podem se dever a três fatores principais. Primeiro, o levantamento bibliográfico feito permitiu observar uma grande diversidade de conceitos utilizados para definir as habilidades visuais que, muitas vezes, fazem referência a habilidades cognitivas distintas como percepção e memória. Segundo, nem todos os estudos encontrados utilizaram delineamento de corte longitudinal, frequentemente indicado para o estudo do desenvolvimento de habilidades cognitivas (Grammer, Coffman, Ornstein, & Morrison, 2013). Terceiro, as diferentes línguas nativas dos indivíduos que participaram dos estudos e, particularmente, a consistência da relação entre sons e escrita da língua, fator que contribui para a aquisição da leitura (Seymour, Aro, & Erskine, 2003; Ziegler et al., 2010). No que diz respeito à língua portuguesa, cuja consistência ortográfica é média (Seymour et al., 2003), não foram encontrados estudos que investigassem a relação entre habilidades de processamento visual e leitura. Por conseguinte, no presente estudo, buscou- se investigar a relação entre consciência fonológica, leitura e processamento visual em indivíduos típicos que tinham a língua portuguesa como nativa. Partindo de um banco de dados pré-existente coletado na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, foram feitas análises incluindo e comparando pontos de testagem distintos. A presente dissertação é apresentada em formato de artigo científico dentro dos padrões estabelecidos pela Resolução Nº 01 de 20 de outubro de 2016 do Programa de Pós- Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). A produção em questão foi submetida à avaliação do corpo de revisores de periódico científico, conforme as disposições da mesma resolução. Os dados utilizados neste estudo foram extraídos de um banco de dados referente a uma pesquisa anteriormente realizada. A autorização para a utilização desses dados foi obtida da pesquisadora proprietária dos dados mediante uma carta especificando os termos de utilização, apresentada no Anexo A. No que se refere à aprovação, a pesquisa original foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e recebeu o parecer favorável ETIC Nº 96/05, que se encontra no Anexo B. Por fim, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da 10

UFSJ e recebeu o CAAE Nº 96385418.5.0000.5151. 11

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se, com este estudo, melhor compreender as contribuições da habilidade não-linguística de processamento visual geral para a leitura em crianças brasileiras que estavam em seu primeiro ano de instrução formal. O período estudado é importante, pois se caracteriza pela aquisição de estratégias cognitivas que culminarão no pleno desenvolvimento da consciência fonológica e, por conseguinte, em maior competência em leitura (Ehri, 2005). Por essa razão, supôs-se que o processamento visual desempenharia um papel relevante, embora não superior ao da consciência fonológica, no desempenho em tarefas de leitura. De fato, alguns estudos constataram a importância de habilidades visuais como a análise, atenção, escaneamento e memória para a leitura (Plaza & Cohen, 2006; Vellutino et al., 2007; Ferretti et al., 2008; Brunswick et al., 2012; Tobia & Marzocchi, 2014). Dentre os estudos mencionados, o de Vellutino et al. (2007) foi o mais abrangente no sentido de propor um modelo multifatorial de habilidades que contribuem para a leitura, conjugando as habilidades de decodificação fonológica e visual. Neste modelo, a análise visual ou reconhecimento de padrões e elementos discriminativos de estímulos visuais é um fator mediador da decodificação visual, que se refere à capacidade de reconhecer, armazenar e manipular informações visuais. Os resultados indicaram relações entre a análise visual e a consciência fonológica, a identificação de palavras fora de contexto e o conhecimento semântico tanto entre indivíduos da segunda e terceira séries quanto entre indivíduos da sexta e sétima séries do ensino formal numa cidade dos Estados Unidos. Cabe ressaltar que, neste estudo, foi utilizado o subteste Cubos da Escala Wechsler de Inteligência [WISC] (Wechsler, 2002) como medida da habilidade de análise visual, sendo a decodificação visual medida por meio de um teste de memória visuoespacial. Ainda entre falantes de língua inglesa, um estudo longitudinal feito por Brunswick et al. (2012) constatou uma correlação significativa da habilidade chamada de visualização espacial pelos autores e a leitura em crianças inglesas que se encontravam no primeiro ano de instrução formal. Utilizou-se, para medir a visualização espacial, um teste de disposição de blocos semelhante ao subteste Cubos da WISC. Outra medida adotada pelos pesquisadores foi a de combinação de formas visuais semelhantes a letras. 13

Ambos os estudos supracitados demonstraram a contribuição da habilidade de processamento visual para a leitura. Vellutino et al. (2007) apontaram sua importância nos dois grupos estudados enquanto que Brunswick et al. (2012) observaram-na somente durante a primeira série de instrução formal. Contudo, o presente estudo não constatou esta contribuição entre crianças brasileiras que estavam em seu primeiro ano de alfabetização. Uma possível explicação para essa diferença nos resultados está relacionada à própria estrutura das línguas dos participantes da pesquisa. Em um estudo realizado por Seymour et al. (2003), o português foi classificado como uma língua de ortografia de média consistência e de estrutura silábica simples. Já o inglês foi classificado como de ortografia de baixa consistência e estrutura silábica complexa. Essa diferença estrutural implica uma aquisição mais lenta e menor precisão da leitura entre indivíduos de língua de baixa consistência. Uma possível explicação para os resultados observados é que os indivíduos de língua inglesa se apoiem mais na identificação de palavras inteiras que nas relações entre letras e sons devido à inconsistência de sua ortografia. Em contrapartida, dos estudos de Plaza e Cohen (2006), Ferretti et al. (2008) e Tobia e Marzocchi (2014) participaram indivíduos falantes de italiano e francês, ambas línguas neolatinas, como o português. O italiano possui ortografia de consistência intermediária entre alta e média e o francês, consistência intermediária entre média e baixa, sendo as duas línguas de estrutura silábica simples (Seymour et al., 2003). Devido às semelhanças tanto no que diz respeito à origem, quanto à consistência ortográfica e estrutura silábica, acreditou-se que os estudos com indivíduos falantes de línguas neolatinas oferecessem resultados mais próximos dos que se poderiam esperar em língua portuguesa. Plaza e Cohen (2006) investigaram a relação do processamento fonológico, da velocidade de nomeação e da atenção visual com a leitura em crianças francesas. A tarefa de atenção visual empregada pelos pesquisadores consistiu na identificação de símbolos não-linguísticos semelhantes a letras apresentados em séries de estímulos-resposta e distratores. Participaram do estudo crianças no final do jardim de infância e primeira série de ensino formal. Os resultados indicaram a participação significativa da atenção visual entre crianças no trânsito entre jardim de infância e primeira série que não se repetiu ao final da primeira série. Esses resultados são parecidos aos encontrados por Brunswick et al. (2012) e distintos dos encontrados pelo presente estudo. É importante observar que tanto o estudo de Brunswick et al. (2012) quanto o presente estudo adotaram a mesma medida para o processamento visual, construto que não 14

em atenção visuoespacial e a fluência de leitura. Os autores, entretanto, consideraram que a medida de tempo de reação poderia ser melhor instrumento de medição da coordenação visual-motora que da atenção visual propriamente dita. Não foi possível, devido à diferença dos instrumentos adotados, comparar os resultados do estudo de Tobia e Marzocchi (2014) com os resultados da presente pesquisa. Não obstante, pode-se supor que diferentes habilidades relacionadas ao processamento visual, como a coordenação visual-motora, a atenção, a discriminação de estímulos visuais, dentre outras contribuem de formas distintas em diferentes etapas do desenvolvimento da habilidade de leitura. Nessa direção, estudos posteriores podem investigar (1) a contribuição da habilidade de processamento visual geral para a leitura em indivíduos no período de transição entre o jardim de infância e a primeira série do ensino fundamental (Brunswick et al., 2012) e (2) entre grupos de leitores com maior experiência (Vellutino et al., 2007); (3) o papel de habilidades específicas como atenção, memória, discriminação visuais e coordenação visual-motora em momentos distintos da aquisição da leitura. Concluiu-se que a habilidade de processamento visual geral, medida por meio do subteste Cubos da WISC, não contribuiu de forma significativa para o desempenho em leitura no início do primeiro ano de alfabetização de crianças típicas brasileiras. Comparativamente, a capacidade de reconhecer fonemas, uma das formas de se mensurar o construto da consciência fonológica, foi o único preditor significativo da leitura no mesmo momento. Este resultado está em conformidade com os achados de pesquisas anteriores (Vellutino, Fletcher, Snowling, & Scanlon, 2004; Ziegler & Goswami, 2005). Recomenda- se a realização de novos estudos a fim de compreender a participação de habilidades visuoespaciais em diferentes momentos do desenvolvimento da leitura em crianças falantes de língua portuguesa. 16

REFERÊNCIAS

Brunswick, N., Neil Martin, G., & Rippon, G. (2012). Early cognitive profiles of emergent readers: A longitudinal study. Journal of Experimental Child Psychology , 111 (2), 268–

  1. doi:10.1016/j.jecp.2011.08. Brunswick, N., Martin, G. N., & Rippon, G. (2012). Early cognitive profiles of emergent readers: A longitudinal study. Journal of Experimental Child Psychology , 111 (2), 268–
  2. doi:10.1016/j.jecp.2011.08. Ehri, L. C. (2005). Development of sight word reading: phases and findings. In Margaret J. Snowling & C. Hulme (Orgs.), The science of reading: ahandbook (p. 135–154). Blackwell Publishing Ltd. doi:10.1002/9780470757642.ch Ferretti, G., Mazzotti, S., & Brizzolara, D. (2008). Visual scanning and reading ability in normal and dyslexic children. Behavioral Neurology , 19 , 87–92. doi:10.1155/2008/ Flanagan, D. P., & Dixon, S. G. (2013). The Cattell-Horn-Carroll Theory of cognitive abilities. Encyclopedia of Special Education. doi:10.1002/9781118660584.ese Gebuis, T., & Reynvoet, B. (2012). The role of visual information in numerosity estimation. PLoS ONE , 7 (5), e37426. doi:10.1371/journal.pone. Grammer, J. K., Coffman, J. L., Ornstein, P. A., & Morrison, F. J. (2013). Change over time: conducting longitudinal studies of children's cognitive development. Journal of Cognition and Development , 14 (4), 515–528. doi:10.1080/15248372.2013. Olive, T., & Passerault, J. (2012). The visuospatial dimension of writing. Written Communication , 29 (3), 326–344. doi:10.1177/ Plaza, M., & Cohen, H. (2006). The contribution of phonological awareness and visual attention in early reading and spelling. Dyslexia , 13 , 67–76. Seymour, P. H., Aro, M., & Erskine, J. M. (2003). Foundation literacy acquisition in european orthographies. British Journal of Psychology , 94 (2), 143–174. doi:10.1348/ 17

ANEXOS

Anexo A – Carta de autorização para utilização dos dados publicados nesta pesquisa. 19

Anexo B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais. 20