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Comparativo CAT-A e CAT-H em crianças de 7 e 8 anos: Análise quantitativa e qualitativa, Notas de estudo de Psicologia

Um estudo comparativo entre as versões animais e humanas (cat-a e cat-h) do children's apperception test (cat), utilizado em crianças brasileiras de 7 e 8 anos. O documento analisa as diferenças quantitativas e qualitativas entre as duas versões do teste, incluindo o tempo gasto, número de palavras, descrições e rejeições, temas, identificações e motivações. O estudo mostra que as formas humanas do cat podem ser mais adequadas para crianças desta faixa etária, pois estimulam a formulação de estórias mais do que a versão animal.

O que você vai aprender

  • Quais são as principais temáticas e motivações apresentadas pelos sujeitos nas estórias do CAT-A e CAT-H?
  • Por que as formas humanas do CAT podem ser mais estimulantes para crianças de 7 a 8 anos do que as formas animais?
  • Quais são as principais variáveis que podem influenciar as respostas dos sujeitos nas diferentes versões do CAT?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Luiz_Felipe
Luiz_Felipe 🇧🇷

4.4

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bg1
Estudo comparativo do
CAT-A
e
CAT-H
em
crianças de 7 e 8 anos
1.
Introdução
ANDRÉ ALBIN J ACQUEMIN*
MARIA ANGÉLICA
DE
O. MARTINS**
1.
Introdução; 2. Objetivos; 3. Metodo-
logia;
4.
Resultados-Discussão;
5.
Con-
clusões.
Dentre
as
diversas possibilidades de estudo da personalidade infantil,
as
técnicas
projetivas
têm
mostrado sua valiosa colaboração. O Children's Apperception Test,
elaborado
por
Bellack
em
1949, introduziu-se progressivamente como técnica
indispensável na realização dos exames psicológicos para crianças. Constituído
inicialmente de
10
figuras de
animais
em diversas situações, através delas a criança
é levada a contar estórias que permitirão revelar a dinâmica das suas relações
interpessoais e conhecer a estrutura relativa a seus problemas de desenvolvimento.
A escolha de figuras
animais
baseou-se na idéia de que
as
crianças
se
identificam
com maior facilidade com estímulos
animais
do que humanos.
As
justificativas
apresentadas salientavam que os animais podiam oferecer algum disfarce nas
* Professor-assistente doutor
junto
ao Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.
USP.
**
Psicóloga da APAE de Ribeirão Preto.
Arq. bras.
Psic.
apl., Rio de Janeiro, 28
(1):
3747,
jan./mar. 1976
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Estudo comparativo do

CAT-A e CAT-H em

crianças de 7 e 8 anos

  1. Introdução
ANDRÉ ALBIN J ACQUEMIN*
MARIA ANGÉLICA DE O. MARTINS**
  1. Introdução; 2. Objetivos; 3. Metodo- logia; 4. Resultados-Discussão; 5. Con- clusões.

Dentre as diversas possibilidades de estudo da personalidade infantil, as técnicas projetivas têm mostrado sua valiosa colaboração. O Children's Apperception Test, elaborado por Bellack em 1949, introduziu-se progressivamente como técnica indispensável na realização dos exames psicológicos para crianças. Constituído inicialmente de 10 figuras de animais em diversas situações, através delas a criança é levada a contar estórias que permitirão revelar a dinâmica das suas relações interpessoais e conhecer a estrutura relativa a seus problemas de desenvolvimento. A escolha de figuras animais baseou-se na idéia de que as crianças se identificam com maior facilidade com estímulos animais do que humanos. As justificativas apresentadas salientavam que os animais podiam oferecer algum disfarce nas

* Professor-assistente doutor junto ao Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade

de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. USP.

** Psicóloga da APAE de Ribeirão Preto.

Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro, 28 (1): 3747, (^) jan./mar. 1976

atribuições de sentimentos negativos, ou seja, a idéia de dominação ou agressão podia ser mais facilmente atribuída à figura de um leão do que à de um homem. Outras justificativas referiam-se ao grande número de respostas animais dadas pelas crianças do Rorschach, em oposição à quase ausência de respostas humanas e ao fato de as figuras animais pertencerem ao mundo da criança, através do I contato que ela tem com as fábulas, fIlmes e brinquedos. Esta utilização dos estímulos animais com o objetivo de conhecer e com- preender a personalidade infantil levou vários pesquisadores a estudarem sua vali- dade, em oposição às técnicas que faziam uso de figuras humanas. A revisão da literatura sobre o assunto (1,4,5,6,8,9, 10, 13, 14 e 18), mostra que os estímulos humanos parecem ser mais motivadores que os animais, sobretudo com crianças entre 7 e 10 anos ou com crianças· de idade mental superior à cronológica, não existindo, entretanto, homogeneidade nos resultados. Bellack e Hurvich (3) resumem esta problemática concluindo que "algumas crian- ças parecem dar-se melhor com os estímulos animais e outras com estímulos humanos, e tais preferências podem estar associadas a variáveis específicas de personalidade: por exemplo, as que têm dificuldade em formular respostas reagem melhor diante das figuras animais". Analisando essa falta de concordância nos resultados, podemos observar a grande variabilidade das situações experimentais, sendo que certos pesquisadores

comparam CAT versus TAT, outras CAT versus série humana comparável, varian-

do esta de um autor para o outro. A utilização de tal material cria uma ambigüi- dade quanto à idade e ao sexo dos personagens representados no material humano e que não se encontra no animal. Além da constituição diferente de amostras quanto à idade, sexo, nível intelectual, socioeconômico e tipo de psicopatologia, verifica-se ainda que estas pesquisas, na maioria das vezes, preocuparam-se muito mais com a interpretação superficial do teste (comparação do número de palavras, tempo de reação etc.) do que com a interpretação dinâmica. Esforços no sentido de controlar variáveis e analisar o teste de um modo mais profundo foram realizados por Haworth (11) e Lawton (12). Utilizando uma forma experimental do CAT-H, Haworth comparou-a com o CAT original e estudou de uma maneira mais aprofundada a dinâmica das estórias empregando o guia de mecanismos adaptativos nas respostas CAT - Haworth (11) -, que tem por base a avaliação dos mecanismos de defesa utilizadas pelas crianças frente aos estímulos animais e humanos. Seus resultados não demonstram dife- renças significativas entre as duas formas seja quanto ao número de pontos críticos encontrados, seja ao número de mecanismos de defesas inadequados utilizados. Seguindo o mesmo processo experimental, Lawton (12) confirmou esses resultados. Quanto ao conteúdo das estórias analisado em função da interpretação dinâmica das estórias ·CAT de Haworth, os resultados de Lawton assemelham-se aos de Haworth. As ~iferenças mai.s marcantes encontradas foram as seguintes:

38 A.B.P.A. 1/

Progressivas de Raven - escala especial, aceitando-se somente crianças cujos resul- tados fossem igual ou superior ao termo médio. Quanto à escolaridade, tomaram- se crianças cujas idades se enquadrassem exatamente nos limites correspondentes às La e 2. a séries do 1.0 grau (7 anos a 7 anos e 11 meses e 8 anos a 8 anos e 11 meses, respectivamente). A caracterização geral da amostra estudada está colocada no quadro 1.

Escolaridade

1.0 ano

2.0 ano

Quadro 1 Características gerais da amostra

Dados gerais Idade média

7a. 2m.

8a.4m.

Raven

N.o de percentil pontos

20 75

21 75

3.2 Material e procedimentos usados

Sexo

M F

12 12

12 12

Utilizou-se os testes do CAT-A e CAT-H nas suas formas originais. A aplicação foi feita em condições normais, de acordo com as normas prescritas por seus autores.

  • Na primeira fase, metade das crianças de cada série, igualmente divididas de acordo com o sexo, respondeu ao CAT-A e a outra metade ao CAT-H. Na segunda fase, 30 a 40 dias depois, inverteu-se a apresentação dos estímulos. A comparação dos resultados foi feita levando-se em conta os aspectos quantitativos e qualitativos do material e considerando-se as duas formas do teste.

Aspectos quantitativos:

  • Tempo total: tempo gasto para a formulação das estórias.
  • Número de palavras: número de palavras empregadas na construção das estórias.

.. Número de descrição: respostas descritivas, enumeração dos detalhes da figura sem elaboração de estória.

  • Número de rejeição: ausência de estórias, mesmo após estimulação da criança.

40 A.B.P.A. 1/

Aspectos qualitativos:

  • Tema: resumo da ação dramática dominante na est6ria, que permite detet- minar, conforme Boulanger-Balleyguier (7), as banalidades no teste.
  • Identificação: personagem no qual o sujeito parece se projetar. Para a esco- lha do herói, considerou-se o personagem do qual a criança adota o ponto de vista

na estória, cujas ações e influências são mais not6rias. Se vários personagens

fossem descritos com igual importância, a escolha recaía sobre· aquele mais seme- lhante ao sujeito, em função do sexo e da .idade, ou sobre o conjunto dos perso- nagens existentes.

  • Motivação: ações atribuídas ao her6i, determinadas a partir daS indicações dadas por Muller (15) e Boulanger-Balleyguier (7).

3.3 Tratamento estatístico

A fim de verificar a existência de diferenças significativas nestes aspectos entre as duas formas do CAT, utilizou-se o teste do X 2 , nível de significância .05.

  1. Resultados 3 e discussão

4.1 Aspectos quantitativos

o número médio de palavras utilizadas na formulação das est6rias é marcadamente

mais elevado no CAT-H. Além disso, o número de descrições na forma humana

encontra-se significativamente inferior ao da forma animal..

Estes resultados parecem confirmar pesquisas anteriores quanto ao fato dos estímulos humanos com crianças de sete anos e mais serem mais estimuladores que os animais. O CAT-H seria desta forma mais adaptado para as crianças desta faixa de idade, provocando maior atração e estimulação de est6rias. As rejeições e o tempo médio total, por sua vez, aparecem com resultados bastante semelhantes, não se encontrando diferenças significativas entre as duas formas.

2 Ver - Muller. Le CAT. Recherches IUr le dY1lllmisme enfantin. p. 47-53. Boulanger- Balleyguier. La penon1lll1ité des enfants normaux et caractérlels à traven le test d'aperception CAT. p.59-65. 3 Em anexo, os quadros 1 e 2 forneçem os resultados quanto aos aspectos quantitativos e os quadros 3 a 5, quanto aos aspectos qualitativos. Os resultados significativos são indicados com asteriscos.

CAT·A e CAT·H 41

discrepância nos resultados desta prancha se deve, a nosso ver, à própria estrutura do material do CAT-A e CAT-H (ratinho substituído por uma criança). Por outro lado, a projeção de sentimentos mais negativos é facilitada no CAT-A, sobretudo nas pranchas m, VII e X, enquanto o inter-relacionamento

familiar o é no CAT-H, especialmente nas pranchas m, VI, IX eX.

Mesmo assim pode-se dizer que, de modo geral, as duas formas do CAT se assemelham bastante quanto aos temas, identificações e motivações, sendo as poucas diferenças constatadas resultado das variações dos estímulos nas pranchas

do CAT-A e CAT-H.

Referências bibliográficas

  1. Armstrong, M. Children's responses to animal and human figures in thematie pietures. J. Consult. hychoL n. 18, p. 67-70, 1954.
  2. Bellak, L. The TATand CATin clinicai use.New York, Grune.l; Stratton, 1954.
  3. .I; Hurvieh, M. S. An human modifleation of the Children's Appereeption Test. J. Prol. Teck, n. 30, p. 228-42, 1966.
  4. Bierdorf, K. .I; Mareuse, F. Responses of ehildren to human and to animal pietures. J. Prol. Teck, n. 17, p. 455-9,1953.
  5. Bills, R. Animais pietures for obtaining ehildren's projeetions. J. Qin. hychoL, n. 6, p. 291-3, 1950.
  6. Leiman, C. .I; Thomas, R. A study of the validity of the TAT and a set of animal pietures. J. Qin. hychoL, n. 6, p. 293-5, 1950.
  7. Boulanger-Balleyguier. La personnalité des enfants nonnaux et CIITtlctériels à travers le test d'aperception CAT. Paris, CNRS, 1963.
  8. Boyd, N. .I; Maudler, G. Children's responses to human and animal stories and pietures. J. Consult. hychoL, n. 19, p. 237-71, 1955.
  9. Budoff, M. The relative utility of animal and human figures in a pieture story test for young ehildren. J. Prol. Teck, n. 24, p. 347-52, 1960.
  10. Furuya, K. Responses of sehool ehildren to human and animal pietures. J. Prol. Tech., n. 21, p. 248-52, 1957.
  11. Haworth, M. A sehedule for the analysis of CAT responses. J. Prol. Tech., n. 27, p. 181-4, 1963.
  12. Lawton, M. J. Animal and human CATs with a sehool sample. J. Prol. Tech., n. 30, p. 243-6, 1966.
  13. Light, B. Comparative study of a series of TAT and CAT eards. J. Qin. hychoL, n. 10, p. 179-81, 1954.
  14. Mainord, F. .I; Mareuse, F. Responses of disturbed ehildren to human and animal pietures. J. Prol. Teck, n. 18, p. 475-7, 1954.
  15. Muller, Ph. Le CAT. Recherches sur le dynamisme enfantin. Berne, Hans Huber, 1958.
  16. Myler, B., Rozenkrantz, A. .I; Holmes, G. A eomparison ofthe TAT, CATand CAT-H among seeond grade girls. J. Prol. Teck., n. 36, p. 440-3,1972.
  17. Neuringer, C. .I; Livesay, R. C. Projeetive fantasy on the CAT and CAT-H. J. Prol. Tech., n. 34, p. 487-91, 1970.
  18. Weisskopf-Joelson, E. .I; Foster, H. An experimental study or the erfeet or stimulus variation upon projeetion. J. Prol. Teck, n. 26, p. 366-70, 1962.

CAT·A e CAT-H^43

Anexos

Quadro 1 Tempo e número de palavras utilizadas na formulação das 10 estórias do CAT-A e CAT-H

CAT-A

Tempo médio (em minutos) 40'

Número médio de palavras 712

Quadro 2

CAT-H

45'

801

Teste de significação

0,

5,22*

Descrições e rejeições apresentadas pelos sujeitos no CAT-A e CAT-H

CAT-A

Número de descrições 54

Número de rejeições 5

44

CAT-H

31

7

Teste de significação

6,22*

0,

A.B.P.A. 1/

Prancha

11

III

IV

V

VI

VII

VIII

IX

X

46

Quadro 4 Heróis indicados com maior freqüência nas estórias

Herói CAT-A^ CAT-H

As crianças 33 38 Uma criança 3 4 O adulto 6 2

Os três (^22 ) Os dois juntos 11 4 O sozinho 4 6

O adulto (^33 ) A criança (^4 )

O adulto 17 15 O adulto e os fllhos 15 19 A criança de bicicleta 6 11

A criança (^21 ) Uma criança (^9 )

A criança da frente 20 18 Os três (^9 ) O adulto (pai ou mãe) (^7 )

A criança (^31 ) O adulto (^13 )

A criança (^10 ) A mãe ou o pai (^10 ) A família (^8 )

A criança 40 38 O adulto (pai ou mãe) 1 2

A criança (^24 ) O adulto 9 14 Os dois 7 2

Teste de significação

0, 0, 2,

2, 3, 0,

1, 6,36·

0, 0, 1,

3, 3,

0, 4,16· 2,

0, 0,

0, 0, 1,

0, 0,

0, 1, 2,

A.B.P.A. 1/

Prancha

11 III IV V VI VII VIII IX Motivações mais freqüentes nas estórias do CAT-A e CAT-H CAT-A e CAT-H Teste de 8,14*

 - Quadro X 
  • Alimentação Motivação CAT-A CAT-H
  • Afiliação
  • Competição
  • Consideração
  • Divertimento
  • Assistência
  • Descanso
  • Agressão
  • Afiliação familiar
  • Aquisição
  • Divertimento
  • Afiliação
  • Proteção
  • Divertimento
  • Descanso
  • Afiliação familiar
  • Assistência
    • Descanso
  • Evitar sofrimento
  • Assistência
  • Exercer proteção
  • Evitar sofrimento
  • Agressão
  • Assistência
    • Afiliação
    • Dominação
  • Curiosidade
    • Assistência
    • Afiliação
    • Descanso
    • Evitar sofrimento
    • Exercer proteção
    • Assistência
    • Evitar sofrimento
    • Afiliação - 0, significação - 0, - 1, - 1, - 2, - 0, - 0, - 0, 6,22* - 0, - 0, - 0, - 1, - 1, - 0, - 0, - 0, - 0, - 0, - 0, - 0, - 0, - 1, - 0, - 0, - 0, - 0, - 2, - 0, - 2, - 1, - 2, - 0, 8,14*