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Análise crítico-reflexiva das estratégias de redução de danos no cuidado a pessoas com transtorno por uso de álcool em CAPS-AD no Brasil. Compreende a aplicação dessa abordagem, identificando potencialidades e desafios, especialmente quanto ao impacto neuropsicológico. Adota abordagem qualitativa, focada na percepção de profissionais e usuários. Ressalta a importância de uma abordagem humanizada, que valorize a autonomia e a liberdade dos pacientes, considerando as diversas dimensões da saúde mental. Evidencia a necessidade de investimentos em infraestrutura e educação continuada dos profissionais, bem como de uma equipe completa para a efetivação da redução de danos.
Tipologia: Resumos
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Análise crítico-reflexiva das estratégias de redução de danos em CAPS- AD e o impacto das alterações neuropsicologicas nas dependências por uso de álcool - um estudo exploratório Ana Paula Matos Bispo de Novaes RA 823226994 Ednaisa Pereira da Silva; RA 82322704 Orientadora: Rosani Siqueira Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito para a certificação do Curso de Especialização em Neuropsicologia Abril 2023 São Paulo
O objetivo deste artigo é analisar os efeitos neuropsicológicos das substâncias psicoativas, incluindo como elas afetam as funções executivas e a tomada de decisões, o que pode levar a consequências negativas na adesão ao tratamento e na manutenção da abstinência e redução danos. Alguns fatores pré- existentes, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), parecem aumentar a vulnerabilidade à dependência química. Além disso, serão discutidas as mudanças comportamentais e emocionais que ocorrem durante a adolescência, um período crítico marcado por um complexo processo de maturação e reorganização cerebral, principalmente em áreas do córtex pré-frontal, que podem tornar os jovens mais propensos a se envolverem em comportamentos de risco e abuso de substâncias. Palavras-chave : redução de danos Caps; transtornos relacionados ao uso de álcool; neuropsicologia; adolescentes. ABSTRACT The purpose of this article is to analyze the neuropsychological effects of psychoactive substances, including how they affect executive functions and decision- making, which can lead to negative consequences on treatment adherence and the maintenance of abstinence and harm reduction. Some pre-existing factors, such as Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), appear to increase vulnerability to addiction. In addition, the behavioral and emotional changes that occur during adolescence will be discussed, a critical period marked by a complex process of brain maturation and reorganization, especially in areas of the prefrontal cortex, which can make young people more likely to engage in risky behaviors and substance abuse.
O álcool é consumido por, aproximadamente, 43% ou 2.348 bilhões da população mundial, sendo a média de consumo de álcool per capita na população acima de 15 anos estimada em 6,4 litros de álcool puro por ano.^1 Segundo o III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira de 2017 (LENUD), a prevalência do uso de bebida alcoólica na vida é de 66,4%, enquanto a nos últimos 12 meses é de 43,1% e a nos últimos 30 dias é de 30,1%. Já a prevalência de binge drinking , definido pelo consumo em uma única ocasião de 4 ou mais doses para mulheres e 5 ou mais doses para homens, é de 16,5%. Os dados epidemiológicos apontam que o álcool é mais consumido por homens do que por mulheres (51,6% versus 35%, nos últimos 12 meses), sendo a faixa etária com maior proporção de consumo a de indivíduos entre 25 e 34 anos (38,2%).^2 A Neuropsicologia aplicada ao abuso e dependência do álcool desempenha um papel crucial na compreensão dos efeitos dessa substância no cérebro humano. Ela investiga como o álcool afeta a cognição e o comportamento dos indivíduos, bem como os comprometimentos neurocognitivos associados ao seu uso. A relação entre danos cerebrais e seus efeitos na função cerebral é explorada através de métodos como tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), tomografia por emissão de pósitrons (PET) e tomografia computadorizada de emissão de fóton único (SPECT) No contexto do uso agudo, o álcool tem sido associado a déficits na atenção, memória, funções executivas e habilidades visuoespaciais. Por outro lado, o uso crônico está relacionado a alterações na memória, aprendizado, análise e síntese visuoespacial, velocidade psicomotora, funções executivas e tomada de decisões. Em casos extremos, pode levar a transtornos persistentes de memória e até mesmo demência alcoólica. Os déficits cognitivos observados em dependentes de álcool, especialmente nas funções executivas associadas às regiões frontais do cérebro, têm implicações significativas no tratamento desses indivíduos. A compreensão desses déficits é
fundamental para orientar a escolha das estratégias terapêuticas mais apropriadas e para avaliar o prognóstico do paciente. Acredita-se que a avaliação neuropsicológica desempenha um papel crucial na detecção e na avaliação da progressão dessas alterações. Além disso, a reabilitação cognitiva é vista como uma ferramenta relevante na recuperação dos déficits cognitivos e na reintegração psicossocial dos pacientes afetados pelo abuso e dependência do álcool. Durante a adolescência, a busca pela identidade e a tendência à impulsividade são características proeminentes do desenvolvimento cerebral. Esses aspectos frequentemente levam os jovens a experimentar novos comportamentos, muitas vezes associados à sua turma ou grupo social. Parece que os adolescentes estão em busca de emoções intensas, porém ainda não possuem uma compreensão completa das consequências futuras de suas ações. É comum nesta fase o surgimento de transtornos mentais, o envolvimento em atividades de risco e o abuso de substâncias A Atenção Primária à Saúde (APS) é uma das possibilidades de onde se iniciar o cuidado ao indivíduo com transtorno por uso de álcool. Por ser preferencialmente a porta de entrada do indivíduo no sistema de saúde, é nesse nível de atenção onde há a maior oportunidade de estabelecer vínculos e laços de confiança com os usuários, o que permite a construção colaborativa de um plano de cuidado de base comunitária e contrapõe o modelo ultrapassado de internação involuntária ou compulsória para tratamento da dependência química.^3 Dentro deste contexto, também destacamos os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD), um serviço de saúde aberto e comunitário, que atende as pessoas com necessidades relacionadas à saúde mental e decorrentes do uso de substâncias psicoativas, atuando na promoção da saúde e do bem-estar desses indivíduos. O CAPS-AD compõe a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), que, por sua vez, fornece o cuidado integral à saúde mental da população brasileira e tem por objetivo garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção dos dispositivos de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. Os profissionais do CAPS-AD atuam com uma
3.Entender as potencialidades e os desafios para a efetivação desta estratégia nas avaliações neuropsicologicas.
3. REFERENCIAL TEÓRICO O uso problemático de álcool é uma questão de saúde pública que, segundo o Relatório de Status Global da OMS sobre Álcool e Saúde de 2018, causou, aproximadamente, 3 milhões de mortes (5,3% de todos os óbitos no mundo), um número maior que a soma dos óbitos causados por hipertensão e diabetes juntos. O termo "uso problemático" refere-se a um contexto de consumo que leva a prejuízos individuais, coletivos, de saúde ou sociais.^1 Já o "transtorno por uso de álcool" (TUA) é uma definição conceitual do ponto de vista médico e psiquiátrico, já que se encontra no DSM-5 criado pela Associação Americana de Psiquiatria. Segundo o DSM-5, o TUA é definido por um padrão problemático de uso que leva a comprometimento ou a sofrimento significativo, e é caracterizado por perda de controle sobre o uso, desejo intenso de consumir a bebida, necessidade de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito, sintomas de abstinência após suspensão do uso, abandono de atividades sociais e profissionais, problemas em relações interpessoais, entre outros.^8 Conforme a American Psychiatric Association (APA), a característica fundamental do indivíduo com dependência química é a persistência no uso da substância, mesmo diante das consequências negativas que isso acarreta em diferentes aspectos da vida, seja social, psicológica ou legal (APA, 1994). Esses comportamentos de risco frequentes tendem a resultar em prejuízos diversos. Diante desse entendimento, pesquisadores têm investigado o comportamento de pessoas com dependência de álcool e drogas por meio de um teste inovador chamado Iowa Gambling Task (IGT), que simula situações de ganho e perda na vida real. O objetivo é avaliar como esses indivíduos lidam com recompensas e punições a curto e longo prazo. "A estraté gia de reduç ã o de danos e riscos associados ao consumo prejudicial de drogas vem permitindo que as prá ticas de saú de acolham, sem julgamento, as demandas de cada situação, de cada usuário, ofertando o que é possível e o que é necessário, sempre estimulando a sua participação e seu engajamento. A estratégia de redução de danos sociais reconhece cada usuário em suas singularidades, traçando
com ele estratégias que estã o voltadas para a defesa de sua vida." (Ministé rio da Saúde, 2005. p.44) O IGT foi originalmente desenvolvido para examinar o processo de tomada de decisões em pacientes com lesões cerebrais nas áreas frontais do córtex pré-frontal (CPF) (Bechara et al., 1994; Buelow, Suhr, 2009). Após lesões nessas áreas, especialmente nas órbito-frontais, pessoas com personalidade normal tendem a demonstrar comportamento social inadequado e enfrentam dificuldades na tomada de decisões e na execução de ações, resultando em consequências negativas repetidas (Damasio et al., 1990; Rogers et al., 1999). Um exemplo famoso dessas situações é o caso de Phineas Gage (Damasio, 1996). Da mesma forma que Gage e outros pacientes com lesões nas áreas frontais do cérebro, é sabido que, na maioria dos casos, indivíduos dependentes de álcool e drogas exibem alterações de comportamento e personalidade semelhantes. Além disso, estudos de neuroimagem estrutural e funcional têm evidenciado disfunções nessas áreas do cérebro em dependentes químicos durante o período de abstinência, o que pode estar relacionado às alterações comportamentais observadas nesses usuários (Volkow et al., 1988; Fe...).
4. METODOLOGIA Descrever estratégias de redução de danos utilizadas em pessoas com transtorno por uso de álcool em CAPS-AD no Brasil. Neste contexto de metodologia qualitativa aplicada à saúde, empregamos a concepç ã o de que não se busca estudar o fenô meno em si, mas entender seu significado individual ou coletivo para a vida das pessoas.^17 Foi realizada uma pesquisa descritivo-explorató ria para observar, classificar e descrever estratégias de redução de danos utilizadas em pessoas com transtorno por uso de álcool em CAPS AD no Brasil. Para este intuito, realizamos uma busca na literatura e selecionamos os textos dos últimos 5 anos, com a seguinte estratégia de busca: (harm reduction) AND (alcohol related disorder) AND (psychosocial care), nas bases de dados do PUBMED,
formas de enfrentar o desafio da formação é através de programas de residência médica, residência multidisciplinar e cursos de especialização, apoiados financeiramente pelo Ministério da Saúde.^9 Essas lacunas na capacitação interferem na qualidade da oferta assistencial aos usuários de álcool.^4 Serviços de saúde foi uma categoria na qual foram encontrados 7 artigos, nos quais são apresentados sobre CAPS e Comunidade Terapêutica. A Portaria nº 3.088/11 coloca os Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) como protagonistas do cuidado destinado aos usuários problemáticos de álcool e outras drogas.^5 Os CAPS também atendem aos usuários em seus momentos de crise, podendo oferecer acolhimento noturno por um período curto de dias.^12 Os projetos desses serviços ultrapassam sua estrutura física, em busca da rede de suporte social que possa garantir o sucesso de suas ações, preocupando-se com a pessoa, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.^12 A implantação dos serviços de atenção diária tem mudado o quadro de desassistência que caracterizava a saúde mental pública no Brasil. A cobertura assistencial vem melhorando progressivamente, mas ainda está longe do parâmetro estabelecido pelo Ministério da Saúde.^9 Um exemplo é o Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), em Belo Horizonte, que além do atendimento aos usuários e familiares, contribui para a formação dos profissionais do SUS na área das Toxicomanias. Possui um trabalho individualizado e atividades como oficinas de artesanato, cultura e lazer; e após o tratamento, o usuário é encaminhado para outros grupos sociais de forma que permaneça inserido na sociedade.^12 Os CAPS, no processo de construção de uma lógica comunitária de atenção à saúde mental, oferecem então os recursos fundamentais para a reinserção social de pessoas com transtornos mentais. São os articuladores estratégicos da rede e da política de saúde mental num determinado território.^11 Nos serviços, os programas de RD são sensíveis ao contexto social, econômico e político nos quais estão inseridos, e são utilizados como recursos ofertados àqueles usuários que não desejam a abstinência, como uma forma de minimizar os danos associados ao consumo de drogas e consequências à saúde, circunstâncias sociais e econômicas.^13 Essas singularidades propiciam diferenças na forma de abordagem, na formação dos profissionais, na configuração das equipes, nos serviços e produtos
oferecidos.^4 Sobre as adversidades encontradas na inserção da RD nos serviços de atenção primária, observa-se que a RD passa por períodos de não aceitação, resistência e afirmação ao longo de sua construção.^11 Os “Programas de Monitoramento de Álcool “ (PMA) são designados para reduzir os danos causados pelo uso de álcool, principalmente os riscos associados ao uso do álcool impróprio para o consumo, como álcool para limpeza de superfícies, desinfetante para as mãos e outras formas perigosas de álcool. Esses locais também possuem serviços sociais adicionais como alimentação, acomodação, serviço primário de cuidados de saúde e outros monitoramentos clínicos.^3 Políticas eficazes relacionadas ao consumo de álcool usam uma abordagem multinível e o setor da saúde é fundamental para a promover intervenções a nível individual a pessoas e famílias em risco ou afetadas pelo uso nocivo do álcool.^1
2. DISCUSSÃO Segundo os estudos analisados, foram observados os desafios enfrentados na Atenção Primária à Saúde (APS) tanto pela equipe, quanto pelos usuários, entre eles a dificuldade da equipe em estabelecer vínculos, destacando-se o preconceito contra estes usuários e a concentração da assistência em serviços especializados, fortalecendo o manejo do cuidado por meio da institucionalização. Os profissionais notam que os problemas relacionados ao uso de álcool são frequentes na APS e consideram importante dar maior suporte a esses pacientes. ¹ , ³ , 4 , ¹¹ Observa-se também que o modelo institucionalizado é hegemônico e de fácil adesão por parte dos profissionais, apesar da importância da Reforma Psiquiátrica e da Atenção Psicossocial. Nesse sentido, sugere-se que os profissionais de saúde promovam uma reflexão sobre o uso de álcool e o contexto sociocultural dos usuários, a fim de reduzir o problema em abordar o tema e a falta de conhecimento sobre o tratamento de usuários de álcool e outras substâncias. As ações dos profissionais devem ser pautadas pela escuta, acolhimento, aconselhamento, visitas domiciliares e atenção às questões sociais, não se limitando apenas aos aspectos orgânicos. ², ³, 4 Atualmente, o abuso de álcool emerge como um desafio premente na esfera da saúde pública, afetando indivíduos e comunidades em muitas sociedades. Um aspecto particularmente afetado pelo consumo crônico de álcool são as funções executivas, que constituem uma parte essencial do funcionamento cognitivo
resultado, ainda existem muitas dúvidas sobre como implementar o modelo de redução de danos de forma mais eficaz.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os artigos revisados mostram que a redução de danos é uma abordagem de cuidados com base comunitária, que promove o tratamento do uso de álcool e drogas e pode levar a uma série de benefícios, como a redução do risco de overdose, a prevenção de doenças infecciosas, a melhoria da saúde mental e da qualidade de vida das pessoas e suas famílias. Existem alguns desafios que podem impedir os usuários de beneficiarem-se da redução de danos, como a estigmatização, a discriminação e a falta de acesso a serviços de qualidade. Existem uma série de estratégias que podem ser usadas para superar esses desafios, como fornecer informações e educação sobre o uso de álcool e seus riscos, promover a autonomia das pessoas com Transtorno por Uso de Álcool, criar um ambiente de apoio e respeito além de oferecer uma gama de serviços de qualidade que atendam às necessidades individuais desses usuários. A redução de danos não se opõe à abstinência como uma possibilidade, mas como o único objetivo possível, produzindo então uma terceira via diante dessa polarização. É necessário enfatizar a necessidade de mais pesquisas relativas ao tema, principalmente aquelas atreladas ao campo das políticas públicas de saúde.” 8.REFERÊNCIAS