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Valoração de Investimentos: Importância e Estratégias para Empresas e Investidores, Resumos de Cálculo

Este artigo discute a importância da avaliação de investimentos para empresas e investidores, apresentando estratégias para avaliação de investimentos e métodos utilizados, como gestão baseada em valor, análises de investimentos, risco, custo de capital e crescimento. O artigo também discute indicadores de valor, como eva® e market value added (mva), e diferentes métodos de avaliação, como valor presente líquido e wacc.

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

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ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS:
POR QUE AVALIAR EMPRESAS?
Fernanda Lopes Vieira Ferreira
1
Márcia Tiveron
2
Artigo recebido em abril de 2016
RESUMO
Este artigo visa valorizar a importância da avaliação de investimentos para todos os participantes do
mercado, entre investidores, empresários e funcionários das empresas de forma a promover a gestão
baseada em valor, bem como sintetizar as principais estratégias para o processo da avaliação. Dado o
volume de metodologias e parâmetros utilizados no processo de Valuation é importante que o
avaliador entenda os modelos e premissas para utilização além de conhecer o investimento que será
analisado. O documento analisa as Lojas Renner S.A. como estudo de caso e avalia o seu valor através
da metodologia de fluxo de caixa descontado. De uma forma geral o artigo promove o conhecimento
sobre o tema avaliação de empresas para orientar os tomadores de decisão nos processos de
investimento e estimular a economia Brasileira, visto que como o retorno de um determinado
investimento está diretamente associado ao risco é necessário primeiramente conhecê-lo a fim de
mitigá-lo ou minimizá-lo.
Palavras-chave: Avaliação de empresas. Valuation. Finalidade da avaliação. Fluxo de caixa
descontado.
ABSTRACT
The main goal of this paper is to emphasize the valuation investments process for all market
stakeholders, including investors, entrepreneurs and employees of companies in order to
promote value-based management, as well as summarize the main strategies for the valuation
process. As there are in literature a great volume of methodologies and parameters used in the
valuation process it is important that the evaluator understand the models and assumptions to
be used in addition to knowing the investment that will be analyzed. This paper analyzes the
company Lojas Renner S.A as case study and estimates its value using the discounted cash
flow method. In general the paper discusses and promotes knowledge on the subject business
valuation in order to guide decision makers in the investment processes and to stimulate the
Brazilian economy, since as the return of a particular investment is directly associated with
the risk you must know it in order to mitigate it or minimize it.
Key words: Business Valuation. Valuation. Valuation purpose. Discounted cash flow.
1
Pós-graduada em Controladoria Financeira pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
email: fernandalvferreira@gmail.com.
2
Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e professora nos
cursos de Pós-graduação da FAAP. email: marcia.tiveron@gmail.com.
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ESTRATÉGIAS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS:

POR QUE AVALIAR EMPRESAS?

Fernanda Lopes Vieira Ferreira^1 Márcia Tiveron^2 Artigo recebido em abril de 2016

RESUMO

Este artigo visa valorizar a importância da avaliação de investimentos para todos os participantes do mercado, entre investidores, empresários e funcionários das empresas de forma a promover a gestão baseada em valor, bem como sintetizar as principais estratégias para o processo da avaliação. Dado o volume de metodologias e parâmetros utilizados no processo de Valuation é importante que o avaliador entenda os modelos e premissas para utilização além de conhecer o investimento que será analisado. O documento analisa as Lojas Renner S.A. como estudo de caso e avalia o seu valor através da metodologia de fluxo de caixa descontado. De uma forma geral o artigo promove o conhecimento sobre o tema avaliação de empresas para orientar os tomadores de decisão nos processos de investimento e estimular a economia Brasileira, visto que como o retorno de um determinado investimento está diretamente associado ao risco é necessário primeiramente conhecê-lo a fim de mitigá-lo ou minimizá-lo. Palavras-chave: Avaliação de empresas. Valuation. Finalidade da avaliação. Fluxo de caixa descontado.

ABSTRACT

The main goal of this paper is to emphasize the valuation investments process for all market stakeholders, including investors, entrepreneurs and employees of companies in order to promote value-based management, as well as summarize the main strategies for the valuation process. As there are in literature a great volume of methodologies and parameters used in the valuation process it is important that the evaluator understand the models and assumptions to be used in addition to knowing the investment that will be analyzed. This paper analyzes the company Lojas Renner S.A as case study and estimates its value using the discounted cash flow method. In general the paper discusses and promotes knowledge on the subject business valuation in order to guide decision makers in the investment processes and to stimulate the Brazilian economy, since as the return of a particular investment is directly associated with the risk you must know it in order to mitigate it or minimize it. Key words: Business Valuation. Valuation. Valuation purpose. Discounted cash flow.

(^1) Pós-graduada em Controladoria Financeira pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). e 2 mail: fernandalvferreira@gmail.com. Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e professora nos cursos de Pós-graduação da FAAP. email: marcia.tiveron@gmail.com.

1 INTRODUÇÃO

O processo de avaliação empresas e de investimentos tornou-se um tema importante para os gestores e investidores após a visão da gestão das empresas ter se voltado para a geração de valor. Segundo Assaf (2012) a gestão das empresas tem sofrido alterações passando da busca pelo lucro e rentabilidade para uma visão de geração de valor para os acionistas. Este processo começou com a dificuldade das empresas em aumentar suas margens de contribuição e participação no mercado, devido à competitividade do mercado e ao volume de investimento que deve ser feito para melhorar o Market Share.

Para haver a criação de valor aos acionistas as empresas começaram a desenvolver estratégias financeiras além da gestão interna dos seus produtos e serviços. Neste processo o custo de oportunidade do capital investido do acionista passou a ser comparado com o retorno proporcionado pelas empresas. Através da criação do conceito de Economic Added Value EVA ® ou Valor Econômico Agregado, Ehrbar (2000) desenvolveu e empregou o conceito de gestão baseada em valor na gestão empresarial de forma a promover aos acionistas investidores um retorno pelo seu custo de oportunidade, ou seja, uma rentabilidade igual a uma taxa de juro livre de risco associada a um prêmio de risco mínimo.

Com o objetivo das empresas voltado para maximizar o capital dos acionistas, Assaf (2012) identifica que as prioridades da gestão se tornaram as variáveis direcionadoras de valor, como giro de investimentos, margem de lucro e rentabilidade, satisfação dos clientes, intangíveis, entre outras. Alguns fatores motivaram essa evolução do comportamento das empresas e investidores, como por exemplo, a abertura de mercado para agentes externos à empresa, a globalização, o mercado competitivo e o desenvolvimento profissional dos empresários de um modo geral, contribuem para o aumento de riqueza econômica dos acionistas.

Além desses aspectos, a governança corporativa, composta por processos, políticas, leis e regulamentos que regem a direção da empresa, teve que ser mais implantada e avaliada, os gerentes, os quais antigamente exerciam cargos mais administrativos se transformam em líderes e passam a ter que trazer aumentos de riqueza para os acionistas.

Devido à importância e atenção dada à avaliação de empresas no cenário atual é válido entender e verificar como os grandes executivos dividem os seus esforços para agregar valor e como as agências e investidores enxergam esse valor para promoverem seu benefício.

riqueza dos acionistas através da gestão baseada em valor, onde o valor deve compreender a geração operacional de caixa presente e futuro, o custo dos credores, e o custo e risco associado para os acionistas. Dentro do negócio, a criação de valor ocorre em vários níveis: estratégico, gestão de desempenho e avaliação de desempenho.

A fim de medir a criação de valor existem alguns indicadores comumente utilizados para o acompanhamento por parte dos acionistas e grandes executivos do retorno da empresa frente ao capital empregado. O EVA ® , segundo Ehrbar (2000), descrito na equação ( 1 ), é um indicador utilizado como medida de desempenho para geração de riqueza para os acionistas.

( ) ( 1 )

Sendo: NOPAT é o lucro operacional líquido após tributação, C% é o custo percentual de capital que também é denominado WACC (custo médio ponderado de capital) e TC é o capital total.

Além do EVA ® outras medidas de valor podem ser avaliadas, relata Assaf (2012), o Market Value Added (MVA) , por exemplo, pode ser utilizado para medir a capacidade da empresa em gerar resultados maiores do que o custo de capital, podendo ser calculado pela diferença entre o valor total de mercado da empresa e o seu capital total.

1.2. Importância da avaliação de investimentos

A avaliação de investimentos, segundo Damodaran (2014) pode ser descrita como o cálculo do valor de um investimento baseado em variáveis econômicas e financeiras, e nas premissas de como essas variáveis evoluem no tempo. De uma forma geral, os ativos financeiros são adquiridos com base nos fluxos de caixa líquidos futuros.

Existem alguns tipos de modelos de avaliação de uma empresa. Os modelos mais comuns são baseados em Ativos, Fluxo de Caixa Descontado, Relativos e Comparativos, e o modelo de Contingentes (opções reais). As empresas precisam entender e saber como avaliar investimentos a fim de garantir que o seu portfólio seja composto de ativos e investimentos que tragam valor para o acionista.

1.3. Métodos de análise de investimentos

Como suportes à avaliação de investimentos existem alguns métodos de análise que podem auxiliar os empresários nas suas decisões, segundo Assaf (2012). Desta forma, é importante que os tomadores de decisões conheçam as limitações e alternativas para formular esta análise e garantir o embasamento junto aos objetivos estratégicos da empresa.

Para Gitman (2002) o objetivo das empresas na avaliação de projetos de investimento é maximizar o retorno sobre o capital despendido através da avaliação de parâmetros que fazem parte do controle da empresa como o tamanho e a duração do investimento e outros que são oriundos de fatores externos como as condições econômicas do país e as taxas de juros correntes, por exemplo.

Diversos autores levam em consideração metodologias variadas, porém comumente algumas são mais abordadas e utilizadas para análise, são elas: período de payback , valor presente líquido, taxa interna de retorno, índice de rentabilidade e critério contábil.

O período de payback pode ser definido como o tempo inerente ao investidor para recuperação dos recursos aplicados através de retornos financeiros sob a forma de fluxo de caixa do investimento. Ao utilizar esse método na análise de investimentos, a empresa deve avaliar se o período de retorno é menor Assaf (2012), embora esse método seja amplamente utilizado para o investidor possuir uma estimativa inicial do tempo necessário para o retorno, ele não leva em consideração a distribuição dos fluxos de caixa no tempo e retornos futuros ao ponto de equilíbrio, além de não avaliar a rentabilidade do investimento para o acionista.

O Valor presente líquido, de acordo com Assaf (2012), é amplamente utilizado como medida de análise de investimentos e pode ser representado como o somatório dos fluxos de caixa futuros descontados a valor presente retirando-se o somatório dos investimentos descontados a valor presente, como pode ser visto na equação ( 2 ). Para o investimento ser rentável para o acionista o NPV deve ser positivo.

[∑ (^) ( ) ] [ ∑ (^) ( ) ]

Sendo: é o investimento no instante inicial, são parcelas de investimento futuras, K é a taxa de desconto do projeto e são os ingressos previstos futuros.

capital/oportunidade para o investidor. Para Assaf (2012), através do modelo de precificação de ativos CAPM ( Capital Asset Pricing Model ), o qual busca relacionar risco e retorno, é possível calcular o risco não-diversificável ou sistemático através do coeficiente beta ( β ) e consequentemente, o custo de capital de forma a evidenciar o retorno necessário do ativo para suprir esse risco.

Para mensurar esse valor agregado de forma tradicional Damodaran (2014) sugere calcular a covariância do ativo em relação a carteira de mercado e a fim de padronizar o valor divide-se pela variância da carteira de mercado, chegando-se ao beta ( β ) do ativo conforme a equação ( 5 ). Desta forma temos o beta do portfólio de mercado sendo 1 (um) como valor de referência para análise do risco dos ativos.

( ) ( )

Outra forma de estipular o beta, chamada Bottom-Up, é descrita por Damodaran (2014), sendo feita a partir de uma análise do negócio e do setor onde o investimento está inserido. Essa metodologia compõe os betas alavancados e índices P/PL de empresas comparáveis para criar o beta não-alavancado do negócio e promove indicadores com menor erro-padrão em relação aos betas obtidos pelo método tradicional. Com o beta não-alavancado utiliza-se a equação ( 6 ) para estimar o beta alavancado da empresa ( βL ).

[ ( ) ( )] (^6 )

Sendo: é o beta é o beta não-alavancado, P representa os passivos onerosos da empresa, PL patrimônio líquido e IR a alíquota do imposto.

Estando definido o risco, para uma determinada carteira de ativos na linha de mercado de capitais, espera-se um retorno que se relaciona linearmente com o beta do ativo através da equação da ( 7 ), que resulta no custo de capital próprio dos acionistas.

( ) ( ( ) ) (^7 )

Sendo: é a taxa livre de risco e (^ )é retorno esperado sobre o portfólio de mercado. Ficando definida como prêmio pelo risco de mercado a diferença entre eles.

De acordo com Assaf (2012), o CAPM local do Brasil utiliza os betas da BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), como carteira de mercado a bolsa de valores de São Paulo e a taxa livre de risco como a dos títulos públicos (por exemplo, a taxa SELIC). Outra opção comumente utilizada seria aplicar o modelo global do CAPM, que utiliza a remuneração dos títulos do Tesouro Americano como RF e a carteira de mercado como a Bolsa de Valores de New York, sendo escolhida a Taxa de bônus do Tesouro Americano T- bonds como o prêmio de risco de mercado maduro. Nesse caso como prêmio de risco de mercado é relativamente baixo, para os países emergentes deve-se acrescentar à equação ( 7 ) o prêmio pelo risco país ( spread de risco de inadimplência).

Existem duas formas de computar a taxa livre de risco do país segundo Damodaran (2014) para mercados onde a taxa livre de risco para os Estados Unidos não seja razoável devido à inadimplência do país e à volatilidade da inflação local. A primeira delas consiste em considerar o dos EUA, manter as outras variáveis avaliadas por investidores na moeda dólar, adicionar o prêmio de risco do país e em seguida trazer o valor para a moeda corrente utilizando as inflações correntes dos países, como pode ser visto nas equações a seguir. A segunda abordagem consiste em utilizar a taxa livre de risco do país onde o investimento se encontra para gerar o custo de oportunidade em moeda local.

( ( ) ) (^8 )

( ) (^9 )

Em geral como boa parte das empresas não são apenas financiadas por capital próprio, tendo sido calculado o ainda se faz necessário determinar o custo de capital total da empresa para que o seu valor leve em consideração os custos das diferentes formas de captação de financiamento, o WACC que compõe o custo da estrutura da capital é calculado de acordo com a equação ( 10 ).

crescimento como uma função do reinvestimento em crescimento futuro e da qualidade desse reinvestimento de forma a torna-lo fluxo de caixa futuro, a partir de lucros líquidos ou lucros operacionais da empresa.

De acordo com Damodaran (2014), para calcular o crescimento no lucro líquido medindo-se os lucros por ação, deve-se observar a composição dos lucros retidos pela empresa (índice de retenção) e o retorno sobre o patrimônio líquido ( ROE - Returnon Equity ) como demonstrado na equação ( 13 ).

( 13 )

Sendo: o índice de retenção é calculado pela relação entre os lucros retidos e a receita líquida no ano anterior e o ROE é calculado pela relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido.

Outra forma de avaliar o crescimento de uma determinada empresa, segundo Damodaran (2014), é através dos lucros operacionais, ou seja, através da composição entre a taxa de reinvestimento do lucro operacional e o retorno sobre o capital investido ( ROI – Return on Investment ), como pode ser visto na equação ( 14 ).

onde é calculado pela relação entre o lucro operacional após os impostos e o investimento total.

1.6. Métodos de avaliação de investimentos

Para Damodaran (2014) a avaliação por fluxo de caixa descontado utiliza os fluxos de caixa futuros descontados a uma taxa de atratividade. A avaliação relativa calcula do valor do ativo, comparando ativos através de um determinado parâmetro, como por exemplo, os lucros da empresa, o seu valor de vendas, o fluxo de caixa entre outros. E a avaliação de direitos contingentes se baseia em modelos de precificação de ações como o Modelo Binomial e o Modelo de Black-Scholes, por exemplo.

1.6.1. Avaliação por fluxo de caixa descontado

Segundo Assaf (2012), como o principal objetivo das Finanças Corporativas está associado à criação de valor da empresa e consequentemente para os acionistas, os modelos que se baseiam no método do fluxo de caixa descontado como forma de calcular o valor econômico de uma empresa são priorizados. O valor do ativo nestes modelos é estimado pela equação ( 15 ), descrita por Damodaran (2014).

∑ (^) ( ) ( 15 )

Sendo: n é o tempo de vida do ativo, o fluxo de caixa do período e r a taxa de desconto ou custo de oportunidade.

De um modo geral, relata Damodaran (2014), embora existam várias derivações do modelo de fluxo de caixa descontado, existem duas principais vertentes do modelo: são elas a avaliação do Patrimônio Líquido e Avaliação da Empresa ou do seu valor presente ajustado. A principal diferença entre elas é que que na avaliação do Patrimônio Líquido temos a análise da participação acionária e na avaliação da empresa levam-se em consideração outros investidores como os acionistas preferenciais e detentores de bônus.

O mesmo autor informa que o modelo de desconto de dividendos é um modelo simples e objetivo para avaliar o patrimônio líquido de uma determinada empresa, já que o valor pelo qual a ação está sendo vendida corresponde aos dividendos futuros da empresa. Para aplicar este modelo é necessário estimar os lucros líquidos e os índices de distribuição de dividendo por ação em relação ao lucro por ação ou índice payout , o valor presente de uma ação pode ser calculado através da equação( 15 ), substituindo o fluxo de caixa pelo fluxo de dividendos e r pelo custo do patrimônio líquido.

Como o modelo de desconto de dividendos é bastante flexível e não se pode estimar os dividendos nem a taxa de desconto por um tempo infinito (DAMODARAN, 2014), existem algumas derivações do modelo que podem ser aplicadas de acordo com o ativo que se deseja avaliar como, por exemplo, o Modelo de crescimento de Gordon, no qual avaliam-se

Dado que os acionistas receberão fluxos de caixa sob a forma de dividendos ou quando tiverem suas ações recompradas, explica Damodaran (2014), é necessário identificar como a empresa está empenhando o seu lucro operacional até distribuir os dividendos. Para isso avalia-se o fluxo de caixa livre após o pagamento de todas as obrigações financeiras, despesas de capital e de capital de giro através do modelo de desconto de fluxos de caixa livres do acionista, cuja a sigla em inglês é FCFE ( Free Cash Flow to Equity ). Na equação ( 17 ) a seguir é descrito o cálculo do FCFE a partir do lucro líquido da empresa.

( ) ( ) (^) ( 17 )

Sendo: representa as despesas de capital, representa as despesas com capital de giro, são as novas emissões de dívida e é o lucro líquido gerado no exercício.

Para este modelo, assim como no modelo de desconto de dividendos, utiliza-se a taxa de crescimento fundamental com a emissão de novas dívidas, dada pela equação( 13 ). Como modificação da taxa de crescimento para evidenciar o retorno sobre o investimentos não monetários (noncash), Damodaran (2014) sugere utilizar o ROE adaptado descrito na equação( 18 ).

( )^ (^18 )

Sendo: o PL é o valor contábil do Patrimônio Líquido.

O valor do patrimônio líquido do investimento pode ser calculado de acordo com o nível de crescimento com modelos semelhantes aos de desconto de dividendos. Desta forma tem-se o modelo FCFE para empresas com crescimento estável, o modelo do FCFE de dois estágios para empresas com crescimento elevado acima da economia local, e para avaliações com um período de transição para o crescimento utiliza-se o modelo do FCFE de três estágios, que é uma composição dos outros modelos, e no qual o valor do patrimônio líquido pode ser calculado através da equação ( 19 ).

∑ (^) ( ) ⏟

∑ (^) ( ) ⏟ (⏟^ )(^ ) (^19 )

Sendo: é o fluxo de caixa livre do acionista no período t , é a taxa de crescimento estável, é o custo de oportunidade para o investidor.

Damodaran (2014) descreve como os fluxos de caixa livres do acionista podem ser negativos, devido a lucros líquidos negativos ou necessidades de reinvestimentos elevadas em empresas de alto crescimento, o modelo do FCFE de três estágios se torna mais adequado em relação ao modelo de desconto de dividendos.

Já para Copeland (2000), o modelo de fluxo de caixa descontado da empresa é o modelo de avaliação de empresas mais amplamente utilizado. Este modelo mede o patrimônio da empresa a partir do valor gerado pelas suas operações e é extremamente útil para empresas que possuem diversas unidades geradoras de valor. Como premissa para utilização do modelo por fluxos de caixa livres da empresa, onde é avaliada a empresa por inteiro, deve-se conceituar o FCFF ( Free Cash Flow for Firm ). Segundo Damodaran (2014), o FCFF pode ser calculado sob duas formas, uma delas é a partir do FCFE e a outra é a partir dos lucros operacionais da empresa (EBIT – Earnings Before Interest and Taxes ), como pode ser visto nas equações( 20 ) e ( 21 ).

( ) ( 20 )

Sendo: são as despesas com juros considerando o desconto dos impostos e t é o percentual de impostos pago.

Após a determinação do FCFF deve-se estabelecer o crescimento operacional da empresa de forma a estimar o comportamento futuro da empresa. Assim como no modelo

opção para a tomada de decisão deve ser precificada de forma a contemplar a incerteza de resultado de um determinado investimento. Os principais modelos de precificação de ações, descritos por Assaf (2012), são o modelo Binomial, no qual os preços podem ser valorizados ou desvalorizados de acordo com o tempo, e o modelo de Black-Scholes que calcula o valor da opção de acordo com a distribuição contínua do seu prazo.

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho foi a análise quantitativa de um estudo de caso. Foi escolhida uma empresa que possui ações listadas na bolsa para análise, acompanhamento dos seus resultados financeiros e avaliação do valor da empresa través do método do fluxo de caixa descontado, com modelos de desconto de dividendos, fluxo de caixa livre para o acionista e fluxo de caixa livre para a empresa.

A partir das avaliações de valor através dos diferentes modelos é possível identificar em qual o nível de maturidade do crescimento a empresa se encontra e se o mercado está superavaliando ou subavaliando.

1.7. Estudo de caso

A empresa escolhida para o estudo de caso foi a Lojas Renner S.A. que é uma empresa operacional do setor de comércio em geral e é atualmente a maior varejista de moda do país em faturamento segundo a apresentação institucional de outubro de 2015, com os principais negócios compostos pelas Lojas Renner, Camicado e YouCom. A Companhia possui capital aberto com o símbolo LREN3 na BM&FBOVESPA e em 2015 completou 10 anos como a primeira corporação com 100% das ações negociadas na bolsa.

De acordo com Demonstrações (2016) e Renner (2016), a empresa está presente em todos os estados brasileiros, possuindo 380 lojas dos tipos Renner, Camicado e Youcom. A Renner é a principal unidade geradora de receita e a maior varejista de moda do Brasil, a Camicado, adquirida em 2011, é líder no segmento de casa e decoração e única loja nacional, possuindo 68 lojas em operação, já a Youcom é uma marca que foi lançada em 2013 especializada em moda jovem, possui 37 lojas em operação, e não tem concorrentes diretos. A

companhia estima um potencial de 300 lojas Youcom para 2021 com possibilidade de franquias e multimarcas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Seguindo a metodologia proposta, primeiramente foi avaliado o desempenho econômico-financeiro histórico da empresa entre 2008 e 2015. Em seguida foram calculados os principais indicadores de rentabilidade da empresa, como o ROA, ROE, ROI e o GAF, de forma a fundamentar a avaliação da empresa. Em termos macro, as Lojas Renner apresentam um bom resultado operacional e financeiro nesse período.

Embora a alavancagem tenha melhorado a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, a empresa aumentou seus investimentos no CAPEX e no OPEX de forma que o seu resultado operacional deixou de suprir as despesas de investimentos. Como resultado, o fluxo de caixa livre para a empresa esteve negativo no período de 2012 a 2014, havendo a necessidade da emissão de novas dívidas para cumprir com as despesas financeiras e ainda haver geração de caixa líquido, como pode ser visto na estrutura do Fluxo de Caixa, constante da Tabela 1.

Tabela 1. Estrutura do Fluxo de caixa da empresa a partir do Lucro Líquido Estrutura do fluxo de caixa 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Lucro Líquido 189.589 308.028 336.907 355.401 407.404 471.420 578. Depreciação e Amortização 74.073 75.787 97.637 132.949 167.437 212.732 264. Despesas financeiras líquidas 14.395 11.548 33.690 62.455 83.946 124.458 138.

Fluxo de caixa Operacional 278.057 395.363 468.234 550.805 658.787 808.610 982. Investimento em CAPEX (68.650) (151.682) (462.066) (430.979) (410.949) (499.330) (558.630) Investimento em OPEX 69.436 (45.500) (67.279) (213.933) (292.774) (215.230) (206.597) Fluxo de Caixa FCFF 278.843 198.181 (61.111) (94.107) (44.936) 94.050 217. Pagamento das dívidas (juros) (14.395) (11.548) (33.690) (62.455) (83.946) (124.458) (138.613) Fluxo de Caixa (FCFE-1) 264.448 186.633 (94.801) (156.562) (128.882) (30.408) 78. Emissão de novas dívidas 2.868 238.814 192.621 466.284 467.038 172.561 (51.994) Outras movimentações do PL (34.646) (153.156) (203.217) (204.716) (219.834) (109.405) (123.210) Fluxo de Caixa (FCFE-2) 232.670 272.291 (105.397) 105.006 118.322 32.748 (96.813) Variação do caixa (232.670) (272.291) 105.397 (105.006) (118.322) (32.748) 96. Dados em milhares de R$ Fonte: Renner (2016) Como a Renner possui 100% das suas ações listadas na bolsa é importante avaliar também o desempenho das suas ações no mercado, para isso foram obtidos alguns dados que podem ser vistos na Tabela 2.

risco, o prêmio de risco de mercado dos acionistas dos Estados Unidos ( Total Equity Risk Premium – USA ) estimado em 6,25%, e o prêmio de risco do Brasil, que possui uma classificação Baa3 (Classificado pela agência Moody`s ), dado por 2,44% , encontra-se um de 15,40%, que após a conversão dadas as inflações correntes do Brasil e dos Estados Unidos, aferidas como 10,67% e 0,73% por TRADING chega-se ao de 26,79%.

Para a estabilidade consideram-se os mesmos valores para o prêmio de mercado dos EUA e a taxa livre de risco do T-bond como 4,54%, o beta como sendo o beta alavancado do setor de vestuário atualmente em 1,06, e o risco do país Brasil como sendo idêntico ao atual, chegando-se a um de 13,61%. Compondo-se com a inflação esperada para o Brasil de 5,4% segundo a estimativa do (BANCO Central) para 2020 e a inflação dos EUA de 2,5% em 2020 (TRADING, 2016), encontra-se um de 16,83%.

Na Figura 1 é apresentado um fluxo com as principais premissas e parâmetros do modelo de forma a orientar a sua utilização. Para os modelos FCFE e FCFF o fluxo de desenvolvimento é semelhante.

Figura 1. Fluxo para desenvolvimento da análise do modelo DDM

Fonte: Autoras

Com os parâmetros estabelecidos estima-se o lucro líquido e o DPA para os períodos de alto crescimento, de transição e para o período estável de forma a encontrar R$ 5,24 como valor presente do DPA, através da equação ( 16 ).

A fim de avaliarmos como a empresa emprega o seu lucro operacional até distribuir os dividendos pode-se calcular o valor presente do patrimônio líquido da empresa através do modelo do FCFE. Para identificar o nível de maturidade do crescimento da empresa para o modelo FCFE utilizaremos a equação( 13 ).Como resultado obtém-se um crescimento em lucro líquido partindo do ROE não-monetário bem elevado em torno de 40%. Devido ao período de alto crescimento será considerado o modelo do FCFE de três estágios para calcular o valor patrimonial da empresa através da equação ( 19 ).

Mantendo as mesmas premissas de custo de oportunidade e um crescimento em lucro líquido de 10% no período estável, chega-se ao valor presente do patrimônio líquido da Renner calculado segundo o modelo do fluxo de caixa livre do acionista de R$ 6.244.828 mil, equivalente a um valor patrimonial por ação de R$ 9,76.

Como última análise, é importante entender como a empresa emprega o seu lucro operacional até alcançar o fluxo de caixa livre da empresa através do modelo FCFF de três estágios. Calcula-se primeiramente a partir da equação( 14 )o crescimento em lucro operacional, dado por 12% em 2015. Verifica-se que embora a empresa tenha feito reinvestimentos elevados nos últimos três períodos a empresa diminuiu esse índice de forma a refletir na queda do crescimento em lucro operacional. Para a avaliação da empresa considera- se que no período de estabilidade a empresa retorne a ter um ROI de 15% e uma taxa de reinvestimento semelhante a do período de 2010, em torno de 40%, de forma a obter um crescimento de 6% na estabilidade.

Como premissa para o modelo FCFF, além do crescimento em lucro operacional deve- se estimar o custo médio ponderado de capital, o qual é composto pelo custo do capital próprio já estimado e o custo da dívida. Para o custo da dívida pode-se considerar o custo líquido do endividamento do período de 2015, calculado a partir das Demonstrações (2016) como 7,28% ou calcular o custo da dívida a partir do índice de classificação da Renner através das equações ( 11 ), ( 12 e a tabela de índice de classificação. A partir dessas informações pode-se classificar a Renner como uma empresa A2/A, e associar a ela um spread de inadimplência de 1,25%. Utilizando a taxa livre de risco T-bond de 4,54% dos EUA e o