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Temos, então, a matéria no estado gasoso. Portanto, a matéria muda seu estado físico através da competição entre a energia térmica. (cinética) e a interação de ...
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Ao olharmos o universo ao nosso redor, observamos que uma mesma substância pode ocorrer de formas diferentes na natureza. O caso mais evidente disto é a água. Nos rios e oceanos, ela é líquida, no céu está na forma de vapor, enquanto nos polos do planeta está na forma sólida. Embora seja a substância mais importante para a vida em nosso planeta, este não é um privilégio apenas da água. A maioria das substâncias se comporta desta forma. Esta capacidade da matéria de se apresentar de formas diferente é um fator preponderante na dinâmica de nosso planeta e do universo. As rochas sólidas, por exemplo, já foram líquidas, sob a forma de magma, enquanto os metais só chegam à crosta terrestre devido a sua capacidade de se solidificarem. Como isto ocorre? Quais os principais elementos físicos na estrutura da matéria que fazem isto acontecer? Estas são algumas das repostas que pretendemos responder neste capítulo.
Vamos começar descrevendo as principais características da matéria quando nos estados sólido , líquido e gasoso. Esses são os três principais estados da matéria ao nosso redor. Mas, na verdade, existem dois outros estados que normalmente ocorrem nos limites de temperatura muito alta ou muito baixa, e que serão discutidos brevemente no próximo capítulo do nosso curso. Esses dois outros estados da matéria são respectivamente: o plasma e o condensado de Bose-Einstein.
Se olharmos microscopicamente, observaremos que num sólido os átomos estão totalmente localizados ao redor de certas posições no espaço. Nos sólidos cristalinos, temos então, a chamada estrutura cristalina, que foi discutida no capítulo anterior. Mesmo nos sólidos não cristalinos (onde não há ordem de longo alcance) a posição dos átomos é essencialmente fixa.
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Neste estado, apesar dos átomos terem alguma liberdade de movimento (vibrações da rede cristalina), em torno dessas posições, eles não podem se movimentar em larga escala. Ficam basicamente localizados ao redor de suas posições de equilíbrio. É essa falta de mobilidade dos constituintes microscópicos a principal característica dos sólidos.
Vamos agora considerar os líquido, que é fase intermediária entre o sólido e o gás. Nesta fase, embora os átomos (ou moléculas) tenham uma liberdade bem maior do que nos sólidos, esta liberdade é ainda bastante limitada, devido à forte interação interatômica ou molecular. Olhando microscopicamente, veremos que os átomos podem se mover bem mais do que nos sólidos, porém, ainda seus movimentos estão limitados a uma certa região em torno dos seus vizinhos. Apesar de não haver uma ordem no sistema como um todo (como ocorre nos sólidos cristalinos), há uma certa ordem local, ao redor de cada constituinte. O movimento limitado dos constituintes do líquido, permite a ele ser fluido e bastante deformável, mas ainda mantendo seu volume de uma forma coesa, já que os átomos devem ficar próximos uns dos outros, de forma similar ao que ocorre no sólido, porém não tão localizados.
Finalmente, temos os gases, conforme vimos no capítulo 2 deste curso. Nesta fase, a matéria tem o máximo de liberdade do ponto de vista atômico e molecular. Os constituintes microscópicos estão totalmente delocalizados (“livres” para se movimentar), e não há absolutamente nenhuma ordem entre os átomos ao redor. Num gás, todos os átomos estão em movimento frenético e ocupam todo o volume do recipiente onde está contido. Lembre- se que a ideia do gás como sendo composto por partículas microscópicas em movimento aleatório foi a consideração básica que usamos na atomística (capítulo 2). É este movimento que permite transmitir momento (quantidade de movimento) para as paredes do recipiente, dando origem à pressão, pela qual uma bexiga se mantém inflada quando contém certa quantidade de gás em seu interior.
O quadro que acabamos de desenhar mostra que a propriedade de ter os átomos (constituintes microscópicos) localizados ou não, é o fator preponderante na determinação dos estados (fases) da matéria. Mas afinal, o que determina isso? Quais grandezas físicas estão relacionadas com isso? Vamos recordar os fatos principais que ocorrem no mundo atômico. Se tivermos matéria a uma temperatura diferente do Zero Absoluto, teremos necessariamente movimento dos átomos, como já vimos no capítulo 2. A temperatura é exatamente a grandeza macroscópica que mede a energia cinética (movimento) das partículas de um gás, a nível microscópico. Temperatura é, portanto, a grandeza que podemos usar para quantificar o estado de movimento dos constituintes microscópicos do sistema. O outro ingrediente importante é a interação entre os átomos.
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Figura 8.2: Diagrama das transições de fase entre os três estados mais comuns da matéria.
As mudanças de um estado da matéria para outro, recebem nomes especiais. Começando com o sólido, a transformação para líquido é chamada de fusão. A mudança do líquido para o vapor, é chamada de vaporização. Na direção contrária, a passagem de gás para líquido, é chamada de condensação, enquanto do líquido para sólido, é chamada de solidificação. As mudanças de estados são fundamentais para a maior parte dos fenômenos naturais. Imaginemos, por exemplo, se a água não sofresse tais mudanças de estado. Como seriam possíveis todos os fenômenos naturais ao nosso redor?
Em física, o termo transição de fase é usado num contexto mais geral, que incluem também outras situações importantes. As mudanças de estados da matéria (vistas acima) são as principais transições de fases que temos. Mas não são as únicas. Na verdade, toda vez que tivermos uma competição entre formas de energias a serem acomodadas pela na matéria, podem ocorrer transições de fase. Nos sólidos, por exemplo, temos transições de vários tipos. Em alguns materiais, como ferro, mesmo ainda no estado sólido, podem ocorrer diversas fases do material, dependendo da temperatura, de acordo com a estrutura cristalina (veja o exemplo discutido na videoaula). Cada uma destas fases tem propriedades próprias como dureza, maleabilidade, etc. É por isto que podemos ter diversas aplicações de certos materiais, de acordo com as propriedades desejadas. Em outros materiais, além da estrutura cristalina/molecular, ainda temos que considerar o spin dos elétrons nos átomos. Lembre-se que o spin é como um pequeno dipolo magnético (imã), em cada um dos átomos. Neste caso, é possível ter fases onde todos estes dipolos se orientam na mesma direção, no espaço, dando origem a um dipolo gigante, que torna o material magnético. As transições magnéticas são importantes e estão intimamente ligadas a diversos fenômenos na natureza, além de ter também inúmeras aplicações tecnológicas no nosso dia a dia.
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No capítulo 2, nós introduzimos os conceitos atomísticos da matéria através da teoria cinética e da lei dos gases ideais. Lembre-se que um gás ideal é aquele onde não há interação entre as partículas. Portanto, pelo que aprendemos neste capítulo, um gás ideal nunca irá sofrer mudanças de estado (transições de fase), pois nele há apenas energia cinética (térmica), ou seja, movimento, e não ocorre competição com nenhuma interação que tenta localizar seus constituintes microscópicos. Desse modo, um gás ideal será sempre gás, em todo regime de temperatura. Naturalmente, essa é uma idealização de um gás, pois na realidade sabemos que não é isso que ocorre. Se resfriarmos suficientemente um gás, sabemos que eventualmente haverá condensação e o gás se tornará um líquido. Assim, para podermos equacionar o problema de mudança de fase com a lei dos gases, é necessario introduzir interações entre as partículas. Neste caso, diz-se que o gás é um gás real, ou seja, aquele onde há interação entre as partículas. Lembre-se ainda, que o gás que estudamos até agora é aquele que obedece à Lei dos Gases Ideais:
. Observe que nesta expressão as variáveis P e V podem, a princípio, ter qualquer valor entre zero e infinito. Mas qual é o significado de V = 0, quando sabemos que os átomos e moléculas têm um tamanho característico, que resulta um volume mínimo para o sistema? Isto indica, portanto, que deve existir um limite mínimo para o volume de gás real, ao contrário do que aponta o modelo do gás ideal.
Quando levamos em conta a existência de forças intermoleculares, bem como o tamanho finito das moléculas, denominamos o gás como sendo imperfeito (não ideal), ou simplesmente, um gás real. Neste caso, a equação de estado difere um pouco daquela do gás ideal, como veremos a seguir. É claro que a manifestação do caráter não ideal dos gases, depende muito das condições em que este se encontra. Normalmente, em regimes de altas densidades as interações intermoleculares, bem como o efeito de volume finito das moléculas, manifestam-se de forma bem mais marcante. Espera-se, no entanto, que a lei do gás ideal continue válida para baixas densidades, porque nesse limite a separação (distância) entre as moléculas é grande, que resulta numa interação pequena. Assim, é esperado que a lei dos gases ideais apresente correções que deverão tornar-se irrelevantes no limite em que N/V 0, isto é, quando a razão entre o número de partículas e o volume (ou seja, a densidade) tende a zero. Sem entrar muito nos detalhes de como deduzir a nova equação de estado de um gás real, iremos apenas apresentar aqui os resultados principais. De modo resumido, podemos, então, escrever:
onde N é o número total de partículas no volume V. Quando estamos tratando com 1 mol de gás, a equação é escrita como:
onde (^ )^ e (^ )^ são coeficientes (funções da temperatura do gás), que são comumente denominados de segundo e terceiro coeficiente(s) do Virial.
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de modo que
é denominada de equação de Van der Waals para um gás real. Para determinadas temperaturas podemos fazer gráficos da pressão versus o volume, isto é: P x V , obtendo as curvas que são denominadas de isotermas (temperatura constante). Para altas temperaturas as isotermas de Van der Waals são bem parecidas com as hipérboles que obtemos com a lei dos gases ideais. No entanto, à medida que atingimos baixas temperaturas as isotermas começam a apresentar desvios chegando ao caso onde elas apresentam pontos de máximos e mínimos. A transição de um comportamento para outro ocorre quando o máximo e o mínimo coincidem. Neste caso, temos no diagrama de isoterma uma linha horizontal tangente ao ponto de inflexão. A temperatura onde ocorre o ponto de inflexão é denominada de temperatura crítica ( T c), e os valores de P e V para este determinado ponto são denominados também denominados de valores críticos P c e V c.
Figura 8.4: Diagrama Pressão versus Volume, mostrando as curvas isotermas (mesma temperatura) de um gás real.
A existência do ponto crítico denota a ocorrência de mudança de fase no sistema, que existe apenas para sistemas de gases reais. É exatamente isso que ocorre, por exemplo, na transição de fase que leva à condensação de um gás (real) num líquido. Com isso concluímos nossa discussão a respeito dos três principais estados da matéria. No próximo capítulo iremos discutir um pouco o que ocorre com a matéria nos extremos de temperatura. Até lá!
Sugestão de leitura complementar:
TIPLER, Paul A. e LLEWELLYN, Ralph A., Física Moderna , 3ª Edição (2009), Editora LTC. CHAVES, Alaor, Física , Vol. 4: “Sistemas Complexos e Outras Fronteiras” , 1ª edição (2001), Editora Reichmann & Affonso Editores.