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Uma proposta de tradução e análise de fragmentos de obras clássicas gregas e romanas, com ênfase na ideia de recepção crítica e na intersecção de estudos feministas e de tradução. O texto aborda a história dos estudos clássicos, as transformações socioeconômicas e as representações de mulheres na antiguidade clássica e na modernidade brasileira. Além disso, analisa a literatura clássica como ferramenta de reflexão social.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Rafael Semedo (USP)
As Pós-homéricas de Quinto de Esmirna são um épico da Antiguidade tardia grega (c. 3 d.C.) que emula o estilo da poesia homérica e retrata os eventos ocorridos entre a Ilíada e a Odisseia. Nele, encontram-se famosas passagens como a morte de Aquiles, o suicídio de Ájax, o cavalo de madeira e o saque de Troia. No século passado, recebeu críticas de importantes estudiosos, que consideravam-no, por exemplo, “infantil” (Wilamowi , 1905), ou um “pastiche anêmico completamente desprovido de vida” (Lloyd-Jones, 1969). A partir dos anos 2000, entretanto, estudos sobre o épico de Quinto têm ganhado força, e novas leituras mais positivas têm surgido a respeito de suas qualidades. Nesta comunicação, apresento uma das óticas pelas quais as Pós-homéricas podem ser consideradas inferiores em comparação com a Ilíada e a Odisseia: sua estrutura narrativa episódica, isto é, a ausência de um eixo central que funcione como pilar de sustentação para o poema como um todo. Exponho os ataques por conta de tal “questão episódica”, bem como apresento soluções que permitam analisar a obra por um prisma mais favorável neste quesito. PALAVRAS-CHAVE: Pós-homéricas; Antiguidade tardia; poesia épica.
SCYLA E CARÍBDIS: UM IMAGINÁRIO DE VIOLÊNCIA MONSTRUOSA NO MAR Camila Alves Jourdan (PPGH-UFF)
O mar é representado pelos helenos como meio inóspito e com características vinculadas ao ambiente selvagem, ou seja, afastado do “mundo civilizado” que se configura na pólis. Neste ambiente que apresenta constantes perigos aos navegadores, as monstruosidades forjadas pelos gregos somam-se às dificuldades a serem enfrentadas. O mar está repleto desses monstros. Nossa apresentação busca investigar as monstruosidades Scyla e Caríbdis a partir de suas características fixadas na documentação textual dos períodos arcaico e clássico. Para tanto, nos debruçamos sobre seus aspectos destrutivos e perigosos, que imputam uma morte violenta. PALAVRAS-CHAVE: Grécia Antiga; monstros; mar.
A FUNÇÃO DA μνημόσυνον NA TRADUÇÃO DO CATASTERISMOS DE ERATÓSTENES Eduardo Duarte Moreira (UFRJ)
O objetivo desta comunicação é apresentar uma proposta de tradução de trechos da obra "Catasterismos", de Pseudo-Eratóstenes, e discorrer a respeito da ideia de μνημόσυνον , encontrada em alguns capítulos da obra. O título catasterismos indica a ação de transformar em estrelas seres vivos ou objetos inanimados. Trata-se de narrativas curtas a respeito das origens míticas das estrelas e das constelações, distribuídas em 44 capítulos. A obra em si, provavelmente do século III a.C., é um epítome, cuja autoria foi atribuída pelos antigos a Eratóstenes de Cirene: matemático, geógrafo, astrônomo e bibliotecário-chefe da biblioteca de Alexandria. Os capítulos cuja tradução apresentaremos e comentaremos são os correspondentes às narrativas de Pseudo-Eratóstenes sobre Órion e Escorpião. PALAVRAS-CHAVE: Eratóstenes; catasterismos; mitografia.
Rafael Guimarães Tavares da Silva (UFMG)
Nomes importantes dos Estudos Clássicos têm atentado para uma crise do campo nas últimas décadas e parece difícil contestar a ideia de um mal-estar provocado por questionamentos de ordem tanto social quanto político-econômica. Entre demandas progressistas identitárias, por um lado, e análises econômicas de viés neoliberal, por outro, os classicistas precisam se posicionar para reverter esse quadro. A meu ver, cumpre retomar os passos de Freud e indagar pelas origens desse campo na Modernidade, refletindo sobre as forças responsáveis por fundamentá-lo, a fim de que à luz do presente seja possível diagnosticar seu mal-estar e delinear um plano de ação para combatê-lo. Nesse sentido, será preciso retornar à história dos Estudos Clássicos, a fim de: i) atentar para sua fundação moderna no início do século XIX, com as propostas de F. A. Wolf para a Altertumswissenschaft [Ciência da Antiguidade] e seus desdobramentos na obra de estudiosos — em sua maioria alemães — que dominaram o campo até meados do século XX, incluindo Wilamowi e Jaeger; ii) notar as transformações socioeconômicas testemunhadas desde fins do século XIX, mais acentuadas durante os conflitos mundiais e na sequência imediata do pós-guerra. A partir dessas considerações, será possível lançar sugestões para que os Estudos Clássicos se conectem com a contemporaneidade, mantendo seu viés crítico como instrumento de transformação dessa realidade, por meio da educação (ensino e pesquisa). PALAVRAS-CHAVE: história dos Estudos Clássicos; crise; Educação.
Mariana Correia Jabor (UFRJ)
Propomo-nos compreender a importância da adaptação literária no processo de formação cultural de crianças e jovens no Brasil, com base nas teorias de recepção e da adaptação literária. Procurando observar os elementos que compõem e singularizam tais narrativas, tomaremos como objeto de estudo as adaptações literárias da Eneida de Virgílio destinadas ao público infantil e juvenil publicadas em língua portuguesa no mercado editorial brasileiro. PALAVRAS-CHAVE: recepção de clássicos; adaptação literária infantil e juvenil; adaptação de clássicos.
Mariana Figueiredo Virgolino (UFF)
A comunicação analisará a narrativa do Hino Homérico IV, a Hermes, composto durante o período arcaico (séculos VIII-VI a.C.) sob a luz da Antropologia de Victor Turner, ou seja, como drama social. Destarte, procuramos demonstrar como o hino - um documento religioso
UM COTEJO POR CONTRASTE: O CRIME DE ADULTÉRIO NO DIREITO ÁTICO E NO DIREITO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO Matheus Guarino de Almeida (UFF)
Nos discursos forenses dos oradores áticos, encontram-se informações acerca de leis que regulam o casamento, o dote, o divórcio, o adultério, só para citar alguns dos aspectos relacionados com a vida da mulher, nomeadamente a cidadã ateniense. Com base em excertos dos discursos de alguns oradores, tecem-se, no presente artigo, comentários sobre o crime de adultério na Atenas clássica e suas implicações na família e na constituição do corpo
cívico da pólis ateniense e procede-se, a seguir, a uma comparação por dessemelhança com o crime de adultério na contemporaneidade brasileira, com o objetivo de evidenciar as implicações culturais e sociais desse delito na família e no papel da mulher na sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Discursos Forenses; moikheia ; Atenas.
A METÁFORA DO DEVORADOR DA CIDADE NO FRAGMENTO 129V. DE ALCEU Carlos Augusto Menezes Maia (UFRJ)
A cidade de Mitilene à época em que o poeta Alceu viveu, entre a segunda metade do século VII e primeira do século VI a. C, foi marcada por um cenário de instabilidade social repleto de violentas discórdias civis, as chamadas staseis , que ocorreram em várias partes da Hélade do Período Arcaico e que, muitas vezes, culminaram na ascensão de um tirano ao poder. Em diversas passagens da poesia alcaica, o eu poético se opõe à figura de Pítaco em termos ríspidos, frequentemente, por meio de invectivas. Além disso, proclama que a ascensão de Pítaco ao poder vai de encontro a valores fundamentais para a aristocracia, como o respeito aos deuses e aos juramentos, a eugenia e a sensatez frente aos desejos humanos. Sendo assim, a presente comunicação, centrando-se na análise do fragmento 129V, examinará a metáfora do homem que devora a cidade contida no mencionado poema e de que maneira ela se encontra inserida no contexto de críticas que o eu poético dirige a seu adversário político, sobretudo no que diz respeito à acusação de afronta aos valores aristocráticos. Para isso, será estabelecido um diálogo entre o mencionado poema com outros dois fragmentos poéticos alcaicos: 70 e 72V. PALAVRAS-CHAVE: Alceu; Pítaco; tirano.
DE TITO LÍVIO ( Ab Urbe Condita , L.1) Mariana de Azevedo Santana Gomes (UNIRIO)
Proponho nesta apresentação, tratar sobre a questão da violação do corpo feminino no livro I da obra de Tito Lívio, Ab Urbe Condita. Mais especificamente, busco compreender os argumentos que tornam negativa, ou não, a violência sexual contra mulheres no século I AEC. Para isso, utilizarei os trechos em que o autor narra os episódios do rapto das Sabinas e o estupro de Lucrécia (Liv. 1. 9, 11, 13, 57, 58, 59). Além da documentação literária buscarei dialogar com fontes jurídicas, assim poderei analisar melhor o contexto do autor e seus objetivos retóricos, presentes nos juízos morais apresentados no texto. PALAVRAS-CHAVE: estupro; Tito Lívio; gênero.
Gabriela Souza Farias de Azevedo (UFRRJ)
Este trabalho busca fazer uma comparação entre a personagem Circe, a “terrível deusa de fala humana” (Odisseia, X, 136) em Odisseia e a recepção em Circe , romance de Madeline Miller (2019). Para isso, traçaremos uma análise da personagem em Homero e sua releitura na narrativa contemporânea. Com a obra de Miller, percebe-se que nesses mais de dois mil anos que nos separam dos tempos homéricos, a filha de Hélio foi retratada como uma mulher perversa, capaz de minar a virilidade (Odisseia, X, 299-301) e reduzir o homem a um animal. Nessa perspectiva, vemos, em Miller, uma releitura do mito de Circe em diálogo com o que a filósofa italiana Silvia Federici considera acerca da demonologia como justificativa do “medo da sexualidade descontrolada das mulheres” (2019, p.69). PALAVRAS-CHAVE: Odisseia; Circe; Madeline Miller.
Sergio Maciel Junior (UFPR)
O objetivo deste trabalho é investigar como Sêneca opera a construção de três de suas personagens trágicas, i.e., Atreu, Édipo e Medeia, cujos motores trágicos ensejam, de algum modo, dentro do enredo das peças, certa metamorfose narrativa na figura das Fúrias. Pretende-se, a partir disso, investigar que espécie de saber pode derivar dessa ânsia por aniquilação, de que modo essa transformação do estatuto das personagens se estabelece dentro da doutrina estóica praticada pelo autor, a partir das formulações de Martha Nussbaum e de Guilherme Gontijo Flores, cujo ensaio ainda inédito defende a existência de um saber de Fúria. Além disso, é possível tentar traçar algum paralelo com o contexto político romano, sobretudo a partir da figura autoritária e desmedida de Nero. PALAVRAS-CHAVE: Atreu; Medeia; Édipo.
Thais Portansky de Lima (UNIFESP)
Na Medeia de Eurípides, ao ser abandonada por Jasão, a protagonista vinga-se dele, por meio da violência, cometendo filicídio e duplo homicídio. Ainda que seja o ápice da ação trágica, o desenrolar da peça apresenta diversas perspectivas quanto à situação de Medeia e a justeza dos atos de Jasão. Para Jasão, e em certa medida também para Creonte, a personagem-título enraivece-se perante o abandono em virtude da ausência de homem em seu leito, implicando falta de prazer físico e consequente ciúme da princesa. Em contrapartida, o coro de mulheres coríntias e o herói Egeu reconhecem a humilhação sofrida por ela e condenam Jasão pela ausência de motivos justificáveis para os seus atos. Medeia, por sua vez, não negando o leito vazio como motivo para o seu pesar, enfatiza uma perspectiva diferente da de Jasão. O seu pesar é decorrente da injustiça do abandono e quebra de philia , visto que a base de seu casamento com Jasão era um contrato entre iguais, e que Medeia deferira favores ( charis ) ao herói que lhe custaram qualquer outra forma de existência honrosa longe dele. Desse modo, a partir desses aspectos, discutirei nesta comunicação os argumentos apresentados por Medeia para sua vingança. PALAVRAS-CHAVE: Medeia; violência; justiça.
MEDEIA E A MEDIDA: DISPUTAS E AÇÕES POR UMA URBE Julia de Melo Amaral (UFF) Leticia Lyra Acioly (UFF) Thiago Oliveira Gonzalez Lopez (Unicamp)
Entre cidades, homens e posições sociais, a Medeia euripidiana se apresenta dentro do escopo fundamental trágico: em condição bárbara, enquanto mulher, no seio da estruturação familiar como esposa e mãe, a protagonista é dimensionada por Eurípedes dentro de relações sociais que são impostas à personagem em seu processo de interlocução coletiva. Desta forma, o autor explora o compromisso das tragédias com uma ancoragem na realidade, e a torna uma personagem típica, isto é, no lugar de limitar-se à sua singularidade, Medeia se alça à compressão das disputas sociais do aqui e agora de seu tempo. A sua personalidade se associa aos seus atos em todo o seu percurso em diálogo com o páthos - que é questionado pela personagem -, revelando uma nova possibilidade de atuação, além de identificar o momento de transição da própria pólis grega. Medeia constrói tensionamentos em uma estrutura social em decadência e sua peculiaridade enquanto arquiteta de seus atos contribui para uma leitura do contexto social que é exposto por ela. Na medida em que o coro conforma a dimensão coletiva do cotidiano, é possível dimensionar as disputas sociais diante do rei que limita passos de uma bárbara; do homem que descumpre seu acordo e desonra sua mulher; e de filhos, que se tornam uma oportunidade afirmativa de uma mulher
ciceroniana, mesmo quando espraiados em sua produção, servem à sua forma de teorizar a política, a liberdade e as prerrogativas do cidadão dentro da civitas. O outro nome ao qual dedicaremos atenção é familiar aos estudos em direito romano, mas ainda pródigo de atenção no que toca ao republicanismo. Labeão, foi considerado o maior jurisconsulto do século e um dos últimos representantes teóricos da nobilitas republicana. As fontes nos permitem reconstituir não apenas a trajetória e a oposição política do jurista, mas também o modo como configurava a res publica por uma série de instituições, costumes e prerrogativas que podiam ser opostas – ao menos, a nível teórico e técnico – às “novidades” apresentadas pelos rearranjos augustano. PALAVRAS-CHAVE: Cícero; Labeão; História do Direito Romano.
ALEGORIA NA FÁBULA 1.2 DE FEDRO: CODIFICAÇÕES SEGURAS DA CRÍTICA Gabriel Castilho de Andrade Gil (UFMG)
O objetivo desta comunicação é apresentar e comentar pontos específicos da fábula As rãs pediram um rei (Ph. I.2), compilada no livro I do fabulário latino de Fedro (I d.C.). Trata-se de um poema jâmbico cuja narrativa é encontrada em outros contextos da cultura literária greco-romana, mas que recebe na obra desse fabulista uma expansão importante e uma "moldura" que fortifica a natureza política de sua alegoria subjacente. Interessa-nos, de início, amparados sobretudo pela análise realizada por Christopher Polt (2015), compreender, em alguma medida, como se dá a montagem alegórica dessa narrativa e como tal alegoria resultante autoriza gestos críticos polivalentes. Em sequência, com o alicerce da investigação de Sarah Forsdyke (2012) acerca da ideia de "transcrição oculta" em contextos antigos, buscamos indicar as razões pelas quais tal polivalência crítica, isto é, a imprecisão quanto aos referentes mobilizados pela alegoria (seus alvos, por exemplo) é, além de condição inerente ao gênero fabular, característica necessária para a satisfação do projeto poético de Fedro. Defendemos que a fábula claramente comunica percepções acerca de tirania, liberdade, violência política ou mempsis , por exemplo; contudo, tal percepção é codificada quanto aos sujeitos e contextos aos quais essas noções se aplicam. Essa codificação, por fim, seria uma característica essencial do gênero fabular e que estaria a serviço de um exercício crítico potencialmente seguro. PALAVRAS-CHAVE: Fedro; fábula esópica; alegoria.
VISÕES SOBRE AS FALHAS DE APOLO NAS METAMORFOSES DE OVÍDIO Luiz Pedro da Silva Barbosa (UFRJ)
Este trabalho é uma das etapas do projeto de pesquisa que se dedica ao estudo das representações de Apolo nas Metamorfoses de Ovídio, com o enfoque no recorrente caráter de lamento fúnebre associado ao deus. O presente trabalho apresenta e discute interpretações das passagens que envolvem Apolo e concluem que ele é retratado de modo predominantemente negativo, como personagem falha e débil, incapaz de mobilizar suas
próprias artes para salvar aqueles que ama ou controlar os próprios atos desmedidos (Armstrong, 2004; Fulkerson, 2006; Wilkens, 2011), o que teria uma finalidade de crítica à figura de Augusto. A discussão propõe uma contribuição para essas visões, com base na ampliação do corpus de análise para as numerosas participações de Apolo na obra e abordagens como a de Miller (2011), segundo a qual não é possível depreender uma visão política unitária na obra. Esta etapa do trabalho conclui que interpretações sobre a abordagem que Ovídio faz de Apolo podem chegar a afirmações que se estendem para além da crítica política. PALAVRAS-CHAVE: Apolo; Metamorfoses; lamento.
Maricel Radiminski (FFUL/UBA)
Roma y su expansión han dado lugar a distintas instancias de violencia, tanto militar como hacia las mujeres. Ejemplo de ello es el rapto de las sabinas, jornada que, tras la captura de las muchachas por parte de los romanos, derivó en un enfrentamiento entre los varones de ambos pueblos. Ovidio incluye este episodio en Fasti (3.167-258), poema elegíaco sobre el calendario romano que, como tal, expone rasgos de mixtura genérica. La narración corre por cuenta de Marte, cuyo relato, que plantea el uso de armas como partícipe necesario para que sus descendientes logren reunirse con mujeres que aseguren el crecimiento poblacional, omite la escena del rapto y se concentra en la participación de las jóvenes sabinas en la contienda armada entre romanos y sabinos. A partir de la irrupción de las sabinas en el campo de batalla, la materia bélica (comúnmente identificada con la épica) parece debilitarse y dar paso a la paz (vinculada a la elegía), que plantea la reconciliación entre ambos bandos. Paradójicamente, esta armonía se impone con la consolidación de la violencia sexual hacia las sabinas. Nos proponemos, entonces, estudiar el mencionado episodio de Fasti a fin de relevar posibles vínculos entre la intervención de las sabinas, la disposición del sitio de combate, la violencia y la manifestación metapoética de este pasaje ovidiano. PALAVRAS-CHAVE: Ovídio; Fasti; sabinas.
PALAVRAS-CHAVE: recepção crítica; tradução ativista; Ovídio.
A GUERRA NO CAMPO DE PRISIONEIRAS: O ESPÓLIO DARDÂNIO Érica Marques de Sant’ Anna (UFF)
Parte da única coletânea de peças trágicas não fragmentárias da cultura romana que chegou à contemporaneidade, As troianas de Lúcio Aneu Sêneca (c. 4 a.C. - 65 d.C.) trata do destino das mulheres de Troia após o fim dos combates com os gregos. A cidade foi abatida e resta agora sortear os novos senhores dos espólios dardânios, o que inclui não só os tesouros abundantes como também o coletivo de mulheres, incluindo as da Casa Real. Em uma longa fala, a título de prólogo, a rainha Hécuba relata os eventos da queda de Troia e o destino que caberá a essas mulheres, vindo a seguir a primeira intervenção coral, um canto lamentoso alternado entre o coro de prisioneiras e a rainha. Nesta comunicação, serão discutidos os 82 versos iniciais da peça, estimulando a reflexão transdisciplinar de questões que emergem à luz da recepção crítica do texto latino. A tradução toma como referencial teórico os Estudos Feministas da Tradução, pretendendo, assim, alertar para a violência sexual e a alienação cultural destinadas ao coletivo de mulheres troianas como escravas, condição virtualmente invisibilizada no texto latino. A pesquisa faz parte do projeto de iniciação científica “A mulher como espólio de guerra: recepção crítica de 'As troianas' de Sêneca”, com bolsa PIBIC. Espera-se que esta comunicação possa ser coordenada com outras duas incorporadas ao mesmo projeto de pesquisa, envolvendo a tradução feminista de textos de Ovídio e de Sêneca. PALAVRAS-CHAVE: recepção crítica; tradução ativista; Sêneca.
REPRESENTAÇÕES DA VIOLÊNCIA NAS TRAGÉDIAS SENEQUIANAS Zelia de Almeida Cardoso (USP)
Representante e divulgador do pensamento estoico em Roma, Sêneca escreveu obras fundamentais, como Sobre a ira , Sobre a tranquilidade da alma e Cartas a Lucílio , nelas mostrando que, se de um lado o desequilíbrio determinado por uma paixão pode gerar vingança e violência – é o tema explorado em Sobre a ira –, de outro, ele faz profundas reflexões sobre o comportamento humano. Sendo também, entretanto, um autor de tragédias, Sêneca as utiliza como parábolas, em contraposição com o que expressou nos tratados, mostrando de que forma as paixões podem produzir violência e desencadear catástrofes, espelhando, de certa forma, o que se passa no mundo real. Com sua versatilidade e conhecimento de técnicas dramáticas, ele cria uma espécie de tipologia da violência que se diversifica no conjunto dos textos, mostrando, sob diversos ângulos, suas principais manifestações. PALAVRAS-CHAVE: Sêneca; tragédias; violência.
Gabriel Paredes Teixeira (UFRJ)
A origem persa dos termos relacionados à magia foi conhecida por toda a antiguidade e atualmente pode ser comprovada através de documentos produzidos durante a dinastia Aquemênida. Muitos séculos após o surgimento de palavras como magéia (grego) ou magia (latim), autores como Plínio, o Velho (séc. I d.C.) e Apuleio de Madaura (séc. II d.C.) ainda eram capazes de remontar suas origens persas – relacionando-as às práticas religiosas daquele povo. Os magos seriam, portanto, os sacerdotes responsáveis pela realização dos cultos mágicos. Essa visão é amplamente difundida entre estudiosos contemporâneos, mas uma leitura cuidadosa da documentação antiga pode sugerir dinâmicas um pouco mais complexas para os magos no interior da sociedade persa. Esta comunicação tem como objetivo questionar a aparente homogeneidade da identidade desses sacerdotes na obra de Heródoto – um dos primeiros autores gregos a apresentar os magos –, defendendo que há, pelo menos, duas representações distintas para tais personagens no decorrer do texto. Para tanto, serão analisados alguns trechos da narrativa nos quais os magos desempenham papel importante. Entre eles, o curioso festival conhecido como o “massacre dos magos” ( magophónia ), descrito pelo historiador no terceiro livro de sua obra, e o episódio violento que deu origem a tal prática religiosa. PALAVRAS-CHAVE: magia; Heródoto; violência.
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TRATADO SOBRE A MÚSICA ATRIBUÍDO A PLUTARCO: A MÚSICA COMO ALTERNATIVA À GUERRA Felipe Nascimento de Araujo (UERJ)
Nossa proposta nesta comunicação consiste em apresentar a obra Sobre a Música ( Peri Mousikés ) a partir de uma abordagem histórica, ou seja, aventar uma análise pautada nos princípios teóricos e metodológicos da historiografia moderna. Em linhas gerais, o documento corresponde a um longo tratado construído a partir de diálogos (assim como diversas obras notáveis da Filosofia Clássica) que buscam elucidar questões gerais acerca da música como: as disposições acerca da ciência musical do período; a genealogia e trajetória da música; as argumentações filosóficas acerca da importância da música; entre outros tópicos. A autenticidade de sua autoria tem sido objeto de debate desde o século XVI, no qual certas vertentes identificam o suposto autor como “Pseudo-Plutarco” e outras defendem a autoria de Plutarco como legítima. É interessante apontar que o documento logo em sua abertura expõe que a guerra, apesar de necessária, não enobreceria um homem ou sua pólis como a paideia (“educação”, “instrução”), sendo a música como um dos aspectos que a representam.
coletivos de covardia – algo não necessariamente negativo, uma vez que, por vezes, serviu aos interesses dos próprios espartanos. PALAVRAS-CHAVE: Esparta; violência; covardia.
Leonardo Ferreira Kaltner (UFF)
O poema epicum De Gestis Mendi de Saa (1563) é uma obra singular que registra a recepção das Culturas da Antiguidade Clássica na América portuguesa, no contexto do movimento cultural e espiritual conhecido por Humanismo renascentista português, que vigorou entre 1485 e 1596, na vida intelectual do reino lusitano absolutista de então. A obra, de autoria de S. José de Anchieta, SJ (1534-1597), registra os feitos militares de Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil colônia. O que caracteriza o texto literário como poema humanístico é a sua expressão em latim renascentista, como poema épico, que imita e emula a estética da épica clássica. Porém, na abertura do poema, há um poema em dísticos elegíacos, de nítida imitação ovidiana, com uma dedicatória a Mem de Sá. Esse poema reflete a mentalidade de sua época e a colonização do Brasil quinhentista, em suas interações entre europeus e indígenas, sobretudo. Analisaremos, em nossa apresentação, o poema, suas fontes primárias, o Manuscrito de Algorta e a editio princeps de 1563, e a representação do conflito entre indígenas e os colonizadores, o choque entre culturas e barbáries, que o poema denota. Para desenvolver essa análise, teoricamente, nos valemos da teoria da estética da recepção, e da comparação com autores clássicos, tarefa filológica já desenvolvida ao longo de anos por Pe. Armando Cardoso, SJ, principal editor das obras de Anchieta no século XX, de cuja obra nos valeremos. PALAVRAS-CHAVE: Humanismo renascentista português; Literatura novilatina; José de Anchieta.
Stephanie Cunha dos Santos da Silva (UFF)
O presente trabalho tem por objetivo tecer comentários a respeito da vida e do pensamento de Cícero tendo por base a obra de Plutarco e o discurso Pro Archia. Sabendo que Plutarco trouxe grandes contribuições para a tradição biográfica, mesmo seu método não sendo mais empregado na historiografia atual pretende-se abordar de que modo as obras plutarquianas influenciaram a produção de biografias ao longo da História usando para isso várias obras historiográficas acerca da temática. E, isso para que na análise da vida de Cícero se tenha certos cuidados metodológicos para que não se caia em erros. No que diz respeito ao pensamento ciceroniano, espera-se trazer quais são os principais argumentos apresentados pelo orador e de que maneira esses pontos por ele levantados colaboraram para formação do conceito de humanitas, ou da formação humanística, e em que medida a integração com os gregos colaborou na construção desse pensamento. PALAVRAS-CHAVE: biografia; humanitas; Cícero.
Melyssa Cardozo Silva dos Santos (UFF)
O documento Schola Aquitanica foi inspirado na atuação do humanista português André de Gouveia, no colégio humanístico de Guiena, coligido por Élie Vinet, o plano de estudos do colégio de Bordeaux apresenta o ensino de latim na França renascentista. Debateremos o documento, sua editio princeps do século XVI, a edição do século XIX e a edição bilingue, com tradução inédita para o português, recentemente realizada em pesquisa de dissertação de mestrado no âmbito da Historiografia da Linguística (HL). Na apresentação desenvolveremos considerações acerca da fase heurística da pesquisa em HL e a importância do modelo teórico-metodológico de Pierre Swiggers para a pesquisa em HL no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Educação Humanística; Schola Aquitanica ; Historiografia da Linguística.
Alessandro Carvalho da Silva Oliveira (UFES)
Tratamos das tentativas de Cícero de construir uma narrativa que contasse sobre sua vida de forma a representá-lo como um romano virtuoso, evidenciando os feitos que ele diz considerar dignos de memória. Apesar de o orador, ao longo de sua vida, ter ocupado altas magistraturas, como o consulado, sua posição social era frequentemente contestada, principalmente pelo fato de ele não possuir um nome que lhe garantisse prestígio. Essa situação foi agravada após seu exílio, que tornou-se um evento mencionado em muitos de seus discursos após seu retorno. Ao voltar, Cícero passou a pedir constantemente a preclaros poetas que compusessem uma obra que tratasse de sua vida e de seus feitos, algo que, segundo ele próprio ( Ad Fam. 5.12), estava pautado pelo objetivo de tornar seu nome mais
Priscilla Adriane Ferreira Almeida (Fundação Torino)
Este trabalho pretende analisar o papel desempenhado pelos irmãos Fábios em Lívio, V, 35-39, e como a conduta deles de alguma forma contribuiu para o trágico destino de Roma, que foi saqueada pelos gauleses. Entre os capítulos V, 35-36, Lívio narrou o ataque gaulês à cidade de Clúsio. Os romanos, chamados para ajudar, enviaram os irmãos Fábios como emissários, a fim de tentar um acordo de paz com os invasores. Essa tentativa, contudo, tornou-se um grande fracasso, já que os Fábios desrespeitaram o direito das nações e atacaram os gauleses. Levando em consideração essa terrível atitude praticada pelos Fábios e o iminente saque de Roma dentro da narrativa liviana, este trabalho analisa o papel da Fortuna (sorte) nos acontecimentos descritos em Lívio, V, 36-39. Além disso, discute-se a conduta desonrosa dos romanos, entre 37-38, que culminou na derrota deles, próximo ao rio Ália. Por fim, o trabalho examina a maneira como Lívio desenvolveu cada episódio em V, 39 como uma reconquista da virtude romana, com exemplos de coragem do povo romano e respeito aos deuses, outrora desprezados. Há ainda um estudo dos elementos retóricos e literários empregados por Lívio para caracterizar romanos e gauleses e retratar os fatos ocorridos, bem como a análise de alguns conceitos-chave, como fides , pietas , concordia e mos maiorum. PALAVRAS-CHAVE: Lívio; saque de Roma; Fortuna.
REPENSANDO A HISTÓRIA AUGUSTA: FONTE CRÍVEL (OU MANIPULADA) PARA OS ESTUDOS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA? Renato Cardoso Corgosinho (PUC-MG)
O que se convencionou chamar de História Augusta é uma compilação de biografias escritas em latim de diversos imperadores romanos, bem como de seus herdeiros e (em alguns casos) usurpadores, compreendendo um período temporal que vai de 117 (Adriano) a 284 d. C. (Numeriano). Dentre as diversas questões suscitadas pela obra, estão a sua real autoria, o grau de fidedignidade e exatidão dos dados biográficos nela constantes – a partir das fontes declaradas e supostamente utilizadas –, e, por conseguinte, o nível de confiabilidade histórica que se poderia atribuir-lhe. Já é consenso entre os historiadores que se trata de um texto com enorme carga ficcional no que concerne a fatos e personagens, comportando contradições, incoerências e anacronismos, além de plágios estilísticos e temáticos. No entanto, a obra constitui-se na única fonte literária (e, para muitos, histórica) contínua e em latim que abarca o período supracitado, o que motiva constantes reavaliações em relação ao seu caráter de fonte documental. Não parece razoável, nesse sentido, se considerarmos que a História Augusta é em grande parte uma invenção, furtarmo-nos a analisar também o aspecto manipulativo das informações, pretensamente históricas, veiculadas na obra, das motivações de seu autor (ou autores), que lograram durante séculos fazer críveis suas
narrativas e, por fim, de sua fortuna crítica. Nossa comunicação abordará algumas das discussões mais relevantes sobre essa temática. PALAVRAS-CHAVE: Antiguidade Clássica; História Augusta; Literatura Latina.
Letícia Maria Quintella Viana (UFPE)
Segundo Bloomer (2007, p. 299, tradução nossa), “as raízes da declamação encontram-se, certamente, na escola helenística, uma vez que a declamação repousa sobre um sistema de invenção de temáticas para debates”; e os exercícios progymnásmata constituíam a base desses estudos helenísticos, pois, conforme Pepe (2013, p. 378-9, tradução nossa): “De acordo com o ideal pedagógico antigo, (...) uma vez que o pupilo recebesse uma preparação adequada no progymnásmata , era chegado o momento de avançar ao segundo estágio da educação, isto é, a declamação”. Diante disso, e considerando que os cadernos progymnásmata foram levados pelos gramáticos e retores romanos à educação latina, sob o nome de preexercitamina , neste trabalho, reuniremos um aparato histórico para discutirmos se as controvérsias, que se configuravam como peças jurídicas fictícias, introduzidas pelos retores romanos em âmbito escolar e performático, a fim de que seus alunos treinassem seu poder argumentativo, podem ter uma origem apontada nos cadernos progymnásmata. Para tanto, nos serviremos do aporte teórico de Bloomer (2007), Kennedy (2003), Pepe (2013), além, entre outros, e do próprio Sêneca que, em sua primeira controvérsia, chama a declamatio romana, escrita sob este subgênero, de rem post me natam. Sendo assim, nosso objetivo não será determinar ou estabelecer uma história para a origem das controvérsias, mas fomentar as discussões já existentes a respeito desta. PALAVRAS-CHAVE: controvérsia; progymnásmata ; Sêneca.
AMIZADE E JUSTIÇA NO LÉLIO DE CÍCERO Bruno Amaro Lacerda (UFJF)
Em seu Lélio, Sobre a Amizade, após estabelecer que a amizade só pode se dar entre homens bons ( nisi in bonis amicitiam esse non posse ), Cícero, pela voz do personagem que dá nome à obra, sustenta que nascemos para uma espécie de ligação uns com os outros ( ita natos esse nos ut inter omnes esset societas quaedam ), ligação esta que é tanto mais intensa quanto maior é a