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Reflexões sobre relações educativas na saúde de adolescentes: terapia ocupacional, Manuais, Projetos, Pesquisas de Construção

Reflexões sobre a construção de relações educativas na promoção de saúde com adolescentes, baseado no projeto brincanto de terapia ocupacional. O texto discute as experiências vividas pelos profissionais e os adolescentes em relação à promoção da saúde sexual e reprodutiva, utilizando jogos educativos e abordando temas como gênero, diversidade sexual e violência. As reflexões destacam a importância da horizontalidade, da valorização do conhecimento prévio dos adolescentes e da construção compartilhada de conhecimento.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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XV ENEXT/I ENExC - 2015
ENSINAR-APRENDENDO, APRENDER-ENSINANDO: REFLEXÕES SOBRE
O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES EDUCATIVAS NA PROMOÇÃO DE
SAÚDE COM ADOLESCENTES
Maryuska Jamyllys Guerra Santos Alves
Wilsineth Borges Teixeira Ferreira
Daniela Tavares Gontijo (Orientador)
Resumo: O desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem ao
profissional de saúde o planejamento, implementação e avaliação de ações de educação
em saúde se caracteriza como um grande desafio no contexto da formação
universitária. Este desafio, analisado a partir dos princípios defendidos pela Política
Nacional de Educação Popular em Saúde, configura-se em meio às dificuldades no
estabelecimento de relações educativas sustentadas pelo diálogo, amorosidade,
problematização, construção compartilhada de conhecimento, que contribuam para a
emancipação dos sujeitos e grupos nos seus contextos reais de vida (BRASIL, 2012).
Considerando estes aspectos, é preemente que a Universidade proporcione experiências
que possibilitem ao futuro profissional tanto a aproximação teórica quanto a vivência
destes aspectos no processo de formação, sendo as ações de natureza extensionista um
cenário potencialmente privilegiado para isto. Compreende-se a extensão na
perspectiva defendida pelo educador Paulo Freire (2011a), que a significa enquanto um
processo de construção de relações de comunicação, de caráter dialógico, entre a
academia e o povo e catalisadora do processo de emancipação. Nesta perspectiva, o
presente trabalho objetiva apresentar reflexões sobre a construção das relações
educativas, no contexto da promoção da saúde e seu impacto no processo de formação
profissional. Metodologicamente, estas reflexões se dão no âmbito das discussões
realizadas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Vulnerabilidade e Saúde na Infância
e Adolescência (NEPVIAS-UFPE), especialmente por professores e acadêmicos do
curso de terapia Ocupacional que desenvolvem ações de promoção da saúde junto a
adolescentes. Estas discussões se referem, especificamente, às experiências que estão
sendo vivenciadas no projeto BRINCANTO Terapia Ocupacional na promoção de
saúde com adolescentes. O BRINCANTO desenvolve ações de promoção de saúde
sexual e reprodutiva com adolescentes, com idade entre 12 e 16 anos, que tem como
base a pedagogia freireana (FREIRE, 2011b e c) e a utilização do lúdico no processo
educativo. Durante as ações, utilizando jogos elaborados pela equipe, são
problematizados com os adolescentes diversos aspectos relacionados à saúde sexual e
reprodutiva, desde conteúdos de cunho mais biológico (corpo, doenças sexualmente
transmissíveis) até questões mais amplas como gênero, diversidade sexual e violência
neste contexto. Este processo, conduzido a partir dos jogos educativos, tem tido
resultados positivos junto aos adolescentes no que se refere a sua efetividade e
atratividade (GONTIJO et al, 2015, GONTIJO et al, 2014). No entanto, um aspecto
que tem sido problematizado nas discussões da equipe se refere ao potencial não
somente do uso do jogo e sim da intencionalidade que permeia a condução destes.
Neste sentido, a utilização dos jogos se em meio à construção de uma relação
baseada na horizontalidade entre extensionistas e adolescentes. Este processo se
efetiva a partir da adoção de atitudes marcadas pela intenção de criar um espaço de
discussão participativa e de corresponsabilidade na construção do conhecimento sobre
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ENSINAR-APRENDENDO, APRENDER-ENSINANDO: REFLEXÕES SOBRE

O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES EDUCATIVAS NA PROMOÇÃO DE

SAÚDE COM ADOLESCENTES

Maryuska Jamyllys Guerra Santos Alves Wilsineth Borges Teixeira Ferreira Daniela Tavares Gontijo (Orientador)

Resumo: O desenvolvimento de habilidades e competências que possibilitem ao profissional de saúde o planejamento, implementação e avaliação de ações de educação em saúde se caracteriza como um grande desafio no contexto da formação universitária. Este desafio, analisado a partir dos princípios defendidos pela Política Nacional de Educação Popular em Saúde, configura-se em meio às dificuldades no estabelecimento de relações educativas sustentadas pelo diálogo, amorosidade, problematização, construção compartilhada de conhecimento, que contribuam para a emancipação dos sujeitos e grupos nos seus contextos reais de vida (BRASIL, 2012). Considerando estes aspectos, é preemente que a Universidade proporcione experiências que possibilitem ao futuro profissional tanto a aproximação teórica quanto a vivência destes aspectos no processo de formação, sendo as ações de natureza extensionista um cenário potencialmente privilegiado para isto. Compreende-se a extensão na perspectiva defendida pelo educador Paulo Freire (2011a), que a significa enquanto um processo de construção de relações de comunicação, de caráter dialógico, entre a academia e o povo e catalisadora do processo de emancipação. Nesta perspectiva, o presente trabalho objetiva apresentar reflexões sobre a construção das relações educativas, no contexto da promoção da saúde e seu impacto no processo de formação profissional. Metodologicamente , estas reflexões se dão no âmbito das discussões realizadas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas em Vulnerabilidade e Saúde na Infância e Adolescência (NEPVIAS-UFPE), especialmente por professores e acadêmicos do curso de terapia Ocupacional que desenvolvem ações de promoção da saúde junto a adolescentes. Estas discussões se referem, especificamente, às experiências que estão sendo vivenciadas no projeto BRINCANTO – Terapia Ocupacional na promoção de saúde com adolescentes. O BRINCANTO desenvolve ações de promoção de saúde sexual e reprodutiva com adolescentes, com idade entre 12 e 16 anos, que tem como base a pedagogia freireana (FREIRE, 2011b e c) e a utilização do lúdico no processo educativo. Durante as ações, utilizando jogos elaborados pela equipe, são problematizados com os adolescentes diversos aspectos relacionados à saúde sexual e reprodutiva, desde conteúdos de cunho mais biológico (corpo, doenças sexualmente transmissíveis) até questões mais amplas como gênero, diversidade sexual e violência neste contexto. Este processo, conduzido a partir dos jogos educativos, tem tido resultados positivos junto aos adolescentes no que se refere a sua efetividade e atratividade (GONTIJO et al, 2015, GONTIJO et al, 2014). No entanto, um aspecto que tem sido problematizado nas discussões da equipe se refere ao potencial não somente do uso do jogo e sim da intencionalidade que permeia a condução destes. Neste sentido, a utilização dos jogos se dá em meio à construção de uma relação baseada na horizontalidade entre extensionistas e adolescentes. Este processo se efetiva a partir da adoção de atitudes marcadas pela intenção de criar um espaço de discussão participativa e de corresponsabilidade na construção do conhecimento sobre

a temática em foco. Entre estas atitudes, destaca-se a valorização do conhecimento prévio dos adolescentes, a utilização de uma linguagem pertinente ao universo cultural destes, a oportunidade de “ter voz” e de “ser ouvido” de forma ética e respeitosa, o fortalecimento dos laços entre os adolescentes, a busca pela desconstrução de concepções vulnerabilizantes naturalizadas no contexto de vida, entre outras, que se operacionalizam através de uma relação verdadeiramente dialógica. Neste espaço dialógico, extensionistas (docente e discentes) e adolescentes se percebem enquanto protagonistas e corresponsáveis pelo processo de aprendizagem de todos os atores envolvidos (GONTIJO et al, 2014). Especificamente em relação aos adolescentes observa-se uma apropriação não somente do espaço do grupo educativo, mas também a construção de uma relação de vínculo com as extensionistas que lhes permitem, inclusive, a identificação destas enquanto figura de referência e de cuidado em saúde. Essa identificação se explicita, por exemplo, na busca dos adolescentes pelas extensionistas, de conversas individuais, nas quais buscam orientações sobre situações de risco vivenciadas e estratégias para lidar com estas. No outro polo da relação, extensionistas aprendem com os adolescentes, entre outras coisas, como lidar com as contradições e complexidades que envolvem o binômio teoria e prática, principalmente no que se refere a desconstrução/reconstrução de concepções, não somente científicas, mas também culturais e pessoais que lhes permitem a problematização dos conhecimentos construídos até então e sua contextualização à vida real. Além disso, destaca-se a identificação e valorização, pelas extensionistas, da congruência entre preceitos teóricos norteadores da prática e sua verdadeira efetivação, diminuindo a “distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que num dado momento, a tua fala seja a tua prática” (FREIRE, 2011b). Diante desta experiência e reflexões, considera-se que ensinar-aprendendo, aprender-ensinando, se caracteriza como uma intenção e uma postura frente ao processo educativo junto aos adolescentes que se transpõe para outros contextos da formação profissional, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da crítica e empoderamento das extensionistas na vida acadêmica.

Palavras–chave: educação em saúde; formação profissional; promoção da saúde; terapia ocupacional

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BECHARA, A. M. D; GONTIJO, D. T.; FACUNDES, V. L. D.; MEDEIROS, M. “Na brincadeira a gente foi aprendendo”: promoção de saúde sexual e reprodutiva com homens adolescentes. Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 15, n. 01, 2013 (no prelo). Disponível em : https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v15/n1/pdf/v15n1a03.pdf. Acesso em 01/10/2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de educação popular em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011 a.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia : saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011b.