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enf psf03, Notas de estudo de Enfermagem

PROGRAMA DE SAUDE DA FAMILIA

Tipologia: Notas de estudo

2011

Compartilhado em 05/02/2011

elaine-sabbag-2
elaine-sabbag-2 🇧🇷

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Curso de
Enfermagem e o PSF
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
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Curso de

Enfermagem e o PSF

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

MÓDULO III

SAÚDE DA MULHER

ACOMPANHAMENTO PRÉ–NATAL

Quando uma mulher confirma que está grávida passa a vivenciar uma cascata de sentimentos que vão desde alegria, ansiedade, euforia, insegurança e até mesmo surpresa, medo, decepção entre outros sentimentos negativos quando se trata, por exemplo, de uma situação em que a gravidez tenha ocorrido de forma inesperada e não planejada. Independente das condições em que esta tenha ocorrido, o primeiro passo a ser tomado pela futura mamãe deve ser o de procurar a Unidade de Saúde da Família para que se possa iniciar o acompanhamento pré-natal que irá acompanhar durante toda a gestação a saúde da mulher e do bebê em formação. É competência da equipe da saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro contato na unidade de saúde ou na comunidade. O acolhimento para a gestante deve estabelecer e fortalecer o vínculo profissional-cliente. O contexto de cada gestação é determinante para o seu desenvolvimento, bem como para a relação que a mulher e a família estabelecerão com a criança. Assim, a equipe deve valorizar a história que cada mulher grávida traz e também suas emoções e sentimentos, de forma a individualizar e a contextualizar a assistência ao pré-natal. Para tanto, torna-se necessário criar um ambiente de segurança que permita que a mulher fale de sua intimidade, expresse suas dúvidas e discuta temas (tabus), como a sexualidade. É através do acompanhamento pré-natal que os profissionais de saúde farão a avaliação do desenvolvimento da gestação, ofertando orientações para promoção da saúde materna e do bebê, bem como identificando possíveis problemas ou situações que representem risco ao decorrer da gestação. A Assistência Pré-Natal, segundo a Organização Mundial da Saúde, consiste num conjunto de cuidados médicos, nutricionais, psicológicos e sociais, destinados a

significa que a mulher está grávida e, portanto deve iniciar com o pré-natal. Mas, se o resultado do exame vier negativo é necessário repetir o exame anterior após 15 dias. E, se dessa vez o exame persistir no resultado negativo é preciso investigar causas ginecológicas. O diagnóstico laboratorial – o teste imunológico de gravidez (TIG) – baseia- se no encontro na urina ou no sangue do hormônio gonadotrófico coriônico. O exame de sangue pode confirmar a gravidez até 10 dias após a fecundação, permitindo o diagnóstico precoce da gestação.

CONSULTA DE PRE-NATAL

As consultas de pré-natal poderão ocorrer na unidade de saúde ou durante as visitas domiciliares, conforme disponibilidade da equipe. Pode ser realizado pelo médico ou pelo enfermeiro. De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Decreto nº 94.406/87 – o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo enfermeiro. A primeira consulta de pré-natal deve acontecer o mais precoce possível. Já as consultas subseqüentes deverão obedecer ao intervalo de 04 semanas até a 32ª semana de gravidez. Entre a 32ª e a 36ª semana o intervalo deve ser de 15 dias e, após a 36ª semana a consulta deverá ser semanalmente. Em nenhuma circunstância a gestante poderá ser dispensada de consultas de pré-natal antes que o parto aconteça. Isto quer dizer: as consultas no último mês de gestação devem ser semanais, pois algumas complicações podem ocorrer neste período, além de ser o período em que as dúvidas sobre os sinais do trabalho de parto mais aparecem. Em todas as consultas a mulher deverá ser pesada, sua pressão arterial deverá ser aferida, e a partir do 4º mês deverá ter medida à altura de seu útero (que indiretamente avalia o crescimento do feto), além de ser auscultado os batimentos cardíacos do feto (BCF). Na primeira consulta de pré-natal deve-se preencher o cartão da gestante adequadamente com nome idade, endereço, data da última menstruação, data

provável do parto, idade gestacional, avaliação nutricional. Nesta ocasião deve-se realizar a anamnese da gestante com o levantamento de dados, conforme o roteiro proposto pelo Ministério da Saúde, que segue:

História clínica:

  • Identificação: idade, cor, naturalidade, procedência, endereço atual;
  • Dados socioeconômicos – grau de instrução, profissão/ocupação, situação conjugal, número e idade de dependentes (avaliar sobrecarga de trabalho doméstico), renda familiar per capita, pessoas da família que participam da força de trabalho, condições de moradia (tipo, nº de cômodos), condições de saneamento (água, esgoto, coleta de lixo);
  • Motivos da consulta – assinalar se foi encaminhado pelo agente comunitário ou se procurou diretamente a unidade, se existe alguma queixa que a fez procurar a unidade – descrevê-la;
  • Antecedentes familiares – hipertensão, diabetes, doenças congênitas, gemelaridade, câncer de mama, hanseníase, tuberculose e outros contatos domiciliares (anotar a doença e o grau de parentesco);
  • Antecedentes pessoais – hipertensão, cardiopatias, diabetes, doenças renais crônicas, anemias, transfusões de sangue, doenças neuropsiquiátricas, viroses (rubéola e herpes), cirurgia (tipo e data), alergias, hanseníase, tuberculose;
  • Antecedentes ginecológicos – ciclos menstruais (duração, intervalo e regularidade), uso de métodos anticoncepcionais (quais, por quanto tempo e motivo do abandono), infertilidade e esterilidade (tratamento), doenças sexualmente transmissíveis (tratamentos realizados, inclusive do parceiro), cirurgias ginecológicas (idade e motivo), mamas (alterações e tratamento), última colposcopia oncótica (data e resultado);
  • Sexualidade – início da atividade sexual (idade da primeira relação), desejo sexual (libido), orgasmo, dispareunia (dor ou desconforto durante o ato

apresentação fetal (3ª trimestre), inspeção dos genitais externos, exame especular (inspeção das paredes vaginais, inspeção dos conteúdos vaginais, coleta de material para exame colpocitopatológico), toque vaginal.

Nas consultas subseqüentes de pré-natal deve ser feito revisão da ficha perinatal e anamnese atual, cálculo e anotação da idade gestacional, controle do calendário de vacinação, exame físico geral e obstétrico (peso, medida de pressão arterial, inspeção da pele e das mucosas, inspeção das mamas, palpação obstétrica e medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, pesquisa de edema, toque vaginal, exame especular e outros, se necessário). E, interpretação de exames laboratoriais e solicitação de outros, se necessário, acompanhamento das condutas adotadas em serviços clínicos especializados, realização de ações e práticas educativas. O pré-natal vai além do cuidar da saúde física, pois durante o pré-natal serão fornecidas as orientações necessárias à mulher sobre sua gravidez. Os cuidados que ela deve ter neste período, a importância de uma correta nutrição, a prática de exercícios, como se dá a evolução do trabalho de parto, o parto em si e a importância do aleitamento materno. Exclusivo até os seis meses pelo menos bem como a técnica correta e os cuidados que devem ser seguidos entre vários outros temas. O Ministério da Saúde também preconiza o método para o cálculo da idade gestacional (IG) e para a data provável do parto (DPP). Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida deve somar 07 dias ao primeiro dia da última menstruação e adicionar 09 meses ao mês em que ocorreu a última menstruação, ou o uso do calendário: contar o número de semanas a partir do primeiro dia da DUM para se obter a IG atual em cada consulta, e a DPP corresponde ao final de 40ª semana. Quando a DUM é desconhecida, se o período for ao início, meio ou fim do mês, considerar como DUM os dias 05, 15 e 25, respectivamente; proceder, então, à utilização de um dos métodos descritos acima. Em fim, quando a data e o período do mês não forem conhecidos, a IG e a DPP serão inicialmente determinadas por aproximação, basicamente, pela medida

da altura do fundo do útero e do toque vaginal, além da informação sobre a data de início dos batimentos fetais.

Exames Laboratoriais Na Assistência Do Pré-Natal E Condutas

Na primeira consulta alguns exames serão solicitados, visando à detecção precoce de algum problema materno que possa afetar a saúde do bebê e o bom andamento da gestação. Os exames realizados pela coleta de sangue e considerados obrigatórios são:

  • Hemograma: serve para avaliar situações de infecção e possível anemia. Se o exame constar ausência de anemia (hemoglobina > ou igual 11g/dl) iniciar suplementação de ferro a partir da 20ª semana de gestação: 01 drágea de sulfato ferroso/dia (300mg), que corresponde a 60 mg de ferro elementar. Recomenda-se ingerir 30 minutos antes das refeições.

No entanto, se houver constatação de anemia leve à moderada (hemoglobina <11g/dl e> ou igual a 08 g/dl), deve-se tomar a seguinte conduta: solicitar exame parasitológico de fezes e tratar parasitose, se presentes; tratar anemia com 03 drágeas de sulfato ferroso/dia; repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias: se os níveis estiverem subindo, manter o tratamento até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação ( drágea de sulfato ferroso/dia), e repetir a dosagem no 3º trimestre; se a hemoglobina permanecer em níveis estáveis ou se baixar, referir a gestante ao pré-natal de alto risco. Se for constatada anemia grave (hemoglobina < ou igual a 08 g/dl): referir ao pré-natal de alto risco;

  • Glicemia em jejum: tem o intuito de identificar a presença da patologia diabetes mellitus;
  • Tipagem sanguínea: permite conhecer o tipo de sangue e o fator Rh correspondente. Se o fator Rh da gestante for negativo e o parceiro Rh positivo ou o fator Rh for desconhecido torna-se necessário acompanhamento e orientação. Deve

Há diversos outros exames complementares que podem ser solicitados pelos profissionais, se houver indicação clínica, a saber: colpocitologia oncótica (exame preventivo do colo uterino, que pode e deve ser realizado sem problemas, se estiver na época de sua realização), parasitológico de fezes, bacterioscopia de secreção vaginal e outros. Esses exames serão repetidos durante o decorrer da gestação para a confirmação do estado de saúde da gestante e do bebê, ou quando o profissional julgar necessário. A Ultra-sonografia é importante para avaliar a idade gestacional, e alguns problemas com o bebê ou com a mãe, tais como: má-formação, descolamento placentário, gravidez nas tubas uterinas, entre outros. Modernamente, há exames de líquido amniótico que podem ser feitos entre a 14ª e 18ª semanas de gestação para verificar riscos de anomalias do bebê como Síndrome de Down e más-formações do tubo neural. O primeiro exame ultra-sonográfico é realizado após a 7ª semana, não devendo ultrapassar a 14ª semana de gestação. Tem-se optado por realizar uma ultra-sonografia obstétrica morfológica de primeiro trimestre, se for possível, entre a 11ª e a 14ª semana de gestação, no sentido de ser realizado um primeiro rastreamento de más-formações congênitas. Em geral se realiza um exame ultra-sonográfico em cada trimestre da gestação. Porém, lembre-se, nada substitui a consulta de pré-natal e o exame obstétrico bem feito. A ultra-sonografia é um exame complementar.

VACINAÇÃO

Durante a realização do pré-natal, a gestante também deve ser orientada quanto à sua situação vacinal a fim de conferir proteção contra o tétano neonatal. De acordo com o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde recomenda- se o seguinte esquema vacinal:

  • Se a mulher não tiver nenhuma dose prévia ou não souber informar sobre seu passado vacinal, aplicar três doses de vacina antitetânica do tipo adulto (dt) ou,

na falta desta, o toxóide tetânico (TT). Deve ser respeitado o intervalo mínimo de 30 dias entre as aplicações, sendo o intervalo ideal de 60 dias.

  • Se a mulher apresenta esquema vacinal incompleto, tendo recebido uma ou duas doses prévias de vacina dT deve-se completar o esquema vacinal com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses faltantes;
  • Se a mulher possuir esquema completo há mais de cinco anos deve-se aplicar uma dose reforço;
  • Se a mulher possuir esquema completo há menos de cinco anos deve-se considerar a gestante imunizada, portanto não terá nenhuma dose a ser aplicada nesse momento;
  • O reforço deve ocorrer a cada dez anos; antecipar a dose de reforço se houver nova gravidez em cinco anos, ou mais, depois da aplicação da última dose;
  • A única contra-indicação para a não aplicação da vacina é o relato, muito raro de reação anafilática à aplicação de doses anteriores;
  • Os principais efeitos adversos mais comuns são: dor, calor, hiperemia e endurecimento local, e febre. É importante ressaltar que a proteção contra o tétano neonatal só é possível quando a segunda dose for administrada até 20 dias antes do parto que é o tempo mínimo necessário para que haja produção de anticorpos suficientes para transferir ao feto. Para a prevenção do tétano neonatal em gestações futuras e correta proteção à gestante, é necessário à administração da terceira dose. A apresentação da carteirinha de vacinação deve ser solicitada já na primeira consulta de pré-natal e as vacinas tomadas o mais breve possível.

ATIVIDADES FÍSICAS

Nas consultas de pré-natal, também devem ser dadas orientações sobre a prática de atividades físicas na gravidez. Durante toda a gestação são indicadas atividades de baixo risco, pois auxiliam na redução do estresse mecânico sobre as articulações e têm um efeito diurético (aumentam a produção de urina), além de outras vantagens. São consideradas de baixo risco: hidroginástica, caminhada,

Engordar demais não é bom, mas, querer manter o peso ou ganhar muito pouco, deixa a mulher susceptível a complicações e conseqüentemente o bebê poderá ser afetado. A dieta deve ser balanceada, incluindo vitaminas e sais minerais (frutas e verduras), proteínas (leite, carnes e cereais), fibras (verduras, aveia, milho, trigo, frutas), gorduras e carboidratos (pães, massas, doces etc.), estes dois últimos são alimentos energéticos, os quais devem ser consumidos com moderação. A partir do segundo trimestre da gestação, aumentam as necessidades de ferro, proteínas e cálcio, pois o bebê inicia a fase de crescimento rápido. Coma fígado e outras carnes como; feijão, vegetais verde-escuro e frutas, como laranja e limão, que ajudam a prevenir a anemia por falta de ferro. Não se esqueça do leite e seus derivados (queijo, iogurte etc.) que são importantes para a formação dos ossos e dentes do bebê. Também deverá ser realizada uma suplementação de ferro, mesmo que se constate a ausência de anemia deve ser prescrita suplementação de ferro a partir da 20ª semana através de uma drágea de sulfato ferroso/dia (300mg), que corresponde a 60 mg de ferro elementar. Na primeira consulta, é necessária a prescrição de uma vitamina, o ácido fólico, para ajudar na prevenção de malformações congênitas. O ideal é que a mulher comece a tomar esta vitamina desde o momento em que deixa de evitar a gravidez, pois seria bom que no momento da concepção esta prevenção já estivesse em prática. Algumas situações podem requerer a restrição de algum tipo de alimento ou recomendar uma ingestão maior de outros, dependendo do ganho de peso da grávida, ou ainda na presença de alguma doença (hipertensão arterial, diabetes, problemas renais, etc.) entre outros fatores que requerem orientações específicas do profissional que está acompanhando a gestação.

FATORES DE RISCO PARA A GESTAÇÃO

Algumas situações implicam em fatores de risco para a gestação e devem ser cuidadosamente investigados e a gestante deve receber todas as orientações possíveis sobre a sua gravidez e as situações que possam acarretar prejuízos à saúde do bebê e da grávida. São considerados fatores de risco biológicos:

  • Idade materna menor que 17 anos e maior que 35 anos;
  • Estatura materna inferior a 1,45m e constitui agravante maior se o pai for de estatura grande;
  • Peso pré-gestacional abaixo de 45 kg ou ganho de peso durante a gestação menor que 75 kg;
  • História prévia de natimorto, óbito neonatal, partos complicados e recém- nascidos de baixo peso (< 2500gr);
  • Anemia na gravidez;
  • Dependência de drogas químicas;
  • Curto intervalo gestacional menor que dois anos e maior de 05 anos;
  • Nuliparidade ou multiparidade;
  • Esterilidade ou infertilidade;
  • Síndrome hemorrágica ou hipertensiva, cirurgia uterina anterior;
  • Morte perinatal explicada e inexplicada, óbito fetal;
  • Recém-nascido com crescimento retardado, pré-termo ou malformado;
  • Abortamento habitual;
  • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
  • Ganho ponderal inadequado;
  • Isoimunização;
  • Amniorrexe prematura;
  • Pré-eclâmpsia / eclâmpsia;
  • Cardiopatias, pneumopatias, nefropatias, endocrinopatias, hemopatias, hipertensão arterial, epilepsia, doenças infecciosas, doenças auto-imunes e ginecopatias.
  • A relação sexual pode e deve ser mantida durante o percurso gestacional, depende da decisão do casal. A prática sexual está contra-indicada na presença de sangramento vaginal, ameaça de aborto, particularmente em mulheres com histórias de abortamento anteriores.

QUEIXAS MAIS FREQÜÊNTES NA GRAVIDEZ E CONDUTAS

  • Náuseas, vômitos e tonturas: sintomas comuns no 1º trimestre. Orientar a gestante a fracionar a dieta (seis refeições leves ao dia), evitar frituras, alimentos gordurosos ou com odores fortes, líquidos durante as refeições e ingerir alimentos sólidos pela manhã antes de escovar os dentes.
  • Sialorréia: é o aumento da produção de saliva. Orientar a gestante evitar cuspir a saliva. Chupar gelo é uma medida eficaz de amenizar o sintoma.
  • Pirose ou azia: orientar para evitar fumo, ingestão de café, tereré, chimarrão, chá preto, frituras, ingestão de líquidos durante refeições, álcool e doces. Fracionar a dieta e ingerir leite frio. Se o vômito for acentuado utilizar antieméticos.
  • Fraquezas e desmaios: orientar para que não faça mudanças bruscas de posição e evite a inatividade, sentar-se com a cabeça abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente.
  • Dores abdominais e cólicas: corrigir postura, dormir em colchão adequado, evitar calçado de salto muito alto, praticar exercícios diários para tonificar e manter a força muscular, realizar aplicação de calor local e fazer massagem. Deve ser descartada a hipótese de contrações uterinas e trabalho de parto prematuro. Nesse caso, recomenda-se repouso e uso de hioscina.
  • Corrimento vaginal: os fluxos infecciosos (de cor amarelada, esverdeada ou odor fétido) devem ser tratados. No entanto, é importante observar que a mulher estará com o fluxo vaginal aumentado e que isto é um achado normal na gestação, não havendo necessidade de uso de cremes vaginais.
  • Dor nas mamas: recomendar uso de sutiã, com boa sustentação. Investigar causas patológicas.
  • Varizes: procurar descansar com MII elevadas, utilizar meias elásticas, evitar ficar em pé.
  • Lombalgia: corrigir postura, usar sapatos baixos e confortáveis, aplicar calor local, se necessário utilizar analgésicos.
  • Câimbras: massagear o músculo contraído e aplicar calor local, orientar ficar de pé e descalça em piso frio.
  • Cefaléia: em geral, é proveniente de tensão emocional. Descartar possibilidade de hipertensão arterial e pré-eclâmpsia após 20 semanas de gestação.
  • Flatulência e constipação intestinal: aumentar ingesta de fibras, líquidos, realizar exercícios físicos e caminhada, evitar alimentos de alta fermentação.
  • Edema: muito comum no final da gestação, decorre da pressão da veia cava inferior pelo útero e se manifesta na região dos tornozelos. Orientar repouso em decúbito lateral ou com MMII elevados. Se o edema for generalizado ou se estender para mãos e face, investigar presença de pré-eclâmpsia e hipertensão arterial.
  • Queixas urinárias: o aumento da freqüência urinária é comum no início e final da gestação devido compressão que o útero faz sobre a bexiga. Mas, se houver queixa de disúria ou hematúria, encaminhar ao médico.

NÍVEIS DE EXECUÇÃO DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

Médico:

  • Realizar consulta de pré-natal, intercalando com o (a) enfermeiro (a);
  • Orientar a gestante quanto a fatores de risco;
  • Solicitar exames e orientar tratamento conforme as Normas Técnicas e Operacionais;
  • Participar das atividades educativas.

Agentes Comunitários de Saúde:

  • Identificar, por meio das visitas domiciliares, as gestantes e encaminhá-las à Unidade de Saúde da Família;
  • Desenvolver atividades educativas para a gestante e seus familiares, fornecendo orientações sobre cuidados básicos de saúde, higiene e nutrição;
  • Encaminhar a gestante ao Serviço de Saúde ou comunicar ao médico ou enfermeiro (a) de sua equipe caso a gestante apresente: perda sanguínea, corrimento mal-cheiroso, febre, calafrios, dor ou ardência ao urinar, ausência de movimentos fetais, contrações uterinas, mamas endurecidas, vermelhas e quentes;
  • Orientar sobre a periodicidade das consultas, identificar situações de risco e encaminhá-las à Unidade de Saúde da Família;
  • Captar precocemente as gestantes para que iniciem seu pré-natal ainda no primeiro trimestre de gestação e verificar a adesão da gestante nas consultas subseqüentes;
  • Realizar visitas domiciliares no período puerperal, acompanhar o processo de aleitamento oferecendo orientações, e aconselhar o planejamento familiar esclarecendo dúvidas da mulher e do seu companheiro.

PUERPÉRIO

É chamado de puerpério o período que compreende a fase pós-parto, onde a mulher passa por alterações físicas e psíquicas até que retorne ao estado anterior à sua gravidez. Esse período se inicia no momento em que se dá o descolamento placentário, logo após o nascimento do bebê, embora também possa ocorrer com a placenta ainda inserida na gestante, é o caso de óbitos fetais intra-uterino. É durante o puerpério que o organismo materno retorna às suas condições pré-gravídicas. Este período dura em torno de seis semanas, geralmente ele termina quando a mulher retorna sua função ovulatória, ou seja, reprodutiva. Se a puérpera não estiver amamentando, sua ovulação retornará cerca de 6 a 8 semanas do parto.

Em puérperas que estejam amamentando, o momento em que a ovulação retornará é praticamente imprevisível e dependendo da freqüência das mamadas pode demorar cerca de 6 a 8 meses. Diante dessas incertezas é necessário orientar essa puérpera em relação a um método contraceptivo adequado ao momento. O puerpério é convencionalmente dividido em três fases:

  • Puerpério imediato – inicia logo após a saída da placenta e dura aproximadamente 02 horas.
  • Puerpério mediato: desde o puerpério imediato até 10º dia. Neste período ocorre à regressão do útero, a loquiação apresenta-se em quantidade moderada para escassa e amarelada. É um momento oportuno para realização da visita domiciliar pelo profissional médico ou enfermeiro, pois a mulher está repleta de dúvidas e necessitando de avaliação e cuidados de saúde.
  • Puerpério tardio – do décimo ao quadragésimo quinto dia;
  • Puerpério remoto – além do quadragésimo quinto dia até que a mulher retome sua função reprodutiva. Durante este período, a mulher apresenta o chamado “lóquios” que consiste de um sangramento sanguinolento liberado pelo útero após o parto. Inicialmente são vermelhos e, por vezes, tão ou mais abundantes que a menstruação e com o passar do tempo tornam-se acastanhados e em pequena quantidade. Passados de dez a catorze dias tornam-se brancos ou amarelados, até que desapareça. Na consulta de puerpério, que deve ser realizada entre o 7º e o 10º dia após o parto, juntamente com a primeira consulta da criança pela Unidade de Saúde da Família e têm os seguintes objetivos:
  • Identificar patologias freqüentes nesse período e avaliar as condições maternas;
  • Controlar e acompanhar a evolução das patologias manifestadas durante a gestação tais como anemias, diabetes gestacional, síndromes hipertensivas, etc.;
  • Reforçar orientações bem como esclarecer eventuais dúvidas que possam aparecer;
  • Iniciar o acompanhamento do crescimento, desenvolvimento e imunização do recém-nascido, bem como realizar avaliação de seu estado geral;