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Émile Durkheim: divisão social do trabalho, Notas de aula de Trabalho Social

Émile Durkheim: divisão social do trabalho. Resumo. Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Mauricio_90
Mauricio_90 🇧🇷

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Filosofia / Sociologia
Émile Durkheim: divisão social do trabalho
Resumo
Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele
vive (expressando-se de maneira técnica, ele diz que a consciência individual é sempre moldada e condiciona
pela consciência coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu conjunto de valores e ideias
dominantes) e que por isso o interesse do sociólogo deve voltar-se apenas para os padrões sociais. Por essas
e outras raízes, aliás, é que Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso continuador da
perspectiva comteana. De fato, não obstante criticar vários aspectos secundários do pensamento de Comte
(em especial, a incerteza de suas ideias, a religião da humanidade e o projeto político positivista), Durkheim
assumiu como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade de um conhecimento social capaz
de compreender as características da sociedade moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir
esse papel, o projeto de construção de uma ciência da sociedade independente da filosofia, a ideia de que
esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais e a tese de que o trabalho do sociólogo deve focar-
se nos padrões sociais.
Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim considerava que o sociólogo deve, tal como o
físico e o químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além disso,
fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento -, o sociólogo francês afirmava
que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto
significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo
interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas
em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.
Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da sociologia, Émile Durkheim destacou-se pela
explicação que desenvolveu para o origem da sociedade capitalista moderna. Diferente, porém, de seu
predecessor, que via no surgimento da sociedade moderna a passagem de um estado metafísico, dominado
por explicações filosóficas, para um estado positivo, dominado por explicações científicas, Durkheim via na
passagem das sociedades tradicionais para a Modernidade acima de tudo uma mudança na solidariedade
social, isto é, no mecanismo de coesão e unidade da sociedade.
De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas, anteriores ao capitalismo, a
divisão social do trabalho, isto é, a especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas
diferenças entre os indivíduos e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão social era
realizada e garantida através do compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo conjunto
de ideias e valores dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o
eixo unificador da sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela sociedade é que unia todos os
seus membros. Este modelo de coesão social é chamado por Durkheim de solidariedade mecânica.
Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma enorme acentuação na divisão
social do trabalho. Isso exacerbou a especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a
sociedade moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no
interior de um mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a
sociedade não é o fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o fato de elas serem
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Émile Durkheim: divisão social do trabalho

Resumo

Durkheim, tal como Comte, pensava que o homem é fortemente moldado pela sociedade em que ele vive (expressando-se de maneira técnica, ele diz que a consciência individual é sempre moldada e condiciona pela consciência coletiva, isto é, pela mentalidade média da sociedade, seu conjunto de valores e ideias dominantes) e que por isso o interesse do sociólogo deve voltar-se apenas para os padrões sociais. Por essas e outras raízes, aliás, é que Durkheim é considerado um autor positivista e o mais famoso continuador da perspectiva comteana. De fato, não obstante criticar vários aspectos secundários do pensamento de Comte (em especial, a incerteza de suas ideias, a religião da humanidade e o projeto político positivista), Durkheim assumiu como suas as ideias-chaves do seu predecessor: a necessidade de um conhecimento social capaz de compreender as características da sociedade moderna, a crença na incapacidade da filosofia de cumprir esse papel, o projeto de construção de uma ciência da sociedade independente da filosofia, a ideia de que esta ciência deve tomar como modelo as ciências naturais e a tese de que o trabalho do sociólogo deve focar- se nos padrões sociais. Do ponto de vista do método, como vimos, Durkheim considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Além disso, fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento - , o sociólogo francês afirmava que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la. Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da sociologia, Émile Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para o origem da sociedade capitalista moderna. Diferente, porém, de seu predecessor, que via no surgimento da sociedade moderna a passagem de um estado metafísico, dominado por explicações filosóficas, para um estado positivo, dominado por explicações científicas, Durkheim via na passagem das sociedades tradicionais para a Modernidade acima de tudo uma mudança na solidariedade social, isto é, no mecanismo de coesão e unidade da sociedade. De acordo com Durkheim, nas sociedades tradicionais, pré-modernas, anteriores ao capitalismo, a divisão social do trabalho, isto é, a especialização profissional era pequena. Isto ocasionava poucas diferenças entre os indivíduos e fazia da sociedade algo mais homogêneo. Assim, a coesão social era realizada e garantida através do compartilhamento de uma mesma visão de mundo, de um mesmo conjunto de ideias e valores dominantes. Foi o caso, por exemplo, da Idade Média ocidental, onde a fé católica era o eixo unificador da sociedade, e do Egito Antigo, onde a cosmovisão daquela sociedade é que unia todos os seus membros. Este modelo de coesão social é chamado por Durkheim de solidariedade mecânica. Nas sociedades modernas, por sua vez, o capitalismo promoveu uma enorme acentuação na divisão social do trabalho. Isso exacerbou a especialização profissional e, portanto, a individualidade. Por isso, a sociedade moderna é heterogênea, contando com grande diversidade de religiões e de visões de mundo no interior de um mesmo contexto social. Daí também porque, na Modernidade, o que une e congrega a sociedade não é o fato das pessoas partilharem uma mesma visão de mundo, mas sim o fato de elas serem

mais interdependentes no mundo do trabalho. De fato, o aumento da especialização profissional, vigente no capitalismo, torna as pessoas mais interdependentes, uma vez que elas exercem funções mais específicas e, portanto, são mais difíceis de serem substituídas no mundo do trabalho. A consequência disso é que a sociedade capitalista não precisa do compartilhamento de uma mesma visão de mundo para que os indivíduos vivam coesos nela: o que os une são os laços de interdependência econômica. É o que Durkheim chamava de solidariedade orgânica.

3. Leia o texto a seguir.

Sentir-se muito angustiado com a ideia de perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada “nomofobia”, contração de no mobile phobia, doença que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos alguma coisa, ou se não podemos responder imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia. Disponível em: <exame.abril.com.br/estilo-de- vida/comportamento/noticias/o-medo-de-nao-ter-o-celular-a-disposicao-cria-nova-fobia>. Acesso em: 9 abr. 2012. Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e instituições sociais, na perspectiva funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta. a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em que aproxima o contato em tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social. b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os indivíduos uniformizam seus comportamentos. c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao mesmo tempo desejável sobre os indivíduos. d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos constitui um elemento moral a ser compreendido como fato social. e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma diversidade de grupos sociais.

4. Os crescentes casos de violência que, recorrentemente, têm ocorrido em nível nacional e internacional,

diuturna e diariamente noticiados pela imprensa, convidam a pensar em uma situação de patologia social. No entanto, para Durkheim, o crime, ainda que fato lastimável, é normal, desde que não atinja taxas exageradas. É normal, porque existe em todas as sociedades; para o sociólogo, o crime seria, inclusive, necessário, útil. Sem pretender fazer apologia do crime, compara-o à dor, que não é desejável, mas pertence à fisiologia natural e pode sinalizar a presença de moléstias a serem tratadas. O crime seria, pois, para Durkheim, socialmente funcional, porque a) exerce um papel regulador, contribuindo para a evolução do ordenamento jurídico e possível advento de uma nova moral. b) é fator de edificação e fortalecimento da solidariedade orgânica, que se estabelece nas sociedades complexas. c) legítima a ampliação do aparelho repressivo e classista do Estado burocrático nas sociedades baseadas no sistema capitalista. d) contribui para o crescimento de seitas e de religiões, nas quais as pessoas em situação de risco buscam proteção.

5. Durkheim caracteriza o suicídio – até então considerado objeto de estudo da epidemiologia, da

psicologia e da psiquiatria – como fato social e, por isso, dotado das características da coercitividade, da exterioridade, da generalidade. É tomado, pois, como objeto de estudo sociológico, em virtude do fato de a) variar na razão inversa ao grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo, ou seja, quanto maior o grau de integração ao grupo social, mais elevada é a taxa de mortalidade- suicídio da sociedade. b) ser possível observar uma certa predisposição social para fornecer determinado número de suicidas, ou seja, uma tendência constante, marcada pela permanência, a despeito de variações circunstanciais. c) configurar-se como uma morte que resulta direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente de um ato executado pela própria vítima. d) depender, exclusivamente, do temperamento do suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar, de sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato do próprio indivíduo.

6. O sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), em sua obra As Regras do Método Sociológico,

ocupou-se em estabelecer o objeto de estudo da sociologia. Entre as constatações de Durkheim, está a de que o fato social não pode ser definido pela sua generalidade no interior de uma sociedade. Nessa obra, Durkheim elabora um tratamento científico dos fatos sociais e cria uma base para a sociologia no interior de um conjunto coeso de disciplinas sociais, visando fornecer uma base racional e sistemática da sociedade civil. Sobre o significado do fato social para Durkheim, é correto afirmar que a) os fenômenos sociais, embora obviamente inexistentes sem os seres humanos, residem nos seres humanos como indivíduos, ou seja, os fatos sociais são os estados mentais ou emoções dos indivíduos. b) os fatos sociais, parecem, aos indivíduos, uma realidade que pode ser evitada, de maneira que se apresenta dependente de sua vontade. Nesse sentido, desobedecer a uma norma social não conduz o indivíduo a sanções punitivas. c) a proposição fundamental do método de Durkheim é a de que os fatos sociais devem ser tratados como coisas, ou seja, como objeto do conhecimento que a inteligência não penetra de forma natural, mas através da observação e da experimentação. d) Durkheim considera os fatos sociais como coisas materiais. Pode-se afirmar, portanto, que todo objeto de ciência é uma coisa material e deve ser abordado a partir do princípio de que o seu estudo deve ser abordado sem ignorar completamente o que são. e) os fatos sociais são semelhantes aos fatos psíquicos, pois apresentam um substrato semelhante e evoluem no mesmo meio, de maneira que dependem das mesmas condições.

10. Ao separar completamente o patrão e o empregado, a grande indústria modificou as relações de

trabalho e apartou os membros das famílias, antes que os interesses em conflito conseguissem estabelecer um novo equilíbrio. Se a função da divisão do trabalho falha, a anomia e o perigo da desintegração ameaça todo o corpo social e quando o indivíduo, absorvido por sua tarefa se isola em sua atividade especial, já não percebe os colaboradores que trabalham ao seu lado e na mesma obra, nem sequer tem ideia dessa obra comum. (DURKHEIM, E. A Divisão Social do Trabalho. Apud QUINTEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Toque de Clássicos. vol 1. Durkheim, Marx e Weber. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p. 91.) Assinale a alternativa que corretamente define a função moral da divisão do trabalho social segundo E. Durkheim. a) Ampliar a anomia social. b) Estimular o conflito de classes. c) Promover a consciência de classe. d) Estreitar os laços de solidariedade social. e) Reproduzir formas de alienação social.

Gabarito

1. D

Durkheim, assim como os demais sociólogos de sua época, buscava fazer da sociologia uma disciplina científica, visto que seria através desta análise que o homem compreenderia melhor a sociedades e os impactos por ela sofridos. Esse pensamento foi inspirado na visão positivista de Auguste Comte em fazer da disciplina uma ciência.

2. B Para Durkheim, a coesão da sociedade complexa é garantida pelo tipo de solidariedade nela existente: a solidariedade orgânica. Nela. há uma complexa divisão do trabalho, que garante que cada indivíduo ocupe um local importante na vida social. 3. D O texto mostra o caráter coercitivo do uso de equipamentos tecnológicos para a comunicação social. Esse tipo de interação é geral e externa ao indivíduo, por isso é um fato social. 4. A Para Durkheim, o crime pode ser compreendido de forma sociológica como um fato social. Além de trazer mudanças sociais, a sua existência ajuda a remodelar o ordenamento jurídico da sociedade e esclarecer normas sociais. 5. B O suicídio é um fato social porque se apresenta como tal, existindo em diversas sociedades de forma mais ou menos constante. 6. C É famosa a frase de Durkheim de que " os fatos sociais devem ser tratados como coisas" nessas perspectiva, Durkheim pretende garantir a objetividade da análise sociológica, considerando os fenômenos sociais como exteriores aos indivíduos e exercendo coerção sobre eles. 7. C A anomia corresponde a um estado de desajuste social, em que os indivíduos perdem os laços de coesão social. Em outras palavras, pode-se dizer muito bem que nessa situação não há instituições que exerçam um poder moral efetivo sobre eles. 8. D Segundo Durkheim, os indivíduos constituem seus laços de solidariedade a partir da consciência coletiva que possuem em comum uns com os outros. longe de ser uma mera soa de formas de pensamento, essa consciência coletiva possui características próprias, sendo, por isso, compreensível somente pela esfera social.