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Este texto destaca a influência significativa de elza freire na vida e na obra do educador paulo freire. Ela contribuiu para a teoria do conhecimento de paulo freire e é mencionada frequentemente em seus trabalhos. Elza freire foi professora, funcionária pública e pioneira no campo da arte-educação no brasil, e é provavelmente a grande inspiração para que paulo freire se dedicasse à educação. Aprender a 'dizer a sua palavra' e ouvir a palavra da outra pessoa é fundamental para compreender as inovações na pedagogia de paulo freire.
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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th^ Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Rita de Cássia Fraga Machado Fiz o que queria, o que pensei, porque realmente fiz bem [...] Elza Freire (In: Costa et al., 1980, p. 200)
Resumo : Este texto propõe-se a destacar a relevante influência intelectual de Elza Freire na obra e vida do educador Paulo Freire. Em razão do comprometimento e da ação de Elza Freire no campo da educação, Nima Spigolon (2016) assevera que é possível, sim, pesquisar esta personagem histórica. Elza influenciou e contribuiu para a teoria do conhecimento formulada por Paulo Freire. "Assim, para melhor compreender a obra freireana e a própria história da educação no Brasil é necessário se levar em conta as contribuições de Elza" (Spigolon, 2016). O próprio Paulo Freire diz Nima Spigolon, sempre fez questão de registrar em seus trabalhos e escritos, ora na forma de dedicatórias, ora nas citações, as contribuições da esposa, Elza, para o seu pensamento e a sua prática político-pedagógica. Palavras-Chave: Educação. Elza Freire. Paulo Freire.
1. ELZA VIDA E OBRA!
“Fiz o que queria, o que pensei, porque realmente fiz bem […].” Elza Freire (COSTA et al., 1980, p. 200)
Elza Maia Costa Oliveira nasceu no estado de Pernambuco e casou-se com Paulo Reglus Neves Freire em 1944, aos 23 anos, com quem ficou casada até sua morte, em 1986. Após o casamento, Elza passou assinar Elza Maia Costa Freire. Casados por 42 anos, tiveram os filhos: Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima, Joaquim e Lutgarde.
Figura 1 – Elza Freire em 1944
(^1) Esse texto tem uma versão preliminar intitulada ELZA FREIE: EDUCAÇÃO PARA A HUMANIZAÇÃO que foi escrita em parceria com o professor Carlos Rodrigues Brandão e a professora Amanda Motta Castro.
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Fonte: BARRETO, 2008, p. 23. Elza foi professora, funcionária pública concursada do estado de Pernambuco e pioneira em arte-educação no Brasil. É provável que ela seja a grande influência para que Paulo Freire viesse para o campo da educação – abandonando o Direito, sua formação inicial. Historicamente, as mulheres foram destinadas à vida privada. É comum os adjetivos amorosa, cuidadora, meiga, entre outros, para lembrar de alguma mulher. A florzinha rosa atrás da cerquinha branca e em frente a uma casinha parece sair dos livros infantis e nada ter a ver com os dias atuais. Entretanto, ainda hoje, o feminino vive sobre a esfinge do privado seguindo a velha e já conhecida divisão, infelizmente: homens no público e mulheres no privado. O feminino como destino a “outro” e não a si mesma se perde na sociedade patriarcal que inferioriza e silencia o conhecimento das mulheres. Talvez, o casamento seja uma das formas mais eficazes que o patriarcado encontrou para manter as mulheres altamente produtivas com o cuidado da casa, dos filhos e filhas, do marido e, de quebra, ajudar o marido (também de forma altamente produtiva) no seu trabalho sem que este leve seu nome. E a história de Elza não foi diferente da história das mulheres. Outras mulheres podem aqui ser lembradas: Sophia Tolstoi (22 de agosto de 1844-4 de novembro de 1919) foi esposa do célebre escritor Leon Tolstoi. Uma de suas principais obras, “Ana Karenina”, tem várias versões para o cinema – sem dúvida, é uma obra fascinante. O que poucos sabem é a importância de Sofia na obra de Leon
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E, assim, aprende-se a ler de maneira pessoal, crítica e criativa, também a realidade do mundo da vida que se vive. Aprende-se a compreender como é este mundo da vida e como ele poderia ser transformado para ser bem melhor, se as pessoas se unissem para fazer algo nesta direção. Imagine um lugar onde a educação esteja dirigida não apenas à mente e à racionalidade das pessoas, mas ao todo delas. Como isso é possível? Paulo Freire foi um dos principais, ao lado de Elza Freire, divulgadores da ideia de que não só aprendemos uns com os outros, umas através das outras, mas aprendemos envolvendo, nisso tudo, o que somos. Se pudéssemos brincar um momento com a letra “s”, bem poderíamos lembrar que aprendemos com as nossas sensações (visão, audição, olfato, tato e tudo o mais), com as nossas sensibilidades (afetos, emoções, sentimentos), com os nossos saberes (tudo o que aprendemos antes e integramos em nós como “aquilo que sabemos), com os nossos sentidos de vida (os valores, os princípios, os preceitos que nos diz quem somos como devemos ser e como devemos conviver), os nossos significados (as ideias que temos sobre o mundo em que vivemos e sobre como ele deveria ser) e as nossas sociabilidades (a nossa vocação de criarmos juntos o mundo em que vivemos e de o transformarmos para vivermos nele). Aprendemos o tempo todo com o todo que somos: corpo e espírito, razão e imaginação, racionalidade e sentimento, individualidade e partilha com os outros. Imagine tudo isso e você poderá compreender os princípios das inovações das ideias pedagógicas de Paulo Freire. Paulo Freire e a sua primeira “equipe nordestina” trabalharam intensamente associados aos movimentos de cultura popular dos anos 1970. Anos antes do começo desta década, Paulo Freire foi um relator de um documento da Comissão Regional de Pernambuco a respeito da educação no Estado. Em “A Educação de Adultos e as Populações Marginais”, escrito antes de amadurecer as suas ideias mais originais sobre a educação, ele já se revelava como um pensador bastante progressista. O que as ideias de Paulo Freire e as práticas – breves e fecundas – dos movimentos de cultura popular procuram estabelecer em seu tempo e nos deixam como herança pode ser resumido da seguinte maneira: 1º. Elas partem da busca de uma interação equitativa entre diversos campos de pensamento, criação e ação social através das ciências, da educação e das artes. Saber de ciência, cinema, teatro, literatura, música, artes plásticas, educação – vivida como arte e prática – são compreendidas como diferentes domínios humanos de criação de novas ideias, com uma convergente vocação política
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transformadora. Assim, seria através da partilha de todas e de cada uma dessas vocações, no interior de projetos de “criação do novo” e de “transformação através da inovação”, que uma nova cultura deveria ser, passo a passo, criada. 2º. Elas procuram uma convergência de/entre culturas. Em termos concretos, elas buscam estabelecer novas alianças entre pessoas e grupos de vida e vocação acadêmica ou artística (eruditos, acadêmicos, etc.), com autores/atores populares individuais ou coletivos. Este complexo processo de criação de “estradas de mão dupla” na criação e gestão de estilos de arte e sistemas de educação tomam um rumo bem diverso do que se praticava até então. Isso porque não são pensados e praticados como outro “serviço cultural” ou educacional complementar ao povo. Não se trata de estender ao “oprimido” os padrões de gosto e as ideologias de moda do “opressor”, mas de partir de um diálogo tão igualitário quanto possível, que termine por criar meios de autotransformação de pessoas, grupos sociais e movimentos populares em construtores e gestores de sua autonomia, e também em condutores de um processo de ruptura da hegemonia “burguesa” e de transformação radical da sociedade. 3°. Elas colocam a cultura e a política no centro do próprio acontecer da educação. É nesta direção que insistimos em lembrar que, para Paulo Freire e o grupo que com ele estava, a educação é pensada como um campo da cultura, e a cultura como algo cuja dimensão de realização tem a ver com a gestão de formas de poder simbólico que tanto podem reiterar e reproduzir uma conjuntura social de desigualdade e de opressão, quanto podem configurar a dimensão simbólica de teor político da construção de uma nova ordem social. Eis o caminho para que métodos e técnicas utilizados originalmente como alternativas de terapia e de dinâmica de grupos "centrados no cliente" – isto é, na individualidade de cada participante – sejam repensados como estratégias de novos diálogos centrados nas pessoas participantes; não em busca de sua "cura pessoal", mas na transformação de mundo social de vidas coletivas e cotidianas – contudo, sempre pensadas como algo que ocorre no fluxo da história. Pois não se trata de criar contextos de soluções pessoais de conflitos sociais, mas da busca solidária de soluções sociais para problemas pessoais. Este seria o momento de uma inversão de uma educação para o povo em direção a uma educação que o povo cria ao transitar de sujeito econômico a sujeito político e ao se reapropriar de um modelo de educação para fazê-la ser a educação do seu projeto histórico. Não esquecer que "sujeito político" tem, em Paulo Freire, a conotação do agente consciente-e-crítico e, portanto, a pessoa criativamente ativa é corresponsável e participante pela gestão e transformação de sua polis, o seu lugar de vida e destino.
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Fonte : SPIGOLON, 2016, p. 3. A entrada das mulheres na cena pública, incluindo a acadêmica, pela reivindicação de seus direitos civis e políticos, pela incorporação maciça no mercado de trabalho remunerado fora da casa e pelo acesso aos diferentes níveis educativos, trouxe ao mesmo tempo uma fratura do espaço público, tradicionalmente considerado território masculino, com a constituição paralela de um espaço social predominantemente feminino. Nesse sentido, o trabalho de Elza constitui-se em um movimento que se torna importantíssimo na vida intelectual de Paulo Freire. Elza, com sua heterogeneidade, cria espaços/efeitos de consciência, onde se dá a ressignificação da pedagogia de Paulo Freire a partir de suas leituras e releituras, onde se negociam e renegociam as necessidades práticas e os interesses estratégicos desse companheirismo. Aqui, nasce Pedagogia da Convivência. Mazza (2016, p. 7), no prefácio no livro “Pedagogia da Convivência”, destaca que Nima Spigolon registra, de modo apaixonante e único, a amorosidade^5 de Elza pela educação. Elza Freire
Nascida em uma família de classe média, no Recife, na segunda década do século XX, “professora normalista” aos 19 anos, Elza tinha preferência pelo trabalho educacional com crianças, e a alfabetização foi um dos aspectos em que se especializou, tendo sido também uma das pioneiras em envolver a Arte no trabalho de educação.
Segundo sua biografia, escrita pela colega Nima Spigolon (2006, p. 10):
(^5) Para Paulo Freire, a “educação é um ato de amor”, sentimento em que homens e mulheres veem-se como seres inacabados e, portanto, receptivos para aprender, sendo que “não há diálogo [...] se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que o funda [...]. Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo” (FREIRE, 1987, p. 79-80).
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No começo da década de 1940, Elza já lecionava no Instituto Pedagógico do Recife, atuando na formação continuada de docente. E, de meados da década de 1940 até 1964 – ano da partida para o exílio, no Chile – , atuou como professora e diretora de várias instituições da rede pública do estado de Pernambuco. Em 1944, casou-se com o também recifense Paulo Freire, para quem Elza representou uma apresentação/aproximação às questões educacionais, despertando seu envolvimento crítico-reflexivo com o pensamento pedagógico. Talvez seja Elza uma das grandes inspiradoras para que Paulo abandonasse a advocacia e abraçasse a Educação. Continuando: (...) esse encontro/casamento consolida a parceria em cujo contexto se desenvolve
Nas palavras do prefácio, é nesse processo de constituição de uma Pedagogia da Convivência que teria sido, segundo D’Angelis (2016), uma pedagogia que teria como principal interlocutor a obra de Paulo Freire.
Figura 3 – Elza e Paulo na Unicamp
Fonte: Jornal UNICAMP^6 Nesse sentido: Elza aprofundou estudos; ampliou atividades; compôs equipes técnicas; fundou instituições; socializou conhecimentos; aliou teoria e técnica; discutiu questões político-pedagógicas sem se isolar do contexto da vida. O compromisso dela com a Educação, sua instrução e formação compreende questões sobre a discussão do
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entre homens/mulheres criadores de cultura, pois assim era possível superar sua compreensão ingênua do mundo e desenvolver postura crítica diante da realidade. A participação de Elza na vida intelectual de Freire como sendo um avanço permanente é incontestável. Ora como professora dando ênfase aos aspectos pedagógicos, ora como ser humano no contexto político:
Ela foi professora, depois diretora de grupo, mas teve aí um gesto lindo que foi, depois do golpe, a solidariedade absoluta que ela teve comigo. Elza ia me visitar na cadeia e nunca disse: ‘Você está vendo, Paulo, se você tivesse pensado mais...’ Nunca! Quer dizer, ela foi solidária, absolutamente solidária (FREIRE, 2005, p. 288). Assim, vamos reafirmando a presença visível das mulheres nas elaborações intelectuais e na produção de conhecimento no campo da Educação, mais ainda no campo da Educação popular. Que este trabalho, assim como os demais, possam contribuir para pesquisas que possam nascer sobre e de mulheres e educação popular.
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Referências