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ELLEN WHITE. O DESEJADO DE TODAS AS NAÇÕES. Índice. I. Uma Perspectiva. 1 Deus Conosco / 19. 2 O Povo Escolhido / 27. 3 A Plenitude dos Tempos / 31.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Índice
toda a terra, mas recebe para dar. Os vapores que lhe ascendem ao seio caem em chuveiros para regar a terra a fim de que ela produza e floresça. Os anjos da glória acham seu prazer em dar - dar amor e infatigável cuidado a almas caídas e contaminadas. Seres celestiais buscam conquistar o coração dos homens; trazem a este mundo obscurecido a luz das cortes em cima; mediante um ministério amável e paciente operam no espírito humano, para levar os perdidos a uma união com Cristo, mais íntima do que eles próprios podem avaliar. Volvendo-nos, porém, de todas as representações secundárias, contemplamos Deus em Cristo. Olhando para Jesus, vemos que a glória de nosso Deus é dar. "Nada faço por Mim mesmo" (João 8:28), disse Cristo; "o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai." João 6:57 "Eu não busco a Minha glória" (João 8:50), mas "a dAquele que Me enviou" João 7:18. Manifesta-se nestas palavras o grande princípio que é a lei da vida para o Universo. Todas as coisas Cristo recebeu de Deus, mas recebeu-as para dar. Assim nas cortes celestes, em Seu ministério por todos os seres criados: através do amado Filho, flui para todos a vida do Pai; por meio do Filho ela volve em louvor e jubiloso serviço, uma onda de amor, à grande Fonte de tudo. E assim, através de Cristo, completa-se o circuito da beneficência, representando o caráter do grande Doador, a lei da vida. No próprio Céu foi quebrantada essa lei. O pecado originou-se na busca dos próprios interesses. Lúcifer, o querubim cobridor, desejou ser o primeiro no Céu. Procurou dominar os seres celestes, afastá-los de seu Criador, e receber-lhes, ele próprio, as homenagens. Portanto, apresentou falsamente a Deus, atribuindo-Lhe Pág. 22 o desejo de exaltação própria. Tentou revestir o amorável Criador com suas próprias más características. Assim enganou os anjos. Assim enganou os homens. Levou-os a duvidar da palavra de Deus, e a desconfiar de Sua bondade. Como o Senhor seja um Deus de justiça e terrível majestade, Satanás os fez considerá-Lo como severo e inclemente. Assim arrastou os homens a se unirem com ele em rebelião contra Deus, e as trevas da miséria baixaram sobre o mundo. A Terra obscureceu-se devido à má compreensão de Deus. Para que as tristes sombras se pudessem iluminar, para que o mundo pudesse volver ao Criador, era preciso que se derribasse o poder enganador de Satanás. Isso não se podia fazer pela força. O exercício da força é contrário aos princípios do governo de Deus; Ele deseja unicamente o serviço de amor; e o amor não se pode impor; não pode ser conquistado pela força ou pela autoridade. Só o amor desperta o amor. Conhecer a Deus é amá-Lo; Seu caráter deve ser manifestado em contraste com o de Satanás. Essa obra, unicamente um Ser, em todo o Universo, era capaz de realizar. Somente Aquele que conhecia a altura e a profundidade do amor de Deus, podia torná-lo conhecido. Sobre a negra noite do mundo, devia erguer-Se o Sol da Justiça, trazendo salvação "sob as Suas asas". Mal. 4:2. O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação "do mistério que desde tempos eternos esteve oculto". Rom. 16:25. Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador do apóstata. Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo, que concertou entregar Seu Filho unigênito "para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16. Lúcifer dissera: "Subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. ... Serei semelhante ao Altíssimo." Isa. 14:13 e 14. Mas Cristo, "sendo em forma de Deus,
não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens". Filip. 2:6 e 7. Foi um sacrifício voluntário. Jesus poderia haver permanecido ao lado de Seu Pai. Poderia haver retido a glória do Céu, e as homenagens dos anjos. Mas preferiu entregar o cetro nas mãos Pág. 23 de Seu Pai, e descer do trono do Universo, a fim de trazer luz aos entenebrecidos, e vida aos que estavam prestes a perecer. Cerca de dois mil anos atrás, ouviu-se no Céu uma voz de misteriosa significação, saída do trono de Deus: "Eis aqui venho." "Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste. ... Eis aqui venho (no rolo do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade." Heb. 10:5-7. Nestas palavras anuncia-se o cumprimento do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos. Cristo estava prestes a visitar nosso mundo, e a encarnar. Diz Ele: "Corpo Me preparaste." Houvesse aparecido com a glória que possuía com o Pai antes que o mundo existisse, e não teríamos podido resistir à luz de Sua presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser destruídos, a manifestação de Sua glória foi velada. Sua divindade ocultou-se na humanidade - a glória invisível na visível forma humana. Esse grande desígnio havia sido representado em tipos e símbolos. A sarça ardente em que Cristo apareceu a Moisés, revelava Deus. O símbolo escolhido para representação da Divindade foi um humilde arbusto que, aparentemente, não tinha nenhuma atração. Abrigou, porém, o Infinito. O Deus todo-misericordioso velou Sua glória num símbolo por demais humilde, para que Moisés pudesse olhar para ela e viver. Assim na coluna de nuvem de dia e na de fogo à noite, Deus Se comunicava com Israel, revelando aos homens Sua vontade e proporcionando-lhes graça. A glória de Deus era restringida, e Sua majestade velada, para que a fraca visão de homens finitos a pudesse contemplar. Da mesma maneira Cristo devia vir no "corpo abatido" (Filip. 3:21), "semelhante aos homens". Aos olhos do mundo, não possuía beleza para que O desejassem; e não obstante era o encarnado Deus, a luz do Céu na Terra. Sua glória estava encoberta, Sua grandeza e majestade ocultas, para que pudesse atrair a Si os tentados e sofredores. Deus ordenou a Moisés acerca de Israel: "E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êxo. 25:8), e habitou no santuário, no meio de Seu povo. Durante toda a fatigante peregrinação deles no deserto, o símbolo de Sua presença os acompanhou. Assim Cristo estabeleceu Seu tabernáculo no meio de nosso acampamento humano. Estendeu Sua tenda ao lado da dos homens, para que pudesse viver entre nós, e tornar- nos familiares com Seu caráter e vida divinos. "O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, Pág. 24 e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade." João 1:14. Desde que Cristo veio habitar entre nós, sabemos que Deus está relacionado com as nossas provações, e Se compadece de nossas dores. Todo filho e filha de Adão pode compreender que nosso Criador é o amigo dos pecadores. Pois em toda doutrina de graça, toda promessa de alegria, todo ato de amor, toda atração divina apresentada na vida do Salvador na Terra, vemos "Deus conosco". Satanás apresenta a divina lei de amor como uma lei de egoísmo. Declara que nos é impossível obedecer-lhe aos preceitos. A queda de nossos primeiros pais, com toda a miséria resultante, ele atribui ao Criador, levando os homens a olharem a Deus como autor do pecado, do sofrimento e da morte. Jesus devia patentear esse engano. Como um de nós, cumpria-Lhe dar exemplo de obediência. Para isso tomou sobre Si a nossa
homem", cujo nome será "Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz". Isa. 9:6. O EU SOU é o Árbitro entre Deus e a humanidade, pondo a mão sobre ambos. Aquele que é "santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores" Heb. 7:26, "não Se envergonha de nos chamar irmãos". Heb 2:11. Em Pág. 26 Cristo se acham ligadas a família da Terra e a do Céu. Cristo glorificado é nosso irmão. O Céu Se acha abrigado na humanidade, e esta envolvida no seio do Infinito Amor. Diz Deus de Seu povo: "Como as pedras de uma coroa eles serão exaltados na sua Terra. Porque, quão grande é a Sua bondade! E quão grande é a Sua formosura!" Zac. 9:16 e 17. A exaltação dos remidos será um eterno testemunho da misericórdia de Deus. Ele há de "mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da Sua graça, pela Sua benignidade para conosco em Cristo Jesus". Efés. 2:7 "Para que ... a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor." Efés. 3:10 e 11. Por meio da obra redentora de Cristo, o governo de Deus fica justificado. O Onipotente é dado a conhecer como o Deus de amor. As acusações de Satanás são refutadas, e revelado seu caráter. A rebelião não se levantará segunda vez. O pecado jamais poderá entrar novamente no Universo. Todos estarão por todos os séculos garantidos contra a apostasia. Mediante o sacrifício feito pelo amor, os habitantes da Terra e do Céu se acham ligados a seu Criador por laços de indissolúvel união. A obra da redenção será completa. Onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus. A Terra, o próprio campo que Satanás reclama como seu, será não apenas redimida, mas exaltada. Nosso pequenino mundo, sob a maldição do pecado, a única mancha escura de Sua gloriosa criação, será honrado acima de todos os outros mundos do Universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na humanidade; onde o Rei da Glória viveu e sofreu e morreu - aqui, quando Ele houver feito novas todas as coisas, será o tabernáculo de Deus com os homens, "com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus" Apoc. 21:4. E através dos séculos infindos, enquanto os remidos andam na luz do Senhor, hão de louvá-Lo por Seu inefável Dom - EMANUEL,"DEUS CONOSCO". 2 O Povo Escolhido Pág. 27 Por mais de mil anos aguardara o povo judeu a vinda do Salvador. Nesse acontecimento fundamentara suas mais gloriosas esperanças. No cântico e na profecia, no ritual do templo e nas orações domésticas, haviam envolvido o Seu nome. Entretanto, por ocasião de Sua vinda, não O conheceram. O Bem-Amado do Céu foi para eles "como raiz duma terra seca"; não tinha "parecer nem formosura" Isa. 53:2; e não Lhe viam beleza nenhuma para que O desejassem. "Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam." João 1:11. Todavia Deus escolhera a Israel. Ele o chamara para conservar entre os homens o conhecimento de Sua lei, e dos símbolos e profecias que apontavam ao Salvador. Desejava que fosse como fonte de salvação para o mundo. O que Abraão fora na terra de sua peregrinação, o que fora José no Egito e Daniel nas cortes de Babilônia, devia ser o povo hebreu entre as nações. Cumpria-lhe revelar Deus aos homens. Na vocação de Abraão, Deus dissera: "Abençoar-te-ei, ... e tu serás uma bênção ... e em ti serão benditas todas as famílias da Terra." Gên. 12:2 e 3. O mesmo ensino foi repetido pelos profetas. Ainda depois de Israel haver sido arruinado por guerras e cativeiros, pertencia-lhe a promessa: "Então os restos de Jacó estarão no meio de muitos povos, como um orvalho que vem do Senhor, e como gotas de água que caem sobre a erva, sem
dependerem de ninguém, e sem esperarem nada dos filhos dos homens." Miq. 5:7. A respeito do templo de Jerusalém, o Senhor declarou por intermédio de Isaías: "Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos." Isa. 56:7. Pág. 28 Mas os israelitas fixaram suas esperanças em mundanas grandezas. Desde o tempo de sua entrada na terra de Canaã, apartaram-se dos mandamentos de Deus e seguiram os caminhos dos gentios. Era em vão que Deus enviava advertências por Seus profetas. Em vão sofriam eles o castigo da opressão gentílica. Toda reforma era seguida de mais profunda apostasia. Houvessem os filhos de Israel sido leais ao Senhor, e Ele teria podido cumprir Seu desígnio, honrando-os e exaltando-os. Houvessem andado nos caminhos da obediência, e tê-los-ia exaltado "sobre todas as nações que fez, para louvor, e para fama, e para glória" Deut. 26:19. "Todos os povos da Terra verão que és chamado pelo nome do Senhor", disse Moisés; "e terão temor de ti." Deut. 28:10 "Os povos ... ouvindo todos estes preceitos" dirão: "Eis um povo sábio e inteligente, uma nação grande." Deut. 4:6. Devido a sua infidelidade, porém, o desígnio de Deus só pôde ser executado através de contínua adversidade e humilhação. Foram levados em sujeição a Babilônia, e espalhados pelas terras dos pagãos. Em aflição renovaram muitos sua fidelidade ao concerto de Deus. Enquanto penduravam suas harpas nos salgueiros, e lamentavam o santo templo posto em ruínas, a luz da verdade brilhava por meio deles, e difundia-se entre as nações o conhecimento de Deus. O pagânico sistema de sacrifícios era uma perversão do sistema que Deus indicara; e muitos dos sinceros observadores dos ritos pagãos aprenderam dos hebreus o significado do serviço divinamente ordenado, apoderando-se, com fé, da promessa do Redentor. Muitos dos exilados sofreram perseguição. Não poucos perderam a vida em virtude de sua recusa de violar o sábado e observar as festividades pagãs. Quando idólatras se levantaram para esmagar a verdade, o Senhor levou Seus servos à presença de reis e governadores, para que estes e seu povo pudessem receber a luz. Repetidamente os maiores reis foram levados a proclamar a supremacia do Deus a quem seus cativos hebreus adoravam. Mediante o cativeiro de Babilônia, os israelitas foram realmente curados do culto de imagens de escultura. Durante os séculos que se seguiram, sofreram opressão de seus inimigos gentios, até que se firmou neles a convicção de que sua prosperidade dependia da obediência prestada à lei de Deus. Mas com muitos deles a obediência não era motivada pelo amor. Tinham motivo egoísta. Prestavam a Deus um serviço exterior como meio de atingir Pág. 29 a grandeza nacional. Não se tornaram a luz do mundo, mas excluíram-se do mundo a fim de fugir à tentação da idolatria. Nas instruções dadas a Moisés, Deus estabeleceu restrições à associação deles com os idólatras; estes ensinos, porém, haviam sido mal interpretados. Visavam preservá-los contra as práticas dos gentios. Mas foram usados para estabelecer uma parede de separação entre Israel e todas as outras nações. Os judeus consideravam Jerusalém como seu Céu, e tinham reais ciúmes de que Deus mostrasse misericórdia aos gentios. Depois da volta de Babilônia, foi dispensada muita atenção ao ensino religioso. Ergueram-se por todo o país sinagogas, nas quais a lei era exposta pelos sacerdotes e escribas. E estabeleceram-se escolas que, ao par das artes e ciências, professavam ensinar os princípios da justiça. Esses agentes perverteram-se, porém. Durante o cativeiro, muitos do povo haviam adquirido idéias e costumes pagãos, os quais foram
"Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho ... para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos." Gál. 4:4 e 5. A vinda do Salvador foi predita no Éden. Quando Adão e Eva ouviram pela primeira vez a promessa, aguardavam-lhe o pronto cumprimento. Saudaram alegremente seu primogênito, na esperança de que fosse o Libertador. Mas o cumprimento da promessa demorava. Aqueles que primeiro a receberam, morreram sem o ver. Desde os dias de Enoque, a promessa foi repetida por meio de patriarcas e profetas, mantendo viva a esperança de Seu aparecimento, e todavia Ele não vinha. A profecia de Daniel revelou o tempo de Seu advento, mas nem todos interpretavam corretamente a mensagem. Século após século se passou; cessaram as vozes dos profetas. A mão do opressor era pesada sobre Israel, e muitos estavam dispostos a exclamar: "Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão." Ezeq. 12:22. Pág. 32 Mas, como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem adiantamento nem tardança. Mediante os símbolos da grande escuridão e do forno fumegante, Deus revelara a Abraão a servidão de Israel no Egito, e declarara que o tempo de sua peregrinação seria de quatrocentos anos. "Sairão depois com grandes riquezas." Gên. 15:14. Contra essa palavra, todo o poder do orgulhoso império de Faraó batalhou em vão. "Naquele mesmo dia", indicado na promessa divina, "todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito." Êxo. 12:41. Assim, nos divinos conselhos fora determinada a hora da vinda de Cristo. Quando o grande relógio do tempo indicou aquela hora, Jesus nasceu em Belém. "Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho." A Providência havia dirigido os movimentos das nações, e a onda do impulso e influência humanos, até que o mundo se achasse maduro para a vinda do Libertador. As nações estavam unidas sob o mesmo governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte reconhecida como a língua da literatura. De todas as terras os judeus da dispersão reuniam-se em Jerusalém para as festas anuais. Ao voltarem para os lugares de sua peregrinação, podiam espalhar por todo o mundo as novas da vinda do Messias. Por essa época, os sistemas pagãos iam perdendo o domínio sobre o povo. Os homens estavam cansados de aparências e fábulas. Ansiavam uma religião capaz de satisfazer a alma. Conquanto a luz da verdade parecesse afastada dos homens, havia almas ansiosas de luz, cheias de perplexidade e dor. Tinham sede do conhecimento do Deus vivo, da certeza de uma vida para além da morte. À medida que Israel se havia separado de Deus, sua fé se enfraquecera, e a esperança deixara, por assim dizer, de iluminar o futuro. As palavras dos profetas eram incompreendidas. Para a massa do povo, a morte era um terrível mistério; para além, a incerteza e as sombras. Não era só o pranto das mães de Belém, mas o clamor do grande coração da humanidade, que chegou ao profeta através dos séculos - a voz ouvida em Ramá, "lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque já não existem". Mat. 2:18. Na "região da sombra da morte", sentavam-se os homens sem consolação. Com olhares ansiosos, aguardavam a vinda do Libertador, Pág. 33 quando as trevas seriam dispersas, e claro se tornaria o mistério do futuro. Fora da nação judaica houve homens que predisseram o aparecimento de um instrutor. Esses homens andavam em busca da verdade, e foi-lhes comunicado o Espírito de inspiração. Um após outro, quais estrelas num céu enegrecido, haviam-se erguido esses mestres. Suas palavras de profecia despertaram a esperança no coração de milhares, no mundo gentio.
Fazia séculos que as Escrituras haviam sido traduzidas para o grego, então vastamente falado no império romano. Os judeus estavam espalhados por toda parte, e sua expectação da vinda do Messias era, até certo ponto, partilhada pelos gentios. Entre aqueles a quem os judeus classificavam de pagãos, encontravam-se homens que possuíam melhor compreensão das profecias da Escritura relativas ao Messias, do que os mestres de Israel. Alguns O esperavam como Libertador do pecado. Filósofos esforçavam-se por estudar a fundo o mistério da organização dos hebreus. A hipocrisia destes, porém, impedia a disseminação da luz. Com o fito de manter a separação entre eles e as outras nações, não se dispunham a comunicar o conhecimento que ainda possuíam quanto ao serviço simbólico. Era preciso que viesse o verdadeiro Pág. 34 Intérprete. Aquele a quem todos esses tipos prefiguravam, devia explicar o sentido dos mesmos. Por meio da Natureza, de figuras e símbolos, de patriarcas e profetas, Deus falara ao mundo. As lições deviam ser dadas à humanidade na linguagem da própria humanidade. O Mensageiro do concerto devia falar. Sua voz devia ser ouvida em Seu próprio templo. Cristo tinha de vir para proferir palavras que fossem clara e positivamente compreendidas. Ele, o autor da verdade, devia separá-la da palha das expressões humanas, que a haviam tornado de nenhum efeito. Os princípios do governo de Deus e o plano da redenção, deviam ficar claramente definidos. As lições do Antigo Testamento precisavam ser plenamente apresentadas aos homens. Havia entre os judeus ainda algumas almas firmes, descendentes daquela santa linhagem através da qual fora conservado o conhecimento de Deus. Estes acalentavam a esperança da promessa feita aos pais. Fortaleciam a fé repousando na certeza dada por intermédio de Moisés: "O Senhor vosso Deus vos suscitará um profeta dentre vossos irmãos, semelhante a mim: a Este ouvireis em tudo que vos disser." Atos 3:22. E novamente liam como o Senhor havia de ungir Alguém "para pregar boas novas aos mansos", "restaurar os contritos de coração", "proclamar liberdade aos cativos", e apregoar "o ano aceitável do Senhor". Isa. 61:1 e 2. Liam como Ele havia de estabelecer "a justiça sobre a Terra", como as ilhas aguardariam a "Sua doutrina", (Isa. 42:4) como os gentios andariam à Sua luz, e os reis ao resplendor que Lhe nascera. Isa. 60:3. As derradeiras palavras de Jacó os enchiam de esperança: "O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló." Gên. 49:10. O enfraquecido poder de Israel testemunhava que a vinda do Messias estava às portas. A profecia de Daniel pintava a glória do Seu reino sobre um domínio que sucederia a todos os impérios terrestres; e disse o profeta: "subsistirá para sempre". Dan. 2:44. Ao passo que poucos entendiam a natureza da missão de Cristo, era geral a expectativa de um poderoso príncipe que havia de estabelecer seu reino em Israel, e que viria como um libertador para as nações. Chegara a plenitude dos tempos. A humanidade, tornando-se mais degradada através dos séculos de transgressão, pedia a vinda do Redentor. Satanás estivera em operação para tornar intransponível o abismo entre a Terra e o Céu. Por suas falsidades tornara os homens atrevidos no pecado. Era seu desígnio esgotar Pág. 35 a paciência de Deus, e extinguir-Lhe o amor para com os homens, de maneira que Ele abandonasse o mundo à satânica jurisdição. Satanás estava procurando vedar ao homem o conhecimento de Deus, desviar-lhe a atenção do templo divino, e estabelecer seu próprio reino. Dir-se-ia coroada de êxito sua luta pela supremacia. É verdade, que, em toda geração, Deus tem Seus instrumentos. Mesmo entre os gentios, havia homens por meio dos quais Cristo estava operando para
princípios de Deus tornavam impossível o perdão. Houvesse o mundo sido destruído, e teria pretendido serem justas as suas acusações. Estava disposto a lançar a culpa sobre o Senhor, e estender sua rebelião pelos mundos em cima. Em lugar de destruir o mundo, porém, Deus enviou Seu Filho para o salvar. Embora se pudessem, por toda parte do desgarrado domínio, ver corrupção e desafio, foi provido um meio para resgatá-lo. Justo no momento da crise, quando Satanás parecia prestes a triunfar, veio o Filho de Deus com a embaixada da graça divina. Através de todos os séculos, de todas as horas, o amor de Deus se havia exercido para com a raça caída. Não obstante a perversidade dos homens, os sinais da misericórdia tinham sido constantemente manifestados. E, ao chegar à plenitude dos tempos, a Divindade era glorificada derramando sobre o mundo um dilúvio de graça vivificadora, o qual nunca seria impedido nem retido enquanto o plano da salvação não se houvesse consumado. Satanás rejubilava por haver conseguido rebaixar a imagem de Deus na humanidade. Então veio Cristo, a fim de restaurar Pág. 38 no homem a imagem de seu Criador. Ninguém, senão Cristo, pode remodelar o caráter arruinado pelo pecado. Veio para expelir os demônios que haviam dominado a vontade. Veio para nos erguer do pó, reformar o caráter manchado, segundo o modelo de Seu divino caráter, embelezando-o com Sua própria glória. II. Os Primeiros Anos 4 "Hoje vos Nasceu o Salvador" Pág. 43 O Rei da Glória muito Se humilhou ao revestir-Se da humanidade. Rude e ingrato foi o Seu ambiente terrestre. Sua glória foi velada, para que a majestade de Sua aparência exterior não se tornasse objeto de atração. Esquivava-Se a toda exibição exterior. Riquezas, honras terrestres e humana grandeza nunca poderão salvar uma alma da morte; Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza terrena levasse homens ao Seu lado. Unicamente a beleza da verdade celeste devia atrair os que O seguissem. O caráter do Messias fora desde há muito predito na profecia, e era Seu desejo que os homens O aceitassem em razão do testemunho da Palavra de Deus. Os anjos maravilharam-se ante o glorioso plano da redenção. Observavam a ver de que maneira o povo de Deus receberia Seu Filho, revestido da humanidade. Anjos foram à terra do povo escolhido. Outras nações estavam embebidas com fábulas, e adorando falsos deuses. À terra onde se revelara a glória de Deus, e brilhara a luz da profecia, foram os anjos. Dirigiram-se invisíveis a Jerusalém, aos designados expositores dos Sagrados Pág. 44 Oráculos, e ministros da casa de Deus. Já a Zacarias, enquanto ministrava perante o altar, fora anunciada a proximidade da vinda de Cristo. Já nascido estava o precursor, havendo sua missão sido atestada por milagres e profecias. As novas de Seu nascimento e o maravilhoso significado de Sua missão tinham sido amplamente divulgados. Todavia, Jerusalém não se estava preparando para receber o Redentor. Com pasmo viram os mensageiros celestiais a indiferença do povo a quem Deus chamara para comunicar ao mundo a luz da sagrada verdade. A nação judaica fora conservada como testemunho de que Cristo havia de nascer da semente de Abraão e da linhagem de Davi; no entanto, não sabiam que Sua vinda se achava agora às portas. No templo, o sacrifício matutino e vespertino apontava diariamente ao Cordeiro de Deus; entretanto, nem mesmo ali havia qualquer preparação para O receber. Os sacerdotes e doutores da nação ignoravam que o maior acontecimento dos séculos estava prestes a
ocorrer. Proferiam suas orações destituídas de sentido, e realizavam os ritos do culto para serem vistos pelos homens, mas em sua luta por riquezas e honras mundanas, não estavam preparados para a revelação do Messias. A mesma indiferença penetrava a terra de Israel. Corações egoístas e absorvidos pelo mundo, ficavam impassíveis ante o júbilo que comovia o Céu. Apenas alguns estavam ansiando contemplar o Invisível. A esses foi enviada a embaixada do Céu. Anjos assistiam José e Maria enquanto viajavam de seu lar, em Nazaré, à cidade de Davi. O decreto de Roma Imperial acerca do alistamento dos povos de seu vasto domínio, estendera-se aos habitantes das montanhas da Galiléia. Como outrora Ciro fora chamado ao trono do império do mundo a fim de libertar os cativos do Senhor, assim César Augusto se tornara o instrumento para a realização do desígnio de Deus em levar a mãe de Jesus a Belém. Ela é da linhagem de Davi, e o Filho de Davi deve nascer na sua cidade. De Belém dissera o profeta: "De ti é que Me há de sair Aquele que há de reinar em Israel, e cuja geração é desde o princípio, desde os dias da eternidade." Miq. 5:2. Mas na cidade de sua real linhagem, José e Maria não são reconhecidos nem honrados. Fatigados e sem lar, atravessam toda a extensão da estreita rua, da porta da cidade ao extremo oriental desta, buscando em vão um lugar de pousada para a noite. Não há lugar para eles na apinhada hospedaria. Num rústico rancho em que se abrigam os animais, encontram afinal refúgio, e ali nasce o Redentor do mundo. Pág. 47 Os homens não o sabem, mas as novas enchem o Céu de regozijo. Com mais profundo e mais terno interesse os santos seres do mundo da luz são atraídos para a Terra. Todo o mundo se ilumina à presença do Redentor. Sobre as colinas de Belém acha-se reunida inumerável multidão de anjos. Esperam o sinal para declarar as alegres novas ao mundo. Houvessem os guias de Israel sido fiéis ao depósito que se lhes confiara, e teriam partilhado da alegria de anunciar o nascimento de Jesus. Mas assim foram passados por alto. Deus declara: "Derramarei águas sobre o sedento e rios sobre a terra seca." Isa. 44: "Aos justos nasce luz das trevas." Sal. 112:4. Os brilhantes raios, que descem do trono de Deus, iluminarão os que andam em busca de luz e a aceitam com alegria. Nos campos em que o jovem Davi guardara seus rebanhos, havia ainda pastores vigiando durante a noite. Nas horas caladas, conversavam entre si acerca do prometido Salvador, e oravam pela vinda do Rei ao trono de Davi. "E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor." Luc. 2:9-11. A essas palavras, visões de glória encheram a mente dos pastores que as escutavam. Chegara a Israel o Libertador! Poder, exaltação, triunfo, acham-se associados à Sua vinda. O anjo, porém, deve prepará-los para reconhecerem o Salvador na pobreza e na humilhação. "Isto vos será por sinal", diz ele: "Achareis o Menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura." Luc. 2:12. O celestial mensageiro acalmara-lhes os temores. Dissera-lhes como poderiam encontrar Jesus. Com terna consideração para Pág. 48 com sua humana fraqueza, dera-lhes tempo para se habituarem à radiação divina. Então, o júbilo e a glória não se puderam por mais tempo ocultar. Toda a planície se iluminou com a resplandecência das hostes de Deus. A Terra emudeceu, e o Céu inclinou-se para escutar o cântico: "Glória a Deus nas alturas,
A Dedicação Pág. 50 Cerca de quarenta dias depois do nascimento de Cristo, José e Maria levaram-nO a Jerusalém, para O apresentar ao Senhor, e oferecer sacrifício. Isso estava de acordo com a lei judaica e, como substituto do homem, Cristo Se devia conformar com a lei em todos os particulares. Já havia sido submetido ao rito da circuncisão, como penhor de Sua submissão à lei. Como oferta da parte da mãe, a lei exigia um cordeiro de um ano para holocausto, e um pombinho novo ou uma rola como oferta pelo pecado. Mas a lei prescrevia que, se os pais fossem demasiado pobres para levar um cordeiro, seria aceito um par de rolas ou dois pombinhos, um para holocausto, e outro como oferta pelo pecado. As ofertas apresentadas ao Senhor deviam ser sem mancha. Representavam a Cristo, de onde se conclui evidentemente que Jesus era isento de deformidade física. Era o "cordeiro imaculado e sem contaminação". I Ped. 1:19. Sua estrutura física não era maculada por qualquer defeito; o corpo era robusto e sadio. E, durante toda a vida, viveu em conformidade com as leis da Natureza. Pág. 51 Física assim como espiritualmente, Jesus foi um exemplo do que Deus designava que fosse toda a humanidade, mediante a obediência a Suas leis. A dedicação do primogênito teve sua origem nos primitivos tempos. Deus prometera dar o Primogênito do Céu para salvar os pecadores. Este dom devia ser reconhecido em todas as famílias pela consagração do primogênito. Devia ser consagrado ao sacerdócio, como representante de Cristo entre os homens. Na libertação de Israel do Egito, a dedicação do primogênito foi novamente ordenada. Quando os filhos de Israel estavam em servidão aos egípcios, o Senhor instruiu Moisés a ir ter com Faraó, rei do Egito, dizendo: "Assim diz o Senhor: Israel é Meu Filho, Meu primogênito. E Eu te tenho dito: Deixa ir o Meu filho, para que Me sirva; mas tu recusaste deixá-lo ir; eis que Eu matarei a teu filho, o teu primogênito." Êxo. 4:22 e 23. Moisés entregou sua mensagem; mas a resposta do orgulhoso rei, foi: "Quem é o Senhor, para que eu obedeça à Sua voz, e deixe ir Israel? Não conheço o Senhor, e não deixarei ir Israel." Êxo. 5:2. O Senhor operou em favor de Seu povo por meio de sinais e maravilhas, enviando terríveis juízos sobre Faraó. Por fim, o anjo destruidor foi incumbido de matar o primogênito do homem e dos animais entre os egípcios. A fim de que os israelitas fossem poupados, receberam instruções para pôr nas ombreiras da porta de sua casa o sangue de um cordeiro imolado. Cada casa devia ser marcada, para que, quando o anjo viesse, em sua missão de morte, passasse por sobre a dos israelitas. Depois de enviar este juízo sobre o Egito, o Senhor disse a Moisés: "Santifica-Me todo o primogênito... de homens e de animais; porque Meu é." Êxo. 13:2 "Desde o dia em que feri a todo o primogênito na terra do Egito, santifiquei para Mim todo o primogênito em Israel, desde o homem até ao animal; Meus serão; Eu sou o Senhor." Núm. 3:13. Depois que o serviço do tabernáculo foi estabelecido, o Senhor escolheu a tribo de Levi em lugar do primogênito de todo o Israel, para ministrar no santuário. Entretanto, esses primogênitos deviam continuar a ser considerados como pertencendo ao Senhor, devendo ser reavidos por meio de resgate. Assim a lei para apresentação do primogênito se tornava particularmente significativa. Ao mesmo tempo que era uma comemoração do maravilhoso libertamento dos filhos de Israel, prefigurava um livramento maior, a ser operado pelo unigênito Filho de Deus. Como o sangue espargido nos umbrais da porta havia salvo o primogênito de Israel, assim o sangue de Cristo tem poder de salvar o mundo.
Pág. 52 Que significação, logo, se acha ligada à apresentação de Cristo! Mas o sacerdote não enxergou através do véu; não leu o mistério além. A apresentação de crianças era cena comum. Diariamente o sacerdote recebia o dinheiro da redenção, ao serem as criancinhas apresentadas ao Senhor. Cotidianamente seguia a rotina de sua obra, prestando pouca atenção aos pais ou às crianças, a não ser que notasse qualquer indício de fortuna ou elevada posição dos primeiros. José e Maria eram pobres; e, ao trazerem seu filho, o sacerdote viu unicamente um homem e uma mulher trajados à moda galiléia, e no mais humilde vestuário. Nada havia em sua aparência que atraísse a atenção, e a oferta que apresentaram era a das classes mais pobres. O sacerdote fez a cerimônia de seu serviço oficial. Tomou a criança nos braços, e ergueu-a perante o altar. Depois de a devolver à mãe, inscreveu o nome "Jesus" na lista dos primogênitos. Mal pensava ele, enquanto a criança lhe repousava nos braços, que era a Majestade do Céu, o Rei da Glória. Não pensou o sacerdote que essa criança era Aquele de quem Moisés escrevera: "O Senhor vosso Deus vos suscitará um Profeta dentre vossos irmãos, semelhante a mim; a Este ouvireis em tudo o que vos disser." Atos 3:22. Não pensou que essa criança era Aquele cuja glória Moisés rogara ver. Mas Alguém maior do que Moisés Se achava nos braços do sacerdote; e, ao inscrever o nome do menino, inscrevia o dAquele que era o fundamento de toda a dispensação judaica. Aquele nome devia ser sua sentença de morte; pois o sistema de sacrifícios e ofertas estava envelhecendo; o tipo havia quase atingido o antítipo, a sombra ao corpo. O Shekinah [presença visível de Deus] se afastara do santuário, mas no Menino de Belém encontrava-se, velada, a glória ante a qual se curvam os anjos. Essa inconsciente criancinha era a Semente prometida, a quem apontava o primeiro altar, construído à porta do Éden. Este era Siló, o doador de paz. Fora Ele que Se declarara a Moisés como o EU SOU. Fora Ele quem, na coluna de fumo e fogo, servira de guia a Israel. Este era Aquele que os videntes haviam há muito predito. Era o Desejado de todas as nações, a Raiz e a Geração de Davi, a Resplandecente Estrela da Manhã. O nome dAquele impotente Menino, inscrito nos registros de Israel, declarando-O nosso irmão, era a esperança da caída humanidade. A Criança por quem fora pago o resgate era Aquele que devia pagar o resgate pelos pecados do mundo. Era Ele o verdadeiro "sumo Sacerdote sobre a casa de Deus" (Heb. 10:21), a cabeça de "um sacerdócio perpétuo", (Heb. 7:24) o Pág. 55 intercessor "à destra da Majestade nas alturas" Heb. 1:3. As coisas espirituais se discernem espiritualmente. No templo, o Filho de Deus foi consagrado à obra que viera fazer. O sacerdote olhou-O como o teria feito a qualquer outra criança. Mas, se bem que não visse nem sentisse nada de extraordinário, o ato de Deus em dar Seu Filho ao mundo não ficou despercebido. Essa ocasião não passou sem que Cristo fosse de algum modo reconhecido. "Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a Consolação d'Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor." Luc. 2:25 e 26. Ao entrar Simeão no templo, vê uma família apresentando o primogênito ante o sacerdote. Sua aparência revela pobreza; mas Simeão compreende as advertências do Espírito, e é profundamente impressionado quanto a ser o menino que está sendo apresentado ao Senhor, a Consolação de Israel, Aquele que anelava ver. Ao surpreendido sacerdote, Simeão parece um homem enlevado. A criança fora devolvida a Maria, e ele a toma nos braços e a apresenta a Deus, enquanto sua alma é possuída de uma alegria que nunca dantes experimentara. Ao levantar o Salvador para o céu, diz:
Pág. 57 de cair os que se quisessem erguer novamente. Precisamos cair sobre a Rocha e despedaçar-nos, antes de poder ser elevados em Cristo. O eu tem de ser destronado, abatido o orgulho, se queremos conhecer a glória do reino espiritual. Os judeus não queriam aceitar a honra que se obtém por meio da humilhação. Não receberam, portanto, o Redentor. Ele foi um sinal contra o qual se falaria. "Para que se manifestem os pensamentos de muitos corações." Luc. 2:35 A luz da vida do Salvador, o coração de todos, desde o Criador ao príncipe das trevas, é manifestado. Satanás tem representado a Deus como egoísta e opressor, como pretendendo tudo e não dando nada, como reclamando o serviço de Suas criaturas para Sua própria glória, e não fazendo nenhum sacrifício em favor delas. Mas o dom de Cristo revela o coração do Pai. Ele testifica que os pensamentos de Deus a nosso respeito são "pensamentos de paz, e não de mal". Jer. 29:11. Declara que, ao passo que o ódio de Deus para com o pecado é forte como a morte, Seu amor para com o pecador é ainda mais forte do que a morte. Havendo empreendido nossa redenção, não poupará coisa alguma, por cara que Lhe seja, se necessário for à finalização de Sua obra. Nenhuma verdade essencial à nossa salvação é retida, nenhum milagre de misericórdia negligenciado, nenhum instrumento divino deixado de ser posto em ação. Os favores amontoam-se aos favores, as dádivas acrescentam-se às dádivas. Todo o tesouro do Céu se acha franqueado àqueles que Ele busca salvar. Havendo coletado as riquezas do Universo, e aberto os recursos do infinito poder, entrega tudo nas mãos de Cristo, e diz: Tudo isso é para o homem. Serve-Te de tudo isso para lhe provar que não há amor maior que o Meu na Terra e no Céu. Sua maior felicidade se achará em Me amar ele a Mim. Na cruz do Calvário, o amor e o egoísmo encontraram-se face a face. Ali teve lugar sua suprema manifestação. Cristo vivera unicamente para confortar e beneficiar, e, ao levá- Lo à morte, Satanás manifestou a malignidade de seu ódio contra Deus. Tornou evidente que o real desígnio de sua rebelião, era destronar o Senhor, e destruir Aquele por meio de quem o Seu amor se manifestava. Pela vida e morte de Cristo, também os pensamentos dos homens são trazidos à luz. Da manjedoura à cruz, a vida do Salvador foi um convite à entrega, e à participação no sofrimento. Revelou o desígnio dos homens. Jesus veio com a verdade do Céu, e todos quantos ouviam a voz do Espírito Santo foram atraídos a Ele. Os adoradores do próprio eu pertenciam ao reino de Satanás. Em sua atitude em relação a Cristo, todos manifestariam de que lado se achavam. E assim todos passam sobre si mesmos o julgamento. Pág. 58 No dia do juízo final, toda alma perdida compreenderá a natureza de sua rejeição da verdade. A cruz será apresentada, e sua real significação será vista por todo espírito que foi cegado pela transgressão. Ante a visão do Calvário com sua misteriosa Vítima, achar-se-ão condenados os pecadores. Toda falsa desculpa será banida. A apostasia humana aparecerá em seu odioso caráter. Os homens verão o que foi sua escolha. Toda questão de verdade e de erro, na longa controvérsia, terá então sido esclarecida. No juízo do Universo, Deus ficará isento de culpa pela existência ou continuação do mal. Será demonstrado que os decretos divinos não são cúmplices do pecado. Não havia defeito no governo de Deus, nenhum motivo de desafeto. Quando os pensamentos de todos os corações forem revelados, tanto os leais como os rebeldes se unirão em declarar: "Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem Te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o Teu nome?... Porque os Teus juízos são manifestos." Apoc. 15:3 e 4. 6
"Vimos a Sua Estrela" Pág. 59 "Tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está Aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a Sua estrela no Oriente, e viemos a adorá-Lo." Mat. 2:1 e 2. Os magos do Oriente eram filósofos. Faziam parte de uma grande e influente classe que incluía homens de nobre nascimento, bem como muitos dos ricos e sábios de sua nação. Entre estes se achavam muitos que abusavam da credulidade do povo. Outros eram homens justos, que estudavam as indicações da Providência na Natureza, sendo honrados por sua integridade e sabedoria. Desses eram os magos que foram em busca de Jesus. A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro havia, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino. Balaão pertencia aos magos, conquanto fosse em tempos profeta de Deus; pelo Espírito Santo predissera a prosperidade de Israel, e o aparecimento do Messias; e suas Pág. 60 profecias haviam sido conservadas, de século em século, pela tradição. No Antigo Testamento, porém, a vinda do Salvador era mais claramente revelada. Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor. Viram os magos uma luz misteriosa nos céus, naquela noite em que a glória de Deus inundara as colinas de Belém. Ao dissipar-se a luz, surgiu uma luminosa estrela que permaneceu no céu. Não era uma estrela fixa, nem um planeta, e o fenômeno despertou o mais vivo interesse. Aquela estrela era um longínquo grupo de anjos resplandecentes, mas isso os sábios ignoravam. Tiveram, todavia, a impressão de que aquela estrela tinha para eles significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara: "Uma Estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel." Núm. 24:17. Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo Céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe. Como Abraão, pela fé, saíra em obediência ao chamado de Deus, "sem saber para onde ia" (Heb. 11:8); como, pela fé Israel seguira a coluna de nuvem até à terra prometida, assim esses gentios saíram à procura do prometido Salvador. Esse país oriental era rico em coisas preciosas, e os magos não se puseram a caminho de mãos vazias. Era costume, a príncipes ou outras personagens de categoria, oferecer presentes como ato de homenagem, e os mais ricos dons proporcionados por aquela região foram levados em oferta Àquele em quem haviam de ser benditas todas as famílias da Terra. Era necessário viajar de noite, a fim de não perderem de vista a estrela; mas os viajantes entretinham as horas proferindo ditos tradicionais e profecias a respeito dAquele a quem buscavam. Em toda parada que faziam para repouso, examinavam as profecias; e neles se aprofundava a convicção de que eram divinamente guiados. Enquanto, como sinal exterior, tinham diante de si a estrela, sentiam interiormente o testemunho do Espírito Santo, que lhes impressionava o coração, inspirando-lhes também esperança. Se bem que longa, a viagem foi feita com alegria. Chegam à terra de Israel, e descem o monte das Oliveiras, tendo à vista Jerusalém, quando eis que a estrela que lhes servira de guia por todo o fatigante caminho detém-se