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Elisa Cristina de Proença Rodrigues Gallo mundo teima em ficar ..., Exercícios de Comunicação

metalciro se confunde entre a musculatura nua c visível de bato ... Taça a mae pra ver se quica. Eh! Oh! EDUARDO DUSEK. Doméstica.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

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ROCK'N'ROQUE:
OS
ANOS
OITENTA
Elisa
Cristina
de
Proença
Rodrigues
Gallo
Rosa
Maria
Neves
da
SiIva
-
UFMG
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Para Ricardo, sênior rocker,
peI o
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tecn
ico e
mora
I.
Para João e Pedro,
júnior
rockers,
pelas
aulas
diárias.
Para Silvia,
baby
rocker,
pelo sorriso que dissolve o
cansaço.
Contestador
ccontestado, o rock tem sobrevivido as mudan
ças rápidas do cenário
mundial,
nao se perdendo cm permanecer
velho quando o novo esta sempre a sua volta, ou
imóvel
quando o
mundo
teima em
ficar
velho
diante
da
inevitável
força
jovem.
Com força total, o rock inglês das duas uItimãs décadas fez
surgir um movimento de sonoridade discutível, barulhento, desço
bridor de grandes instrumentistas, incompreensível aos ouvidos
mais sensíveis; um movimento que coloca seu protesto na ênfase
aos
metais
o ao
som
agudo.
Chamado
genericamente
de
hoavy
metal,
esse
rock
tem
recria
do
velhos
estilos
como
ojazz, o
blues
e o
reggae
tom ten
tado
incursões
(nem
sempre
bem
sucedidas)
no campo clássico e
acionado
formas
futuristas
ainda
nao
inteiramente
definidas.
Em
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Austrália,
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ROCK'N'ROQUE: OS ANOS OITENTA

Elisa Cristina de Proença Rodrigues Gallo

Rosa Maria Neves da SiIva

- UFMG -

Para Ricardo, sênior rocker, peI o apo io tecn ico e mora I. Para João e Pedro, júnior rockers, pelas aulas diárias. Para Silvia, baby rocker, pelo sorriso que dissolve o cansaço.

Contestador c contestado, o rock tem sobrevivido as mudan ças rápidas do cenário mundial, nao se perdendo cm permanecer velho quando o novo esta sempre a sua volta, ou imóvel quando o

mundo teima em ficar velho diante da inevitável força jovem.

Com força total, o rock inglês das duas uItimãs décadas fez surgir um movimento de sonoridade discutível, barulhento, desço bridor de grandes instrumentistas, incompreensível aos ouvidos mais sensíveis; um movimento que coloca seu protesto na ênfase aos metais o ao som agudo. Chamado genericamente de hoavy metal, esse rock tem recria do velhos estilos — como o jazz, o blues e o reggae — tom ten

tado incursões (nem sempre bem sucedidas) no campo clássico e

acionado formas futuristas ainda nao inteiramente definidas. Em sua trajetória desperta mercados antes inteiramente improduti vos no campo: Austrália, Alemanha, frança, Irlanda e ate o Ja-

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pao. Em todos, a marca de um mundo tao vasto quanto aldeia glo bal: a mesma batida perseguindo temáticas de interesse regional ou universal. 0 heavy metal inglês, que no dizer de Peter "Biff" Byford a pareceu porque "as pessoas estavam cansadas do punk, do mod e do reggae; cansadas de gostar do que lhes era imposto pela im- prensa e o radio ingleses" 2 , despertou de repente a barulheira do mundo. Parecendo por um lado ter parado no tempo dos cabelos longos, transporta na maquiagem pesada dos meta leiroa, na roupa de aspecto primitivo em couro e tachas, a figura do anjo e do androido, — ambos emasculados — como a conduzi r a idói o de ura plane ta também indefinido. 0 grupo ANGEL, por exemplo, ao se vestir de branco, contrasta o símbolo de pureza com invariáveis incur sões através de um universo de explosões sexuais. Nesse particular, a postura a primeira vista bissexual do metalciro se confunde entre a musculatura nua c visível de bato ristas e guitarristas e o olhar perdido e Iangu ido entre longas mechas louras. Estranhamente nao nos parecem travestis, mas as sexuados. Modismos a parte, repetem na aparência a historia de tantos manifestantes da arte. Supcr-herois de um cotidiano adulto incompreensível, sao su

per-homens do nada, muitas vezes imobilizados, apesar do movi

mento cletrizante do palco. Assim, a musica e a performance do

KISS "permite que a platéia reviva fantasias das historias em

quadrinhos numa viagem polo mundo do inacreditável c do espanto

so." 1 Sao heróis tão—^ — inatingíveis e irreais quanto os sonhos

que cantam. Combatentes e audazes, sao quixotes da estratosfe

ra: têm os pés fincados num terreno mais alto que a real idade —

o palco —mesmo porque talvez a luta do mundo real seja invencj_

vcl. Nesse campo de batalha, derramam inofensivo sangue-dc-cat- chup:

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"Now in darkness world stops turning As you hear the bodies burning No more war pigs have the power And as God has struck the hour Day of judgement, God is calling on their knees the war pigs crewling Begging mercies for their sins Satan laughíng sprcad his wings Ali loggerhcad." (BLACK SABBATH, "War Pigs")

0 rock repete a encenação medieval c, a maneira da consa grada literatura inglesa, canta o oculto, o mágico, o anticris- to. Desafia o clero e a sociedade conservadora, para ele respon

saveis por uma geração criada do medo. Rejeita sua imposição dog

metica, convoca uma nova ordem de crença —a dos deuses meta- Ie iros:

"Against the odds, block metal gods Fight to achieve our goal Ca sting a speI1, leather and heI I Black metal gods rock'n'rotl BuiIding up stream, nuclear screams War heads are ready to fight Slack leather hounds; faster than sound Metal our purpose in life Black meta I Lay down your sou I to the gods rock'n'rol I." (VENOM, "Black Metal")

Até mesmo se batiza JUDAS PRIEST ...

Nesse caminho de contestação, fala do mundo ocidental dom^

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nador, anuncia um porvir alucinado e justiceiro. Para ele, o do

minador ocidental se insinua forte, tirânico:

"Ruilin' like a tyrant Teasin' ev'ryone around He drags his legs, he plants his feet lle's botherin' the ground Here and now this man You see plans his terror free He's born to rule, a king to be"

(ACCEPT, "Breaker")

controlador da mente, usurpador e dilatador do mal.

"They are controlling our minds And they use us for fame and fortune."

(BLACK SABBATH, "Born Again")

Contra o fantasma também barulhento e destruidor da guer

ra, Ozzy Osbourne, idolatria roqueira, símbolo máximo dos mais

duradouros dessa loucura frenética, grita seu protesto demoli-

dor:

"Gen'rals gathered in their masses Just like witches at black masses EviI minds that plot destruction Sorcerers of death construction

In the fields are bodies burning As the war machine keeps turning Death and hatred to manking Poisoning their brainwashed minds Ali loggerheads."

(BLACK SABBATH, "War Pigs")

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Não encontra seu espaço na classe dominante que sempre tem a pe

lavra —esta, instrumento de submissão imposto pelo poder:

"Poets, Priests, and Politicians have words to thank their positions, words that scream for your submission and no one's jamming their transmission.

When their eloquence escapes me their logic ties me up and rapes me."

(POLI CE, "De Do Do Do De Da Da Da")

Contra a palavra imposta, o punk tem o visual e o comporta mento agressivos. Nessa guerra desigual, nao ha espaço para mur murios: c preciso gritar. 0 roqueiro se posiciona então do alto do seu palco como observador arguto da sociedade, sem falsos mo ralismos, sem ditar regras. E comentarista de dedo em riste, e cobrador persistente; Persiste também na guarda do seu amor:

"Every move you make, every vow you break every smile you fake every clairo you stake, l'll be watching you."

(POLI CE, "Every Breath you Take")

Assim, como qualquer mortal, sucumbe diante da química da

sedução amorosa c e romântico a sua maneira. Canta seu amor em meio a sons estridentes, mas e também capaz do quebrar o ritmo de sua batida feroz tornando-se cantor de baladas e canções. E

aqui que a alquimia metálica se desdobra e redobra, derretendo

músculos de aço quando vozes melodiosas, quentes e viris, antes

í l I sivo, mas raramente pornográfico. Nesse aspecto, cm relação ao , rock brasileiro, um heavy relativamente mais comportado, o rock de língua inglesa parece ate mais conservador. Abre-se aqui um espaço para que mencionemos a mulher do

l rock inglês. Na ultima década, dentro de um cenário de clara he

1 gemonia masculina, nomes importantes surpreenderam o palco com | apresentações tão arrogantes quanto aquelas de seus pares mas culinos. Ao contrario de muitos deles, no entanto, a roqueira se fez erótica e feminina. Mesmo no cômico de Nina Hagcn, a femini lidade brota no protesto agudo contra a situação política euro-

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sufocadas por um som mecânico sempre mais alto, surgem límpidas garantindo que:

"Love, only love can win back your love somoday"

(SCORPIONS, "Stül loving you")

reforçando a persistência do amor, ou lamentando —como em tan

tas baladas tradicionais —sua perda ou seu fim:

"How can you just walk away from me when ali I can do is watch you leave? 'Cause we shared the laughter and the pain and even shared the tears ..."

(PHIL COLLINS, "Take a look at me now")

tornando-se melosas e ate infantis nesse enredo inescapável e

muitas vezes inesperado. Surpreendentemente, em meio a tanto ru

i ido, o DEff LEPPARD e "um * leopardo romântico".4 que, coerente

com esse inferno sonoro, grita num gemido seu lamento. Em algumas ocasiões, o rock pesado se apresenta agudamen te erótico. Mas aqui uma surpresa: o sexo nao constitui tema da primeira linha do rock pesado. Ele pode ser romântico ou agres-

BH

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verentes, irônicas, aobiguas que ridicularizam em tom jocoso os

exageros, a hipocrisia, o materialismo, a falta de limites de u

ma sociedade de final de século.

A ironia freqüente varia de um nível puramente de pilhéria

para alcançar, por vezes, os patamares de uma sátira ferrenha. Mas, a exemplo do rock de língua inglesa, nao se exclui desta extensa temática o lado romântico: o rival, o amor que se foi,

a saudade, a esperança de dias melhores.

0 jovem participa dos problemas de sua década e vive os sentimentos próprios a sua idade. Universal em sua Iinguagem sonora, o rock brasileiro apre senta uma lírica diversa, muitas vezes entremeada de termos dia letais, coloquiais e gírias; usa de paradoxos, trocadilhos e am bigOidades na expressão do seu lado humorístico e, estilistica- mente, varia da simples contestação a poesia elaborada. Aqui se misturam esti los como o brega —receita brasi leira

inusitada — o pau lei ra e o romântico. E o espirito roqueiro de

tonado no BrasiI, o acender do pavio da dinamite que ja se en contrava no subsolo e que de uma so vez vem a tona num formidá vel "boora" de cantores e grupos de rock.

Se voltássemos num rápido retrospecto aos anos pre-80, en

contraríamos o reino do rock no Brasil —a nao ser por adapta

ções de letras estrangeiras — sob a regência una o absoluta de

RITA LEE.

É ela quem se autodefine e, por extensão, o roqueiro brasj_

leiro:

"Eu tô ficando velho.

Cada vez mais doido varrido. Roqueiro brasileiro Sempre teve cara de bandido!"

(RITA LEE, "Ôrra Meu")

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E Rita estava certa. Antes da explosão dos conjuntos nos últimos três anos o roqueiro brasileiro transitava nas raias da marginal idade. Parecem também ser de Rita os primeiros passos em um esti lo de critica irreverente e bem-humorada, hoje característica marcante e típica do rock nacional. As estruturas soeio-morais sao questionadas. Assim, os pra zeres do sexo, por tanto tempo escondidos nas rendas o babados dos lençóis das vovós, passam ao extremo oposto de uma liiperva

lorização. Sexo e assim como droga: excitaçao, prazer e depen

dência:

"Passo o dia inteiro imaginando meu bem Na cama, no chuveiro, no trampo, sempre tao blaze É uma neurose Uma overdosc Sou dependente do amor." (RITA LEE, "On the Rocks")

Longe vai o tempo da passividade de Ame li as e Emilias que sabiam lavar e cozinhar. A roqueira se declara "boa de cama, de

mesa, de banho." (RITA LEE, "Yoko Ono")

Mas a ironia nao impede que o sentimento romântico venha a tona, marcado por uma cadência mais suave. Em contrapartida, a critica ferrenha surge quando e dado o

enfoque político. 0 Brasi Ido Gonçat vos Dias, com palmeiras e sa

bias, vira o deboche de:

"Minha terra tem pranetas Onde canta o uirapuru, Tem morcego, borboletas, Tem santinho, tem voodoo."

as do seu surgimento nos E.U.A. La o rock apareceu no pos-guer-

ra, como desafogo de uma época tensa. Aqui ele chegou com o fim

da ditadura. 0 samba não serviria como trilha sonora dessa épo

ca em que vivemos, porque e un gênero conformista, que exalta a

miséria.. '^.^. Como aquele que lhe deu origem, o rock nacional também nao

foge a repeti tividade melódica, talvez por ser um gênero musi

cal essencialmente simples. Sem berço tropical, chega ao Brasil ja pronto, nao para ser copiado, mas para renascer. Assumindo personalidade verde-amareIa adquire, a cada dia, identidade própria, contornos típicos e particulares. A cadência em si ja diverge da do estrangeiro. "0 musico

de rock brasileiro desenvolveu um balanço próprio a partir des

te produto importado. Desenvolveu uma capacidade de improvisa

ção própria. Todo musico brasileiro, por mais que renegue o sam ba e o carnaval, e influenciado por estes ritmos ao pegar num instrumento."^6 0 humor e ura elemento de extrema importância no rock nacio

nal, ao contrario do que ocorre com seu equivalente estrangei

ro. Essa característica reflete-se em letras de musicas —desde as marchinhas de carnaval —o posicionamento do povo brasileiro

na sua incrível capacidade de se auto-ridicularizar, de rir de

si mesmo.

Surgindo num momento de catarse, após vinte anos de repreji

são, o rock envereda por esta trilha bem-humorada de desafogo,

de liberação, de alegria e jovial idade.

"A gente nao sabemos Escolher Presidente A gente nao sabemos Tomar conta da gente

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A gente não sabemos

Nem escovar os dentes Tem gringos pensando Que nois e indigente ... Inut i I, A gente somos inútil."

(ULTRAJE A RIGOR, "Inútil")

0 roqueiro e o critico do habito brasileiro de aceitar tu do que lhe e imposto pela mídia, sem contestação:

"Nao passava de um imbeciI Ate que um produtor o descobriu Ate que o imbeciI nao era de todo mau. Transformou-se num sucesso nacional Apesar do discutível valor."

(ULTRAJE A RIGOR, "Jesse Go")

Algumas pitadas de humor negro sao por vezes encontradas. E o coso do grupo PREMEDITANDO 0 BREQUE, que nos apresenta um "Balão Trágico" —parodia do superpopular infantil "Balão Mági co", onde tudo sao cores, fantasia, superfantastico, ou que pro poe uma lua-de-mel em Cubatao, ero critica áspera a superpolui- çao da eidado. Como em qualquer outro gênero literário —a tragédia e o melodrama, a comedia e a farsa —ha também que se considerar os extremos e os exageros do rock nacional com proposta puramente comercial: o humor e trocado por piadas fáceis e ridículas, a pobreza musical da melodia sofre uma tentativa de camuflagem com aparatos de estúdio: metais, sintetizadores e distorções. Segundo Roger Rocha Moreira, este produto final que impres

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"Na madrugada, na mesa do bar Loiras geladas, vem me consolar."

(R.P.M., "Loiras Geladas")

A temática sexo/prazer, em oposição ao rock de língua in

glesa, aparece constantemente. 0 roqueiro advoga a vitoria do a mor livre, sem preconceitos ou barreiras. A monogamia e questio

navel, assim como a obediência aos padrões socio-morais preosta_

belecidos e a anulação da personalidade de um ou de outro em prol do parceiro. Celebra-se a filosofia Carpe Diem e o hedonis mo —o prazer pelo prazer. Um dos bons exemplos desta nova visão de coisas vem na his toria do rapaz que se descreve como "moreno alto, bonito e sen sual ... carinhoso ... bom tipo social" e oferece a parceira a chance de solucionar os seus problemas através de "um relacio

namento intimo e discreto" e de "um amor sem preconceito". (HER

VA DOCE, "Amante Profissional") Tenta-se evitar vínculos ou comprometimentos amorosos. Os namorados se tornam objetos típicos de uma sociedade capitalis ta — consumiveis e descartáveis.

"Mas o que ela gosta c de namorados descartáveis Do tipo one-way, to tipo one-way. do tipo one-way." (CICLONE, "Tipo One Way")

0 amor e o sexo devem ser mantidos tao puros quanto no Dia

da Criação, livres de limites e restrições:

"Tudo azul Adão e Eva E o paraiso

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Tudo azul Sem pecado e sem juízo."

(BABY C0NSUEL0, "Sem Pecado e Sem Juízo")

Existe ainda um requisito de fundamental importância den

tro do relacionamento amoroso: a individualidade e a autentici dade devem ser mantidas a qualquer preço,_ t o fim do sufocamen- to, do estrangulamento, da anulação da personalidade para bem servir ou se enquadrar nas demandas e requisitos do outro.

"Você nao manda em mim Eu nao mando em você Eu so faço o que eu quero Você so faz o que quer Nos somos livres Independente Futebol Clube."

(ULTRAJE A RIGOR, "Independente Futebol

Clube")

Apesar de tanta liberdade e inovação, as historias de amor seguem o mesmo curso das suas antepassadas. A conquista do ser amado continua sendo uma arte.

"Tenho tudo planejado pra te impressionar

Tenho tudo ensaiado pra te conquistar

Eu tenho um bom papo Eu sei ate dançar

Eu jogo charme ..."

(LEO JAIME, "A Fórmula do Amor")

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A sociedade altamente competitiva impõe a lei do egoísmo:

cada um por si. A rotina do dia-a-dia entedia, sufoca, oprime, mata aos poucos.

"Será que existe alguém Ou algum motivo importante Que justifique a vida Ou pelo menos esse instante." (KlD ABELHA, "Lágrimas de Chuva")

"Um dia a monotonia tomou conta de mim E o tédio, cortando meus programas Esperando o roeu fim." (BIKINI CAVADJO, "Tédio")

A critica a valores socio-morais aparece sob as mais dife rentes formas. Ora e a domestica que vira patroa e vice-versa, provocando uma inversão de valores (EDUARDO DUSEK, "Domestica"), ora e a sátira aos mercenários da musica, onde a letra sugere a dependência dos brasileiros/indios/subdesenvolvidos:

"Mim quer tocar Mim gosta ganhar dinheiro ... Mim e batuqueiro Mas mim precisa ganhar."

(ULTRAJE A RIGOR, "Mim Quer Tocar")

Ou e ainda o garoto adolescente que recebe tudo pronto dos pais e rebela-se por nao ter contra o que se rebelar, o que, na sua opinião, fará dele um sujeito anormal e imaturo.

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"Meus do!s pai s Me tratam muito bem ... Me dao muito carinho ... Me compreendem totalmente ... Meus pais nao querem Que eu seja um cara normal." (ULTRAJE A RIGOR, "Rebelde Sem Causa")

E esse, paradoxalmente, um desabafo às barreiras impostas

aos jovens e ao seu comportamento. Ora e o raateriaiismo do mundo moderno:

"Ela nao gosta de mim Mas e porque eu sou pobre."

(LEO JAIME, "0 Pobre")

Ou a cultura importada que recebe também uma carga de ci- n i smo e i ron i a.

"É a última moda Que chegou de Nova Iorque E deve ser bom Como tudo que vem do Norte Vai pegar ... E você vai copiar." (LEO JAIME, "Aids")

Os roqueiros nao perdoam sequer os valores estéticos da be

leza clássica: