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Uma análise do uso da televisão na sala de aula no sistema tve/ma, incluindo a perspectiva dos 'orientadores de aprendizagem' sobre a importância da tve/ma, a estrutura pedagógica, a recepção das aulas e a existência de uma cultura favorável ou desfavorável ao uso da televisão na educação. O documento também discute as desvantagens e vantagens do sistema tve/ma.
Tipologia: Slides
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Rio de Janeiro 2008
Secretaria de Mestrado Av Presidente Vargas n. 642 ,22 andar – Centro 20071 - 001 – Rio de Janeiro – RJ Tels.: (21) 2206- 9741
Rio de Janeiro 2008
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação. Orientadora. Prof.ª Dr.ª Mônica Rabello de Castro Aprovado em:......./........./......... BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Dr.ª Mônica Rabello de Castro (Orientadora) UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA
Prof.ª Dr.ª Lina Cardoso UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA
Prof.ª Dr.ª Ligia Costa Leite UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ
Para meus pais e meus filhos, Caroline e Jorge Segundo.
À FAPEMA, pelo apoio financeiro recebido durante estes dois anos de curso. Aos Orientadores de Aprendizagem, alunos e Supervisores, pela valiosa colaboração para a realização desta pesquisa.
A televisão não traz consigo apenas um maior investimento econômico e uma maior complexidade de organização industrial, mas também um refinamento qualitativo dos dispositivos ideológicos. Imagem plena da democratização desenvolvimentista, a televisão “realiza-se” na unificação da demanda, que é a única maneira pela qual pode conseguir a expansão do mercado hegemônico sem que os substernos se ressintam dessa agressão. Martín-Barbero
desacreditam no trabalho dos próprios colegas, como por parte da comunidade, que começa a preferir colocar seus filhos na rede convencional. Palavras-chave: Televisão Educativa do Maranhão. Uso da TV em sala de aula. Educação e mídia.
Abstract This study aimed to investigate: (a) the citizens of reminiscences of participants of the 36 years experience of TVE Maranhão, indicating the formation of a culture favourable or unfavorable, the use of television in the classroom, and (b) where measurable such culture it intervened with the closing of the experience. It was opted to Oral History, rescuing the memory concept of Marieta de Moraes Ferreira, as a method that registers living memory, emerging a forgotten history, the image construction wide-ranging and dynamic past. For the triangulation of data, it was used documentary analysis. 22 recorded interviews were made with citizens who had taken part of the experience including students, employees and educational staff. The analyses of the interviews was made following the Strategy Argumentation Strategy model, based on the Argumentation Theory, developed by Chaim Perelman and Lucie Olbrechts-Tyteca. The deponents had pointed two distinct periods in the functioning of the TVE Maranhão. In the first one, between 1969 and 1986, would have great investments, with material for all students, learning guides trained under the proposed educational and technological support for teleroom, considering a period of rising and training of a culture favorable to TV in the classroom. In the second period, from 1986 to 2005, coinciding with the change in the administrative joining, of the Maranhão State to Federal Government, there would have been gradual reduction of resources and ingression of teachers to the public network without any training in the use of TV in the classroom and, hence, with another pedagogical practice, which would have caused the decline. The results had shown great distance between the teacher´s conceptions, those who entered lately in the system, and the others, both on the operation as on the reasons for the closure of TVE Maranhão. The first teachers have conceived the telerooms as rooms of a conventional school, and the closing due to two factors: lack of political interest and the fact of the television had lost the newness status. The other teachers considered the system a completely innovative proposal and attributed the closure, in addition to the lack of material resources, to changing expectations about the work done in the telerooms; the system was discredited, internally, as the former mentors and supervisors discredit the work done by the colleagues, as the community, which begun to prefer putting their children in conventional network. Keywords: Educational Television of Maranhão. Use of TV in the classroom. Education and media.
o processo de decadência gradativa da TVE, que, em 2004, encontrava-se na região metropolitana com 44 escolas, porém com redução no número de telessalas para 498 e uma significativa diminuição de alunos, chegando a 17.890. No interior do estado, diminuiu para 20 escolas, 7.766 alunos em 275 telessalas. Em 1969, a utilização da televisão em sala de aula no Estado do Maranhão ainda era novidade. A grande maioria não tinha conhecimento dessa tecnologia que estava chegando ao mercado. Além de utilizar a televisão como recurso pedagógico, o sistema da TVE maranhense implantou uma série de inovações, tanto na estrutura curricular, quanto no processo didático, no relacionamento professor/aluno, na organização da sala de aula e na avaliação em geral. Era um sistema que tinha seis disciplinas obrigatórias em sua grade curricular: Português, Matemática, Geografia, Ciências, História e Educação Moral e Cívica. Incluía, também, Inglês, Desenho, Organização Política Social Brasileira e Iniciação para o Trabalho – esta última criada para instrumentalizar o aluno com habilidades, técnicas e conhecimentos capazes de fazê-lo ingressar no mercado de trabalho. A TVE/MA possuía um currículo de caráter polivalente, com a existência das Feiras de Ciências, Festival de Artes, Exposição de Artes Práticas e Olimpíadas, que funcionavam como elementos catalisadores do processo formativo prático dos adolescentes (CADERNO MARANHENSE DE TELEDUCAÇÃO, 1971, p. 87). O sistema marcou a política educacional do Estado e deixou muitas saudades na sua comunidade local. Vivenciei de perto o problema, as reclamações de alunos, Orientadores de Aprendizagem e Diretores, que acreditavam na proposta do sistema. Era uma iniciativa inovadora e tipicamente brasileira. Supria a carência de professores, reforçando o sistema formal de ensino, direcionado ao público adolescente carente, para cursar da quinta a oitava série do Ensino Fundamental. A educação escolar chegava onde não havia professores com as qualificações necessárias e a utilização da televisão tornou-se o principal recurso no processo de aprendizagem. Havia um Orientador de Aprendizagem na sala de aula para esclarecer dúvidas, intermediar a transmissão e o material impresso. As dúvidas e angústias da comunidade educacional são alguns dos motivos que suscitaram o interesse para a realização desta pesquisa, que remonta ao tempo que vivenciei o trabalho e a experiência de cinco anos em que atuei na Assessoria do Ensino Fundamental da Gerência Metropolitana de São Luís do Maranhão.
O uso da TV em sala de aula deve ser encarado como um projeto, de preferência coletivo, partilhado entre diversos profissionais de um estabelecimento escolar. O poder e a influência da TV só podem ser revertidos em conhecimento escolar na medida em que o uso da TV em sala de aula seja a conseqüência de um conjunto de atividades e reflexões partilhadas (o que não invalida as eventuais iniciativas individuais). (NAPOLITANO, 2002, p. 25). O processo de aprendizagem, conforme Napolitano ( op.cit. ), não acontece somente nas instituições educativas, mas também no interior do mundo audiovisual. Utilizar o material televisivo, que tanto fascina em casa, ou mesmo em sala de aula, proporciona crescimento intelectual. Pesquisas feitas pela McCann-Erickson 1 no segundo semestre de 1995, com crianças da classe média de São Paulo, constataram que elas costumam ficar entre três a quatro horas em frente da televisão, sendo que 63% tem TV no próprio quarto (MAGALHÃES, 2001 ). Não se pode negar a importância da TV para a população, do ponto de vista da socialização e das diversas informações e do lazer: [...] a televisão deve ser considerada como uma oportunidade para a democratização do conhecimento e da cultura, para a ampliação dos sentidos, para a potenciação da aprendizagem. A televisão representa a cultura da opulência e da diversidade, a cultura da liberdade, das opções múltiplas. (FÉRRES, 1996, p. 26) A presença da mídia na vida cotidiana, no entanto, é marcada por uma visão que atribui mais malefícios do que benefícios. Barros Filho (1995, p.25) afirma que “a televisão é o principal manancial de referenciais cognitivos dos alunos, e muitos professores têm um preconceito tão grande que se tornam incapazes de sequer reconhecer esses mananciais.” Apesar de ser considerado um recurso privilegiado à educação, motivando projetos e programas para sua utilização, ao mesmo tempo gera desconfiança de outros (CARVALHO, 2005). Muitas têm sido as críticas sobre a influência da televisão na formação de crianças e jovens, despertando o interesse de pesquisadores para o tema. Pfromm Netto (2001), em suas pesquisas sobre a problemática dos efeitos produzidos nas crianças causados pelo uso demasiado da televisão, reclama da pouca atenção (^1) A McCann WorldGroup foi criada em 1996 para atender às necessidades de comunicação. É uma rede de comunicação interligada que engloba serviços de planejamento e execução para propaganda, promoções, internet, relações públicas, marketing social, marketing de relacionamento e consultoria de marca / design. A. McCann está no Brasil desde 1935 e possui quatro escritórios: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília. Disponível em: http://www.mccann.com.br. Último acesso em 26 de janeiro de 2008.
As posições dos pesquisadores sobre o problema da exposição de crianças à televisão, no entanto, não é coesa. Duarte (2006, p.1), por exemplo, questiona as preocupações dos pesquisadores com relação às influências que a TV pode causar às crianças. Alguns milhões desses espectadores mirins têm pouco ou nenhum acesso a outros bens culturais, a atividades esportivas e mesmo a uma educação de qualidade e, por essa razão, têm na tevê sua principal fonte de informação e de lazer. Sendo assim, é compreensível que os meios educacionais se preocupem com o considerável poder de penetração da televisão e, acima de tudo, com a influência que ela pode exercer sobre opiniões, crenças, valores e visões de mundo daqueles que com ela se relacionam mais intensamente, isto é, crianças em idade escolar. Mas parece haver muito exagero nessas preocupações. Para ela, as preocupações que encontrou nas diversas pesquisas que levantou em 2007 são exageradas. Referindo-se aos temas pesquisados permeando a mídia-educação e seu papel na socialização de crianças e jovens, especificamente no Brasil, ela considera que a área de estudo ainda é muito restrita. Os pesquisadores se dedicam a pensar, descrever e compreender os mecanismos de caráter especificamente educativo das mídias, tomando como objeto de estudo os produtos midiáticos, no sentido de avaliar o impacto social destes na vida, nos hábitos e visões de mundo de seus distintos usuários, assim como o uso que é feito dos mesmos, assim como de suas tecnologias de suporte, em contexto educativo (formal e informal). (DUARTE, 2007, p.27). Em sua visão, apesar de serem diversos os temas quanto à utilização das mídias educativas, seus efeitos são mais práticos do que teóricos. Bucci (2001, p. 18) considera o uso da TV no contexto social muito importante para a educação. Para ele, “saber ver criticamente a televisão é condição básica para o exercício da cidadania”. Dentro desta perspectiva positiva, Ferrés (1996, p.7) afirma que “uma escola que não ensina como assistir à televisão é uma escola que não educa". Sua preocupação se concentra em torno da maneira como o cidadão produz uma interpretação para o que vê. Neste sentido, a escola teria por obrigação preparar o aluno para assistir a programação, visto que têm uma dedicação muito grande à televisão. Afirma, ainda, que “a televisão tornou-se o instrumento privilegiado de penetração cultural, de socialização, de formação de consciências, de transmissão de ideologias e valores, de colonização” ( op.cit.). Desse modo, a escola deveria proporcionar ao aluno uma leitura crítica da cultura audiovisual. Essa perspectiva será aprofundada no capítulo seguinte.
Para compreendermos o uso positivo da televisão na educação, é preciso, ainda, resgatar o seu surgimento. Em 1964, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) organizou reunião com educadores dando início à elaboração de um projeto para a criação, sob forma de Fundação, do Centro Brasileiro de TV Educativa (FCBTVE), que se realizou em 1967, conforme a Lei n° 5.198, gozando de autonomia administrativa e financeira, supervisionado pelo Departamento de Ensino Supletivo (MEC), sediada na cidade do Rio de Janeiro (ALMEIDA, 1973). A FCBTVE realizou diversas produções caracterizando-se como um centro de produção, aquisição e distribuição de material audiovisual destinado à radiodifusão educativa, contribuindo de forma direta e indireta para a expansão e o aperfeiçoamento da televisão educativa no país (ALMEIDA, 1973)^2. No Brasil, o sistema de Televisão Educativa foi sendo implantado gradativamente. Entre 1967 e 1974, surgiram diversas emissoras. Foram, precisamente, nove com razão social e vinculações bem diversas. A produção realizada pelas televisões educativas no Brasil, em geral, é destinada a séries informativas e culturais. No Maranhão, a experiência da televisão educativa, por iniciativa do Governo, foi diferente das demais. Surgiu da necessidade apontada por uma pesquisa realizada em 1968 sobre as condições sócio-educacionais, sendo encontrado acentuado déficit na escolarização do Ensino Fundamental, antigo curso Ginasial (CADERNO MARANHENSE DE TELEDUCAÇÃO, 1971, p. 69). Diante dos resultados, foi ampliado o sistema vigente – tradicional presencial – com a implantação do sistema de televisão escolar, que foi feito, segundo Almeida (1973), com grande sucesso e repercussão nacional, permanecendo na estrutura político-educacional maranhense durante 36 anos. Apesar desse sucesso, a experiência está, hoje, “fora do ar”, intrigando e entristecendo os que a conheceram. A Televisão Educativa no Maranhão foi criada em 1° de dezembro de 1969 e se tornou referência nacional, principalmente por ser experiência pioneira no Brasil. Foi um (^2) Dentre outros, a autora destaca 17 projetos: o Curso Supletivo “João da Silva”, pela dramatização de uma telenovela, eram ensinamentos do antigo primário para adultos (supletivo); Reforma do Ensino, Didático- informativa, com objetivo de divulgação da Lei 5.692/71 acelerando sua implementação; Português II – “Brasil através dos textos”, Didático-cultural direcionado aos adolescentes e adultos; Flashes, Programas informativos, educativos e culturais para o público em geral, com informações de utilidade pública, orientação sobre direitos e deveres, higiene individual e coletiva e outros; Universidade Popular, Recreativo, educativo e cultural, abordando problemas brasileiros, curiosidades científicas, progresso tecnológico, variedades sobre artes e outros, para a população em geral; Documentários, Didático, cultural, informativo, divulgando eventos significativos da vida histórica, econômica e cultural; Entrevistas Educacionais, Informativo, educativo, cultural, enfocando interesses individuais e comunitários; Recital TVE, Recreativo, cultural, divulgando músicas e danças; Pequena Antologia da Música Popular Brasileira, Recreativo, cultural, divulgação e apreciação da música popular brasileira e Teatrinho Peteleco, Educativo, recreativo, para o público infantil de 7 a 12 anos, estimulando a comunicação e expressão (ALMEIDA, 1973).