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Trata-se de ajustar a proposta de ensino aos interesses e possibilidades dos alunos de EJA, a partir de abordagens que contemplem a diversidade de objetivos,.
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
A inclusão da Educação Física na educação de jovens e adultos representa a possibilidade de acesso, a cultura corporal de movimento. O acesso a esse universo de informações, vivências e valores é compreendido aqui como um direito do cidadão, na perspectiva da construção e usufruto de instrumentos para promover a saúde, utilizar criativamente o tempo de lazer e de expressão de afetos e sentimentos, em diversos contextos de convivência. Em síntese, a apropriação da cultura corporal de movimento, por meio da Educação Física na escola, pode e deve se constituir, num instrumento de inserção social, de exercício da cidadania e de melhoria da qualidade de vida. O recorte sugerido nos Parâmetros Curriculares Nacionais na área de Educação Física indicam um trabalho com a cultura corporal de movimento. O conceito de cultura, tratado no documento, é entendido como produto da sociedade e como processo dinâmico que, simultaneamente, vai constituindo e transformando a coletividade à qual os indivíduos pertencem. Cultura corporal de movimento indica o conhecimento possível de ser trabalhado pela área de Educação Física na escola. Trata-se, então, de um conhecimento produzido, em torno das práticas corporais. Esse conhecimento remonta a construção realizada pela humanidade ao longo do tempo, na tentativa de suprir insuficiências com criações de movimentos mais satisfatórios e eficientes. Historicamente, diversas possibilidades do uso do corpo foram desenvolvidas com a intenção de solucionar as mais variadas necessidades: motivos militares, relacionados ao domínio e uso do espaço; sobre a idéia do corpo forte, apto ao combate. Grande parte dos procedimentos didáticos desenvolvidos para esses objetivos influenciaram a ginástica ocidental, que teve sua origem na cultura greco-romana. Mais tarde, as práticas físicas ressurgiram, nos movimentos ginásticos do século IX tornando-se a matriz da educação física militar durante o século XX. Outros motivos contribuíram para o desenvolvimento da formação da cultura corporal de movimento; por exemplo: os econômicos, que dizem respeito às tecnologias de caça, pesca e agricultura; motivos de saúde, pelas práticas compensatórias e profiláticas. Além dos motivos religiosos, rituais e festas; motivos artísticos, ligados à construção e à
expressão de idéias e sentimentos; e por motivações lúdicas, relacionadas ao lazer e ao divertimento. Derivam daí conhecimentos e representações que se transformaram ao longo do tempo. Ressignificadas suas intencionalidades, formas de expressão e sistematização constituem o que se pode chamar de cultura corporal de movimento. Portanto, entende-se a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir de jogos, esportes, danças, lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. É necessário um esforço significativo de todos os profissionais envolvidos com EJA, a fim de que sejam criadas as condições de valorização desse universo de conhecimento, de modo que se tenha mais um núcleo de difusão dessa área cultural que, para além de ser regida pela obrigatoriedade legal, tem seu valor na construção da cidadania. Em função da presença da cultura corporal de movimento, tanto no âmbito nacional como mundial, e da importância sociocultural que essa área de conhecimento pode e deve ter na vida cotidiana do cidadão, a tarefa de conceber uma proposta de Educação Física para educação de jovens e adultos constitui-se, simultaneamente, numa necessidade e num desafio. Necessidade de reconhecer ter chegado o momento de olhar para esse segmento da sociedade brasileira e buscar novas formas de viabilizar seu acesso a essa área de conhecimento. Trata-se de ajustar a proposta de ensino aos interesses e possibilidades dos alunos de EJA, a partir de abordagens que contemplem a diversidade de objetivos, conteúdos e processos de ensino e aprendizagem, que compõe a Educação Física escolar na atualidade. Desafio de perceber e considerar suas especificidades de caráter metodológico, pois embora já exista um percurso na educação física de jovens e adultos , muitos caminhos ainda estão por ser percorridos. Com isso, atrair o convívio do aluno com as linguagens da Arte e da Educação Física aponta para o aumento da oferta de canais de expressão para um aluno que, de imediato, nem sempre procura na escola o acesso a esse tipo de
numa situação individual, quando o acerto é garantia de continuidade no grupo, e o erro é o caminho para a exclusão. Por tudo isso, ressalta-se a necessidade de construir este conhecimento com participação do aluno, viabilizando a prática da inclusão. Outro ponto importante a ser considerado, nessa perspectiva de inclusão do aluno, é o trabalho com a cultura local, buscando localizar a origem das práticas, suas transformações e diferenciais com relação a outras regiões; por exemplo, a capoeira pode ser compreendida pela prática e pela leitura dessa prática, resgatando o percurso histórico e as diferentes influências que a transformaram até o momento presente, trazendo-a para a sala de aula. Essa abordagem dos conteúdos é adequada aos alunos jovens e adultos, pois seus interesses estão além da necessidade das práticas corporais, muito importantes em todas as faixas etárias, mas que, no entanto, não se esgotam somente no plano da vivência motora. Os alunos estão mais disponíveis a uma ampliação do olhar sobre essas práticas, no sentido de valorizar a expressão de sua cultura corporal e como pilar na construção de sua identidade. No sentido da construção de identidade, será tão importante considerar os valores construídos pelo aluno, ao longo de sua história pessoal, sobre a cultura corporal de movimento, como também os valores difundidos pela mídia em torno desse universo cultural.
O aluno de EJA tem uma visão própria da sociedade, exerce sua individualidade de cidadão no trabalho e expressa seus desejos de lazer, muitas vezes, como “cliente” de alguns programas veiculados pela mídia. Por meio deles, absorve valores de outros contextos e com toda sua complexidade e individualidade pode, na escola, encontrar interlocução. Construir esse espaço é o grande desafio da Educação Física, para promover a reflexão sobre os conhecimentos construídos pelos alunos, viabilizando a explicitação de dúvidas e discordâncias. As Diretrizes Curriculares Nacionais apontam para essa questão e reconhecem o valor do tempo de lazer na sociedade, ressaltando ser preciso entender como os meios de comunicação vêm interferindo no desenvolvimento dos estudantes. Sabe-se que esses
meios são formadores de opinião e participam do processo de homogeneização da cultura de massa, na tentativa de sobrepor-se à cultura popular. O corpo não foge dessa batalha, sendo apresentado como padrão estético único, não abrindo espaço, na maioria das vezes, para a diversidade de padrões estéticos espalhados pelo Brasil. A mídia geralmente apresenta o corpo jovem, branco, musculoso para os homens, e essencialmente magro para as mulheres, envolvidos em difundir modismos, como alguns tipos de dança ou serem protagonistas de novelas, propagandas ou revistas. Além disso, há um movimento permanente em torno da cultura de massa, que a torna passageira já na sua concepção, com um ciclo de vida muito curto. O corpo “real” e a cultura corporal popular são muito valorizados nas comemorações religiosas, atribuídos de grande significado, como no bumba-meu-boi, no pastoril e no reisado, festas de rua que comemoram o aniversário de Jesus Cristo. Nessas comemorações, cidadãos comuns, com seus corpos reais, distantes dos modelos cultuados pela mídia, encontram um lugar de expressão, um palco para se transformarem naquilo que acreditam. Saem à rua para se divertir por meio de dramatizações cristãs sobre as histórias que envolveram o nascimento de Jesus. São verdadeiros espetáculos, atrações turísticas que movimentam a economia de muitas cidades ou apenas satisfazem moradores de pequenas regiões ou localidades. Muitas vezes as manifestações culturais populares estão ligadas à história local, ao cotidiano, seja na relação com o trabalho ou com a devoção. O estar junto determina o movimento de manutenção da identidade, um conhecimento da própria história que nunca pára de se transformar. É necessário sensibilizar o aluno para que reflita sobre o modelo de imagem corporal difundido e defendido pela mídia, a partir da própria imagem corporal e seus significados. Inicialmente, pode-se elaborar duas intervenções para atender à necessidade de reflexão sobre o modelo de imagem corporal difundido pela mídia. A primeira ligada à ampliação de tais modelos pela comparação e constatação que explicitem que eles não representam a diversidade cultural da nação. A segunda, ligada a inserção da reflexão na ação, ou seja, para além do fazer, da natureza predominantemente prática de abordagem dos conteúdos da área, as propostas podem propiciar uma reflexão sobre o que se faz de cultura corporal de movimento, e sobre os valores agregados a essas práticas. Além de ser prática,
culturas e são regidos por uma organização política e social. Isso faz crer na necessidade de olhar para a Educação Física como disciplina comprometida com o desenvolvimento de uma consciência crítica, por meio de uma ação cultural em seus objetivos, conteúdos e procedimentos. Estabelecer o diálogo como canal para o desvelamento da realidade por meio da problematização das ações cotidianas do esporte, por exemplo, dos valores presentes na mídia em relação a Educação Física e saúde, ética, etc. Outro aspecto relevante e fundamental, nesse processo, é a necessidade de um canal de comunicação entre o saber do aluno e o saber proposto pela escola. O educador assume o papel de mediador, garantindo espaço para que os alunos tenham voz dentro das escolhas e possam caracterizar a aprendizagem segundo suas necessidades. A relação de aproximação, apreensão, crítica e recriação da cultura corporal (produção) ocorre num contexto mais realista e mais político. Segundo Paulo Freire, não existe educação neutra, e os conteúdos precisam estar conectados à realidade, desenvolvidos de maneira não mecânica, sempre buscando uma reflexão, um pensar. Na Educação Física precisa-se ensinar não só o movimento, mas a realidade a que ele pertence , que está por ser desvelada.
Nesse ponto há uma discussão entre os professores de Educação Física em torno dos conteúdos significativos para o real desenvolvimento dos alunos. Há o desejo que ocorram alterações e incorporações de hábitos mais saudáveis e responsáveis para a saúde em geral. Isso só se efetivará dentro de um contexto em que o grupo se encontre mobilizado por razões muito específicas. É muito discutível que se prepare um programa, um planejamento de Educação Física para cada série, antes que o professor conheça algumas inquietações dos alunos sobre corpo e práticas que se relacionam a ele. Deve-se considerar que muitos conteúdos se inter-relacionam, logo objetivos podem ser atingidos por muitas vias do conhecimento, principalmente quando se amplia o foco para o desenvolvimento de competências e habilidades. O principal instrumento que os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem nesta direção é a abordagem dos conteúdos escolares, em procedimentos, conceitos e atitudes, que apontam para uma valorização dos procedimentos sem restringi-los ao universo das habilidades motoras e dos fundamentos dos esportes, incluindo procedimentos de
organização, sistematização de informações, aperfeiçoamento, entre outros. Aos conteúdos conceituais de regras, táticas e alguns dados históricos factuais de modalidades, somam-se reflexões sobre os conceitos de ética, estética, desempenho, satisfação, eficiência, entre outros. E, finalmente, os conteúdos de natureza atitudinal são explicitados como objeto de ensino e aprendizagem e propostos como vivências concretas pelo aluno, o que viabiliza a construção de uma postura de responsabilidade perante si e o outro. Essa explicitação minimiza a construção de valores e atitudes, por meio do chamado “currículo oculto”^1.
Quem é o aluno do ensino de jovens e adultos? Quais são os seus interesses de aprendizagem? Quais são os seus conhecimentos prévios? Como são compostos os grupos? Como abordar as diferenças de faixa etária dentro de um mesmo grupo, os diferentes interesses e necessidades? Quais as transformações corporais, cognitivas, afetivas e sociais que ocorrem no universo diversificado dos alunos? Que grau de autonomia em relação ao próprio processo de aprendizagem o aluno pode assumir em cada etapa de seu processo? As respostas a essas e a inúmeras outras perguntas devem dar subsídios para que os processos de ensino e aprendizagem incluam o aluno, em relação interativa com os objetos de conhecimento da área. É fundamental que o professor fique sempre atento à duração e complexidade dessa interação, pois, da mesma forma que os objetos de ensino transformam os sujeitos, aos quais são sujeitos de ensino e aprendizagem, são, ao mesmo tempo, por eles transformados. É interessante refletir e considerar a qualidade e a quantidade de experiências de aprendizagem oferecidas pela escola, em relação com o meio sociocultural vivido pelo aluno fora dela, no qual é bombardeado pela indústria de massa da cultura e do lazer com falsas necessidades de consumo, carregado de mitos de saúde, desempenho e beleza, de informações pseudocientíficas e imprecisas. Em suma, uma sociedade que promete para muitos e viabiliza para poucos. Valores, preconceitos, e os estereótipos presentes no ambiente são o pano de fundo determinante para a geração de interesses e motivações dos alunos. Nesse contexto, deve-se
(^1) Para maior aprofundamento, recomenda-se a leitura do documento Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física de 5ª a 8ª série, ver item “Conteúdos para o ensino fundamental”.
objetivos propostos: por exemplo, a troca entre os integrantes do grupo, (o aluno “vira professor”) com o objetivo de aumentar o grau de apropriação do fazer e, com isso, trazer elementos concretos para as discussões em torno de alguns temas polêmicos. Isso permite que se possa discutir e questionar alguns preconceitos sociais como por exemplo as competências designadas socialmente para as mulheres que elas não sabem jogar futebol ou qualquer outro jogo com bola. Pode-se, também, olhar para o outro lado, onde passeia o discurso de que basta pertencer ao sexo masculino para ser um bom jogador. Desse modo, ambos podem ressignificar suas estruturas interiores de aprendizagem e de ensino e elaborar a intenção e a predisposição necessárias à construção de um novo olhar...
Em função da própria natureza lúdica de muitas das práticas da cultura corporal e dos diferentes contextos e intenções em que são exercidas, facilmente uma série de confusões se estabelecem na concepção dos processos de ensino e aprendizagem. Essas concepções se expressam em algumas propostas curriculares. Assim por exemplo, dá-se ênfase, em muitos casos, às atividades de relaxamento e alongamento como prevenção ao estresse diário, causado principalmente por muitas horas de trabalho. Aparecem alguns jogos e brincadeiras e não há referências quanto à preocupação com a técnica e sim com a participação de todos, garantida pelas atraentes estratégias realizadas pelos professores. A ludicidade está sempre muito presente. Em outros casos, em programas de treinamento para formar a seleção dos melhores, a fim de representar a escola. Neste caso, fica evidenciada a opção de um trabalho nos moldes geralmente adotados para o treino, que procura desenvolver e melhorar as habilidades e competências técnicas, por meio da repetição mecânica dos movimentos.
Os objetivos específicos que expressam o papel social da Educação Física para educação de jovens e adultos são:
É necessário viabilizar um espaço para que as vivências de algumas práticas da cultura corporal, relevantes para o aluno jovem e adulto, legitimem o trabalho com a timidez, a auto-estima, o convívio e conhecimento do corpo, assim como as relações interpessoais, necessárias ao desenvolvimento da cidadania.
repetitivo, as posições de apoio que protegem a coluna durante um esforço físico, as forma de compensar movimentos com objetivo de manutenção funcional, as relações que se estabelecem entre atividades aeróbicas e doenças cardiovasculares.
Os conteúdos são apresentados segundo sua categoria conceitual (fatos, conceitos e princípios), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes). Os conteúdos conceituais e procedimentais mantêm uma grande proximidade, na medida em que o objeto central da cultura corporal de movimento gira em torno do fazer, do compreender e do sentir com o corpo. Inclui-se nessas categorias os próprios processos de aprendizagem, organização e avaliação. Os conteúdos atitudinais apresentam-se como objeto de ensino e aprendizagem, e apontam para a necessidade do aluno vivenciá-los de modo concreto no cotidiano escolar, buscando minimizar a construção de valores e atitudes por meio do “currículo oculto”. Estão presentes de maneira contundente e agem paralelamente às categorias dos conceitos e dos procedimentos. Deve-se relevar e investigar
o quanto as normas e valores de muitos alunos de EJA orientam sua entrega ou sua resistência em participar das atividades de movimento.
Para garantir a coerência entre a concepção exposta e a concretização dos objetivos, alguns critérios foram utilizados para selecionar os conteúdos que serão trabalhados com os alunos. A definição dos conteúdos buscou guardar uma amplitude que possibilite a consideração das diferenças entre regiões, cidades e localidades brasileiras e suas respectivas populações. Além disso, tomou-se como referencial a diversidade de possibilidades de aprendizagem dos alunos nesta etapa da escolaridade. A seleção dos conteúdos está vinculada à relevância que essas práticas têm na cultura corporal de movimento do povo brasileiro. A aprendizagem dessas práticas, enquanto conteúdo, deve ser ampliada, considerando as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, que ampliem as capacidades de interação social, o usufruto das possibilidades de lazer, a promoção da saúde pessoal e coletiva. É importante também, sempre que possível, estabelecer vínculos com os temas transversais, atendendo à demanda social, sem perder de vista as características do aluno de EJA.
Blocos de conteúdo Muitas vezes a organização do currículo na área de Educação Física não acompanha a divisão por seriação, tratando o conteúdo como um bloco a ser trabalhado ao longo do que se chama de terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Sendo EJA um curso de características muito próprias, pode ser muito interessante quebrar essas fronteiras e estruturar uma nova organização que seja regida por princípios mais coerentes com a realidade e a real necessidade dos alunos. A distribuição e o desenvolvimento dos conteúdos estão relacionados com o projeto pedagógico de cada escola e a especificidade de cada grupo. A característica do trabalho deve contemplar os vários níveis de competência desenvolvidos, para que todos os alunos
biomecânicas e a construção sociocultural da atitude corporal, dos gestos, da postura. Por que, por exemplo, os orientais sentam-se no chão, com as costas eretas? Por que há uma tendência das pessoas se apoiarem em apenas uma das pernas quando estão de pé? Observar, analisar, compreender essas atitudes corporais são atividades que podem ser desenvolvidas juntamente com projetos de História, Geografia e pluralidade cultural. Além da análise dos diferentes hábitos, pode-se incluir a questão da postura dos alunos na escola: as posturas mais adequadas para fazer determinadas tarefas e para diferentes situações. O corpo como sede de sensações e emoções deverá ser contemplado como conteúdo, de modo a permitir a compreensão da dimensão emocional que se expressa nas práticas da cultura corporal e a percepção do corpo sensível e emotivo, por meio de vivências corporais, como jogos dramáticos, massagem etc.
Esportes, jogos, lutas e ginásticas Não se pretende, com este documento, definir cada uma das práticas, mas sim, transformá-lo em um instrumento viável ao professor e à escola, no sentido da operacionalizar e sistematizar os conteúdos da forma mais abrangente, diversificada e articulada possível. Assim, as práticas em que são adotadas regras de caráter oficial e competitivo, organizadas em federações regionais, nacionais e internacionais que regulamentam a atuação amadora e a profissional, são consideradas como esporte. Envolvem condições espaciais e de equipamentos sofisticados como campos, piscinas, bicicletas, pistas, ringues, ginásios etc. A divulgação pela mídia favorece a sua apreciação por um diverso contingente de grupos sociais e culturais. Por exemplo, os Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo de Futebol, ou determinadas lutas de boxe profissional, são vistos e discutidos por um grande número de apreciadores e torcedores. Os jogos podem ter maior flexibilidade nas regulamentações, que são adaptadas em função das condições de espaço e material disponíveis, do número de participantes, entre outros. São exercidos com caráter competitivo, cooperativo ou recreativo em situações festivas, comemorativas, de confraternização ou, ainda, no cotidiano, como simples passatempo e diversão. Assim, incluem-se entre os jogos as brincadeiras regionais, os jogos de salão, de mesa, de tabuleiro, de rua e as brincadeiras infantis de modo geral.
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplos de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do karatê. As ginásticas são técnicas de trabalho corporal que, de modo geral, assumem um caráter individualizado com finalidades diversas. Por exemplo, pode ser feita como preparação para outras modalidades, como relaxamento, para manutenção ou recuperação da saúde ou ainda de forma recreativa, competitiva e de convívio social. Envolvem ou não a utilização de materiais e aparelhos, podendo ocorrer em espaços fechados, ao ar livre e na água. Cabe ressaltar que são conteúdos que têm uma relação privilegiada com o bloco “conhecimentos sobre o corpo”, pois, nas atividades de ginásticas, esses conhecimentos se explicitam com bastante clareza. Atualmente, existem várias técnicas de ginástica que trabalham o corpo de modo diferente das ginásticas tradicionais (de exercícios rígidos, mecânicos e repetitivos), visando à percepção do próprio corpo: ter consciência da respiração, perceber relaxamento e tensão dos músculos, sentir as articulações da coluna vertebral. Uma prática pode ser vivida ou classificada, em função do contexto em que ocorre e das intenções de seus praticantes. Por exemplo, o futebol pode ser praticado como um esporte, em que se valorizam os aspectos formais, considerando as regras oficiais que são estabelecidas internacionalmente (e que incluem as dimensões do campo, o número de participantes, o diâmetro e o peso da bola, entre outros aspectos), com platéia, técnicos e árbitros. Pode ser considerado um jogo, quando ocorre na praia, ao final da tarde, com times compostos na hora, sem árbitro nem torcida, com fins puramente recreativos. E, em muitos casos, esses aspectos podem estar presentes simultaneamente. Incluem-se, neste bloco, as informações históricas sobre as origens e características dos esportes, jogos, lutas e ginásticas, e a valorização e apreciação dessas práticas.
fluido/interrompido. Podem perceber sua intensidade, duração, direção e analisá-lo a partir desses referenciais. Importante também é a percepção de um momento muito especial na dança, que é o saber conviver com a sensação de liberdade que acompanha tanto o exercício de criação, como o de conviver com o modelo pronto do desenho coreográfico. Processos de criação e cópia, utilizados de forma inadequada, reacendem categoricamente as atitudes corporais estereotipadas. Portanto, a possibilidade de harmonizar criação livre e cópia de movimento passa a ser uma atitude sensata de equilíbrio na aplicação dos conteúdos. Para adoção de atitudes de valorização e apreciação dessas manifestações expressivas, é importante conhecer técnicas de execução de movimentos, utilizar-se delas no exercício de seu potencial comunicativo, ser capaz de improvisar e de criar coreografias.
Considerar as características dos alunos quanto à distribuição dos conteúdos durante essa etapa da escolarização, implica dimensionar o tempo de desenvolvimento de conteúdos “eleitos” junto a esses alunos. Neste sentido, com o propósito de elaborar uma proposta que permita um grau de diferenciação para cada grupo de trabalho, pode-se pensar no desenvolvimento de um programa por unidades didáticas, que seriam iniciadas a partir dos interesses e dos conhecimentos prévios que os alunos apresentem sobre o conteúdo a ser desenvolvido. O tempo de desenvolvimento de cada unidade estará relacionado com as possibilidades de aprofundamento dos grupos envolvidos; assim, grupos diferenciados terão aprofundamentos também diferentes, que se expressarão em vários roteiros de aprendizagem. Por exemplo, o conteúdo esporte poderá encaminhar-se para a análise prática dos gestos técnicos e das regras que determinam a prática do futebol. Neste caso, subgrupos podem ser formados em torno dessa unidade. Também pode haver grupos de trabalho com habilidade de jogo, que podem criar situações de aprendizagem para os que têm menos experiência. Outro grupo aprofundará o estudo das regras, partindo das oficiais em direção à adaptação para o grupo, com objetivo de tornar a participação de todos possível e prazerosa. Enfim, subgrupos podem ser criados, a partir dos interesses do grupo e do projeto educativo da escola, em torno de temas relacionados ao futebol como: mídia,
futebol e comportamento, violência no esporte, doping no esporte, a presença da mulher no esporte futebol, esporte profissional e esporte como lazer e integração. A partir de uma proposta e da formação de subgrupos de trabalho, o que determinará o alcance de uma unidade didática será a capacidade de articulação dos conhecimentos que o grupo possui, de partilhar esses conhecimentos entre seus integrantes, e a aplicação de metodologias de aprendizagem que garantam o avanço de todos, contemplando a diversidade de interesses e habilidades. Portanto, é fundamental que o trabalho organizado, em torno de unidades didáticas, preveja a possibilidade dos grupos seguirem itinerários diversos, com duração de tempo também diferente; assim, gerenciar junto com os alunos as produções do grupo, divididas em subgrupos, implica criar momentos para a socialização dos conhecimentos obtidos. Quando o professor, responsável pelo encaminhamento das propostas, percebe que o tema está se esgotando, enquanto produção de conhecimento, poderá encaminhar o trabalho para outra unidade, fazendo um fechamento dos conhecimentos obtidos. Essa unidade, agora encerrada, poderá ser retomada à frente, com objetivos de aprofundamento a partir dos conhecimentos já obtidos. Desse modo, passamos a pensar sobre o desenvolvimento dos conteúdos como espirais, que, ao serem retomados, começam a partir de um nível superior ao anteriormente trabalhado.
Os conteúdos de aprendizagem serão apresentados dentro dos blocos, segundo suas categorias (conceitual , procedimental e atitudinal) o que permite a identificação mais precisa das intenções educativas. Nesse sentido, deve-se considerar que essas categorias de conteúdo sempre estão associadas, mesmo que tratadas de maneira específica. Por exemplo, os aspectos conceituais do desenvolvimento da resistência orgânica são aprendidos junto com os procedimentais, por meio da aplicação de exercícios de natureza aeróbica e anaeróbica, junto dos aspectos atitudinais de valorização (sentir-se envolvido e responsabilizar pelo seu desenvolvimento). Essas categorias constituem-se em referenciais para o diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Os conteúdos dos blocos são organizados em dois itens: o primeiro trata dos conteúdos atitudinais, e o segundo agrupa conteúdos conceituais e procedimentais.