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Produto Interno Bruto (PIB) e Renda Interna Bruta: Uma Análise Econômica, Slides de Matemática Financeira

Apostila de aula expositiva. Economia Empresarial

Tipologia: Slides

2010

Compartilhado em 09/11/2023

fabio-francis-de-oliveira
fabio-francis-de-oliveira 🇧🇷

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A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es), não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da Ouvidoria.

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1. PROGRAMA DA DISCIPLINA

1.1 Ementa

A teoria da oferta e da demanda. Os mercados competitivos e não competitivos. A mensuração da atividade econômica pela ótica da produção e dos preços. As políticas monetária e fiscal e estabilização da economia.

1.2 Carga horária total

24 horas

1.3 Objetivos

  • Compreender os mecanismos básicos de funcionamento de uma economia de mercado;
  • Compreender o processo de formação dos preços;
  • Compreender as restrições internas à firma que impõem óbices ao lucro;
  • Identificar fatores-chave que, segundo a teoria econômica, determinam o sucesso ou o fracasso da gestão empresarial;
  • Compreender o processo de tomada de decisão por meio da ótica marginal;
  • Compreender a importância de conceitos tais como elasticidade e custo de oportunidade, na elaboração de estratégias empresariais;
  • Compreender os vários ambientes de mercado, de concorrência, monopólio e oligopólio; e as implicações de cada um desses ambientes na formulação de estratégias;
  • Compreender o processo de tomada de decisão em situações que envolvem incertezas;
  • Desenvolver uma visão sistêmica da economia, identificando a inter-relação entre os diversos setores econômicos, bem como a função desempenhada pelos distintos agentes.

1.3 Conteúdo Programático

Introdução Conceitos Moeda e política monetária

. Origem e evolução da moeda . Funções da moeda . Os agregados monetários . Instrumentos de política monetária . A política monetária: um resumo geral O setor externo e o balanço de pagamentos . Conceitos básicos . A estrutura do balanço de pagamentos Taxas de câmbio e regimes cambiais . Introdução . Formação das taxas de câmbio . Desequilíbrio no mercado de câmbio . Regimes cambiais . A política cambial: uma síntese

2. CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA

2.1 Introdução

A economia de um país caminha em ciclos, isto é, passa por períodos de crescimento vigoroso e por períodos de menor crescimento ou de queda na produção. Os economistas chamam de recessão quando a produção e o nível de emprego estão caindo e de recuperação quando a produção e o nível de emprego aumentam rapidamente. De fato, todas as economias crescem em ciclos, vale dizer, crescem no longo prazo, atravessando períodos de recessão e de desaceleração do crescimento. A análise macroeconômica, ou a teoria macroeconômica, ou, mais simplesmente, a macroeconomia, é o estudo das razões (variáveis) que conduzem a economia para esses movimentos. Procura compreender porque uma economia entra em recessão, o que fazer para retirá-la da recessão, o que fazer para evitar que ela entre em recessão, ou o que fazer para mantê- la em crescimento com um elevado nível de emprego.

A teoria econômica como um todo pode ser subdividida em teoria microeconômica (microeconomia) e teoria macroeconômica (macroeconomia). A primeira estuda o comportamento dos consumidores e das firmas em seus mercados, as razões que levam os consumidores a comprarem mais ou menos de um determinado produto, a pagarem mais ou menos por ele. Estuda também os motivos que levam uma firma a produzir mais ou menos de uma mercadoria e de que forma seus preços são determinados. Nesse sentido, a microeconomia tenta identificar o comportamento dos diversos empresários nos diversos mercados - portanto é uma teoria da decisão da firma. Por isso é micro, isto é, analisa o comportamento individual de cada unidade produtiva. Já a macroeconomia analisa as conseqüências globais dessas ações. Preocupa-se, portanto, com o conjunto das decisões de todos os empresários da economia, que se refletirão, à nível macro, em maior ou menor produção, maior ou menor nível de emprego. Preocupa-se com o conjunto das decisões sobre a política de fixação de preços em cada mercado, em razão do seu impacto sobre o nível geral de preços. Preocupa-se, enfim, com os efeitos agregados das decisões tomadas no interior das firmas. Inflação, taxa de juros, nível de emprego global, crescimento econômico, são objetos da análise macro. Sendo assim, se a microeconomia estuda as decisões no âmbito da firma, é possível afirmar que a macroeconomia estuda as decisões que devem ser tomadas pelo formulador de política econômica do país, normalmente o Ministro da Fazenda.

Alguns conceitos são mais utilizados na análise macroeconômica. São eles:

  • Produto Interno Bruto (PIB) - é o valor monetário dos bens e serviços produzidos no país num determinado período (quantidade de tudo o que foi produzido na economia vezes os seus respectivos preços). Também é a medida da renda dos habitantes do país. Quando o PIB cresce, a renda nacional também cresce no mesmo montante. Afirma-se que a economia está crescendo quando o PIB está crescendo, porque se produziu mais do que no período anterior.
  • Taxa de inflação - é a variação percentual do nível geral de preços dos bens e serviços que compõem o PIB, de um período para outro. Na maior parte das vezes, mas nem sempre, a inflação é vista como conseqüência de um aquecimento da demanda não

correspondido por igual aumento da oferta. Se a demanda por um bem específico cresce muito, seu preço tende a aumentar. Da mesma forma, se a procura pelo conjunto de bens e serviços da economia cresce muito, seus preços (a taxa de inflação) tendem a aumentar.

  • PIB Real - é o PIB ajustado pela taxa de inflação. Como o PIB é obtido através da multiplicação dos preços pelas quantidades produzidas, os aumentos de preços podem fazer com que o PIB aumente, sem que tenha ocorrido uma maior produção. Nesses casos desconta-se a taxa de inflação do PIB para retirar o efeito do preço sobre sua variação, obtendo-se o PIB Real, ou seja, quanto de fato a economia produziu a mais (ou a menos).
  • Salário nominal e salário real - com uma inflação de 10% ao mês, por exemplo, um salário de R$ 1 mil compra menos no mês seguinte. Chama-se de salário nominal o valor expresso em reais (R$ 1 mil), que não variou, e de salário real quanto esse salário nominal pode comprar no mês seguinte (menos 10% do que no mês anterior). Dessa maneira, salário real equivale ao salário nominal descontado da taxa de inflação - num raciocínio idêntico ao do PIB real. Para manter o salário real do exemplo acima constante, após uma inflação de 10%, o salário nominal teria que ser alterado para R$ 1,1 mil.
  • Consumo - é a parte do PIB usado pelas famílias para seu próprio uso. Parte da renda gasta em consumo.
  • Poupança - é a parte da renda que não foi gasta em bens de consumo. Recursos, portanto, disponíveis para as firmas utilizarem para investimentos.
  • Investimento - é a parte do PIB usada pelas empresas para aumentarem suas capacidades produtivas e pelas famílias na construção de novas residências. Inclui máquinas, equipamentos, computadores, prédios, instalações e residências. Não incluem as aplicações financeiras em poupança, ações, etc. Assim, investimento para o economista só ocorre quando há aumento da capacidade produtiva na economia. Aplicações financeiras em poupança, outros títulos de crédito, ações, etc., não são consideradas investimento.
  • Taxa de juros - é o preço do dinheiro. Quanto se cobra pelo dinheiro emprestado. Quando a oferta de crédito aumenta, a taxa de juros tende a cair. Quando se retrai, a taxa de juros tende a subir.
  • Taxa de desemprego - corresponde ao percentual das pessoas que estão procurando emprego e não encontram. Medida do nível de emprego.
  • Déficit público - diferença entre o que o governo gasta e o que arrecada - sendo os gastos superiores à arrecadação, evidentemente. Essa diferença precisa ser financiada pela emissão de títulos públicos ou pela emissão de moeda.
  • Dívida pública - valor dos títulos que o governo vendeu ao público. Os juros pagos sobre esses títulos são gastos que contribuem para o déficit público.

3. INDICADORES DE DESEMPENHO MACROECONÔMICO

No presente capítulo o foco é a macroeconomia. Como regra, nossa unidade de análise são os diferentes países do mundo. Nesse nível, os dois principais indicadores de desempenho são o PIB – Produto Interno Bruto e o Nível Geral de Preços. A evolução deste último gera o fenômeno da inflação, isto é, a elevação generalizada de preços, mensurada por meio de toda uma série de índices de preço.

A importância e todos esses elementos no âmbito da Economia aplicada aos negócios internacionais é indiscutível. Quando se fala, por exemplo, das dez maiores economias do mundo, o indicador implicitamente tratado é o PIB. Ao mesmo tempo, conceitos como o grau de abertura de uma economia são mensurados dividindo-se a soma de importações e exportações pelo PIB. Pode-se afirmar, ainda, que o comércio exterior é hoje, mais do que nunca, o principal elo de ligação entre as economias dos diferentes países, lado a lado com os fluxos de capital.

3.1 Transitando da micro para a macroeconomia

Na esfera microeconômica, tratamos de mercados específicos, destacando a atuação de seus agentes típicos, os ofertantes (empresas e profissionais liberais) e os demandantes (que podem ser consumidores ou outras empresas). O foco recai, portanto, sobre a ação econômica individual com vistas ao máximo lucro (no caso dos ofertantes) ou da máxima satisfação (no caso dos demandantes).

Mas, quando ampliamos essa análise e passamos a nos preocupar com os efeitos da ação conjunta dos agentes econômicos, atingimos o campo da chamada macroeconomia ou, alternativamente, do macroambiente de negócios. Nessa esfera, as ações isoladas de ofertantes e demandantes têm pouco impacto. Mas, em sentido oposto, mudanças nas variáveis macroeconômicas costumam ter grande potencial de interferência sobre o desempenho das empresas e dos consumidores.

Ao mesmo tempo, a esfera macroeconômica é objeto de interesse contínuo da ação dos governos por meio da chamada política econômica. De forma ampla, pode-se dizer que essa ação, a chamada política econômica, visa promover o máximo crescimento, isto é, o maior crescimento possível do PIB, em paralelo com a mínima elevação do nível de preços, isto é, a menor inflação possível.

No curto prazo, o foco da política econômica recai sobre a chamada demanda agregada, isto é, o somatório de todas as demandas na economia. A meta, em geral, é evitar que o crescimento excessivo da procura por bens e serviços gera altas exageradas de preços. Já no longo prazo, o objetivo da ação econômica do governo é garantir o crescimento sustentado, estimulando a ampliação da capacidade produtiva das empresas e a produtividade como um todo. Em resumo, estabilidade de preços no curto prazo e crescimento do PIB no longo prazo são os dois focos da política econômica.

3.2 Mensuração da atividade econômica

O primeiro desafio para mensurar a atividade econômica de um país é encontrar um denominador comum que permita somar, de forma consistente, a produção dos mais diferentes setores. Uma alternativa viável é fazer a soma de valores monetários da produção de cada segmento econômico. Dessa forma seria possível, num primeiro momento, somar, por exemplo, a produção de minério (mensurada em toneladas) à produção de serviços educacionais (medida em horas-aula).

Compreende-se, assim, porque o PIB costuma ser expresso, antes de tudo, em valores monetários. É por essa razão que, sempre que nos referimos às maiores economias do mundo, expressamos um ranking de PIBs em valores monetários, geralmente convertidos para dólares norte-americanos. O quadro 3.1 apresenta esse ranking para o ano de 2020.

Quadro 3.1: PIB das maiores economias do mundo (trilhões de US$) – 2020

1º Estados Unidos 22, 2º China 16,

3º Japão 4, 4º Alemanha 4,

5º Reino Unido 3, 6º Índia 3,

7º França 3, 8º Brasil 2,

9º Itália 2, 10º Rússia 2,

11º Canadá 2, 12º Coréia do Sul 2,

13º México 1, 14º Espanha 1,

15º Indonésia 130

Fonte: Fundo Monetário Internacional (www.imf.org – acessado em abril 2020)

Por fim, para que seja possível avaliar de forma consistente a evolução do PIB ao longo do tempo é preciso considerar e tratar o efeito da inflação sobre o valor da produção de bens e serviços. E isso por uma razão simples: a alta de preços pode elevar esse valor sem que, em termos de volume físico, nada esteja acontecendo.

Para isso, os órgãos responsáveis pelo cálculo, depois de estimarem o valor monetário do PIB a partir da metodologia referida anteriormente, descontam o efeito da alta de preços em cada segmento da economia. Assim, quando se divulga que o PIB teve um crescimento de 2% em dado período, por exemplo, sabemos que esse percentual corresponde ao crescimento real, isto é, à expansão da produção física de bens e serviços livre da influência inflacionária. A figura 3.1 mostra essa evolução real do PIB brasileiro em bases trimestrais no período 1997-2020 em valores monetários.^1

Outra forma de evitar dupla contagem no cálculo do valor monetário do PIB é considerar o valor da produção de cada empresa ou profissional (que podemos chamar de VP) descontado dos valores dos insumos utilizados (que se pode chamar de VI). Quando se considera a expressão VP – VI chega-se a um conceito bastante utilizado e de grande importância, o conceito de valor agregado (que chamaremos de VA). Assim, por definição, VA = VP – VI. O valor monetário do PIB, contabilizado pelo somatório de todos os valores de bens e serviços finais, corresponde exatamente ao somatório do todo o valor agregado pelas diferentes empresas e profissionais, uma vez que ambos os métodos evitam a dupla contagem.^2

Quadro 3.2 – Produto Interno Bruto e Renda Interna Bruta - resumo Produto Interno Bruto = Renda Interna Bruta

Valor monetário estimado a partir do somatório dos valores dos bens e serviços finais produzidos dentro das fronteiras de um país (município, estado ou região) em dado período de tempo

O valor total da renda gerada em um país (município, estado ou região) em dado período de tempo corresponde ao somatório dos valores agregados (VAs) em todas as atividades econômicas dentro das fronteiras em determinado período de tempo

O PIB real (isto é, descontada a inflação) permite avaliar a evolução da produção de bens e serviços ao longo do tempo, sem que se incorra em dupla contagem

A RIB real (isto é, descontada a inflação) corresponde ao total de lucros, salários, impostos, juros, aluguéis etc. gerados dentro das fronteiras de um país (ou região) em dado período de tempo

Mas, por que estimar o PIB de duas formas alternativas? Se o leitor se fez essa pergunta, ela é bastante pertinente. A vantagem é que teremos, reunido em um único indicador de desempenho macroeconômico, uma forma de medir a evolução da produção e da renda gerada na economia em dado período de tempo. Isso porque, para qualquer empresa,

(^1) Além de apresentar a variação real do PIB, a figura 3.1 também contém dados livres de influência sazonal. Isso significa que, muito embora o PIB seja sempre mais alto no último trimestre do ano, essa alta meramente sazonal já foi corrigida na série apresentada, assim como em todos os trimestres de cada ano, o que permite uma comparação direta entre todas as observações da série apresentada. (^2) A Contabilidade Social, disciplina que estuda as formas de mensuração das variáveis macroeconômicas, tende, na atualidade, a separar o somatório dos valores agregados do valore dos impostos. Assim, segundo essa definição mais moderna, o valor do PIB corresponderia ao somatório dos valores agregados + o somatório dos tributos.

profissional ou segmento, quando subtrairmos do valor da produção (VP) o valor dos pagamentos aos fornecedores de insumos (VI), o que sobra é o total de renda gerada. Em outras palavras, a agregação de valor, medida pela expressão muito simples VA = VP

  • VI, corresponde à renda gerada em cada atividade. Esta renda corresponde ao ganho dos trabalhadores (salários), dos empresários (lucros), do governo (tributos) ou dos diferentes capitalistas que emprestaram seus recursos para serem empregados em dada atividade (aluguéis, juros, royalties etc). Esses são os componentes ou “fatias” do VA em qualquer atividade.

Prova-se, assim, que o valor do PIB de um país também corresponde também ao valor da Renda Interna Bruta (RIB), como expresso no quadro 3.2.

Quadro 3.3: Renda per capita em países seleciona US$ correntes de 2016. Fonte: FMI (Disponível em www.imfi.org, consultado em julho de 2016).

Ao contrário do que muitos imaginam, a renda per capita, indicador muito utilizado em comparações entre países no âmbito dos negócios internacionais, não corresponde ao PIB por habitante. Isso porque boa parte da renda gerada no território de um país corresponde a lucros de multinacionais ou rendas de emigrantes, remetidos aos países de origem. Assim, para estimar a renda apropriada em um país, a qual corresponde, em linhas gerais, ao potencial de gasto local, devemos ajustar o valor do PIB (renda gerada no território em questão) subtraindo a renda enviada e somando a renda recebida do exterior, chegamos a um conceito próximo, mas não idêntico, ao de PIB: o Produto

vez, determina a evolução da capacidade produtiva de empresas e profissionais e de sua produtividade.

Se a análise estiver focada no curto prazo, estará referida à demanda agregada. Esta, por sua vez, é composta de quatro elementos, chamados tecnicamente em Economia de “componentes do gasto agregado”:  A despesa das famílias realizada com a aquisição de bens e serviços ou consumo das famílias (C).  Os gastos do governo com custeio da máquina administrativa (G), como o pagamento do funcionalismo público ativo ou as compras feitas junto a fornecedores^3  O investimento produtivo, isto é, a aquisição de equipamentos (bens de capital), estoques e construção de infraestrutura e moradias novas, que tanto pode ser realizada pelas empresas do setor privado como pelo governo (I no caso do investimento privado e IG no caso do investimento do governo)^4  A aquisição dos bens e serviços produzidos no país pelos residentes no exterior, isto é, as exportações de bens e serviço (X)

Desta soma, devemos subtrair:  A aquisição de bens e serviços produzidos no exterior por residentes no país, isto é, as importações de bens e serviços (M). Isso porque parte de todo o consumo (C), dos gastos do governo (G) do investimento produtivo (I e IG ) e mesmo das exportações (X) contém itens importados, isto é, que geraram demanda não para nossas empresas, mas para empresas situadas no exterior.

Se o foco da análise se refere ao longo prazo, o potencial produtivo da economia vai evoluir em função dos seguintes fatores:  Os trabalhadores têm mais máquinas, equipamentos, estruturas de trabalho e acesso a infraestrutura, como portos e estradas. Nesse caso, o investimento produtivo (I + IG ) disponibilizou mais capital físico para a produção  Os trabalhadores se tornam mais hábeis através da educação, da experiência profissional ou de outras formas de aquisição de capital humano. Dessa forma, possuindo mais conhecimento, eles podem utilizar o capital físico de um modo mais eficiente. Essa é uma forma menos tangível de investimento produtivo  Novas tecnologias produtivas e novas técnicas de organização das empresas tornam os processos mais eficientes, outra forma intangível de investimento  Ou, por fim, as próprias instituições do país podem avançar, reduzindo elementos como corrupção, violência e burocracia, gerando ganhos de eficiência generalizados.

(^3) Uma observação pertinente é que, quando o governo paga aposentadoria ou benefícios sociais, este valor não é contabilizado no PIB, simplesmente porque não há produção. É uma mera transferência de renda. O governo coleta impostos de uns e transfere para outros. (^4) Em Economia, a palavra “investimento” é sempre empregada no sentido de “investimento produtivo”, muito embora o uso mais corrente desse termo esteja relacionado a aplicações financeiras. Cientes dessa pequena confusão, estamos utilizando a expressão “investimento produtivo”, muito embora ela soe repetitiva para qualquer economista.

Em suma, para que uma economia aumente seu nível potencial de produção ao longo do tempo, é necessário haver investimento^5 , tanto em capital físico quanto em capital humano e em tecnologia ou em capital institucional. O quadro 3.4 sintetiza os elementos determinantes da demanda e da oferta agregadas ou, respectivamente, do ciclo e conômico ( business cycle ) e da tendência de crescimento ( growth trend ).

Demanda Agregada PIB Observado Business Cycle

Oferta Agregada PIB Potencial Growth Trend

Componentes

Consumo Investimento Gastos do Governo Exportações

- Importações

Nível de atividade potencial

Fatores de Influência

Taxa de juros Nível de emprego Crédito Decisões políticas Expectativas de lucro Taxa de câmbio Demanda mundial

Investimento em capital físico e humano Melhorias técnicas Avanços institucionais

Fatores de influência

Quadro 3.4 – Demanda e Oferta Agregadas e seus determinantes

Mas, se o fator que sustenta o crescimento de longo prazo (ou trend de crescimento da economia) é o investimento, este, por sua vez, pode ser entendido como o conjunto de projetos de expansão ou modernização da capacidade produtiva, tanto em termos estritamente físicos (nas empresas) quanto em termos humanos (na capacitação dos profissionais). Ocorre que todo projeto realizada exige que se mobilize uma fonte de financiamento ou funding , sem a qual esses projetos simplesmente não saem do papel. Em Economia, o funding que torna realidade projetos de investimento é chamado de poupança.^6 Assim, se para todo projeto realizado existe uma fonte de financiamento que foi utilizada, conclui-se que o valor do investimento total em cada país (IT) corresponde ao total da poupança nesse mesmo país (S T)^7 :

(^5) Muita atenção! Em Economia, a palavra “investimento” se refere sempre à aquisição de ativos produtivos: máquinas, equipamentos, instalações, realização de obras de infra-estrutura, aquisição de conhecimento (isto é, aquisição de capital humano), muito embora o uso mais comum da palavra investimento se refira à aquisição de ativos financeiros. Neste livro, sempre que a palavra “investimento” for utilizada sem nenhuma qualificação, ela estará se referindo ao “investimento produtivo”, ou seja, à aquisição de ativos produtivos e não às aplicações financeiras. (^6) Novamente, muita atenção! Em Economia, a palavra “poupança” não se refere exclusivamente à caderneta de poupança. Esse termo é usado, genericamente, para “a parcela da renda não consumida” a qual, intermediada pelo sistema financeiro, serve para financiar projetos de investimento. Um aluno de MBA que abra mão de jantar com a família algumas vezes no ano, economizando recursos para pagar seu curso, provisionou parte de sua renda (poupou, isto é, abriu mão do consumo) para investir (isto é, adquirir o ativo intangível que é o certificado de pós-graduação). 7 Contabilmente, essa igualdade se impõe como uma identidade, uma vez que, para todo crédito, haverá sempre um débito de igual valor. Assim, para cada projeto de investimento que resulte, por exemplo, na aquisição de um bem de capital, haverá um lançamento no ativo imobilizado da empresa que, necessariamente, corresponde a uma fonte de recursos utilizada, lançada ou no passivo (crédito ou capital de terceiros) ou no patrimônio líquido (lucros reinvestidos).

IT = ST

tempo

PIB (^) País A

País B

Figura 3.3 – Ciclo de negócios e PIB tendencial em países hipotéticos

A figura 3.3 ilustra o contraste entre dois países hipotéticos cujos ciclos econômicos ( business cycles ) ocorrem em torno de diferentes tendências de crescimento ( potencial growth trends ). A tendência de crescimento menos acentuada do país B deve-se a menores níveis de poupança e investimento. Por isso o ciclo de negócios, que corresponde ao comportamento de curto prazo da demanda, acaba gerando níveis de crescimento mais baixos ao longo do tempo. Já a no país A, independente das flutuações de curto prazo, nota-se que o crescimento acumulado no período é maior e se sustenta em razão de níveis mais elevados de investimento e poupança.

Exemplos ilustrativos são China, onde a taxa de investimento, isto é, o investimento em relação ao PIB, corresponde a mais de 45%, e Brasil, onde esse indicador é da inferior a 20% do PIB.^9 Por conta dos níveis insuficientes de investimento e, portanto, de expansão do potencial de oferta, se a demanda crescesse no Brasil a taxas próximas de 10% ao ano como a China, estaríamos sujeitos a toda forma de escassez, com falta de infraestrutura, geração de energia e mão de obra qualificada, gerando pressões inflacionárias intensas.

A fim de acelerar o crescimento em países como o Brasil sem o risco de alta continuada de preços, é preciso garantir níveis mais elevados de investimento físico e humano, combinados com a melhoria das condições institucionais que também podem representar uma importante trava à eficiência das empresas e dos profissionais liberais, como a burocracia e as relações conflitivas nas cadeias produtivas.

(^9) Percentuais aproximados para o ano de 2017.

3.4 Determinantes da demanda agregada: o PIB no curto prazo

Os determinantes do comportamento do PIB no curto prazo, sumarizados no no quadro 3.4, podem ser, agora, tratados com mais detalhe. Para isso, vamos aqueles determinantes na seguinte expressão:

Em palavras, as oscilações do PIB no curto prazo, isto é, trimestre a trimestre, são consequência:  Do comportamento dos gastos das famílias com consumo (C) e do setor privado como um todo com investimento (I)  Dos gastos do governo com custeio (G) e investimento público (IG )  E dos gastos que os estrangeiros realizam liquidamente adquirindo produtos feitos no país (saldo do comércio exterior de bens e serviços ou X - M).

Para um correto acompanhamento da atividade econômica no curto prazo, é fundamento compreender os determinantes de cada um dos componentes do gasto total (ou componentes da demanda agregada) que, juntos, determinam as flutuações cíclicas da mesma atividade econômica

Determinantes do consumo das famílias (C) Como regra, nos mais diferentes países, o consumo é o principal componente do PIB. No Brasil, esse componente responde por cerca de 60% da demanda agregada. O principal determinante das decisões de gasto com consumo é o próprio nível de renda corrente das famílias. Nos momentos em que a atividade econômica (isto é, o emprego e a renda) está crescendo, isso impulsiona o consumo que, por sua vez, volta a estimular o crescimento do PIB em um autêntico mecanismo de feed back econômico de curto prazo.

Mas o consumo também depende das expectativas de renda futura e da capacidade de endividamento das famílias. Em geral, quando existe a ameaça de recessão, os consumidores adiam suas compras, sobretudo de bens duráveis, por puro receito de se tornarem inadimplentes. Mas a queda na demanda, sobretudo de duráveis, também pode decorrer do corte na oferta de crédito, decorrência de uma postura pessimista do sistema financeiro. Em ambos os casos, a demanda pode apresentar quedas importantes e o pessimismo das famílias e dos bancos se tornando uma profecia autorrealizada. Por isso,

PIB Demanda = C + I + G + I G

+ X - M

Gastos do setor privado nacional com consumo e investimento Gastos do governo com custeio e investimento

Saldo do comércio exterior