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Este texto discute a moralidade do aborto, examinando as opiniões conservadoras e liberais sobre o assunto. Ele questiona a compatibilidade dessas opiniões com a crença de que o feto tem direitos desde sua concepção, e explora as razões por trás das exceções às quais alguns conservadores se recorrem. Além disso, o texto aborda a questão de se o aborto pode ser justificado em termos de autodefesa, privacidade e liberdade religiosa.
Tipologia: Resumos
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DWOKIN, Ronald. Domínio da vida : aborto, eutanásia e liberdades individuais. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
“É uma opinião bastante como, por exemplo, acreditar que o aborto deve ser permitido sempre que se fizer necessário para salvar a vida da mãe. Esta exceção, porém, é também incompatível com qualquer crença de que o feto é uma pessoa com direito à vida. Alguns dizem que, nesse caso, justifica-se que a mãe aborte por tratar-se de uma questão de autodefesa; mas qualquer aborto seguro é realizado por uma outra pessoa – um médico - , e são poucos os que acreditam que seja moralmente justificável que um terceiro, mesmo um médico, possa matar uma pessoa inocente para salvar outra” (p. 43). “Não é raro que os conservadores em matéria de aborto também admitam outras exceções. Para alguns deles, o aborto é moralmente permissível não apenas para salvar a vida da mãe, mas também quando a gravidez é resultado de estupro ou incesto. Quanto mais se admitem tais exceções, mais claro se torna que a oposição conservadora ao aborto não pressupõe que o feto seja uma pessoa com direito à vida. Seria contraditório insistir em que o feto tem um direito à vida que seja forte o bastante para justificar a proibição ao aborto mesmo quando o nascimento possa arruinar a vida da mãe ou da família, mas que deixa de existir quando a gravidez é resultado de um crime sexual do qual o feto é, sem dúvida, totalmente inocente” (pp. 43 - 44). “Uma posição liberal paradigmática sobre o aborto consta de quatro partes. Em primeiro lugar, rejeita a opinião extrema de que o aborto não é moralmente problemático [...]” (p. 44). “Em segundo lugar, o aborto se justifica moralmente [...] não apenas para salvar a vida da mãe e nos casos de estupro ou incesto, mas também nos casos em que se diagnosticou uma grave anomalia fetal [...] que torna
“Uma vez que a religião tende a correlacionar-se, ao menos de maneira aproximada, com outras divisões sociais nos Estados Unidos – com a classe econômica, por exemplo - , essas divisões podem expressar outras influências” (p. 49). “Muitas dessas afirmações, tanto as que condenam o aborto quanto as que o aprovam em circunstâncias cuidadosamente delimitadas, não têm por base o pressuposto de que o feto é uma pessoa. Todas afirmam uma ideia diferente que está na base das opiniões sobre o aborto que a maioria das pessoas defende: a ideia de que qualquer forma de vida humana tem um valor intrínseco e sagrado que devemos nos empresar em não sacrificar” (p. 50). “[...] ‘em sua plenitude, a pessoa humana só existe quando se atinge aquela etapa do desenvolvimento em que alguém começa a ter experiencia da realidade’” (p. 51). “Cada uma dessas declarações insiste em que qualquer decisão sobre o aborto exige a reflexão sobre um importante valor: o valor intrínseco da vida humana. Cada uma entende que esse valor se fundamenta no amor e no poder criador de Deus, mas insiste em que uma atitude religiosa adequada deve reconhecer e avaliar um outro tipo de ameaça à santidade da vida: a ameaça que uma gravidez indesejada pode representar para a saúde e o bem-estar de uma mulher. Nesses casos, demonstrar respeito pela criação divina é algo que exige ponderação e equilíbrio, e não uma afirmação da prioridade automática da vida biológica de um feto sobre a vida plenamente desenvolvida de sua mãe” (p. 52). “Alguns teólogos e líderes religiosos conservadores também afirmam explicitamente que a questão crucial sobre o aborto não é saber se o feto é
ou não uma pessoa, mas sim a melhor maneira de respeitar o valor intrínseco da vida humana” (p. 53). “Ramsey argumentava que o que faz do aborto um pecado é o respeito pela escolha criadora de Deus e por seu amor à humanidade, e não os direitos de uma ‘gota de tecido no útero’” (p. 53). “Por muitos séculos a doutrina católica, seguindo Santo Tomás, sustentou que o aborto nas primeiras semanas de gravidez, antes que o feto esteja ‘formado’, não é um assassinato porque a alma ainda não se acha presente” (p. 59). “Na Idade Média, o termo ‘homicídio era às vezes usado para designar qualquer crime, inclusive a contracepção, contra a ordem natural da procriação e, portanto, contra a santidade da vida concebida como uma dádiva divina” (pp. 59-60). “Ainda que continue controverso saber se alguma tese filosófica ou doutrinária explica adequadamente a mudança da opinião oficial da Igreja, não há dúvida de que a mudança lhe deu uma considerável vantagem política em sua campanha contra o aborto [...]. Nos Estados Unidos, a Primeira Emenda à Constituição estipula que o Congresso não tem o poder de estabelecer nenhuma religião em particular, nem de legislar a serviço de qualquer dogma ou metafísica religiosos” (p. 62). “Venho argumentando que a opinião doutrinária religiosa sobre o aborto será mais bem aprendida se entendermos que ela tem por base o pressuposto independente de que a vida humana tem valor intrínseco, e não a ideia derivativa de que o feto é uma pessoa com interesses e direitos próprios” (p. 70).
a privacidade é uma questão de confidencialidade: dizemos que as pessoas podem manter suas convicções políticas na esfera privada, querendo com isso dizer que não precisam revelar em quem votaram. Às vezes, porém, a privacidade significa algo diferente de qualquer desses sentidos: significa soberania quanto a decisões pessoais” (p. 74). “A afirmação feminista mais fundamental e característica é a de que a subordinação sexual das mulheres deve tornar-se um atributo central do debate sobre o aborto” (p. 77). “A questão crucial passa a ser, então, se e quando o aborto é uma eliminação injustificável de algo de importância intrínseca, e MacKinnon então passa a defender a surpreendente afirmação de que a importância intrínseca de uma nova vida humana pode depender do significado e da liberdade do ato que a criou” (p. 78). “Se as mulheres fossem livres e iguais aos homens em suas relações sexuais [...] então o status de um feto seria diferente, pois seria mais verdadeira e inequivocadamente a criação intencional e desejada da própria mulher, em vez de algo que lhe é imposto [...] o excesso de relações sexuais configura, em certa medida, estupros, e muito frequentemente a gravidez é resultado não de uma realidade criativa, mas de uma subordinação que nada tem de criativo, e porque os custos da gravidez e da criação dos filhos estão distribuídos de maneira muito injusta, incidindo tão pesada e desproporcionalmente sobre elas” (p. 78). “As feministas não sustentam que o feto é uma pessoa com direitos morais próprios, mas insistem em que é uma criatura dotada de importância moral. Enfatizam não o direito da mulher que é sugerido pela retórica da privacidade, mas a responsabilidade da mulher de tomar uma decisão complexa que ninguém melhor eu ela pode tomar” (pp. 79-80).