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Docência e Trabalho: Reflexões Sobre o Papel da Prática de Ensino, Provas de Construção

Este texto apresenta reflexões sobre o papel da prática de ensino na construção de um projeto de educação, onde teoria e prática formam uma unidade. O autor discute a educação como prática humana e trabalho humano, oferecendo uma perspectiva sociológica sobre a relação entre o homem, o trabalho e o produto de seu trabalho. O texto também aborda a importância da reflexão sobre o trabalho docente e a necessidade de superar a alienação no trabalho na modernidade.

O que você vai aprender

  • Qual é a importância da prática de ensino como trabalho humano?
  • Como o trabalho docente pode ser desalienado na modernidade?
  • Como a relação entre teoria e prática pode ser construída em um projeto de educação?

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Garrincha
Garrincha 🇧🇷

4.1

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DOCÊNCIA E TRABALHO: reflexões sobre o papel da prática de
ensino
FOERSTE, Gerda Margit Schütz UFES*
FOERSTE, Erineu UFES
A prática de ensino, aqui compreendida como disciplina dos cursos de formação de
professores, tem colocado ao professor o desafio de construir um projeto de educação no
qual teoria e prática formem uma unidade. A discussão sobre a educação como práxis
humana remete-nos, com freqüência, a uma concepção sociológica básica: à noção de
trabalho1 em direção à construção do reino da liberdade2. Compreendemos a prática
docente como trabalho humano e por isso, construída por sujeitos inseridos em um espaço
histórica e socialmente localizado. Nesta perspectiva, torna-se essencial compreender o
trabalho como uma dimensão fundamental na vida humana, capaz de transformar
qualitativamente o meio tanto em seus aspectos objetivos como subjetivos.
Marx, ao denunciar o projeto capitalista que alijava de seu processo produtivo o
caráter reflexivo, nos oferece elementos para compreender a relação de exterioridade, ou
seja, de alienação, do homem com o trabalho e com o produto de seu trabalho. Possibilita,
também, perceber como o trabalho, historicamente, passou por transformações no que se
refere às formas de organização da produção e à especialização. A partir daí, passamos a
* Professora do Departamento de Didática e Prática de Ensino da UFES. Licenciada em Artes. Mestre em
Educação Escolar Brasileira pela FE/UFG. Doutoranda na FE/UFF, na linha de pesquisa Educação e
Trabalho, com a orientação da professora Dra. Maria Aparecida Ciavatta Franco.
Professor do Departamento de Didática e Prática de Ensino da UFES. Licenciado em Letras. Mestre em
Educação pela UFG. Doutorando em Educação na PUC Rio.
1 O trabalho, segundo Lukács (1978), faz a distinção entre o ser da natureza orgânica e o ser social e faz
emergir do reino da necessidade o reino da liberdade. Ou seja, mudanças fundamentais se processam a partir
do trabalho humano: enquanto na natureza as mudanças consistem em ser-de-outro-modo (ex.: a madeira
transformada em carvão), a partir do trabalho acontece uma alteração no processo cognoscitivo, que permite
fazer uma distinção entre o ser-em-si , dos objetos, e o ser-para-nós, pensado e criado pelo conhecimento
humano. Desta forma, a partir do trabalho e seu produto, o ser- para-nós torna-se uma nova objetividade em
condições de exercer sua função social. O trabalho, assim, é considerado como a categoria essencial à
socialização, constituindo-se no elemento articulador e fundamental na distinção ontológica entre o ser social
e o mundo da natureza. A partir do trabalho o homem transforma e recria o meio e, principalmente, constrói
um contexto de relações, uma esfera social de produção e reprodução do novo. Com o trabalho o homem
reage ao ambiente e produz algo novo, anteriormente inexistente e através dele o homem se destaca da
natureza. Compreende-se assim que, pelo trabalho, o homem constrói um ambiente e uma história, com
menor intervenção das leis naturais. Isso constitui o fundamento ontológico do ser social.
2 Conforme Lukács (1978) o reino da necessidade é o reino da reprodução econômico-social da
humanidade, das tendências objetivas de desenvolvimento. O reino da liberdade, diz respeito às decisões
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DOCÊNCIA E TRABALHO: reflexões sobre o papel da prática de

ensino

FOERSTE, Gerda Margit Schütz– UFES ***** FOERSTE, Erineu – UFES ∗∗

A prática de ensino, aqui compreendida como disciplina dos cursos de formação de professores, tem colocado ao professor o desafio de construir um projeto de educação no qual teoria e prática formem uma unidade. A discussão sobre a educação como práxis humana remete-nos, com freqüência, a uma concepção sociológica básica: à noção de trabalho^1 em direção à construção do reino da liberdade^2. Compreendemos a prática docente como trabalho humano e por isso, construída por sujeitos inseridos em um espaço histórica e socialmente localizado. Nesta perspectiva, torna-se essencial compreender o trabalho como uma dimensão fundamental na vida humana, capaz de transformar qualitativamente o meio tanto em seus aspectos objetivos como subjetivos. Marx, ao denunciar o projeto capitalista que alijava de seu processo produtivo o caráter reflexivo, nos oferece elementos para compreender a relação de exterioridade, ou seja, de alienação, do homem com o trabalho e com o produto de seu trabalho. Possibilita, também, perceber como o trabalho, historicamente, passou por transformações no que se refere às formas de organização da produção e à especialização. A partir daí, passamos a

  • (^) Professora do Departamento de Didática e Prática de Ensino da UFES. Licenciada em Artes. Mestre em Educação Escolar Brasileira pela FE/UFG. Doutoranda na FE/UFF, na linha de pesquisa Educação e Trabalho, com a orientação da professora Dra. Maria Aparecida Ciavatta Franco. ∗ Professor do Departamento de Didática e Prática de Ensino da UFES. Licenciado em Letras. Mestre em Educação pela UFG. Doutorando em Educação na PUC – Rio. 1 O trabalho, segundo Lukács (1978), faz a distinção entre o ser da natureza orgânica e o ser social e faz emergir do reino da necessidade o reino da liberdade. Ou seja, mudanças fundamentais se processam a partir do trabalho humano: enquanto na natureza as mudanças consistem em ser-de-outro-modo (ex.: a madeira transformada em carvão), a partir do trabalho acontece uma alteração no processo cognoscitivo, que permite fazer uma distinção entre o ser-em-si , dos objetos, e o ser-para-nós, pensado e criado pelo conhecimento humano. Desta forma, a partir do trabalho e seu produto, o ser- para-nós torna-se uma nova objetividade em condições de exercer sua função social. O trabalho, assim, é considerado como a categoria essencial à socialização, constituindo-se no elemento articulador e fundamental na distinção ontológica entre o ser social e o mundo da natureza. A partir do trabalho o homem transforma e recria o meio e, principalmente, constrói um contexto de relações, uma esfera social de produção e reprodução do novo. Com o trabalho o homem reage ao ambiente e produz algo novo, anteriormente inexistente e através dele o homem se destaca da natureza. Compreende-se assim que, pelo trabalho, o homem constrói um ambiente e uma história, com menor intervenção das leis naturais. Isso constitui o fundamento ontológico do ser social. 2 Conforme Lukács (1978) o reino da necessidade é o reino da reprodução econômico-social da humanidade, das tendências objetivas de desenvolvimento. O reino da liberdade, diz respeito às decisões

problematizar a fragmentação do saber e a hieraquização das disciplinas. Verificamos a complexificação das relações sociais que se estabelecem a partir da organização da produção, ou seja, do trabalho compreendido enquanto ocupação penosa e sacrificante, institucionalizada, principalmente, na modernidade. Discutimos as bases sobre as quais essa forma de produção se assenta e as possibilidades de transformação das mesmas. Compreendemos que na busca de superação do caráter desumano assumido pelo trabalho na modernidade, gerado pela divisão do trabalho e exploração capitalista do homem, está implícita a necessidade de resgatar o seu caráter criativo e reflexivo, tomando esses como necessidades do homem. Procuramos, desta forma, superar a noção de trabalho como atividade meramente mecânica, abstrata e indiferente ou alienada, para buscar uma outra na qual o homem seja o sujeito do processo produtivo. A prática de ensino, por ser uma disciplina teórico-prática, talvez a única com essa característica em se tratando da formação de professores, hoje, desenvolve-se a partir de vivências pedagógicas no interior da escola, teorizando-a. Em seu desenvolvimento o contato com o espaço educativo da escola é imprescindível, pois é dessa realidade que as propostas de ensino devem emergir. A falta de um vínculo mais efetivo dos alunos com a realidade da escola, ainda tem restringido a vivência pedagógica a uma contato artificial, de cumprimento formal da prática de ensino, o que não garante uma reflexão aprofundada sobre o vivido. A reflexão sobre o cotidiano, sobretudo, a partir das dúvidas reais do professor, constitui-se na condição para que se proceda uma formação mais articulada e coerente com a realidade. A falta de um trabalho mais sistemático de parceria entre escolas e Universidade tem levado à construção de propostas atomizadas e com pouca repercussão na comunidade educativa. Fazendo intervenções a partir de disciplinas isoladas em atividades esporádicas não se efetivam as mudanças necessárias no contexto da escola pública brasileira, nem se criam as condições para que o professor se forme num real envolvimento com as problemas da educação brasileira. Compreendemos, através da leitura e debate em sala de aula, que as questões ligadas a esse ensino estão diretamente vinculadas a um processo maior e mais complexo, de sucateamento da escola pública brasileira. Tal desmonte da escola pública se traduz nos baixos salários pagos aos profissionais da educação (quando estes recebem), nas

teleológicas entre alternativas com premissas e conseqüências ineliminavelmente vinculadas por uma relação

articulador de um projeto coletivo de formação do educador (Fazenda, 1991, p.61) e produção de conhecimento em educação. Nessa perspectiva, o cotidiano escolar define-se como campo e objeto de investigação e atuação profissional do educador, que deve ser um pesquisador em ação. Em defesa dessa concepção de formação de professores, encontramos muitos teóricos da educação contemporânea, entre eles destacam-se Nóvoa (1992) e Schön (1992). Defendendo a idéia de que os professores precisam assumir-se enquanto produtores de sua formação argumentam que essa formação passa por processos de investigação, diretamente articulados com as práticas educativas (Nóvoa, 1992, p. 28). Schön propõe que o professor pesquise sobre a sua própria prática, desenvolvendo-a de forma reflexiva. Ao sugerir a conversa-reflexiva-com-a-situação, identifica a necessidade do investigador construir a problemática, ou melhor, identificar o problema, na inter-relação com seu contexto e com os seus interlocutores diretos e indiretos. Na construção de um projeto (ou design), esse deve buscar a colaboração, através do diálogo, de seus interlocutores mais próximos, para investigar e propor possíveis soluções. Assim, sustenta que os protagonistas de uma dada situação devem repensá-la e refletir sobre as possibilidades de superação da problemática, coletivamente. Essas discussões tem servido de referencial para o trabalho que desenvolvemos com alunos de Prática de Ensino, com os quais buscamos construir propostas alternativas de intervenção na realidade escolar, a pesar dos limites impostos pela organização curricular, tanto em seu curso como na escola que os recebe. Objetivos

  • Construir referenciais teórico-práticos que fundamentem no processo de formação inicial de professores uma concepção de docência enquanto trabalho humano;
  • Exercitar a reflexão sobre o trabalho do professor enquanto atividade que constrói e reconstrói sua identidade profissional. Projetos desenvolvidos Trabalhando uma unidade temática denominada de “Poesia e arte na sala de aula”, os estagiários constróem projetos de atividades de ensino em que alunos da escola básica são levados a desenvolver trabalhos, como:
  • leitura de textos;
  • fruição estético-poética;
  • produção artística (expressão plástica e expressão escrita e/ou oral).

Alguns passos a serem considerados pelos estagiários:

  • leitura de textos teóricos relacionados à prática (Ex.: educação e trabalho, profissão docente, unidade teoria e prática, interdisciplinaridade)
  • construção de um tema (Ex.: arte e poesia: criação e expressão)^3 ;
  • elaboração de uma justificativa;
  • definição de objetivos interdisciplinares (Ex.: a - Analisar o poema As borboletas de Vinícius de Moraes, buscando expressar sua literariedade através da produção plástica, construindo alguns conceitos fundamentais, como: volume, cor, equilíbrio etc.; b – Produzir poemas escritos sobre o tema proposto, empregando noções próprias da linguagem conotativa e da versificação, com a tradução escrita das experiências literárias e plásticas exercitadas durante o desenvolvimento da unidade temática);
  • seleção de recursos materiais e técnicas de ensino;
  • organização de um espaço para a exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos (textos e trabalhos plásticos). Comentários conclusivos Os projetos desenvolvidos possibilitam afirmar:
  • a formação inicial de professores assenta-se sobre uma base teórico-prática em que saberes teóricos e saberes da prática se somam, favorecendo a permanente reflexão sobre a atividade de ensino. Isso significa que: o professor enquanto sujeito do processo produtivo constrói um saber próprio a partir da realidade da escola, buscando superar a fragmentação do conhecimento, favorecendo, desse modo, o trabalho coletivo na escola.
  • A construção da identidade profissional se desenvolve na confluência entre momentos de formação e momentos de prática profissional, situados na dinâmica de um projeto mais amplo de sociedade e cidadania ( Lüdke,1998; Lúdke e Moreira, 1998). Esse debate traz desdobramentos que afetam os papéis tradicionais da universidade no processo de formação de professores e de produção de conhecimentos educacionais, bem como sua relação com os órgãos públicos da gestão educacional, mas também com o professorado.

(^3) Criação e expressão são compreendidos como dimensões essenciais de trabalho humanizado.

APRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PÔSTER^4

(^4) Consideramos para fins da apresentação gráfica as medidas de 1m de largura e 1,5 m de comprimento.

Texto Texto

Texto (^) Texto

DOCÊNCIA E TRABALHO

FOTOS

FOTOS

Comentários conclusivos

Bibliografia