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Estudo sobre a transição do gatekeeper ao gatewatcher
Tipologia: Teses (TCC)
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Ana Beatriz Alves Rapozo
Rio de Janeiro 2016
Ana Beatriz Alves Rapozo
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Jornalismo, sob a orientação do Prof. Marcio Gonçalves.
Rio de Janeiro 2016
O jornalismo se transforma a cada veículo de comunicação que surge na sociedade, já que é a partir dos meios que há a distribuição de notícias. Em todas as mídias antes da popularização da Internet – jornal impresso, TV e rádio – o contato entre o emissor e o receptor era feito por meio de cartas ou telefone, havendo pouca integração entres eles. A partir do momento que o jornalismo migra para o mundo digital, há uma transformação na troca de informações e na relação com o seu leitor. Na era digital, o emissor participa diretamente das sugestões de pauta, já que ele consegue transmitir notícias que acontecem próximo a sua localidade para um grupo de seguidores nas redes de relacionamentos virtuais, criando visibilidade até chegar aos veículos de comunicação. Neste momento, os veículos, que já estavam no impresso ou na TV, fazem parte do meio digital, pois percebem a força que qualquer individuo possui para publicar informações importantes para a estruturo oficial da mídia. O cidadão se torna uma fonte essencial para o jornalista e o principal meio de transmissão de conteúdo no meio virtual. Diante deste fato, o jornalista, antes considerado gatekeeper , se transforma em gatewatcher , isto é, ele não possui mais as informações para construção de pautas, e sim monitora publicações das notícias nas redes sociais para definir assim, quais irão ser divulgadas em seu veículo. Outro papel também surge no advento da Internet, o jornalista curador, este seleciona as matérias mais interessantes para o seu público- alvo e as publica com seu ponto de vista e opinião. A Internet permite a criação de novos jornais a qualquer instante, pois os usuários já possuem o poder de comunicar o que eles consideram importante para a sua rede de seguidores. O HuffPost Brasil surge desta ideia, a agregação de blogs em uma única página que discute assuntos variados. Este estudo consiste em entender as transformações que o virtual trouxe para o jornalismo e o surgimento de novas funções, por fim analisando um exemplo desta nova era, o HuffPost Brasil.
O século XXI é marcado por diversas transformações no universo da comunicação digital. Desde o avanço das relações virtuais, até o smartphone da última geração, a sociedade se depara com novos e inovadores meios de mediação da comunicação. Porém, transformações assim acontecem desde o século passado com o advento da rádio e da televisão. Para entender cada momento da comunicação, Santaella (2003) estuda as seis eras culturas – oral, escrita, impressa, de massas, das mídias e digital. Cada era está definida de acordo com quais meios de comunicação são capazes de mudar as relações humanas, além de moldar o pensamento do ser humano e permitir a criação de novos ambientes socioculturais. Santaella (2003) afirma ainda que prefere chamá-las de formações culturais para transmitir a ideia de que não se trata de períodos culturais lineares, mas sim de que “há sempre um processo cumulativo de complexificação: uma nova formação comunicativa e cultural vai se integrando na anterior, provocando nela reajustes e refuncionalizações” (SANTAELLA, 2003, p. 13). Por isso, é importante frisar que o surgimento de novas eras não descartam as anteriores, e sim agregam novos valores. Com o desenvolvimento e o surgimento das plataformas digitais, os conceitos cultura das mídias e a cultura digital ganham maior significado. Santaella (2003) destaca que cultura de massas, cultura das mídias e cultura digital, embora convivam hoje em um imenso caldeirão de misturas, apresentam cada uma delas caracteres que lhes são próprios e que precisam ser distinguidos. “Uma diferença gritante entre a cultura das mídias e a cultura digital, por exemplo, está no fato muito evidente de que, nesta última, está ocorrendo a convergência das mídias, um fenômeno muito distinto da convivência das mídias típica da cultura das mídias” (SANTAELLA, 2003, p. 17). A autora ainda comenta que “a cultura das mídias não se confunde com nem com a cultura de massas, nem com a cultura digital ou cibercultura de outro. É, isto sim, uma cultura intermediária, situada entre ambas” (SANTAELLA, 2003, p. 13). Isto quer dizer que a cultura digital surge pelos processos de produção, distribuição e consumo de comunicações na cultura de mídias. A última década é caracterizada pela expansão da Internet e o surgimento das redes sociais, o Facebook, criado em 2004 por Mark Zuckerberg, é considerado um dos maiores meios de se comunicar. Nele, qualquer cidadão pode compartilhar seus pensamentos, fatos que acontecem com ele durante sua rotina e opiniões sobre diversos assuntos para uma grande quantidade de pessoas. “O aspecto mais espetacular da era digital está no poder dos dígitos
Quando qualquer indivíduo passa a ter o poder de informar para um grande grupo acontecimentos que ocorrem durante o seu dia a dia, o comunicador encontra uma realidade que nunca tinha visto. Um cidadão comum agora pode ser um transmissor de notícias, já que muitas vezes as informações já possuem o lead – o que, quem, quando, onde, como e porquê – e até vídeos. Neste momento, o jornalista entra em conflito, pois o cidadão pode ter um espaço maior na rede como um comunicador, mas ao mesmo tempo, percebe que este ele se torna uma fonte importante. A Consumer-Generated Media (CGM) ou Mídia Gerada pelo Consumidor, presente em comentários de blogs, listas de discussão, grupos no WhatsApp, postagens do Tumblr, Twitter, Youtube, Instagram etc, tem modificado nossa forma de absorver conteúdo, e fico com a sensação de que os portais ainda correm atrás do prejuízo, mas sem entender que essa nova mídia está baseada no compartilhamento, na troca, na conversa. As mudanças são enormes e profundas. Muitas ainda nem foram assimiladas pelos veículos de comunicação, mas já estão sendo viabilizadas pelas redes sociais da web (FERRARI, 2014, p. 21). Esse fato permite o aumento do jornalismo colaborativo, no qual o público participa da produção de conteúdo. Antes do avanço das redes sociais, o cidadão já interagia com os jornais por meio de cartas ou telefonemas, contudo a era digital diminui ainda mais a distância entre o autor e seu leitor. Isso faz com que o tradicional gatekeeper , aquele quem define quais notícias serão veiculadas, perca um pouco do seu valor, pois agora as informações necessárias para uma matéria estão disponíveis para o conhecimento em tempo real. Ferrari (2014) acredita que a práxis jornalística tradicional, o controle da informação está no emissor, já na jornalística digital, deve-se privilegiar o sujeito que decide, caindo assim por terra a teoria do gatekeeper. A autora conclui que o papel do gatekeeper na teoria do jornalismo sempre foi selecionar a informação que será ingerida pelo leitor, fazendo com que o receptor não perceba a edição da informação. “No caso das narrativas hipertextuais, o foco muda e o poder de escolha passa para as mãos do leitor” (FERRARI, 2014, p. 80). Neste momento, surge o termo gatewatcher, o jornalista que seleciona as notícias mais relevantes para o seu público-alvo. A curadoria de notícias também passa a ser uma importante aliada para o trabalho do escritor, visto que em meio a uma infinidade de trocas de dados, o jornalista precisa entender o que é de mais importante transmitir para o seu receptor. Segundo os conceitos levantados, as seis eras culturais permitem interpretar cada momento da comunicação e os seus meios. O último período estudado por Santaella é a digital, uma fusão entre a era de massas e das mídias. A partir desta época, a convergência das mídias passa a ser um fator crucial para a distribuição de matérias, uma vez que o leitor se encontra um mais de um veículo de comunicação ao mesmo tempo e recebe muitas
informações ao mesmo tempo e filtra as mais relevantes. Ademais, o receptor se encontra muitas vezes no papel do emissor pela facilidade de transmitir dados nas redes sociais virtuais, causando mudanças no ofício do jornalista.
O termo gatekeeper se refere ao jornalista que possui o poder de decidir quais informações que chegam durante o dia na redação são consideradas as mais relevantes para a publicação. Em meio a um turbilhão de acontecimentos, apenas os considerados mais relevantes de acordo com alguns critérios, entre eles o valor-notícia e linha editorial, são passados a diante para a produção. O jornalista que desempenha esta função é considerado o “porteiro”, tradução da palavra gate , pois “ele é responsável pela progressão da notícia ou por sua “morte”, caso opte por não deixá-la prosseguir, o que significa evitar a publicação” (PENA, 2006, p. 133). A teoria do gatekeeper avança igualmente uma concepção bem limitada do trabalho jornalístico, sendo uma teoria que se baseia no conceito de “seleção”, minimizando outras dimensões importantes do processo de produção das notícias, uma visão limitada do processo de produção das notícias (TRAQUINA, 2005, p. 151).
A teoria do gatekeeping surge em 1947 no campo da psicologia por Kurt Lewin^1 , que estuda os problemas ligados à modificação dos hábitos alimentares em um determinado grupo social. A partir de 1950, este termo é ligado ao jornalismo pelo David Manning White, que começa a analisar como ocorrem as filtragens de notícias nas redações dos veículos de comunicação. Para concluir sua teoria, White tem como estudo de caso a metáfora do Mr.Gates, ele passa a acompanhar um jornalista de meia idade que tem a função de selecionar entre todos os dados que chegam à redação, os que seriam publicados. Após uma semana de análise, White conclui que as escolhas de Mr.Gates são subjetivas e feitas a partir de valores baseados em suas experiências e expectativas. Entre outros resultados, os que se destacam são que de cada dez sugestões de pauta, noves são
(^1) Kurt Lewin, psicólogo alemão-americano, discute em sua teoria a possiblidade da mudança de hábitos alimentares de uma população. Por fim, ele percebe que “existem canais por onde flui a sequência de comportamentos relativos a um determinado tema. Estes canais desembocam em uma zona de filtro (o gate ), que é controlada por quem tem o poder de decidir (o gatekeeper )” (PENA, 2006, p. 134).
As mudanças da comunicação virtual afetam as tarefas do jornalista nos processos de apuração e redação, uma vez que ele recebe centenas de notícias ao mesmo tempo e algumas delas já estão apuradas pelo cidadão e distribuídas. Com o gatekeeper não é diferente, seu modo de realizar suas funções alteram, uma vez que a Internet proporciona uma audiência mais participativa e uma troca de dados mais rápida e eficiente. Ele agora não retém todas as informações para selecionar e depois publicar, pois tudo que é recebido já está ao alcance do público. Sem limitações espaciais, o jornalista pode publicar uma maior quantidade de notícias nos mais variados formatos e com possibilidade de ligação a outras fontes e documentos através de links. Esta disponibilidade espacial tendencialmente infinita acaba por se transformar num potencial obstáculo para os leitores, pois a cada segundo que passa são disponibilizadas milhares de notícias na Web (CANAVILHAS, 2010, p. 4).
A popularização do uso de meios digitais causa a redefinição do papel do gatekeeper , pois há novos canais de comunicação virtual para a troca de informações. “Tornou-se impossível ao jornalista e aos media em geral continuarem a manter a guarda de tantos portões num contexto de acessibilidade geral” (ARAÚJO; CARDOSO; CHETA; NETO, 2009, p. 72). Diante desta realidade, encontram-se estudos que defendem a mudança do desempenho do gatekeeper para gatewatcher. “Tais linhas de pensamento sustentam que as pessoas nas redacções estão a modificar a sua definição de gatekeeper , passando a incorporar as funções de controlo de qualidade e significado” (ARAÚJO; CARDOSO; CHETA; NETO, 2009, p. 72). A função do gatewatcher é determinar as notícias mais relevantes para o seu meio e não necessariamente para toda uma população. Ele faz essa seleção de acordo com suas convicções pessoais e inclui opiniões nas informações, além disso, não há a necessidade de ser um jornalista, pois no meio digital qualquer pessoa pode expressar suas convicções e ideias. “O gatewatcher funciona com um analista de mercados financeiros que aconselha os seus seguidores/amigos a investirem a sua atenção neste ou naquele tema, publicando os links para as notícias” (CANAVILHAS, 2010, p. 5). Tais pontos de vista não preconizam, no entanto, o fim dos gatekeepers , apenas defendem a criação de novos guardiões, tais como os motores de busca (Cardoso, 2006). Ou seja, mais do que desaparecer, a função de gatekeeper tende a sofrer alterações, numa lógica complementar com a função do gatewatcher (ARAÚJO; CARDOSO; CHETA; NETO, 2009, p. 72).
O termo gatewatcher ainda é recente, porém percebe-se que os portais de notícias estão se adequando a esta estrutura de ter alguém ou uma equipe para eleger as informações mais interessantes para o seu leitor. Um exemplo disso é o jornal online The Huffington Post, ele agrega blogs de diversos assuntos e está presente em múltiplos países, mais a frente do artigo terá um estudo de caso sobre este webjornal. Após definir esses termos e colocá-los em ordem cronológica de acordo com o avanço da comunicação virtual, pode-se afirmar que o jornalismo se adequar ao cenário atual das relações interpessoais. Na era digital, o gatekeeper perde um pouco de seu valor, pois a participação do emissor é cada vez mais ativa, além de haver um aumento significativo de canais de comunicação. Já o papel de gatewatcher se torna indispensável, visto que ele permite construir grupos seletivos de acordo com interesses comuns em redes virtuais, aumentando sua audiência e a participar do leitor.
A expressão curadoria é importante e conhecida na área das Artes. Por definição, um curador tem como tarefas a organização, montagem e escolha das peças de um conjunto de obras de um artista para sua exposição. Segundo Grossman (2013), “a curadoria ocupa hoje uma posição central no sistema da arte, em permanente negociação com outras formas de mediação cultural, sejam elas as educativas, de gestão cultural e também as de gestão de patrimônio/coleções”. O termo curadoria entrou na categoria dos ciber-significados de uma forma impactante e muito recentemente. O bem conhecido e consolidado curador das artes ou aquele curador gestor legal de patrimônios passaram a conviver com uma multidão de curadores da informação, curadores digitais, curadores de festas, de musicas, de programações, de coletâneas literárias, entre outras novas funções que necessitam de “cura” para se concretizarem (CORRÊA, 2012, p. 8).
Com a popularização do acesso à Internet, o número de dados compartilhados por minuto cresce a cada ano. Para calcular este número, a empresa Domo construiu, em 2015, infográficos que demostram a quantidade brutal de dados digitais que são criados a cada minuto, o “Data Never Sleeps”^3 , (Dados Nunca Dormem). O infográfico apresenta números
(^3) https://www.domo.com/blog/2015/08/data-never-sleeps-3-0/
A partir das definições sobre os algoritmos curadores e a curadoria jornalística, Bertocchi e Corrêa (2012) concluem que “mesmo em um contexto de abundância informativa onde a máquina processa mais rapidamente e melhor as informações, a comunicação, o jornalismo e seus profissionais permanecem indispensáveis por pelo menos dois motivos” (BERTOCCHI; CORRÊA, 2012, p. 135). O primeiro motivo é que robôs não conseguem interagir como humano de forma natural, já o segundo motivo é que no espaço semântico, robôs inteligentes percebem o comportamento do usuário e fornecem a ele somente as informações que ele próprio deseja e escolhe. “Chega-se, portanto, ao nível máximo da personalização, o que, para além das vantagens evidentes, traz algumas implicações indesejáveis” (BERTOCCHI; CORRÊA, 2012, p. 137). Por fim, as autoras chegam a conclusão de que ‘quanto mais informações circunstanciais, sociais e comportamentais se fizerem necessárias para a modelagem do algoritmo, mais deveria ser exigida a participação do elemento humano como alimentador do modelo e, especialmente, como refinador ao longo da vida útil do algoritmo” (BERTOCCHI; CORRÊA, 2012, p. 138). Assim como o gatewatcher, o curador analisa o mercado que ele deseja atingir para selecionar as informações mais rentáveis que possam ser publicadas em seu jornal, revista ou blog de acordo com seu público-alvo. Silva (2012) destaca que um dos desafios da curadoria é o processo de seleção das notícias, já que é necessário alcançar e agradar de modos diferentes determinados grupos. “Entre os desafios para a curadoria de conteúdo online, o imperativo da visibilidade se torna um tentador desviante, pois a curadoria é, quase que necessariamente, acompanhada de uma estrutura de nicho, para públicos menores” (SILVA, 2012, p. 78).
Este capítulo apresenta o estudo de caso que exemplifica os termos que foram analisados anteriormente, gatewatcher e curadoria de notícias. A escolha foi feita por meio de diversas pesquisas, uma vez que os conceitos estudados são novos e ainda não são abrangentes nos jornais e nem na literatura técnico-científica nos estudos do jornalismo. Pelo fato de selecionar, em variados blogs, notícias mais relevantes para o seu leitor, o jornal
online HuffPost Brasil, versão brasileira do The Huffington Post, foi definido com o estudo de caso do artigo científico. O objetivo do site é procurar e selecionar o que há de melhor em multidão de vozes, para fornecer ao leitor uma curadoria desse conteúdo gerado espontaneamente. Considerado o maior êxito do jornalismo online pelo O Globo^4 e Observatório da Imprensa^5 , The Huffington Post é fundado em 2005 pela escritora ateniense Arianna Huffington nos Estados Unidos. Em entrevista, Arianna afirma que vê o webjornal como uma obra em andamento. “Não creio que chegará o dia em que acordarei e direi: "É isso! Isso é o 'Huffington Post'!" (HUFFINGTON, 2011). Em 11 anos de história, The Huffington Post é lido por 14 países além do Brasil e EUA, incluindo Alemanha, Índia e Japão. O site agrega blogs de todo mundo que discutem assuntos atuais de diversos segmentos, em 2010 o número de blogueiros chegou a 6.000. Além de possuir um site, o webjornal está presente em outras plataformas digitais. Huffington (2011) afirma que a maneira como as pessoas consomem notícias é muito diferente hoje. “Elas não querem só ler, querem se engajar, colaborar. Somos parte disso, do mundo do Facebook, do Twitter”, conclui. A versão brasileira do jornal online é criada em janeiro de 2014, após negociações com a editora Abril, com o nome de Brasil Post. Na época, um dos blogueiros do site, Ricardo Anderáos, jornalista, ambientalista e empreendedor social, destacava a importância deste lançamento em um momento que antecipava a Copa do Mundo e as eleições. “Uma rara conjunção de fatores promete fazer este ano um dos mais marcantes da história recente do nosso país” (ANDERÁOS, 2014). Em seu texto, Anderáos ressalva o tipo de jornalismo que o, na época, Brasil Post pratica. Segundo o autor, um dos diferenciais é como o veículo dialoga com as redes sociais. Para ele, nenhum outro canal de informação utiliza melhor esta ferramenta, seja monitorando o que acontece nas redes para alimentar sua pauta, seja viralizando seus conteúdos nas principais plataformas ou participando ativamente das conversas que eles geram nas redes. Anderáos também cita os blogueiros como outro pilar do Huffington Post, e conclui que, como já acontece com as edições de outros países, o Brasil está construindo uma rede de colaboradores que inclui desde personalidades internacionalmente conhecidas até pessoas comuns que, com sua opinião, nos ajudam a fomentar relevantes debates sobre os mais variados temas.
(^4) http://goo.gl/5HiF3V (^5) http://goo.gl/eTuuPL
Outro atributo que site que chama atenção são as editorias. No jornalismo tradicional, costuma-se encontrar editorias parecidas na maioria dos jornais, como economia, esporte e cultura, porém o HuffPost aborta conteúdos pouco levantados pelos meios de grande alcance.
PAÍS MULHERES VOZES DA RUA LGBT DINHEIRO MUNDO EQUILÍBRIO LIVROS E HQS VIRAL TEM JEITO! FAMÍLIA HOMEM MODERNO ANIMAIS TECH MEIO AMBIENTE CIÊNCIA SAÚDE EDUCAÇÃO ARTE DIVERSÃO COMPORTAMENTO ESPORTES LGBTfobia Tabela 1: Editorias do HuffPost Brasil Fonte: produzido pela autora Mulheres, Vozes de rua, LGBT, Ciência, Equilíbrio, Livros e HQs e Tem Jeito! (jornalismo de soluções), são os canais que se diferem dos outros veículos de comunicação. Esta linha editorial entrou em vigor a partir da mudança do nome para HuffPost Brasil que, segundo Diego Iraheta, Editor Chefe do canal, fomenta a pluralidade de ideias e o debate construtivo na esfera pública. Diego ainda afirma que esses assuntos são tão prioritários quanto País (política e cotidiano), Dinheiro e Mundo. A editoria Mulheres ressalva notícias de todo o mundo sobre o universo feminino e suas conquistas. Vozes de rua destaca a participação da população em movimentos sociais e políticos, uma vez que o país vive um momento de grande engajamento na política. Já o LGBT discute fatos sobre a homossexualidade de uma maneira que faz o leitor refletir sobre o assunto. A seção Equilíbrio é criada em fevereiro de 2016 com o objetivo de sistematizar a cobertura de assuntos de saúde mental e emocional e falar com clareza e delicadeza sobre sentimentos, sensações, atitudes. Por fim, o canal Tem Jeito! mostra pessoas comuns que superam desafios. Em cada seção, os blogueiros^7 que escrevem para site focam nas informações mais significativas para elaborar matérias abrangentes e engajar o leitor. Conforme um texto publicado^8 pela redação do webjornal , todos são produtores e consumidores de informação: interagem, comentam e se engajam com tudo o que veem. Por isso, o HuffPost Brasil acredita que a repercussão de um fato é tão relevante quanto o fato por si próprio. “Em um jornal
(^7) Entre os 700 blogueiros, há nomes tão diversos quanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado estadual 8 Marcelo Freixo, o Jovem Soropositivo, e a mãe e cientista Lígia Sena. http://goo.gl/Mbi
comum, o ciclo da notícia termina quando ela é publicada. No The Huffington Post, é o contrário: o ciclo começa a partir da sua publicação, com blogs, comentários e curadoria”. Na comemoração de dois anos do jornal digital no Brasil, Diego Iraheta se diz entusiasmado com a evolução do site. Ele reforça que o HuffPost Brasil tem se destacado na cobertura de temas antes muito pouco explorados pela mídia nacional, com grande repercussão nas redes sociais. Entre eles estão o empoderamento feminino e a batalha por maior visibilidade à comunidade LGBT. Além de marcar posição contra a aprovação do Estatuto da Família, pela Câmara dos Deputados e a favor das uniões homoafetivas e respectivas famílias aqui no Brasil. Sim, temos nossas posições, mas nossa plataforma é aberta e plural. Por isso, temos hoje uma rede de 700 blogueiros, que oferecem diversos contrapontos, inclusive à nossa própria visão. Comunistas, ativistas da direita, petistas, liberais, todos têm voz e vez por aqui -- contanto que não postem textos que desrespeitem nem discriminem. Nosso radar logo capta as conversas que estão tomando as redes, as fotos ou postagens de pessoas comuns que contam histórias incríveis. Assim, construímos coletivamente com nossos leitores, fonte de inspiração e transpiração, o que é notícia, o que merece nosso olhar, nossas palavras e a sua atenção, o seu tempo ( IRAHETA, 2016).
Como Iraheta (2016) afirma, o HuffPost Brasil faz a cobertura de temas com grande repercussão nas redes sociais, por isso o jornal digital está presente em várias plataformas ao mesmo tempo - Facebook^9 , Twitter^10 , Instagram^11 , Google+^12 e Pinterest^13 - além do Youtube^14 , que é usado de apoio para publicações de vídeos ligados a matérias. No Facebook, Twitter e Google+ publica-se matérias distintas em conta do público-alvo porém na mesma intensidade, já o Instagram e Pinterest não são atualizados diariamente e têm pouca visibilidade dos usuários da rede. O Facebook é o maior meio de comunicação do site, uma vez que é a rede social que o HuffPost Brasil tem mais leitores, são 553.002 curtidas, além de conseguir maior proximidade com o receptor. Para fazer a análise do conteúdo e das métricas foi utilizado o Facebook pelos argumentos acima e também por ser mais acessível de acompanhar e monitorar. Analisando as postagens da página durante uma semana, é possível afirmar que, durante a manhã, jornal online publica matérias frias, que não requer publicação imediata. Na maioria das vezes, são textos de autoajuda e motivação escritos em variados anos que geram, em média, 100 (^9) https://www.facebook.com/HuffPostBrasil/ (^10) https://twitter.com/huffpostbrasil (^11) https://www.instagram.com/huffpostbrasil/ (^12) https://plus.google.com/+BrasilPost (^13) https://br.pinterest.com/huffpostbrasil/ (^14) https://www.youtube.com/user/brasilpost
o Editor Chefe é Diego Iraheta, a Editora Sênior de Notícias é Luciana Sarmento, a de Blogs & Mulheres é Andréa Martinelli e a Editora de Mídias Sociais & Viral é Ione Aguiar. André Murched é Designer e Editor de Vídeo, Ana Júlia Gennari, Estagiária e Elizabeth Costa, Moderadora de Comentários. Na área de Business, há o Gerente de Marketing, Edson Ferrão e o Analista Sênior de Marketing, Rafael Gajardo. Como Repórteres, o HuffPost Brasil tem Thiago de Araújo no País e Vozes da Rua, Grasielle Castro em País (Brasília), Luiza Belloni na editoria Dinheiro, Gabriela Bazzo em Mundo, Rafael Nardini na área de Esporte e Vozes da Rua, Caio Delcolli em Livros e HQs, Cinema e LGBT e Amauri Terto em Identidades, Música e Viral.
Este artigo tem como principal finalidade analisar a evolução do jornalismo no meio virtual, desde os primórdios da popularização da internet e suas mudanças. Para entender cada avanço da comunicação, é preciso estudar as seis eras culturais de Lucia Santaella até o surgimento da era digital e as consequências dela para o jornalismo. A era digital é marcada pela fusão da era das mídias e de massas, resultando na convergência dos veículos de comunicação. A democratização do acesso à informação permite que as pessoas estejam mais atentas ao conteúdo que a mídia produz, uma vez que a produção de notícias é cada vez maior e os meios de informação crescem a cada momento. Esta realidade traz maior cobrança ao jornalista na parte de apuração e redação, tendo a responsabilidade de escrever matérias com fatos muito recentes, quase em tempo real, com maior veracidade. Nas redes sociais virtuais, o indivíduo passa a ter o poder de compartilhar suas experiências e acontecimentos do seu dia a dia. Isto significa que ele também faz o agendamento das notícias assim como o jornalista, pois o indivíduo controla quais informações são divulgadas em seu perfil. Podendo fazer isto, ele se torna um curador pelo fato de escolher, em meio há uma infinidade de notícias, as mais relevantes para compartilhar com o seu grupo. A circulação de dados e informações pela Internet acarreta em uma imensa troca de notícias sobre diversos assuntos entre grupos distintos. Isso faz com que o jornalista preste cada vez mais atenção no que é dito na rede a fim de encontrar pautas que possam ser levadas
para a estrutura oficial da mídia. A monitoração das redes é feita por um gatewatcher, função que vem se tornando mais importante com o avanço da tecnologia no meio da comunicação, pois agora o jornalista não mantém a informação com ele, e sim com todos que se comunicam na rede. O jornalismo vive um momento de transição do tradicional para o moderno, modelos de jornais impressos estão migrando para o meio virtual para se conectar com o seu leitor e a cada dia novos jornais online são criados por qualquer cidadão. Percebe-se que na web são discutidos assuntos de temas variados e o jornalista precisa estar monitorando cada informação dada para decidir incluir ou não em sua pauta. Por isso, as universidades devem preparar o futuro profissional para o jornalismo colaborativo e com editorias que fogem do comum. É importante também que os jornalistas veteranos entendam que há um novo modelo de negócios para o jornalismo em emergência e que no futuro, a relação entre o tradicional e o moderno irá entrelaçar ainda mais. Diante desta realidade, os estudantes de comunicação precisam se deparar com distintos meios de construir uma matéria durante os anos de faculdade.