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RESUMO. É apresentado um caso de dissociação escapulotorá- cica, ocorrido num paciente após acidente de moto. Tra- ta-se de uma síndrome rara, ...
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
ROBERTO SÉRGIO DE TAVARES CANTO 1 , MÁRCIO GONÇALVES DE ABREU 2
É apresentado um caso de dissociação escapulotorá- cica, ocorrido num paciente após acidente de moto. Tra- ta-se de uma síndrome rara, descrita em lingua inglesa há poucos anos, que se caracteriza por um deslocamen- to de toda a cintura escapular, com preservação da inte- gridade da pele, com dano arterial freqüente, mas sem- pre com lesão neurológica grave do plexo braquial. Ge- ralmente são pacientes politraumatizados graves com fra- turas no membro acometido e a distância, o que dificul- ta o diagnóstico imediato. A comparação do nosso ca- so com os da literatura mundial confirmou o diagnósti- co. O paciente apresenta um membro insensível e fláci- do com função nula três anos após o acidente. A exem- plo dos outros casos da literatura, este também recusou a amputação.
SUMMARY Scapulothoracic dissociation It is presented a case of scapulothoracic dissociation occurred in a patient after a motorcycle accident. It is a rare entity described in English literature few years ago, characterized by a dislocation of all shoulder girdle from the thoracic nail, with skin remaining intact, with frequent arterial damage, and always with severe neurolo- gical lesion of the brachial plexus. Usually affects patients who have multiple trauma with local and dis- tant fractures, preventing the immediate diagnosis of sca- pulothoracic dissociation. The comparison of our patient with some cases from the world literature confirmed the diagnosis. The patient presents a flaccid and insensible limb without any function three years after the accident. Like others from the litera(ure the patient also refused the amputation.
A dissociação escapulotorácica é uma entidade ra- ra, que consiste na separação traumática da cintura esca- pular em relaçã ao gradeado costal, causada por um im- pacto violento sobre o ombro, possivelmente sob a for- ma de tração, como por exemplo quando um indivíduo é projetado sobre a moto e permanece com a mão agar- rada ao guidão (1). Oreck & col. (8) foram os primeiros a descrever três casos, em 1984; desde então, oito casos foram relatados (2,5,9). Todos tiveram deslocamento late- ral da escápula, com lesão neurovascular. O paciente se apresenta geralmente politraumatizado, caracterizando- se a disjunção por uma pele intacta, um edema muito grande da região do ombro, fraturas na região da cintu- ra escapular e em outras regiões e, muitas vezes, trau- ma torácico, abdominal e craniano. O traumatismo apresenta sempre lesão neurológica, geralmente por avulsão completa do plexo braquial, po- dendo, às vezes, haver lesão parcial ou neuropraxia. A síndrome é acompanhada por uma lesão completa ou parcial dos músculos deltóide, peitoral menor, rombói- de, elevador da escápula, trapézio e grande dorsal. O dano vascular ocorre mais freqüentemente ao nível da artéria subclávia, podendo a artéria axilar também estar envolvida. A veia subclávia está eventualmente lesada (1). Deve-se suspeitar de uma lesão grave de partes mo- les quando houver, ao RX, um afastamento lateral da escápula associado com algumas fraturas da região, prin- cipalmente a disjunção acromioclavicular, a fratura mui- to desviada da clavícula e luxação esternoclavicular (5,8).
Paciente do sexo feminino, 37 anos, apresentou-se vítima de acidente motociclistico no qual foi projetada contra um ônibus; apresentava-se dispnéica, obnubilada e com grande edema na região do ombro direito. Após a avaliação clínica, foi submetida a drenagem de um he- motórax à direita, sendo instalado um dreno de sucção. O exame arterial revelou pulsos radial e ulnal presentes, 89
R.S.T. CANTO & M.G. ABREU
Fig. 2 – Radiografia mostrando a queda da cintura escapular e as fraturas do acrômio, escápula e clavícula com um grande desvio
Fig. 1 — Radiografia mostrando o deslocamento lateral da escápula direita em relação à linha média da coluna vertebral
mas, no exame neurológico, constatou-se paralisia total do plexo braquial. O exame radiográfico mostrou afasta- mento importante da escápula direita em relação à colu- na vertebral (fig. 1), em comparação com a escápula es- querda normal, além de fratura do acrômio, fratura da escápula, costelas e clavícula com um desvio muito acen- tuado (fig, 2), como se realmente todo o ombro tivesse sido puxado violentamente para baixo, aspecto este que se podia observar clinicamente, alguns dias depois, quan- do a paciente começou a sentar (fig. 3-A e B). A arterio- grafia foi realizada depois de alguns dias, mostrando as- pecto normal. A eletromiografia, efetuada seis meses após o acidente, demonstrou desnervação completa do plexo braquial, inclusive até o nível do músculo trapézio. A paciente evoluiu com muita dor no membro afetado, tendo que ser submetida a vários tipos de tratamento an- tiálgico para só obter melhora espontânea da dor após oito meses. Após três anos do acidente, a paciente apre- senta membro insensível e flácido, com função nula da cintura escapular até a mão.
A dissociação escapulotorácica deve ser suspeitada quando, após trauma grave, o paciente se apresenta com edema descomunal na região do ombro, mas conservan- do a pele intacta. Quando existe a ruptura da musculatu- ra e da pele que sustenta a cintura escapular, considera-
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Fig. 3 – A e B) Aspecto clínico da paciente, em que se nota a queda da cintura escapular e maior volume do ombro direito acometido
se como sendo uma desarticulação interescapulotoráci- ca traumática, entidade já reconhecida por alguma auto- res (3,6). Haveria, ainda, a luxação escapulotorácica. que é o deslocamento da parte inferior da escápula em rela- ção ao tórax, mas com comprometimento neurovascular muito menor e freqüentemente sem défict neurológi- Rev Bras Ortop – Vol. 29, N°s 1/2 – Jan/Fev, 1994