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Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
than Wate costumava pensar de Gatlin, a pequena cidade do sul que ele sempre chamou de casa, como um lugar onde nada mudou. Então ele encontrou misterioso recém-chegado Duchannes Lena, que revelou um mundo secreto que tinha sido escondida na planície vista o tempo todo. A Gatlin que abrigou antigos segredos sob sua carvalhos cobertos de musgo e calçadas rachadas. A Gatlin, onde marcou uma maldição familiar Lena de seres sobrenaturais poderosos para as gerações. A Gatlin, onde impossível, mágico, vida-alterando as coisas acontecerem. Às vezes a vida acaba. Juntos, eles podem enfrentar qualquer coisa Gatlin joga com eles, mas depois de sofrer uma perda trágica, Lena começa a se afastar, mantendo segredos que testam seu relacionamento. E agora que os olhos de Ethan foram abertos para o lado mais sombrio de Gatlin, não há como voltar atrás.Assombrada por estranhas visões que só ele pode ver, Ethan é puxado mais para a história emaranhada sua cidade e se encontra preso na rede perigosa de passagens subterrâneas que cruzam incessantemente a Sul, onde nada é como parece.
E
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Hunters
com as debutantes. Maybelline Sutter ainda cortava cabelos no Snip ‗n‘ Guri, apesar de ter perdido a maior parte da visão por volta dos 70 anos. Agora, ela muitas vezes se esquecia de colocar o pente na máquina de cortar cabelo, deixando a parte de trás da cabeça dos clientes com uma faixa branca como a de um gambá, totalmente raspada. Carlton Eaton nunca deixava de abrir a correspondência das pessoas antes de entregá-la, fizesse chuva ou fizesse sol. Se a notícia fosse ruim, ele a dava pessoalmente. Era melhor ouvir de um dos seus. Essa cidade era nossa proprietária, e o que era bom e ruim. Ela conhecia cada centímetro de nós, cada pecado, cada segredo, cada cicatriz. E era por isso que a maioria nunca se dava ao trabalho de ir embora, e também por isso que aquelas que iam nunca voltavam. Antes de conhecer Lena, teria sido eu a partir, cinco minutos depois de me formar na Jackson High. Já estaria longe. Mas então eu me apaixonei por uma garota, uma Conjuradora. Ela me mostrou que havia outro mundo dentro das rachaduras de nossas calçadas irregulares. Um que sempre estivera lá, escondido mas à vista de todos. A Gatlin de Lena era um lugar onde coisas aconteciam — coisas impossíveis, sobrenaturais, que mudavam o rumo da vida das pessoas. Algumas vezes, que botavam fim à vida das pessoas. Enquanto os moradores normais estavam ocupados aparando suas roseiras ou separando os pêssegos bichados numa barraquinha de beira de estrada, Conjuradores da Luz e das Trevas, com dons singulares e poderosos, estavam presos em uma luta eterna — uma guerra civil sobrenatural sem esperança alguma de bandeira branca. A Gatlin de Lena era lar de Demônios e de perigo e de uma maldição que tinha marcado a família dela por mais de cem anos. E quanto mais próximo eu ficava de Lena, mais a Gatlin dela se aproximava da minha. Alguns meses atrás, eu acreditava que nada jamais mudaria nessa cidade. Agora sei que não é assim, e só consigo desejar que fosse verdade. Porque, a partir do momento em que me apaixonei por uma Conjuradora, aqueles que eu amava não estavam mais em segurança. Lena achava que era a única amaldiçoada, mas estava errada. A maldição agora era nossa.
chuva pingando da aba do melhor chapéu preto de Amma. Os joelhos de Lena batendo contra a lama grossa em frente ao túmulo. A sensação de picadas na minha nuca, resultado de ficar perto demais de tantos da espécie de Macon: Incubus, Demônios que se alimentavam das lembranças e dos sonhos de Mortais, como eu, enquanto dormíamos. O som que eles fizeram foi diferente de qualquer outra coisa no universo, quando se infiltraram no resquício de céu escuro e desapareceram logo antes do amanhecer. Como se fossem um bando de corvos negros, levantando voo de um fio elétrico em perfeita sincronia. Esse foi o enterro de Macon. Eu conseguia me lembrar de detalhes como se tivesse acontecido ontem, embora fosse difícil de acreditar que algumas dessas coisas tinham mesmo acontecido. Enterros eram assim, complexos. E a vida também, eu acho. As partes importantes você bloqueia totalmente. Mas os momentos aleatórios e distorcidos assombram você, se repetindo sem parar O que eu conseguia me lembrar: Amma me acordando de madrugada para conseguirmos chegar ao Jardim da Paz Perpétua antes do amanhecer. Lena congelada e destruída, querendo congelar e destruir tudo ao seu redor. Escuridão no céu e na metade das pessoas de pé ao redor do túmulo, e que não eram nem um pouco pessoas.
A
Desisti da gravata e me sentei na cama, as velhas molas do colchão gemendo debaixo de mim. Você precisa ir Não vai se perdoar se não for Por um segundo, ela não respondeu. Você não sabe como é. Sei, sim. Eu me lembrei de quando era eu sentado na cama com medo de me levantar, com medo de colocar o terno e me juntar ao círculo de orações e de cantar ―Abide With Me‖ e de participar da triste procissão de luzes de farol de carro pela cidade até o cemitério, para enterrar minha mãe. Eu tinha medo de que isso fosse tornar tudo real novamente. Eu não conseguia suportar pensar nisso, mas abri minha mente e mostrei a Lena... Você não consegue ir, mas não tem escolha, porque Amma o conduz pelo braço e o leva até o carro, até o banco da igreja, até o altar. Mesmo que doa quando você anda, como se seu corpo inteiro ardesse por causa de algum tipo de febre. Seus olhos encaram os rostos murmurantes à sua frente, mas você não consegue ouvir o que as pessoas estão dizendo. Não com aqueles gritos na sua cabeça. Então você deixa que o peguem pelo braço de novo, entra no carro, e tudo acontece. Porque você consegue passar por isso se alguém diz que você consegue. Levei as mãos à cabeça. Ethan... Estou dizendo que você consegue, L. Pressionei os punhos contra os olhos, e eles estavam molhados. Acendi a luz e olhei para a lâmpada, me recusando a piscar até conseguir secar as lágrimas. Ethan, estou com medo. Estou aqui. Não vou a lugar algum. Não houve mais uma palavra enquanto eu voltava a lutar contra minha gravata, mas eu sentia Lena ali, como se estivesse sentada no canto do quarto. A casa parecia vazia sem o meu pai, e ouvi Amma no corredor. Um segundo depois, ela estava parada em silêncio na porta, segurando sua melhor bolsa. Os olhos escuros examinaram os meus, e sua pequena silhueta parecia alta,
embora ela nem chegasse ao meu ombro. Ela era a avó que nunca tive, e a única mãe que eu tinha agora. Fiquei olhando a cadeira vazia ao lado da janela, sobre a qual ela colocara meu melhor terno havia menos de um ano, depois olhei para a lâmpada do abajur na minha mesa de cabeceira. Amma esticou a mão e entreguei a ela minha gravata. Às vezes parecia que Lena não era a única que conseguia ler minha mente.
Ofereci meu braço a Amma e começamos a subir a colina lamacenta do Jardim da Paz Perpétua. O céu estava escuro e a chuva começou antes de chegarmos ao topo. Amma usava seu melhor vestido de enterro, com um chapéu largo que protegia a maior parte do rosto da chuva, exceto pelo pedaço de renda branca da gola do vestido que escapava da beirada do chapéu. Estava preso ao pescoço com seu melhor camafeu, um sinal de respeito. Eu tinha visto isso abril passado, da mesma forma que sentira suas melhores luvas tocando meu braço, me apoiando para subir aquela colina. Dessa vez, eu não sabia quem estava apoiando quem. Eu ainda não tinha certeza do motivo pelo qual Macon queria ser enterrado no cemitério de Gatlin, levando em consideração o que as pessoas da cidade achavam dele. Mas, de acordo com vovó, a avó de Lena, Macon deixara instruções rigorosas, requisitando ser enterrado especificamente ali. Ele mesmo comprara o lote anos atrás. A família de Lena não pareceu feliz com isso, mas vovó bateu o pé. Iam respeitar os desejos dele, como qualquer boa família sulista. Lena? Estou aqui. Eu sei. Eu sentia que minha voz a acalmava, como se eu a tivesse envolvido em meus braços. Olhei para o alto da colina, onde estaria o toldo para a cerimônia. Pareceria com qualquer outro enterro de Gatlin, o que era uma ironia, pois era o enterro de Macon.
crescida. O lote de Macon parecia ter uma atmosfera só sua, como o próprio Macon. Dentro do cercado estava a família de Lena: vovó, tia Dei, tio Barclay, Reece, Ryan e a mãe de Macon, Arelia, debaixo do toldo preto de um dos lados do caixão preto entalhado. Do outro lado, um grupo de homens e uma mulher de sobretudo preto mantinham distância tanto do caixão quanto do toldo, todos de pé, um ao lado do outro, debaixo da chuva. Estavam todos secos. Era como um casamento na igreja, separado por um corredor no meio, no qual os parentes da noiva ficam no lado oposto ao dos parentes do noivo, como clãs rivais. Havia um senhor na ponta do caixão, parado ao lado de Lena. Amma e eu ficamos na outra ponta, debaixo do toldo. Amma apertou mais meu braço, pegou o amuleto de ouro que sempre usava sob a blusa e o esfregou entre os dedos. Amma era mais do que supersticiosa. Era Vidente, pertencia a gerações de mulheres que liam cartas de tarô e conversavam com espíritos. Tinha um amuleto ou uma boneca para tudo. Esse era para proteção. Olhei para os Incubus na nossa frente, a chuva escorrendo dos ombros deles sem deixar vestígios. Eu torci para que fossem do tipo que só se alimentava de sonhos. Tentei desviar o olhar, mas não era fácil. Havia algo nos Incubus que atraía você, como uma teia de aranha, como qualquer bom predador. No escuro, não dava para ver os olhos pretos deles, quase pareciam um grupo de gente normal. Alguns estavam vestidos do mesmo jeito que Macon sempre se vestira, com terno escuro e sobretudo de aparência cara. Um ou outro parecia mais com um operário de obra indo tomar uma cerveja depois do trabalho, de jeans e botas pesadas, com as mãos nos bolsos das jaquetas. A mulher provavelmente era uma Succubus. Eu tinha lido sobre elas, principalmente nas revistas em quadrinhos, e pensei que fossem lenda, como os lobisomens. Mas vi que estava errado porque ela estava sob a chuva, tão seca quanto os outros. Os Incubus faziam um contraste notável com a família de Lena, cada um deles encoberto por um tecido preto iridescente que captava o pouco de luz que havia e a refletia, como se eles mesmos fossem a fonte da luz. Eu nunca os tinha visto assim antes. Era uma luz estranha, principalmente considerando o rigoroso padrão de vestimentas para as mulheres em enterros sulistas.
No centro de tudo estava Lena. A aparência dela estava longe de ser mágica. Ela estava parada em frente ao caixão com os dedos apoiados sobre ele, como se Macon estivesse de alguma forma de mãos dadas com ela. Suas roupas eram do mesmo tecido que o restante da família, mas ele pendia do corpo dela como uma sombra. O cabelo preto estava preso em um coque apertado, sem os cachos característicos à mostra. Ela parecia arrasada e deslocada, como se estivesse do lado errado do corredor. Como se o lugar dela fosse com a outra família de Macon, a que estava na chuva. Lena? Ela ergueu a cabeça e nossos olhos se encontraram. Desde o seu aniversário, quando um dos olhos dela tinha adquirido um tom de dourado e o outro permanecera verde, as cores se combinavam de forma a criar um tom diferente de tudo o que eu já vira. Quase castanho-claro às vezes, e dourado de um modo artificial em outras. Agora eles estavam mais para castanho-claro, sem vida e cheios de sofrimento. Eu não conseguia suportar isso. Queria pegá- la e levá-la para longe dali. Posso pegar o Volvo e vamos pela costa até Savannah. Podemos nos esconder na casa da minha tia Caroline. Dei mais um passo em sua direção. A família dela estava reunida ao redor do caixão, e eu não conseguiria chegar perto de Lena sem passar pela fileira de Incubus, mas não me importava com aquilo. Ethan, pare! Não é seguro... Um Incubus alto com uma cicatriz que atravessava todo o rosto, como a marca do ataque de um animal selvagem, virou a cabeça para olhar para mim. O ar pareceu ondular no espaço entre nós, como se eu tivesse jogado uma pedra dentro de um lago. Isso me atingiu, tirando o ar dos meus pulmões como se eu tivesse levado um soco, mas não conseguia reagir porque me sentia paralisado meus membros dormentes e inúteis. Ethan! Amma apertou as pálpebras, mas antes que ela pudesse dar um passo, a Succubus colocou a mão no ombro do Cicatriz e apertou, de forma quase imperceptível. Fui imediatamente libertado do olhar dele e o sangue voltou a
cabeça, e ela brilhou com mais força. — Vá em paz, de volta ao Fogo Negro de onde você veio. Ele jogou a luz no ar e fagulhas caíram sobre o caixão, chamuscando a madeira nos pontos onde tocaram. Ao mesmo tempo, a família de Lena e os Incubus ergueram as mãos e jogaram pequenos objetos de prata não muito maiores do que moedas, que caíram sobre o caixão de Macon em meio às fagulhas douradas. O céu estava começando a mudar de cor, do preto da noite para o azul antes da aurora. Tentei ver o que os objetos eram, mas estava escuro demais. — His dictis, solutus est. Com essas palavras, ele está livre. Uma luz branca que quase cegava emanou do caixão. Eu mal podia ver o Conjurador de Túmulos alguns metros à minha frente, como se a voz dele nos estivesse transportando e não estivéssemos mais em um cemitério em Gatlin. Tio Macon! Não! A luz piscou, como um relâmpago, e se apagou. Estávamos todos de volta ao círculo, olhando para uma montanha de terra e flores. O enterro tinha terminado. O caixão havia sumido. Tia Del abraçou Reece e Ryan de forma protetora. Macon tinha partido. Lena caiu de joelhos na grama lamacenta. O portão da cerca que rodeava o lote de Macon se fechou com força atrás dela, sem nem um dedo tê-lo tocado. Não tinha terminado para ela. Ninguém ia a lugar algum. Lena? A chuva começou a aumentar imediatamente, pois o tempo ainda estava ligado aos poderes dela, uma Natural, a mais forte Conjuradora dos elementos do mundo Conjurador. Ela se pôs de pé. Lena! Isso não vai mudar nada! O ar se encheu de centenas de cravos brancos baratos e flores de plástico e folhas de palmeira e bandeiras de todos os túmulos visitados no último mês, todos voando soltos no ar, caindo pela colina. Cinquenta anos depois, as pessoas da cidade ainda falariam do dia em que o vento quase derrubou as magnólias no Jardim da Paz Perpétua. A ventania foi intensa e chegou tão
rapidamente que foi como um tapa no rosto de todos, tão forte que era preciso se esforçar para ficar de pé. Só Lena permaneceu ereta e orgulhosa, se segurando à lápide ao seu lado. Seus cabelos tinham se soltado do estranho coque e voavam ao redor do rosto. Ela não estava mais cercada de escuridão e sombras. Ao contrário, ela era o único ponto brilhante na tempestade, como se o relâmpago dourado que partia o céu acima de nós estivesse emanando do corpo dela. Boo Radley, o cachorro de Macon, chorava e baixava as orelhas aos pés de Lena. Ele não iria querer isso, L. Lena levou as mãos ao rosto e uma rajada repentina arrancou o toldo do ponto onde estava fincado na terra molhada, fazendo com que despencasse colina abaixo. Vovó deu um passo e ficou de frente para Lena, fechou os olhos e colocou um único dedo na bochecha da neta. Assim que ela tocou em Lena, tudo parou, e eu sabia que vovó tinha usado suas habilidades de Empática para absorver os poderes de Lena temporariamente. Ela, porém, não poderia absorver a raiva de Lena. Nenhum de nós era forte o bastante para fazer isso. O vento parou e a chuva diminuiu até virar um chuvisco. Vovó afastou a mão de Lena e ela abriu os olhos. A Succubus, parecendo estranhamente desarrumada, olhou para o céu. — Está quase amanhecendo. O sol estava começando a surgir por entre as nuvens e no horizonte, enviando raios irregulares de luz e vida pelas fileiras de lápides. Nada mais precisava ser dito. Os Incubus começaram a se desmaterializar, o barulho de sucção enchendo o ar. Eu pensava naquilo como algo se rasgando, pelo modo como eles abriam o céu e desapareciam. Comecei a andar na direção de Lena, mas Amma me puxou pelo braço. — O que foi? Eles foram embora. — Nem todos. Olhe... Ela estava certa. Na beirada do lote havia sobrado apenas um Incubus, apoiado contra uma lápide gasta e adornada com um anjo chorando. Ele parecia mais velho do que eu, talvez 19 anos, e tinha cabelos pretos e curtos e a mesma pele pálida que o restante da espécie. Mas, ao contrário dos outros
enrolei em nossa mais antiga colcha de patchwork, mas Lena não parava de tremer, nem mesmo dormindo. Boo ficou deitado aos pés dela, e Amma aparecia na porta de vez em quando. Sentei-me na cadeira ao lado da janela, aquela na qual eu nunca me sentava, e fiquei olhando para o céu. Não podia abrir a janela porque ainda caía uma tempestade lá fora. Enquanto Lena dormia, seus dedos se abriram. Na mão, estava um pequeno pássaro de prata, um pardal. O presente do estranho no enterro de Macon. Tentei tirá-lo, mas os dedos dela imediatamente se fecharam. Dois meses se passaram e eu ainda não conseguia olhar para o pássaro sem ouvir o som do céu se abrindo.
uatro ovos, quatro tiras de bacon, uma cesta de pães caseiros (o que, pelos padrões de Amma, significava que a massa jamais tinha sido tocada por uma colher), três tipos de geléia congelada e um pedaço de manteiga coberto de mel. E, pelo cheiro, do outro lado da bancada, a massa de leiteIho estava se separando em quadrados e ficando crocante na velha fôrma de waffle. Nos últimos dois meses, Amma cozinhava noite e dia. A bancada estava cheia de travessas — canjica de queijo, ensopado de vagem, frango frito e, é claro, salada de cerejas Bing, que era, na verdade, um nome chique para gelatina com cerejas, abacaxi e Coca-Cola. Depois disso, eu pude ver um bolo de coco, pãezinhos de laranja e o que parecia pudim de pão com uísque, mas eu sabia que havia mais. Desde que Macon tinha morrido e meu pai ido embora, Amma não parava de cozinhar, assar e amontoar comida, como se desse para acabar com a tristeza trabalhando na cozinha. Nós dois sabíamos que não dava. Amma não ficava tão amargurada assim desde que minha mãe morreu. Ela conhecia Macon Ravenwood havia muito mais tempo que eu, mais tempo até do que Lena. Independentemente do quanto o relacionamento deles fosse improvável ou imprevisível, tinha sido importante para os dois. Eram amigos, embora eu não tivesse certeza de que qualquer um dos dois fosse admitir isso. Mas eu sabia a verdade. Amma estava com ela estampada no rosto e a empilhava por toda a cozinha.
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