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Variações na Superestrutura da Narrativa: Desfechos e Equilíbrios, Notas de aula de Conflito

Este artigo apresenta uma análise da superestrutura da narrativa, com ênfase nos desfechos e nos equilíbrios, baseada no modelo de todorov. O texto explora variações na superestrutura da narrativa ideal, apresentando novas formas de desfechos e contribuindo para a melhoria de planilhas de correção. Além disso, o artigo incentiva instituições que não utilizam a narração a fazê-la.

O que você vai aprender

  • Como as variações do desfecho da narrativa ideal contribuem para a melhoria de planilhas de correção?
  • Quais são as novas formas de desfechos apresentadas no artigo?
  • Quais são as variações na superestrutura da narrativa ideal proposta por Todorov?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Neilson89
Neilson89 🇧🇷

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Artigo publicado nos Anais da XV Semana de Letras, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, 31
de maio a 04 de junho de 2004.
DESFECHOS PARA NARRATIVAS: ROMPENDO PARADIGMAS
Cláudia Valéria Doná Hila
Introdução
“Tudo começou há muito tempo”, quando o
homem, ainda, de forma bastante primitiva,
desenhava em cavernas. Os anos foram passando e
hoje, por meio de filmes, novelas, gibis, revistas,
livros, ainda continuamos contando histórias e nos
fascinando diante delas, quem sabe, buscando, um
“final feliz”para nossas vidas.
Entretanto, apesar do ato narrativo ser tão
natural à nossa existência, observa-se que, em
situações de vestibular, são poucas as instituições
que oferecem aos candidatos a opção por essa
tipologia. Mesmo os vestibulandos, de forma geral,
se puderem optar entre a narração e a dissertação
irão preferir esta última, já que, no ensino médio,
talvez em função da própria incidência no
vestibular, as escolas têm dado maior ênfase à
tipologia dissertativa.
Nesse sentido, ao longo dos últimos anos,
por meio da coordenação de um Laboratório de
Produção Textual, em uma escola privada do
noroeste do Paraná, temos desenvolvido um
trabalho de incentivo ou de retomada ao gosto pela
narrativa, especialmente a de caráter ficcional. De
forma específica, a partir de redações produzidas
por vestibulandos, o objetivo deste artigo é: 1)
expor algumas variações na superestrutura da
narrativa ideal proposta por Todorov (1986), tendo
em vista que isso será fundamental para
evidenciarmos novas formas de desfechos; 2)
apresentar as variações do desfecho da narrativa
ideal, no sentido de contribuir para a melhoria de
planilhas de correção dessa tipologia, e mesmo de
incentivar instituições que não fazem uso da
narração a fazê-lo .
A narrativa ideal
A discussão teórica sobre a narrativa tem
seu marco, principalmente, com os estudos de
Todorov(1986). Para o autor, a narrativa ideal:
Começa por uma situação estável que uma força
qualquer vem perturbar. Daí resulta um estado de
desequilíbrio; por ação de uma força dirigida em sentido
inverso, restabelece-se o equilíbrio; o segundo equilíbrio
é muito semelhante ao primeiro, mas os dois nunca são
idênticos (Todorov, 1986:76)
Assim, poderíamos representar esse modelo
(tendo como referência principal o protagonista da
história) em três momentos distintos: Equilíbrio
Inicial (doravante representado pelo símbolo +), em
que o protagonista é apresentado ao leitor, mas não
encontra-se em sofrimento; o Desequilíbrio ou
Conflito (representado por -) , em que o
protagonista por algum motivo começa a sofrer; e,
Equilíbrio Final (representado novamente por +),
em que o protagonista restitui o equilíbrio.
Esquematicamente, teríamos então:
Narrativa ideal
+ -
+
Dito de outra forma, a superestrutura
apresentada por Todorov pode ser definida como a
tentativa do restabelecimento de uma situação de
equilíbrio, rompida por um dano ou carência do
protagonista, que deve ser reparado a fim de que
haja a vitória.
Vale a pena ressaltarmos que a situação de
Equilíbrio Final pode assumir algumas variações
(não especificadas no modelo todoroviano), tais
como: a personagem principal encontra-se em uma
situação de completa felicidade (desfecho do tipo
“happy-end”); a personagem intensifica sua carga
de sofrimento ou,ainda, encontra-se em uma
situação de felicidade relativa e outras. Destacamos
que essa sensação de relativo bem-estar pode,
inclusive, resultar na morte da personagem
principal, desde que isso signifique um alívio para o
conflito desencadeado. Por exemplo, se o suicídio
final do protagonista for por ele desejado, como
forma de superação do conflito, poderemos, então,
considerar que houve a tentativa de superação do
problema.
Discutindo formas de estruturação do enredo
O termo enredo (ou ainda intriga, trama) é
visto de forma diferenciada por alguns autores,
especialmente no âmbito da literatura. Foster (apud
Bourneff e Oullet, 1976), por exemplo, explica que
enquanto o termo história valoriza os atos, os
sentimentos, o elemento humano das personagens,
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Baixe Variações na Superestrutura da Narrativa: Desfechos e Equilíbrios e outras Notas de aula em PDF para Conflito, somente na Docsity!

Artigo publicado nos Anais da XV Semana de Letras, Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR, 31 de maio a 04 de junho de 2004.

DESFECHOS PARA NARRATIVAS: ROMPENDO PARADIGMAS

Cláudia Valéria Doná Hila

Introdução

“Tudo começou há muito tempo”, quando o homem, ainda, de forma bastante primitiva, desenhava em cavernas. Os anos foram passando e hoje, por meio de filmes, novelas, gibis, revistas, livros, ainda continuamos contando histórias e nos fascinando diante delas, quem sabe, buscando, um “final feliz”para nossas vidas. Entretanto, apesar do ato narrativo ser tão natural à nossa existência, observa-se que, em situações de vestibular, são poucas as instituições que oferecem aos candidatos a opção por essa tipologia. Mesmo os vestibulandos, de forma geral, se puderem optar entre a narração e a dissertação irão preferir esta última, já que, no ensino médio, talvez em função da própria incidência no vestibular, as escolas têm dado maior ênfase à tipologia dissertativa. Nesse sentido, ao longo dos últimos anos, por meio da coordenação de um Laboratório de Produção Textual, em uma escola privada do noroeste do Paraná, temos desenvolvido um trabalho de incentivo ou de retomada ao gosto pela narrativa, especialmente a de caráter ficcional. De forma específica, a partir de redações produzidas por vestibulandos, o objetivo deste artigo é: 1) expor algumas variações na superestrutura da narrativa ideal proposta por Todorov (1986), tendo em vista que isso será fundamental para evidenciarmos novas formas de desfechos; 2) apresentar as variações do desfecho da narrativa ideal , no sentido de contribuir para a melhoria de planilhas de correção dessa tipologia, e mesmo de incentivar instituições que não fazem uso da narração a fazê-lo.

A narrativa ideal

A discussão teórica sobre a narrativa tem seu marco, principalmente, com os estudos de Todorov(1986). Para o autor, a narrativa ideal:

Começa por uma situação estável que uma força qualquer vem perturbar. Daí resulta um estado de desequilíbrio; por ação de uma força dirigida em sentido inverso, restabelece-se o equilíbrio; o segundo equilíbrio

é muito semelhante ao primeiro, mas os dois nunca são idênticos (Todorov, 1986:76)

Assim, poderíamos representar esse modelo (tendo como referência principal o protagonista da história) em três momentos distintos: Equilíbrio Inicial (doravante representado pelo símbolo +), em que o protagonista é apresentado ao leitor, mas não encontra-se em sofrimento; o Desequilíbrio ou Conflito (representado por -) , em que o protagonista por algum motivo começa a sofrer; e, Equilíbrio Final (representado novamente por +), em que o protagonista restitui o equilíbrio. Esquematicamente, teríamos então:

Narrativa ideal + - +

Dito de outra forma, a superestrutura apresentada por Todorov pode ser definida como a tentativa do restabelecimento de uma situação de equilíbrio, rompida por um dano ou carência do protagonista, que deve ser reparado a fim de que haja a vitória. Vale a pena ressaltarmos que a situação de Equilíbrio Final pode assumir algumas variações (não especificadas no modelo todoroviano), tais como: a personagem principal encontra-se em uma situação de completa felicidade (desfecho do tipo “happy-end”); a personagem intensifica sua carga de sofrimento ou,ainda, encontra-se em uma situação de felicidade relativa e outras. Destacamos que essa sensação de relativo bem-estar pode, inclusive, resultar na morte da personagem principal, desde que isso signifique um alívio para o conflito desencadeado. Por exemplo, se o suicídio final do protagonista for por ele desejado, como forma de superação do conflito, poderemos, então, considerar que houve a tentativa de superação do problema.

Discutindo formas de estruturação do enredo

O termo enredo (ou ainda intriga, trama) é visto de forma diferenciada por alguns autores, especialmente no âmbito da literatura. Foster (apud Bourneff e Oullet, 1976), por exemplo, explica que enquanto o termo história valoriza os atos, os sentimentos, o elemento humano das personagens,

o termo intriga ou enredo volta-se mais ao encadeamento dos episódios. É nessa perspectiva que trabalharemos, então a noção de enredo. De forma geral, os livros didáticos utilizados como base para o ensino a narrativa restringem-se apenas a apresentar os elementos que a compõem e alguns (raros) apresentam apenas a superestrutura da narrativa ideal. Assim, o aluno não é levado a pensar no encadeamento dos episódios, em como poderá enriquecê-los, se não contar com um professor atento para isso. Assim, apesar da nossa formação estar voltada ao campo da Lingüística Aplicada, em que se inscreve, também, a Lingüística Textual, fomos encontrar nos estudos literários, alguns modelos de enredo ou intriga, em especial os desenvolvidos por Fantinati (s.d.), que pretendemos, com a apresentação específica dos desfechos posteriormente, ampliá-los. Para o professor paulista, que partiu para a formulação desses modelos também da obra de Todorov, existem quatro modelos de enredo que orientam a produção narrativa, a saber:

  1. Modelo da intriga mínima descendente : a história inicia-se com a descrição de uma situação de equilíbrio inicial, em que a personagem principal encontra-se em estado satisfatório; em seguida surge uma força adversa iniciando a fase do conflito (que é chamado por ele de episódio dinâmico medial); e, no fim, a descrição de uma situação estável de desequilíbrio, em que a personagem principal encontra-se em estado insatisfatório.
  2. Modelo da intriga mínima ascendente : a história inicia-se por uma situação estável de desequilíbrio, personagem principal em estado insatisfatório; após, ocorre a situação de conflito, em que a personagem continua ou agrava sua situação de desequilíbrio; e; finalmente, a presença de uma situação de equilíbrio estável final, na qual a personagem encontra-se em estado mais satisfatório.
  3. Modelo da intriga mínima completa : a história inicia-se com uma situação de equilíbrio inicial; após, a situação de desequilíbrio ou conflito; e, por fim, a situação de equilíbrio inicial.
  4. Modelo da intriga mínima completa invertida : a história inicia-se com uma situação de desequilíbrio inicial para o protagonista; em seguida apresenta-se uma situação de equilíbrio, em que se trava a luta entre a força oponente e a conservadora; e, por fim, volta-se à situação de desequilíbrio (de forma diferente à inicial). Resumidamente, usando os símbolos + e - (e pensando nos três momentos do texto: introdução, desenvolvimento e conclusão), teríamos

os seguintes esquemas de intriga ou enredo propostos por Fantinati:

    •  -  -
    •  -  +
    •  -  +
    •  +  - Dessa forma, evidenciam-se, nos modelos propostos, dois tipos de desfechos: o desfecho positivo - tradicional, em que há superação do estado de desequilíbrio ou conflito (modelos 2 e 3), e o desfecho de caráter mais negativo, em que o protagonista encontra-se em estado insatisfatório (modelos 1 e 4). Esses dois últimos, portanto, já alteram a proposta de narrativa ideal formulada por Todorov.

Metodologia e novos desfechos à vista

As oito redações escolhidas para compor o corpus deste artigo fizeram parte de um estudo maior composto por 600 redações produzidas em uma escola privada do noroeste do Paraná, a partir do seguinte tema proposto pela Universidade Estadual de Ponta Grossa: “Meia-noite. Cansado e com sono caminho pelas ruas desertas, quando ouço umas risadinhas leves atrás de mim...” Antes, porém, dos alunos realizarem a produção trabalhamos o filme Lenda Urbana , e Seven , no intuito de que observassem como essas narrativas idealizaram os seus desfechos. Além disso, tendo em vista que a situação não era a de vestibular propriamente dita, apenas uma simulação,foi dada a orientação aos alunos que pudessem mudar o narrador da história, usando também o narrador de 3ª. pessoa. Como não encontramos, nas obras especializadas, muitas referências sobre os desfechos, à exceção de Faraco (1992) que nos fala do desfecho inesperado (similar ao que demos a denominação de quebra de expectativa), trabalhamos utilizando, como metodologia de análise, em busca do movimento criador do aluno, o plano dedutivo, ou seja, a partir de observações gerais, queríamos chegar às nominalizações de novas categorias de desfechos. Das 600 redações apresentas, tivemos a seguinte incidência de desfechos: 84 redações com desfecho tradicional do tipo + (equilíbrio final). 137 com desfechos negativos – (ou, seja, que acentuam a situação de conflito ou desequilíbrio). 195 com o desfechos que categorizamos de Final em aberto. 184 com desfechos que categorizamos de Quebra de Expectativa.

que me seguia, que diz: “o senhor deixou cair sua carteira e eu estava tentando lhe devolver...” Da mesma forma que no exemplo 4, as ações nos levam a esperar um desfecho mais negativo, que é mudado repentinamente por uma nova ação não esperada.

EXEMPLO 6: As risadinhas agora se transformaram em verdadeiras sirenes nos meus ouvidos. Não conseguia mais correr. Meu corpo não mais obedecia aos meus comandos. Paro, já sem forças, e olho para trás. Não vejo nada, a não ser a certeza de que minha mente doentia mais uma vez fazia com que eu confundisse alucinação com a realidade.

Nesse fragmento, vale a pena ressaltar, que nada anteriormente no texto do aluno dava indícios da aparente loucura da personagem. Assim, o final configura-se como uma quebra da expectativa daquilo que o leitor esperava como desfecho.

O desfecho que Acentua a Situação de Conflito

De todos os tipos de desfechos, anteriormente categorizados, esse, em específico opera uma mudança um pouco maior na superestrutura narrativa, já que não há superação da situação de conflito. Entretanto, ele tem sido bastante comum em filmes, romances e crônicas, o que o torna, de certa forma, um modelo de esquema a ser copiado pelos alunos. Vejamos os exemplos.

EXEMPLO 7 : Apavorada já não tinha mais forças. O pavor era absurdo. Meu Deus! Será esse o fim? Não podia ser. Finalmente ele a alcançara. A navalha afiada fazia com que seus olhos ficassem ainda mais arregalados e estáticos. Com desejo e raiva ele enfia a faca sucessivas vezes em seu corpo. As veias ainda pulsavam lentamente em sua garganta, teimando em lutar por um fio de vida, até que ele lhe dá o golpe final. O corpo focara lá, caído no chão, e os olhos ainda continuavam arregalados e estáticos.

Nesse excerto, notamos que a situação de conflito, desencadeada pela perseguição, é, ainda, mais acentuada, visto que a protagonista não deseja morrer, o que o torna, nessa perspectiva, bastante negativo as ações finais. Nesse desfecho, não se supera a situação de conflito, mas ela é acentuada, já que o protagonista encontra-se em maior tensão e estado de sofrimento.

EXEMPLO 8: As risadas chegavam cava vez mais perto. Ela sabia que aqueles garotos não eram flor que se cheire. Sabia o que eles queriam. Finalmente eles a alcançaram. Um a um a estupraram. A dor invadia-lhe. Ela não queria que esse fosse seu fim. De repente a escuridão. A morte chegara.

Novamente a protagonista, neste exemplo, não deseja a morte (se assim fosse, teríamos a superação do conflito), por isso seu sofrimento foi acentuado, resultando em sua morte.

Fechando essa história...

Iniciamos este artigo com o primeiro propósito de revelar variações na superestrutura da narrativa, a partir do modelo de Todorov, a fim de que chegássemos ao nosso principal intuito: o de categorizar novas formas de desfechos. Os resultados demonstraram que, no que diz respeito às superestruturas, tivemos os seguintes esquemas, variantes do todoroviano, representados pelos símbolos expostos nas seções anteriores: Esquema 1  + - F.A. Esquema 2  + - Q.E Esquema 3  + - A.S.C. Destacamos, ainda, os esquemas de superestruturas encontrados por Fantinatti (s.d.), a saber: Esquema 4  + - - Esquema 5  - - + Esquema 6  - + - É necessário ressaltarmos que todas essas formas de organizar a superesturtura não se esgotam nesse artigo, permitindo (re)combinações e variações. No que diz respeito aos tipos de desfechos, o experimento demonstrou que os desfechos do tipo Final em Aberto , Quebra da Expectativa e Acentuação da Situação de Conflito foram os mais utilizados pelos vestibulandos.Esse fato nos leva a concluir que, as planilhas de avaliação dessa tipologia precisam levar em consideração essas e outras variantes (tanto na superestrutura quanto no desfecho) não apresentadas para comporem os critérios de correção do texto narrativa. Finalmente, esperamos, com este trabalho, que possamos contribuir: com o professor, no que diz respeito à reflexão em torno de novos aspectos metodológicos no trabalho com a narrativa em sala de aula; com as instituições que utilizam a narração em suas provas de vestibulares, para refletirem sobre os critérios de avaliação; e, principalmente, com os alunos, para que possam ter outras opções de serem avaliados e, também, para que recuperem (caso tenham perdido) o gosto pela escritura do texto narrativo. Referências

BOURNEFF, R.; OULLET, R. O universo do romance. Trad. José Carlos Seabra Pereira. Coimbra: Livraria Almedina, 1976.

FARACO, C. Trabalhando com a narrativa. São Paulo: Ática: 1992. FANTINATI, C. E. Relatório de atividades. Unesp: s.d. (mimeo). TODOROV, T. Poética. Lisboa: Teorema, 1986. TODOROV, T. As estruturas narrativas. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1970.