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Um estudo sobre as desafios e oportunidades de negócios no mercado internacional para a cachaça brasileira, com ênfase no estado de pernambuco. O trabalho inclui pesquisas secundárias no mercado consumidor e produtivo, levantamentos na união europeia e análises de preços e barreiras à exportação. O objetivo é caracterizar a eficiência da produção e identificar fatores críticos que afetam a competitividade externa.
Tipologia: Notas de estudo
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Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Economia Aplicada da Universidade Federal de Pernambuco UFPE/PIMES, Turma de Comércio Exterior e Relações Internacionais. Orientador: Prof. José Raimundo de Oliveira Vergolino, PhD
Aos meus pais (in memorian)
“Benoni Barbosa Leal e Maria da Penha Oliveira Leal”. Pelo sagrado respeito com que me educaram. Meu eterno agradecimento.
The general objective of this work is to identify the challenges and business- oriented chances in the international market for Brazilian cachaça, specially that one produced in the State of Pernambuco, by means of secondary applied research to the consuming market and its productive chain, so as to characterize the efficiency of same and the possible critical factors, direct and indirect, present or potential, and that it hinders external competitiveness of the product. The clarifying model adopted in the present thesis took as conceptual landmark of agro-industrial systems, such as initially it was developed by Davis e Goldberg (Harvard, 1957), and for the French school of Analysis of Filières in years 60, and later enriched for the competitiveness boarding systemic or of clusters (Porter, 1985). As support to the carried through studies, also was undertaken a secondary research in the market of cachaça in the countries that compose the commercial block of the European union, in the period of December of 2004 to March of 2005, aiming at to subsidize the formularization of a strategy of access to the European market on the part of the producing companies of cachaça, and that it was developed mainly through secondary surveys in the Internet, specific literature and through the consultation of the official sources, such as the Sectors Commercial of the embassies of Brazil in the selected countries. Beyond these surveys, there were direct consultations to associations, such as: associations of producers of distilled spirits and data bases of international research institutes. In accordance with results of this work, it can be inferred that the external competitiveness of the production of distilled spirits of Brazilian sugar cane and cachaça, and Pernambuco in particular, depends on the resolution of the critical points of its productive chain and of the reorientation of its sales for products that follow the external trends of consumption, so as to add content and image value to the product, and to increase the profit derived from the exportations and, mainly, the sales profit margin.
Words - keys : Cachaça, Productive Chain, Exports.
A cachaça não é mais apenas uma bebida de botequim. Denominação oficial e exclusiva, desde 2001, da aguardente de cana produzida no Brasil, de acordo com decreto federal, a cachaça, hoje, freqüenta restaurantes e delicatessens sofisticadas e, em parte apoiada pelas notícias de seu sucesso no exterior, começa a ganhar o consumidor brasileiro de maior poder aquisitivo. Destilado tipicamente brasileiro, a cachaça vem conquistando novos mercados e expandindo-se além das fronteiras do país. Dado o interesse na expansão de suas exportações, este trabalho apresenta uma análise prospectiva de mercados com potencial importador, em especial para a cachaça de alambique, também conhecida como artesanal, delineando um contexto analítico que permite fundamentar estudos mais específicos a serem desenvolvidos para cada um dos mercados identificados. A produção brasileira de cachaça, segundo dados apresentados pelo Programa de Desenvolvimento da Aguardente de Cana, Caninha e Cachaça -PBDAC, tem representado aproximadamente 1,3 bilhão de litros/ano (Destilarias, 2001) - sendo 10% deste volume de origem artesanal ou de alambique - espalhada por cerca de 30.000 produtores, a maioria produzindo pequenos volumes comercializados localmente através de 5 mil marcas. A produção em larga escala é realizada em modernas colunas de destilação com sofisticados recursos de análises laboratoriais. Segundo essa mesma fonte, a cachaça é o 3º destilado mais consumido no mundo (perde apenas para a vodka e para o uísque), sendo produzida em todas as regiões brasileiras, concentrando-se a maior parte, contudo, nos estados de São Paulo, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais. Esta produção gerou em 2003 um faturamento de mais de R$ 2,0 bilhões, empregando mais de 450 mil pessoas direta e indiretamente e propiciando uma arrecadação de aproximadamente R$ 765,0 milhões em impostos. A Associação Brasileira de Bebidas – ABRABE (2003), avalia, no entanto, que o mercado de cachaça no Brasil apresenta-se consolidado, tendendo a uma desaceleração no seu crescimento. A princípio, essa redução tem sido associada a uma queda do consumo desta bebida no mercado interno^1 e aos preços baixos (Destilarias, 2001). Este fato faz com que o setor passe a buscar os mercados mundiais, visando aumentar o seu faturamento, sua rentabilidade e principalmente fortalecer a sua imagem, também no mercado interno.
(^1) De acordo com Martinelli (2000) a redução no consumo de cachaça encontra-se associada aos segundo fatores: aumento no consumo de cerveja e preferência dos jovens por essa bebida em relação à cachaça, além do preconceito que associa o consumo de cachaça à pessoa de baixa renda.
(posteriormente de cobre) sob a forma e nome de aguardente. Com o aprimoramento da produção, a cachaça passou a atrair consumidores de diversas classes sociais e passou a ter importância econômica para o Brasil Colônia. A bebida tornou-se, inclusive, moeda corrente na compra de escravos. Além do fato de alguns engenhos terem diminuído suas produções de açúcar para fabricarem aguardente, o que mais incomodou Portugal foi a queda nas vendas de vinhos portugueses e da bagaceira (um aguardente feita a partir da uva). Diante dessa nova realidade, a venda da cachaça foi proibida em 1635. Durante a mineração, apesar da proibição, o consumo de aguardente aumentou. Dessa forma, Portugal criou impostos que aumentaram o preço da bebida, mas, mesmo assim a cachaça continuou sendo degustada e passou a representar a resistência brasileira à dominação portuguesa. O período que a bebida angariou maior prestígio talvez tenha sido durante o Brasil Império. Nessa época, a boa aguardente nacional, ou Paraty, oriunda dos engenhos da cidade do mesmo nome no Rio de Janeiro, era degustada em cálices de cristal pela família e amigos do imperador. Pois antes, a cachaça transformara-se em símbolo de brasilidade, de resistência contra a condição de colônia de Portugal. A cachaça estimulara revoltosos em Pernambuco, em Minas Gerais...Em outras palavras, durante as lutas de independência, não bebê-la representava uma atitude antipatriótica. Ocorre que no século XIX, após a Independência, o boom da economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da República alteraram substancialmente este quadro. A oposição ao Império era sobremodo elitista. Ainda mais com o país recebendo excedentes populacionais, os excluídos do velho mundo. Os imigrantes europeus, árabes e asiáticos que traziam seus hábitos e bebidas. Gente que enriquecia os costumes e produtos da nova terra republicana, tornando-os ainda mais populares. Em compensação, a cachaça, bebida genuinamente brasileira, deixava de ser símbolo de resistência e nacionalidade. Em decorrência da abolição e da conseqüente liberação da mão de obra escrava, contingentes de pessoas desocupadas acorriam desordenadamente aos maiores núcleos urbanos do país, normalmente às cidades que eram capitais dos Estados, aí formando favelas, perambulando pelas ruas sem emprego e exibindo sua miséria: sujas, famintas e esmolando, para culminar desafogando seus infortúnios na embriaguez da cachaça mais barata (Feijó e Maciel, 2001). Daí nasce o preconceito contra a bebida e igualmente a tudo que fosse relativo ao Brasil. As elites mais do nunca sonhavam com as modas e maneiras européias. Das idéias ao conteúdo dos cálices postos na mesa. Só em 1922, o Movimento Modernista tentou resgatar a
brasilidade na literatura, na música e nas artes plásticas, reforçado posteriormente pelo nascimento de um novo gênero musical que a partir dos anos 30 iniciava uma trajetória de retumbante e inesgotável sucesso: o Samba. Era através das letras de consagrados sambistas populares que compunham as marchas carnavalescas e os enredos das primeiras escolas de samba que a memória da cachaça se perpetuava como indiscutível item da preferência gastronômica popular e símbolo da afirmação cultural de um povo. Contudo, mesmo nos anos da industrialização substitutiva de importações iniciada na década de 30, continuada no pós-guerra de 45 e reforçada pelo regime ditatorial inaugurado em 1964, a cachaça, curiosamente, apesar do clima cultural nacionalista das eras “Vargas“, “Kubitschek” e “Militar”, respectivamente - que ensejaram o crescimento econômico do país a taxas superiores a 7% ao ano até o início dos anos 80 – jamais desfrutou de um maior prestígio, seja entre as elites, seja entre as classes de renda média já socialmente consolidadas. Nunca foi contemplada com uma campanha de fortes cores nacionalistas, do tipo “O PETRÓLEO É NOSSO” ...Continuando a vigorar o indisfarçável preconceito contra seu consumo social e festivo. Enfim, chega-se aos anos 90 com a abertura de mercado e a globalização dos fluxos financeiros, de comércio e de investimentos. A economia brasileira naturalmente sofre os impactos da competição externa e a necessidade de modernizar o seu desenvolvimento. A sociedade, todavia, começa a vivenciar a realidade da importação cada vez mais acentuada de hábitos e costumes estrangeiros, além, é claro, dos produtos e serviços vindos de fora, normalmente “pasteurizados” por uma forte promoção comercial, fundada numa divulgação massiva que não esconde seu forte viés descaracterizador dos traços culturais locais. E aí Pimba! Ou melhor, Pinga! Em outros termos, renasce a admiração pela bebida nacional temporariamente esquecida, e o desejo de colocá-la no mesmo patamar gastronômico e cultural de outras tantas bebidas destiladas de outros países, a exemplo do uísque escocês, da vodca russa, da tequila mexicana, etc.e, porque não confessar, de elevá-la à condição perante o mundo de um símbolo de brasilidade e amor ao país.
Pois, a despeito das indústrias de destilados de outros tantos países que após comprovarem a boa aceitação de seus consumidores pela bebida brasileira, ingerida pura ou em forma de coquetéis, como a caipirinha, continuarem insistindo em confundi-la com outros destilados, como o rum, ou mesmo insinuarem o desejo de se apropriarem da designação literal da marca brasileira, isto é do próprio nome “cachaça“, a única iniciativa comercial e
em volume, a 20º Celsius, obtida pela destilação do mostro fermentado da cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expressos em sacarose. Já o rum é definido como bebida com a graduação alcoólica de 35% a 54% em volume, a 20º Celsius, obtida do destilado alcoólico simples de melaço, ou da mistura dos destilados de caldo de cana-de-açúcar e de melaço, envelhecido, total ou parcialmente em recipiente de carvalho, ou madeira equivalente, conservando suas características sensoriais peculiares.
2.1 Objetivo Geral
Identificar desafios e oportunidades de negócios no mercado internacional para a cachaça brasileira, em especial aquela produzida no Estado de Pernambuco, mediante pesquisas secundárias aplicada ao mercado consumidor e à sua cadeia produtiva, de forma a caracterizar sua eficiência e possíveis fatores críticos. Entenda-se por eficiência da cadeia produtiva, a capacidade do setor de responder as exigências do mercado consumidor internacional, oferecendo-lhe um produto de qualidade, com regularidade na oferta e preços compatíveis. Por fatores críticos devem ser compreendidos os obstáculos diretos e indiretos, presentes ou potenciais, colocados à cadeia produtiva, e que impedem a competitividade externa do produto.
2.2. Objetivos Específicos