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Desafios Contemporâneos: Pensamento Lógico
Tipologia: Slides
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Compartilhado em 08/03/2023
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Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar conhecimento e misticismo. Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga. Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.
Introdução
A diferenciação entre o conhecimento efetivo acerca da realidade e o que não pode ser comprovado existe ao menos desde a Grécia Antiga. Tal problematização permitiu compreender o que é ciência e o que são questões de fé, gerando a distinção entre mito e filosofia. As correntes da filosofia, em suas mais diversas vertentes, valorizam, como você sabe, a reflexão racional. Neste capítulo, você vai verificar o que diferencia o conhecimento de crenças individuais e místicas e como tal diferenciação se deu na Grécia Antiga. Você também vai conhecer os principais filósofos da Antiguidade Clássica e ver como as suas teorias se distinguem. Além disso, você vai verificar como os métodos utilizados por esses pensadores os auxiliaram a chegar ao que acreditavam ser o conhecimento.
Conhecimento e misticismo
Se hoje existe alguma diferenciação entre conhecimento e misticismo, tanto no âmbito das discussões cotidianas quanto no universo científico, os respon- sáveis são os gregos antigos. Na atualidade, é comum diferenciar pareceres científicos de opiniões, ou mesmo distanciar crenças individuais de postulados universais científicos. Crenças relacionadas a narrativas lendárias, bruxaria e discursos religiosos, por exemplo, apesar de terem um grande valor social,
cultural e individual, não podem ter validade científica na medida em que não é possível comprová-las e sistematizá-las a partir da realidade factual. Assim, a ciência é cética e se fundamenta a partir de conhecimento comprovável sobre a realidade. Na Grécia Antiga, esse foi um dos maiores paradigmas. A separação entre verdade ( aletheia ) e opinião ( doxa ) e entre ficção/mito e realidade aconteceu devido à falência do mito frente às novas correntes de pensamento que surgiram nesse período (JAEGER, 2013). Dessa forma, o distanciamento em relação às narrativas míticas se deu principalmente por uma mudança na educação do homem grego. Em síntese, houve uma alteração no modo de vida da Grécia Antiga. No período dito mítico, a educação era voltada aos ensinamentos de Ho- mero (928–898 a.C.) e Hesíodo (750–650 a.C.) e consistia em “[...] formar a aristocracia grega nos critérios de exaltação da coragem bélica e heroica, em elogiar a preparação para a guerra, para o cuidado da casa, treinar para o sucesso no exercício dos negócios particulares” (NUNES, 2017, p. 61). Por- tanto, o mito era uma maneira de explicar o mundo e os fenômenos naturais, mas também uma maneira de repassar valores morais e culturais às novas gerações (JAEGER, 2013). Nesse contexto, o termo grego areté (excelência, virtude) era norteador desse ideal de educação, pois buscava-se formar o cidadão, o guerreiro, com um caráter virtuoso em todos os aspectos e tendo excelência em seu desempe- nho social, qualquer que fosse (NUNES, 2017). Assim, as obras de Homero e Hesíodo serviram como ideal para o cidadão grego arcaico, já que retratavam as narrativas míticas que buscavam explicar a origem e as causas da realidade, bem como dos sentimentos e das virtudes humanas. Ao conhecer figuras heroicas como Ulisses e Aquiles, o cidadão grego aprendia com as virtudes desses personagens, a quem deveria buscar assemelhar-se. Entretanto, apesar de “educarem” o cidadão, as narrativas míticas tratavam sempre de fatos e acontecimentos exteriores à vida ordinária (JAEGER, 2013). Ou seja, ao inteirar-se de mitos com personagens sobre-humanos, o cidadão vivia uma espécie de paradoxo, pois via que em si não havia nada de sobrenatural. Assim, aos poucos, o mito vai perdendo a sua validade em relação à explicação da realidade; ele adquire cada vez mais valor cultural e menos valor epistemológico. Contudo, não há como determinar uma ruptura abrupta entre essas duas perspectivas, dado que outras explicações da rea- lidade foram sendo elaboradas aos poucos e que o cidadão ainda mantinha as suas crenças (JAEGER, 2013). Por volta do século VI a.C., o pensamento
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O livro de Homero intitulado Odisseia narra a saga de Odisseu (que no mito romano se chama Ulisses), um dos grandes heróis da Guerra de Troia. A narrativa conta como foi o retorno de Odisseu à sua terra natal, Ítaca. No poema, Odisseu passa por vários lugares e várias situações em que se misturam elementos da realidade e da mitologia. Essa obra é uma das principais da Antiguidade Grega (JAEGER, 2013).
Principais filósofos da Grécia Antiga
A filosofia grega é dividida em períodos. Cada período é orientado por uma compreensão e por uma problematização acerca do mundo e do ser humano. Assim, cada um deles trouxe reflexões que contribuíram para o desenvolvi- mento do pensamento filosófico. É comum, por exemplo, surgirem, ao longo da história da filosofia, problematizações que trazem teorias do pensamento grego que, à primeira vista, parecem já ter sido esgotadas. Isso demonstra que o pensamento grego é fonte inesgotável de reflexão, oferecendo diferentes releituras e interpretações, além de novos desdobramentos. O primeiro período da filosofia grega trouxe avanços epistêmicos que contri- buíram para o entendimento da natureza e para a compreensão do mundo a partir da physis. Nesse contexto, alguns pensadores se destacaram. Tales , por exemplo, foi aluno da escola de Mileto e ficou conhecido pela teoria que afirma que a água é a physis , ou seja, a origem de tudo. Tales também ficou conhecido por introduzir reflexões matemáticas de origem oriental, uma vez que Mileto era uma cidade em que acontecia uma grande confluência cultural na época (BORNHEIM, 1998). Outro pensador que ganhou destaque no pensamento grego pré-socrático foi Anaximandro , responsável por aperfeiçoar o relógio de sol, produzir o primeiro mapa geográfico e, por fim, teorizar o universo a partir de uma arché que seria o conceito de apeirón (ilimitado). Ou seja, para ele, o princípio originário do mundo seria o movimento eterno, que tenderia a equilibrar os pontos divergentes: “[...] significaria a afirmação da lei do equilíbrio universal, garantida através do processo de compensação dos excessos (por exemplo, no inverno, o frio seria compensador dos excessos cometidos pelo calor durante o verão)” (BORNHEIM, 1998, p. 20). Outro pensador que se destaca entre os pré-socráticos é Pitágoras de Samos. Mais conhecido pelo seu teorema matemático, Pitágoras também foi autor de uma teoria que misturava divindade, harmonia, matemática e beleza.
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Para ele, o cosmos e o ser humano estão ligados em divindade; a harmonia de ambos depende do estudo dos números. Assim, seria possível, a partir de uma estrutura numérica, desvendar a semelhança entre o ser humano e o universo (BORNHEIM, 1998). Vários outros pensadores contribuíram para a formação do pensamento grego, principalmente para a compreensão do mundo, do homem e do cosmos a partir da reflexão racional (BORNHEIM, 1998). Entretanto, com Péricles como governante de Atenas e a instauração da democracia, as problematizações filosóficas são deslocadas (NUNES, 2017). É a partir desse momento que a filosofia deixa de se ocupar dos questionamentos pré-socráticos e se volta para o comportamento ético e político do homem. Atenas se torna, então, um centro cultural e político:
O papel que a educação adquire na Grécia clássica, em especial em Atenas, tem papel central, burocrático, porém democrático, tornando-se motivo e necessidade de debate, tendendo-se a universalizar-se para além dos limites da pólis (BORTOLINI; NUNES, 2018, documento on-line ).
Com a abertura democrática, o espaço público se torna um lugar para debates, apresentação de ideias e, inclusive, conflitos. O discurso em público se transforma em recurso pedagógico; ou seja, o local onde se expunham ideias era também o espaço em que os jovens ficavam a ouvir e aprender. É nesse período que surgem os sofistas , considerados grandes oradores. As concepções sofísticas eram extremamente relativistas, defendiam que o conhecimento é subjetivo. Assim, a verdade dependeria do ponto de vista, da doxa. Outro fator, que inclusive ocasionou uma crítica severa por parte de Sócrates, era que os sofistas, vendo a admiração e a vontade de ingresso dos mais jovens na vida política de Atenas, começaram a cobrar quantias e serem “tutores” dessa juventude ateniense (PLATÃO, 1986). Nesse contexto, Sócrates , que é considerado o pai da filosofia, ressalta que essa disciplina deve afastar os sofistas da educação da juventude ateniense, uma vez que o conhecimento deve ter como fim a verdade e não a mera opinião. Ou seja, para Sócrates, a verdade é única e só assim é possível estabelecer uma sociedade virtuosa (NUNES, 2017). Entretanto, tal verdade não pode ser imposta ou individualizada; ela deve ser buscada por meio da dialética. Sócrates foi mestre de Platão e, apesar de não ter deixado nenhuma obra, seus diálogos estão presentes na obra platônica, assim como a sua figura é mencionada por outros autores da época, como Aristóteles, Cícero e Diógenes.
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período devem ser lidos de acordo com as preocupações do seu contexto. Nesse sentido, um filósofo pré-socrático não deve ser interpretado com vistas às suas semelhanças com um filósofo pós-socrático. Isso significa dizer que cada filósofo se ocupou de aspecto do conhecimento, ainda que filósofos como Platão e Aristóteles tenham desenvolvido um sistema mais amplo de conhecimento. Com Sócrates, surgem os métodos mais conhecidos da história do pensa- mento grego antigo. Sócrates era conhecido por suas abordagens e perguntas aos cidadãos de Atenas (JAEGER, 2013). Na então jovem democracia, era comum ver oradores, sofistas e políticos debatendo publicamente. Sócrates incomodava-se com a falta de preocupação com a verdade única e com a manipulação das pessoas, principalmente dos jovens. Assim, ele andava pela cidade questionando os cidadãos com perguntas como: “o que é o bem?”, “o que é a virtude?”, “é possível conhecer a verdade?”. Essa abordagem ficou conhecida como dialética , que consiste em chegar a uma síntese a partir de duas posições antagônicas, ou seja, opostas. Quando você aborda alguém com perguntas, esse alguém busca respondê- -las, não é? Dessa forma, se estabelece um diálogo em busca de uma síntese, que seria um parecer final acerca das duas posições iniciais. Outro aspecto da abordagem socrática é a ironia: ao perguntar aos cidadãos coisas tidas como óbvias (“o que é ser bom?”), Sócrates se colocava como não conhe- cedor de nada, o que acabava levando os interlocutores a responderem, então ele devolvia com outra pergunta (o que é conhecido como método de retórica socrática ). Sócrates comparava o seu método dialético à profissão de sua mãe, que foi parteira: ele dizia que dava à luz o conhecimento. Por isso, chamou seu método de “maiêutica”, termo de origem grega que faz alusão ao parto. A partir do pensamento socrático, Platão (2000), mais especificamente nos livros VI e VII, afirma que o conhecimento/essência de tudo também é alcan- çável por meio da filosofia. Assim, é abandonando a crença nas sensações e na experiência que se chega ao conhecimento verdadeiro. Desse modo, segundo Platão (2000), a verdade encontra-se no mundo das ideias, e é fazendo uso da racionalidade que se pode contemplar a essência das coisas para longe dos enganos das sensações. Portanto, é por meio do debate, da dialética, que se chega a uma ideia comum, universal, e desse modo se alcança o conhecimento verdadeiro, que, segundo Platão (2000), é equivalente ao bem. Mas é com Aristóteles que se vê uma compreensão que, de fato, rompe com vários ideais socráticos e platônicos. Aristóteles foi o filósofo grego que mais desenvolveu métodos (JAEGER, 1963), seja pela amplitude de sua obra
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ou pela divergência (à primeira vista) entre as áreas de conhecimento de que ela trata. Nesse contexto, Aristóteles ficou conhecido pelos seus estudos em lógica, em que desenvolveu o silogismo. Este consiste em um argumento dedutivo, ou seja, a partir de duas premissas, chega-se à conclusão, que é a argumentação logicamente perfeita. Por exemplo:
todos os homens são mortais (premissa universal); Aristóteles é homem (premissa particular); Aristóteles é mortal (conclusão).
Outros estudos e teorias aristotélicas também foram, e são, de extrema relevância para o desenvolvimento de distintas áreas do conhecimento. Em sua obra, o filósofo desloca vários conceitos platônicos para uma relação mais valorativa com as sensações. Assim, o que se faz mais distinto, de modo geral, é a dignificação das sensações e da realidade presente na abordagem aristotélica. Os métodos aristotélicos eram aplicados de forma empírica; Aristóteles buscava estabelecer o seu sistema de conhecimento a partir da realidade e das experiências (JAEGER, 1963). O mesmo vale para a sua compreensão sobre a dialética: longe de ter a finalidade idealista de Platão, Aristóteles buscava o conhecimento mediante um diálogo argumentativo que partisse de premissas e que chegasse logicamente a argumentos consistentes, por meio de deduções. Mesmo com todas as distinções metodológicas, a contribuição grega para o desenvolvimento ocidental, independentemente da área do conhecimento, é incontornável. Como você viu, os pensadores da Grécia Antiga elaboraram noções importantes a respeito de conceitos abstratos, como o de virtude, e ainda se dedicaram às ciências exatas e naturais.
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