Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Filosofia Grega: Conhecimento, Misticismo e o Surgimento do Pensamento Ocidental, Slides de Pensamento Criativo

Desafios Contemporâneos: Pensamento Lógico

Tipologia: Slides

2023
Em oferta
30 Pontos
Discount

Oferta por tempo limitado


Compartilhado em 08/03/2023

cibeli-teixeira
cibeli-teixeira 🇧🇷

5

(1)

5 documentos

1 / 26

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
A Filosofia Grega
Apresentação
Na atualidade, ainda que às vezes o limite entre o real e o irreal se mescle por exemplo, as
notícias após o surgimento das fakenews ou mesmo os relacionamentos virtuais, que nem sempre
são com pessoas reais –, não podemos dizer que as categorias entre conhecimento e misticismo se
mesclam como na Antiguidade. Após a modernidade, com o impulso e o reconhecimento que o
conhecimento científico alcançou, a categoria de misticismo foi relegada ao espaço da crença. Na
mesma medida, os indivíduos sabem que a dimensão daquele discurso não se pretende científica, o
que sela um acordo entre as partes nessa esfera. No entanto, na Antiguidade Grega, não era assim.
Por muito anos, até o surgimento da filosofia, o que permaneceu como elemento formativo dos
cidadãos da pólis foram os mitos.
Essa narrativa começou a decair quando essas gerações passaram a não reconhecer qualquer
relação sobrenatural nas suas vidas, e nesse mesmo momento surgiam outras formas de tentativa
de entender a realidade. Desse modo, surgem os filósofos pré-socráticos, que se voltaram à
natureza em busca de respostas para os fenômenos produzidos por ela mesma. Após esse primeiro
período, Sócrates inaugura toda uma forma de pensar que deixa o caráter objetivo-naturalista pré-
socrático e passa a dimensionar a essência metafisica de tudo o que existe, isto é, a questão do ser,
dos seres e entes.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você poderá entender um pouco da formação da própria filosofia,
haja vista a importância do papel dos gregos no seu desenvolvimento. Verá, inclusive, que a
filosofia como a conhecemos surgiu na Grécia Antiga e que foi com os filósofos gregos que ela
assumiu as proporções atuais.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Diferenciar conhecimento e misticismo.
Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga.
Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
Discount

Em oferta

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Filosofia Grega: Conhecimento, Misticismo e o Surgimento do Pensamento Ocidental e outras Slides em PDF para Pensamento Criativo, somente na Docsity!

A Filosofia Grega

Apresentação

Na atualidade, ainda que às vezes o limite entre o real e o irreal se mescle – por exemplo, as

notícias após o surgimento das fakenews ou mesmo os relacionamentos virtuais, que nem sempre

são com pessoas reais –, não podemos dizer que as categorias entre conhecimento e misticismo se

mesclam como na Antiguidade. Após a modernidade, com o impulso e o reconhecimento que o

conhecimento científico alcançou, a categoria de misticismo foi relegada ao espaço da crença. Na

mesma medida, os indivíduos sabem que a dimensão daquele discurso não se pretende científica, o

que sela um acordo entre as partes nessa esfera. No entanto, na Antiguidade Grega, não era assim.

Por muito anos, até o surgimento da filosofia, o que permaneceu como elemento formativo dos

cidadãos da pólis foram os mitos.

Essa narrativa começou a decair quando essas gerações passaram a não reconhecer qualquer

relação sobrenatural nas suas vidas, e nesse mesmo momento surgiam outras formas de tentativa

de entender a realidade. Desse modo, surgem os filósofos pré-socráticos, que se voltaram à

natureza em busca de respostas para os fenômenos produzidos por ela mesma. Após esse primeiro

período, Sócrates inaugura toda uma forma de pensar que deixa o caráter objetivo-naturalista pré-

socrático e passa a dimensionar a essência metafisica de tudo o que existe, isto é, a questão do ser,

dos seres e entes.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você poderá entender um pouco da formação da própria filosofia,

haja vista a importância do papel dos gregos no seu desenvolvimento. Verá, inclusive, que a

filosofia como a conhecemos surgiu na Grécia Antiga e que foi com os filósofos gregos que ela

assumiu as proporções atuais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

  • Diferenciar conhecimento e misticismo.
  • Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga.
  • Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.

Desafio

Uma das maiores dificuldades de diálogo entre a instância acadêmica e a popular é que muitas

vezes se pensa o senso comum como dotado de autoridade científica para argumentar perante as

teorias. Por sua vez, a linguagem acadêmica não é uma linguagem de fácil acesso, o que, por vezes,

cria certa resistência em relação àqueles que não a compreendem. Nessa difícil relação, criam-se

distâncias que dificultam a interação entre esses grupos. Dessa forma, cabe à educação e à

seriedade governamental com o setor educativo o papel de sanar essa dificuldade. Em meio a esse

cenário, tem-se a figura central do professor, que tem como função aproximar essas duas

linguagens e promover o diálogo.

Agora, você é o professor, e, para realizar este Desafio, você deve ser capaz de analisar os sensos

comuns produzidos na vida cotidiana a partir de um dos temas contemplados nesta Unidade de

Aprendizagem: a diferença entre o mito e o logos. Diante disso, você tem como desafio escolher

alguma situação da cultura popular brasileira e explicá-la conforme o rigor do pensamento filosófico

que busca a verdade.

Exemplos:

  • Para se tornar um grande violeiro, deve-se passar a cobra coral entre os dedos.
  • Usar roupa amarela no réveillon atrairá dinheiro durante o ano novo.
  • Quebrar um espelho dá sete anos de azar.
  • Para gripe, chá com alho, mel e limão.
  • Morre aquele que toma leite com manga.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Conteúdo do livro

A filosofia grega surgiu em meio à decadência da narrativa mítica. Ou seja, as narrativas sobre

coisas divinas e sobrenaturais passaram a não convencer por se mostrarem distantes da vida

ordinária dos cidadãos gregos. Nesse contexto, surge a filosofia pré-socrática, assim como surge a

filosofia socrática com a ascensão da democracia ateniense. Platão e Aristóteles apresentam outras

formas, ainda que distintas entre ambos, de pensar a realidade e as vias de conhecimento.

No capítulo Filosofia grega , base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você poderá aprofundar

seus conhecimentos acerca do que confere o status de conhecimento e de misticismo a

determinada teoria, narrativa ou doutrina. Verá quais foram os protagonistas do pensamento grego

e, por último, o papel de diferentes metodologias para a construção do conhecimento grego.

Boa leitura.

Filosofia grega

Objetivos de aprendizagem

Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Diferenciar conhecimento e misticismo.  Identificar os principais filósofos da Grécia Antiga.  Comparar o método filosófico dos principais filósofos da Grécia Antiga.

Introdução

A diferenciação entre o conhecimento efetivo acerca da realidade e o que não pode ser comprovado existe ao menos desde a Grécia Antiga. Tal problematização permitiu compreender o que é ciência e o que são questões de fé, gerando a distinção entre mito e filosofia. As correntes da filosofia, em suas mais diversas vertentes, valorizam, como você sabe, a reflexão racional. Neste capítulo, você vai verificar o que diferencia o conhecimento de crenças individuais e místicas e como tal diferenciação se deu na Grécia Antiga. Você também vai conhecer os principais filósofos da Antiguidade Clássica e ver como as suas teorias se distinguem. Além disso, você vai verificar como os métodos utilizados por esses pensadores os auxiliaram a chegar ao que acreditavam ser o conhecimento.

Conhecimento e misticismo

Se hoje existe alguma diferenciação entre conhecimento e misticismo, tanto no âmbito das discussões cotidianas quanto no universo científico, os respon- sáveis são os gregos antigos. Na atualidade, é comum diferenciar pareceres científicos de opiniões, ou mesmo distanciar crenças individuais de postulados universais científicos. Crenças relacionadas a narrativas lendárias, bruxaria e discursos religiosos, por exemplo, apesar de terem um grande valor social,

cultural e individual, não podem ter validade científica na medida em que não é possível comprová-las e sistematizá-las a partir da realidade factual. Assim, a ciência é cética e se fundamenta a partir de conhecimento comprovável sobre a realidade. Na Grécia Antiga, esse foi um dos maiores paradigmas. A separação entre verdade ( aletheia ) e opinião ( doxa ) e entre ficção/mito e realidade aconteceu devido à falência do mito frente às novas correntes de pensamento que surgiram nesse período (JAEGER, 2013). Dessa forma, o distanciamento em relação às narrativas míticas se deu principalmente por uma mudança na educação do homem grego. Em síntese, houve uma alteração no modo de vida da Grécia Antiga. No período dito mítico, a educação era voltada aos ensinamentos de Ho- mero (928–898 a.C.) e Hesíodo (750–650 a.C.) e consistia em “[...] formar a aristocracia grega nos critérios de exaltação da coragem bélica e heroica, em elogiar a preparação para a guerra, para o cuidado da casa, treinar para o sucesso no exercício dos negócios particulares” (NUNES, 2017, p. 61). Por- tanto, o mito era uma maneira de explicar o mundo e os fenômenos naturais, mas também uma maneira de repassar valores morais e culturais às novas gerações (JAEGER, 2013). Nesse contexto, o termo grego areté (excelência, virtude) era norteador desse ideal de educação, pois buscava-se formar o cidadão, o guerreiro, com um caráter virtuoso em todos os aspectos e tendo excelência em seu desempe- nho social, qualquer que fosse (NUNES, 2017). Assim, as obras de Homero e Hesíodo serviram como ideal para o cidadão grego arcaico, já que retratavam as narrativas míticas que buscavam explicar a origem e as causas da realidade, bem como dos sentimentos e das virtudes humanas. Ao conhecer figuras heroicas como Ulisses e Aquiles, o cidadão grego aprendia com as virtudes desses personagens, a quem deveria buscar assemelhar-se. Entretanto, apesar de “educarem” o cidadão, as narrativas míticas tratavam sempre de fatos e acontecimentos exteriores à vida ordinária (JAEGER, 2013). Ou seja, ao inteirar-se de mitos com personagens sobre-humanos, o cidadão vivia uma espécie de paradoxo, pois via que em si não havia nada de sobrenatural. Assim, aos poucos, o mito vai perdendo a sua validade em relação à explicação da realidade; ele adquire cada vez mais valor cultural e menos valor epistemológico. Contudo, não há como determinar uma ruptura abrupta entre essas duas perspectivas, dado que outras explicações da rea- lidade foram sendo elaboradas aos poucos e que o cidadão ainda mantinha as suas crenças (JAEGER, 2013). Por volta do século VI a.C., o pensamento

2 Filosofia grega

O livro de Homero intitulado Odisseia narra a saga de Odisseu (que no mito romano se chama Ulisses), um dos grandes heróis da Guerra de Troia. A narrativa conta como foi o retorno de Odisseu à sua terra natal, Ítaca. No poema, Odisseu passa por vários lugares e várias situações em que se misturam elementos da realidade e da mitologia. Essa obra é uma das principais da Antiguidade Grega (JAEGER, 2013).

Principais filósofos da Grécia Antiga

A filosofia grega é dividida em períodos. Cada período é orientado por uma compreensão e por uma problematização acerca do mundo e do ser humano. Assim, cada um deles trouxe reflexões que contribuíram para o desenvolvi- mento do pensamento filosófico. É comum, por exemplo, surgirem, ao longo da história da filosofia, problematizações que trazem teorias do pensamento grego que, à primeira vista, parecem já ter sido esgotadas. Isso demonstra que o pensamento grego é fonte inesgotável de reflexão, oferecendo diferentes releituras e interpretações, além de novos desdobramentos. O primeiro período da filosofia grega trouxe avanços epistêmicos que contri- buíram para o entendimento da natureza e para a compreensão do mundo a partir da physis. Nesse contexto, alguns pensadores se destacaram. Tales , por exemplo, foi aluno da escola de Mileto e ficou conhecido pela teoria que afirma que a água é a physis , ou seja, a origem de tudo. Tales também ficou conhecido por introduzir reflexões matemáticas de origem oriental, uma vez que Mileto era uma cidade em que acontecia uma grande confluência cultural na época (BORNHEIM, 1998). Outro pensador que ganhou destaque no pensamento grego pré-socrático foi Anaximandro , responsável por aperfeiçoar o relógio de sol, produzir o primeiro mapa geográfico e, por fim, teorizar o universo a partir de uma arché que seria o conceito de apeirón (ilimitado). Ou seja, para ele, o princípio originário do mundo seria o movimento eterno, que tenderia a equilibrar os pontos divergentes: “[...] significaria a afirmação da lei do equilíbrio universal, garantida através do processo de compensação dos excessos (por exemplo, no inverno, o frio seria compensador dos excessos cometidos pelo calor durante o verão)” (BORNHEIM, 1998, p. 20). Outro pensador que se destaca entre os pré-socráticos é Pitágoras de Samos. Mais conhecido pelo seu teorema matemático, Pitágoras também foi autor de uma teoria que misturava divindade, harmonia, matemática e beleza.

4 Filosofia grega

Para ele, o cosmos e o ser humano estão ligados em divindade; a harmonia de ambos depende do estudo dos números. Assim, seria possível, a partir de uma estrutura numérica, desvendar a semelhança entre o ser humano e o universo (BORNHEIM, 1998). Vários outros pensadores contribuíram para a formação do pensamento grego, principalmente para a compreensão do mundo, do homem e do cosmos a partir da reflexão racional (BORNHEIM, 1998). Entretanto, com Péricles como governante de Atenas e a instauração da democracia, as problematizações filosóficas são deslocadas (NUNES, 2017). É a partir desse momento que a filosofia deixa de se ocupar dos questionamentos pré-socráticos e se volta para o comportamento ético e político do homem. Atenas se torna, então, um centro cultural e político:

O papel que a educação adquire na Grécia clássica, em especial em Atenas, tem papel central, burocrático, porém democrático, tornando-se motivo e necessidade de debate, tendendo-se a universalizar-se para além dos limites da pólis (BORTOLINI; NUNES, 2018, documento on-line ).

Com a abertura democrática, o espaço público se torna um lugar para debates, apresentação de ideias e, inclusive, conflitos. O discurso em público se transforma em recurso pedagógico; ou seja, o local onde se expunham ideias era também o espaço em que os jovens ficavam a ouvir e aprender. É nesse período que surgem os sofistas , considerados grandes oradores. As concepções sofísticas eram extremamente relativistas, defendiam que o conhecimento é subjetivo. Assim, a verdade dependeria do ponto de vista, da doxa. Outro fator, que inclusive ocasionou uma crítica severa por parte de Sócrates, era que os sofistas, vendo a admiração e a vontade de ingresso dos mais jovens na vida política de Atenas, começaram a cobrar quantias e serem “tutores” dessa juventude ateniense (PLATÃO, 1986). Nesse contexto, Sócrates , que é considerado o pai da filosofia, ressalta que essa disciplina deve afastar os sofistas da educação da juventude ateniense, uma vez que o conhecimento deve ter como fim a verdade e não a mera opinião. Ou seja, para Sócrates, a verdade é única e só assim é possível estabelecer uma sociedade virtuosa (NUNES, 2017). Entretanto, tal verdade não pode ser imposta ou individualizada; ela deve ser buscada por meio da dialética. Sócrates foi mestre de Platão e, apesar de não ter deixado nenhuma obra, seus diálogos estão presentes na obra platônica, assim como a sua figura é mencionada por outros autores da época, como Aristóteles, Cícero e Diógenes.

Filosofia grega 5

período devem ser lidos de acordo com as preocupações do seu contexto. Nesse sentido, um filósofo pré-socrático não deve ser interpretado com vistas às suas semelhanças com um filósofo pós-socrático. Isso significa dizer que cada filósofo se ocupou de aspecto do conhecimento, ainda que filósofos como Platão e Aristóteles tenham desenvolvido um sistema mais amplo de conhecimento. Com Sócrates, surgem os métodos mais conhecidos da história do pensa- mento grego antigo. Sócrates era conhecido por suas abordagens e perguntas aos cidadãos de Atenas (JAEGER, 2013). Na então jovem democracia, era comum ver oradores, sofistas e políticos debatendo publicamente. Sócrates incomodava-se com a falta de preocupação com a verdade única e com a manipulação das pessoas, principalmente dos jovens. Assim, ele andava pela cidade questionando os cidadãos com perguntas como: “o que é o bem?”, “o que é a virtude?”, “é possível conhecer a verdade?”. Essa abordagem ficou conhecida como dialética , que consiste em chegar a uma síntese a partir de duas posições antagônicas, ou seja, opostas. Quando você aborda alguém com perguntas, esse alguém busca respondê- -las, não é? Dessa forma, se estabelece um diálogo em busca de uma síntese, que seria um parecer final acerca das duas posições iniciais. Outro aspecto da abordagem socrática é a ironia: ao perguntar aos cidadãos coisas tidas como óbvias (“o que é ser bom?”), Sócrates se colocava como não conhe- cedor de nada, o que acabava levando os interlocutores a responderem, então ele devolvia com outra pergunta (o que é conhecido como método de retórica socrática ). Sócrates comparava o seu método dialético à profissão de sua mãe, que foi parteira: ele dizia que dava à luz o conhecimento. Por isso, chamou seu método de “maiêutica”, termo de origem grega que faz alusão ao parto. A partir do pensamento socrático, Platão (2000), mais especificamente nos livros VI e VII, afirma que o conhecimento/essência de tudo também é alcan- çável por meio da filosofia. Assim, é abandonando a crença nas sensações e na experiência que se chega ao conhecimento verdadeiro. Desse modo, segundo Platão (2000), a verdade encontra-se no mundo das ideias, e é fazendo uso da racionalidade que se pode contemplar a essência das coisas para longe dos enganos das sensações. Portanto, é por meio do debate, da dialética, que se chega a uma ideia comum, universal, e desse modo se alcança o conhecimento verdadeiro, que, segundo Platão (2000), é equivalente ao bem. Mas é com Aristóteles que se vê uma compreensão que, de fato, rompe com vários ideais socráticos e platônicos. Aristóteles foi o filósofo grego que mais desenvolveu métodos (JAEGER, 1963), seja pela amplitude de sua obra

Filosofia grega 7

ou pela divergência (à primeira vista) entre as áreas de conhecimento de que ela trata. Nesse contexto, Aristóteles ficou conhecido pelos seus estudos em lógica, em que desenvolveu o silogismo. Este consiste em um argumento dedutivo, ou seja, a partir de duas premissas, chega-se à conclusão, que é a argumentação logicamente perfeita. Por exemplo:

 todos os homens são mortais (premissa universal);  Aristóteles é homem (premissa particular);  Aristóteles é mortal (conclusão).

Outros estudos e teorias aristotélicas também foram, e são, de extrema relevância para o desenvolvimento de distintas áreas do conhecimento. Em sua obra, o filósofo desloca vários conceitos platônicos para uma relação mais valorativa com as sensações. Assim, o que se faz mais distinto, de modo geral, é a dignificação das sensações e da realidade presente na abordagem aristotélica. Os métodos aristotélicos eram aplicados de forma empírica; Aristóteles buscava estabelecer o seu sistema de conhecimento a partir da realidade e das experiências (JAEGER, 1963). O mesmo vale para a sua compreensão sobre a dialética: longe de ter a finalidade idealista de Platão, Aristóteles buscava o conhecimento mediante um diálogo argumentativo que partisse de premissas e que chegasse logicamente a argumentos consistentes, por meio de deduções. Mesmo com todas as distinções metodológicas, a contribuição grega para o desenvolvimento ocidental, independentemente da área do conhecimento, é incontornável. Como você viu, os pensadores da Grécia Antiga elaboraram noções importantes a respeito de conceitos abstratos, como o de virtude, e ainda se dedicaram às ciências exatas e naturais.

8 Filosofia grega

Exercícios

1) Na Grécia Antiga, as explicações para quase todas as coisas estavam centradas na natureza

( physis ) e no cosmos, assim como o próprio entendimento da realidade. O misticismo ainda

influenciava o que se produzia de conhecimento, e a "fúria dos deuses" ainda parecia

responder aos questionamentos dos gregos para o que lhes acontecia, de bom ou de mau.

Diante dessa realidade, surgiram os primeiros filósofos gregos, denominados:

A) cosmológicos.

B) axiológicos.

C) epistemológicos.

D) sociológicos.

E) ideológicos.

2) A filosofia grega surge como uma resposta racional às explicações místicas sobre os fatos

naturais e o comportamento humano. Nesse sentido, pode-se dizer que o discurso racional é

fruto de um embate acerca da realidade.

De acordo com os seus conhecimentos acerca da passagem do mito ao logos , assinale a

alternativa correta.

A) Conhecimento e razão.

B) Conhecimento e misticismo.

C) Conhecimento e ceticismo.

D) Razão e emoção.

E) Misticismo e ceticismo.

No esforço por compreender de maneira racional as coisas, e empregando sua capacidade

intelectual, os filósofos clássicos gregos abordaram temas presentes ainda hoje em

pesquisas científicas das mais variadas áreas do conhecimento. Dessa forma, vários eixos do

pensamento atual foram inaugurados na Grécia Antiga.

De acordo com o exposto, assinale a alternativa que aponta esses eixos corretamente.

A) As pólis, a política e a ética.

B) As ciências humanas, as ciências exatas e as ciências biológicas.

C) A natureza, o homem e a felicidade.

D) A democracia, a aristocracia e a monarquia.

E) A geometria, a aritmética e a matemática.

4) Na etapa de sua trajetória em que ainda se detinha a investigar a natureza ( physis ), na

tentativa de explicar a origem do universo e da vida, a filosofia grega se desenvolveu com

grandes pensadores. Entre eles, um é considerado como o primeiro filósofo, Tales de Mileto.

De acordo com o exposto e os seus conhecimentos acerca da teoria de Tales de Mileto,

assinale a alternativa correta.

A) O princípio ordenador para Tales de Mileto é a ética.

B) O princípio ordenador para Tales de Mileto é o fogo.

C) O princípio ordenador para Tales de Mileto é o vento.

D) O princípio ordenador para Tales de Mileto é a água.

E) O princípio ordenador para Tales de Mileto é a felicidade.

5) Desde a sua origem, o homem afirma, nega, deseja e recusa coisas e pessoas em sua vida

cotidiana, atribuindo juízos de valor pelos quais se orienta. Contudo, em determinado

momento histórico de seu desenvolvimento intelectual, o homem passou a conferir um

caráter filosófico aos seus questionamentos, discutindo racionalmente antigas crenças e

valores.

Dessa forma, considerando os seus conhecimentos sobre o surgimento da filosofia, assinale

a alternativa correta.

A) Inicia com o desejo do ser humano de consolidar suas crenças e valores, fruto do desejo

humano.

B) Existe desde que o homem é homem, não existindo, assim, um ponto de partida referencial.