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O padrão-ouro é um regime monetário monometálico em que a oferta de moeda depende da quantidade de reservas de ouro de um país. Este documento explica o funcionamento do padrão-ouro, as 'regras do jogo' necessárias para seu sucesso e suas consequências econômicas, especialmente na crise de 1929. O texto também discute os desafios enfrentados pelos países periféricos e a importância da cooperação internacional.
O que você vai aprender
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
Dedico este trabalho aos meus pais, que tanto contribuíram para minha formação, me dando todo o apoio para que eu chegasse até aqui.
Agradeço primeiramente a Deus por me fornecer as condições básicas para qualquer realização: saúde e paz. Agradeço também ao Professor Fernando Carlos pela atenção dispensada, pelas indicações de bibliografia e pelos conselhos para que eu pudesse elaborar este trabalho da melhor forma possível.
A atuação dos governos diante de crises é uma das principais áreas de estudos dos economistas. De acordo com a crença de cada governante nos diferentes instrumentos de políticas econômicas, pode-se estimular uma ou outra variável da economia, gerando diferentes resultados para o produto. Esta monografia tenta explicar de que maneira o padrão-ouro influenciou a tomada de decisões dos governantes no período do crash da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, e da Grande Depressão. Os autores estudados para a elaboração deste trabalho foram principalmente Barry Eichengreen e Christina Romer, economistas americanos que acreditam que a manutenção do padrão-ouro no final da década de 1920 e início de 1930 teve um papel determinante na ampliação e no agravamento da recessão mundial. O capítulo I explicita o sistema monetário do padrão-ouro, começando por seus mecanismos de funcionamento. São apresentados o Modelo de Fluxos de Moedas Metálicas, de David Hume, e a Teoria Quantitativa da Moeda, que mostram como ocorriam os ajustes no modelo. Em seguida, são explicadas quais as políticas econômicas que os países sob tal regime deveriam adotar para que a estabilidade de preços fosse alcançada. O capítulo II fornece o quadro econômico mundial do pós-1ª Guerra Mundial, dando ênfase à economia norte-americana e expondo resumidamente as origens da crise de 1929 e da depressão mundial da década de 1930, com destaque para a influência do padrão-ouro nestes acontecimentos. Para finalizar, procura-se demonstrar como os países conseguiram retomar o crescimento econômico através do abandono de tal sistema monetário.
A velocidade de circulação da moeda é tida como constante e o volume de transações da economia depende de fatores reais como dotações, preferências e tecnologia (Blaug, 1995). As variáveis V e T, portanto, são independentes da quantidade de moeda e de depósitos da economia ou do nível de preços. De acordo com esta teoria, o nível de preços se ajusta a uma variação na quantidade de moeda por meio de mecanismo diretos e indiretos de transmissão (Carvalho & Neto). A TQM implica a idéia de neutralidade da moeda, ou seja, uma alteração na quantidade de moeda só altera o nível de preços, sem influenciar variáveis reais da economia. Sendo assim, a política monetária é ineficaz para alterar produto e emprego. O mecanismo do padrão-ouro foi explicado por David Hume no chamado modelo de fluxo de moedas metálicas , de 1752, estudado até hoje graças a sua simplicidade. De acordo com Eichengreen (1996), o modelo pressupõe que no mundo circulavam somente moedas de ouro e que o papel dos bancos não era importante. Quando um exportador realizava uma venda, recebia o pagamento em ouro e o cunhava na casa da moeda, e o importador, quando comprava algo, pagava em ouro. Se um país importava mais do que exportava, suas reservas de ouro diminuíam, o que, através da TQM, significava uma diminuição dos preços. No país que se encontrasse na situação oposta, no qual ocorria aumento das reservas de ouro, os preços aumentavam. Como no país deficitário as importações ficavam mais caras e as exportações mais baratas em relação ao resto do mundo, a demanda por produtos importados diminuía e as exportações aumentavam. No superavitário, com preços maiores, havia maior importação e queda nas exportações. Dessa forma, ocorria um fluxo de ouro do país superavitário para o deficitário e suas balanças comerciais voltavam a se equilibrar. Este processo é o chamado ajuste automático do padrão-ouro. Porém, como o modelo de Hume havia sido elaborado há muito tempo, no final do século XIX ele estava um pouco defasado. Com a evolução das instituições financeiras, as premissas deste mecanismo foram se tornando irreais e, como sugeria a Comissão Cunliffe, grupo do governo inglês voltado para a análise dos problemas monetários do pós-guerra (Eichengreen, 1996), era necessário incorporar na análise os fluxos de capital internacionais, que ocorriam em maior volume que os fluxos de commodities, e desconsiderar as remessas de ouro internacionais na escala que o modelo previa, pois a realidade mostrava que esses fluxos eram muito pequenos se comparados aos superávits e aos déficits de cada país. Era mais razoável supor que este ajuste da balança comercial seria resultado de fluxos de papel-moeda entre um banco central e outro, e não de ouro.
Para explicar esse ajuste do balanço de pagamentos sem os fluxos de ouro, utilizamos a taxa de redesconto, que é a taxa cobrada pelos bancos centrais para emprestar dinheiro aos bancos comuns. Se em uma economia os preços estavam relativamente altos e, por isso, o banco central podia prever uma saída de ouro, ele aumentava sua taxa de redesconto, diminuindo a quantidade de moeda em circulação na economia e fazendo com que os preços caíssem. Há outros fatores que influenciam o valor da taxa de redesconto, como o nível de atividade econômica, a lucratividade que os bancos centrais, que eram em grande parte instituições privadas, desejavam, e o tamanho da dívida pública (Eichengreen, 1996). Durante períodos de guerra, o padrão-ouro era suspenso com a promessa de ser readotado após o conflito. Isso ocorria porque a necessidade de financiamento da guerra exigia que mais moeda fosse emitida (financiamento de guerra através de impostos, emissão de títulos ou emissão de moeda), e era preciso abandonar o lastro ouro nesse momento. Os países que estivessem suspendendo a convertibilidade deveriam se comprometer em voltar a aplicá-la, de preferência com a mesma taxa de antes, assim que o motivo da suspensão não existisse mais.
I.2) AS REGRAS DO JOGO
Para que esse sistema obtivesse sucesso, isto é, promovesse a estabilidade de preços e o equilíbrio da balança comercial e estimulasse o comércio entre nações, os países submetidos ao padrão-ouro deveriam adotar algumas medidas consideradas essenciais, as “regras do
jogo”^2 (Eichengreen, 1996). A primeira regra é que o governo deveria manter a conversibilidade da moeda a uma taxa fixa por ele definida e, para isso, havia o compromisso de emitir notas com lastro em reservas de ouro. O governo perdia a liberdade na utilização da política monetária, pois a emissão de moeda ficava vinculada à quantidade de ouro que possuía. Embora toda nota fosse conversível em ouro, o total de notas em circulação era bem superior ao estoque de ouro. Havia, graças a isso, a regra de manter a austeridade fiscal. Os governos não podiam aumentar os gastos se não possuíssem reservas de ouro em igual quantidade. Outra regra do jogo era que os bancos centrais permitissem a livre mobilização de capital e o livre comércio. Se houvesse saída de ouro do país, o banco central deveria agir concedendo liquidez aos bancos comerciais e cobrando uma taxa de redesconto mais alta. A taxa de redesconto
(^2) A expressão foi inventada por John Maynard Keynes.
Nos países periféricos o padrão-ouro não funcionou tão bem na promoção da estabilidade devido à falta de cooperação em relação a eles (Eichengreen, 1996). Já que tais economias não eram economicamente significativas se comparadas às européias, uma crise na periferia não representava um abalo para o centro europeu. Com isso, os bancos centrais das potências não se preocupavam em cooperar com esses países para manter o padrão-ouro funcionando neles. Nem toda a sociedade era a favor do padrão-ouro. Havia uma pressão de alguns grupos para que os governos não determinassem a taxa de juros objetivando apenas o equilíbrio do balanço de pagamentos, visto que a manutenção de altas taxas de juros para evitar saída de ouro do país prejudicava as atividades econômicas, desacelerando a produção e aumentando o desemprego. Esses grupos eram formados por trabalhadores que temiam perder o emprego quando a economia estivesse desaquecida, mas as reclamações de tais trabalhadores não eram ouvidas. Na época, o voto não era universal na maioria dos lugares. Em geral, os homens que votavam eram os que tinham propriedades (Eichengreen, 1996), enquanto nenhuma mulher votava. Portanto, os desagradados com as políticas praticadas pelos bancos centrais não tinham armas para mudá-las. Sendo assim, acreditava-se que o padrão-ouro permaneceria como prioridade dos bancos centrais, e consequentemente a conversibilidade das notas e a manutenção da taxa de câmbio fixa. Por causa dessa credibilidade, os bancos centrais não seguiam à risca as regras (Eichengreen, 1996). Eles tinham, na realidade, certa liberdade para formular suas políticas enquanto as pessoas acreditassem que eles manteriam a essência do padrão-ouro. Outra situação em que podia-se desrespeitar as regras era quando os governos recorriam às regras da cláusula de exceção, segundo as quais era permitido suspender a convertibilidade em momentos de dificuldade, como uma crise forte, sem que os bancos centrais perdessem credibilidade (Eichengreen, 1996). Graças ao padrão-ouro, era possível a realização de políticas econômicas coordenadas, já que havia taxas de câmbio fixas internacionalmente. Essa coordenação das políticas, baseada na cooperação internacional, permitia que os efeitos de um choque comum a todas as nações que adotam o padrão-ouro fossem moderados. Mas ao mesmo tempo, se uma das nações é afetada por algum choque externo, o mesmo é repassado às outras economias, graças à falta de liberdade de promover uma política monetária independente, como ocorre nos regimes de taxas de câmbio flutuantes, e à integração dos sistemas monetários de cada nação causada pelo padrão-ouro internacional.
Antes do padrão-ouro ser adotado por diversos países, vigorava em grande parte do mundo o bimetalismo, ou padrão-metálico, sistema onde o ouro e a prata eram cunhados e aceitos como pagamentos. Esse sistema onde eram transacionadas duas moedas possuía pontos negativos. O principal problema surgia quando os preços oficiais do ouro e da prata, isto é, os preços após a cunhagem, diferiam dos preços desses metais no mercado mundial. Por exemplo, se fosse descoberta uma jazida de prata e a quantidade desse metal em circulação aumentasse, seu preço de mercado diminuiria em relação ao preço oficial, dando margem à arbitragem. Haveria possibilidade de ganho por parte dos especuladores, que utilizariam a prata para trocá-la por ouro na casa da moeda e exportá-lo, obtendo, assim, mais prata em troca (Eichengreen, 1996). Nessa condição, “a moeda ruim expulsaria a moeda boa do mercado”, ou seja, a moeda de maior valor, o ouro, deixaria de circular pois as pessoas passariam a utilizar apenas a prata, moeda ruim, de menor valor, para as transações e entesourariam o ouro. Esse movimento de expulsão da moeda boa pela moeda ruim é conhecido como Lei de Gresham. A Lei de Gresham fazia com que os governos ficassem sem prata, o que impedia que o bimetalismo continuasse. Como uma alternativa ao bimetalismo, surgiu na Grã-Bretanha, no século XVIII, o padrão-ouro. Por ter a Inglaterra se tornado na época a maior potência econômica do mundo, era vantajoso para qualquer país que quisesse realizar comércio com ela e receber dela mais empréstimos adotar o sistema monetário inglês, pois isso facilitaria as transações e aumentaria os fluxos comerciais (Eichengreen, 1996). Além disso, houve uma questão política que incentivou a adoção de tal padrão monetário. Comerciantes, banqueiros, e outros profissionais que eram credores de algumas dívidas tinham interesse na estabilidade da moeda, para que as quantias que deveriam receber não perdessem valor. Em geral, os devedores eram agricultores, a favor do bimetalismo, e os credores faziam parte dos setores industrial e financeiro, mais poderosos na época na Inglaterra, e eram a favor do padrão-ouro. Outro ponto positivo que a taxa de câmbio fixa trazia era relacionado aos custos de transação^3. O risco de valorização/desvalorização cambial deixava de existir, o que eliminava a incerteza em relação aos pagamentos, permitindo que as taxas de juros fossem menores. A
(^3) Para comercializar um produto, é preciso reunir mão-de-obra, matéria-prima e equipamentos para sua produção, e distribuidores e transportadores para que esse bem seja colocado no mercado. Custos de transação são os custos associados à organização da atividade produtiva da economia.
através de moeda fiduciária (Eichengreen, 1996). Podemos ver que neste momento a política econômica doméstica priorizava os interesses nacionais, e não o padrão-ouro. A Europa, com demanda aquecida e oferta de produtos debilitada pela guerra, parou de fornecer produtos para a América Latina e, com isso, perdeu força no mercado mundial. Foi durante esse período que os Estados Unidos ocuparam o lugar da Inglaterra como a maior economia do mundo, exportando e atendendo às necessidades de produtos e recursos financeiros de outros países. Depois da guerra, essa situação se manteve, já que os países europeus estavam reconstruindo suas indústrias e cidades e precisavam de importações. Além disso, na década de 1920, os Estados Unidos puderam mudar sua posição de devedor para credor mundial e iniciaram um movimento de exportação de capital, em parte através da instalação de companhias nacionais no resto do mundo. Os governos sabiam que a suspensão do padrão-ouro seria temporária, para acomodar os gastos da guerra. Com o fim da mesma, muitos governantes aderiram novamente ao lastro em ouro da moeda. Essa vontade de resgatar o padrão-ouro tem como uma de suas justificativas a estabilidade de preços que o sistema propiciou no período anterior. A moeda de valor instável não permite que haja bom funcionamento do mercado, já que distorce o sistema de preços. Assim, buscou-se na década de 1920 o padrão monetário existente no pré- guerra, que havia possibilitado um crescimento significativo nos fluxos comerciais e uma situação econômica boa (Eichengreen, 1996). Os fatos de a moeda ser estável e de os governos terem que agir disciplinadamente em relação às políticas econômicas de manutenção do padrão-ouro eram pontos positivos para os negócios. A incerteza não afetava significativamente as decisões dos investidores, e assim poupança e investimento eram encorajados por esse sistema monetário. Isso, na mentalidade da época, garantiria a volta da economia à normalidade do pré-guerra. Datada de 1918, o trecho da Comissão Cunliffe, um grupo britânico voltado para a análise dos problemas monetários do pós-guerra liderado por Lord Cunliffe, diretor do Banco da Inglaterra, retrata a visão de muitos líderes sobre o padrão-ouro naquele período: “In our opinion it is imperative that after the war the conditions necessary to the maintenance of an effective gold standard should be restored without delay” (Eichengreen, 2000, p. 8). Na maioria dos países do mundo o padrão-ouro foi restabelecido. Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha e outras potências da Europa Ocidental readaptaram seus sistemas monetários, condicionando a emissão de moedas às reservas em ouro. Países da América Latina e do Leste Europeu se esforçavam para fazer o mesmo, visto que era interessante para
eles devido à diminuição do risco país e das taxas de juros de empréstimos externos e do conseqüente aumento do investimento estrangeiro. Enquanto isso, os asiáticos e os africanos estavam fora do padrão-ouro internacional. Foi-se criando, assim, uma associação desse sistema a sociedades mais desenvolvidas e civilizadas (Eichengreen & Temin, 2000).
maneira de reduzir os preços era reduzir os custos de produção, e o maior deles era o trabalho (Eichengreen & Temin, 2000). Nos Estados Unidos, os anos 1920 foram de expansão. As indústrias, através do taylorismo, tinham maior produtividade e, assim, aumentaram muito a produção de diversos bens, seja de consumo, seja para servir como matéria-prima. A agricultura também produzia aceleradamente. Nova Iorque se tornou o centro financeiro internacional, tomando o lugar de Londres. A renda nacional aumentou de forma desigual. Alguns setores econômicos geravam mais receita, pagando maiores salários, do que outros. As empresas cresciam e se concentravam, causando concentração também da renda (Romer, 1988). Apesar de ter sido um período de prosperidade, não foi um crescimento excepcional. Os preços se mantiveram quase constantes e houve até recessões leves na década, nos anos de 1924 e 1927. Porém, no mercado financeiro a expansão foi absurda. O mercado acionário do país vivenciava uma euforia e o preço dos papéis chegou a ter aumento de 400% durante a década, o que acabou se tornando, mais tarde, uma especulação em níveis preocupantes (Romer, 2003). Na segunda metade de 1920, o padrão-ouro retornou à forma como ele era antes da Primeira Guerra Mundial, ou seja, a compensação do balanço de pagamentos não mais era feita através de pagamentos com divisas estrangeiras, pois voltou a ser realizada com ouro. Surgiu então um problema para as autoridades: a quantidade relativamente baixa de ouro em circulação, quando comparada ao número de transações que estavam sendo realizadas naquele período, no qual havia crescimento econômico no mundo. O ouro precisava circular para que o comércio ocorresse, mas, ao mesmo tempo, era necessário haver reservas do metal nos bancos centrais para garantir a conversibilidade das notas. Graças às políticas adotadas pela França e pela Alemanha, políticas tais que não serão estudadas aqui^4 , o ouro fluía para os bancos centrais desses países, tornando a escassez do metal mais aguda e forçando os outros países a tentarem reter suas reservas através da elevação da taxa de juros e da restrição ao crédito (Eichengreen, 1996). Nos Estados Unidos, as bolsas de valores de Wall Street concentravam cada vez mais dinheiro, caracterizando um boom especulativo. Isso estimulou o governo a conter essa especulação elevando a taxa de juros em 1928 enquanto o Federal Reserve Bank (FED) aumentava a taxa de redesconto. Essa política monetária contracionista diminuiu o ritmo da economia norte-americana e, com taxas elevadas, o ouro não saía mais da nação com a maior
(^4) Para saber mais sobre a causa desse “fluxo natural”, ver Eichengreen (1996).
quantidade de reservas daquele tempo (quase 45% do estoque mundial do metal estava nos Estados Unidos, como pode ser visto na tabela 1). Logo na segunda metade de 1928 os empréstimos norte-americanos ao exterior foram zerados, revertendo a tendência vista anteriormente. Em resposta à ação do FED, outros bancos centrais não tiveram escolha e adotaram taxas de redesconto mais altas.
Tabela 1: Estoque de ouro nos países (percentual do estoque mundial) ANO ESTADOS UNIDOS
Fonte: Eichengreen (1996), tabela 3.1.
A crise de 1929 foi uma contração econômica causada pelo estouro da bolha do mercado de ações. Quando uma variedade de eventos menores levou a uma gradual diminuição nos preços em outubro de 1929, os investidores perderam a confiança no mercado e a bolha estourou. A queda dos preços forçou alguns investidores a liquidar seus ativos, o que acabou agravando tal queda (Romer, 2003). O pânico nas vendas dos papéis se iniciou na “Quinta-feira Negra”, em 24 de outubro. Em dois dias, o índice de preços do mercado de ações caiu de 298 para 230. Entre o pico em setembro e a baixa em novembro, tal índice declinou 40% (Blanchard, 2004). É graças a esta diminuição significativa que o acontecimento passou a ser conhecido como o Grande Crash de 1929.