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Guias e Dicas
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Busca pela Satisfação do Vitimado: Objetivo da Pena e Evolução do Direito Processual, Notas de aula de Direito

Uma reflexão sobre a busca pela satisfação do indivíduo vitimado como finalidade da pena, com referências aos institutos fundamentais do direito processual, princípios constitucionais e informativos, imparcialidade e outros participantes, processo eletrônico, jurisdição, ação e exceção, natureza e classificação do processo civil, teorias acerca da natureza jurídica do processo, processo e vinculação dos destinatários do ato final, e a importância da teoria geral do processo na organização de interesses. O autor agradece referências importantes de antonio carlos de araújo cintra, ada pellegrini grinover e cândido rangel dinamarco.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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FLÁVIO LUIZ YARSHELL
CURSO DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
Vol. I
2.ª Edição
Silvio leite GuimarãeS Neto
UMA TEORIA DA PENA BASEADA NA VÍTIMA
A busca pela satisfação do indivíduo vitimado
como finalidade da pena
MADRI | BARCELONA | BUENOS AIRES | SÃO PAULO
Curso Direito Processual Civil - vol I.indb 3Curso Direito Processual Civil - vol I.indb 3 15-07-2020 20:24:1015-07-2020 20:24:10
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FLÁVIO LUIZ YARSHELL

CURSO DE DIREITO

PROCESSUAL CIVIL

Vol. I

2.ª Edição

S ilvio leite G uimarãeS N eto

UMA TEORIA DA PENA BASEADA NA VÍTIMA

A busca pela satisfação do indivíduo vitimado

como finalidade da pena

MADRI | BARCELONA | BUENOS AIRES | SÃO PAULO

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AGRADECIMENTOS 1

Se, como já se disse com sabedoria, a gratidão é a mãe de todas as virtudes, agradecer é indispensável. Mas, considerando que este livro é resultado de dife- rentes atividades realizadas ao longo de décadas, reputo impossível cobrir todo essa extensão de tempo e tal complexidade de conteúdo para aí identificar tudo e todos aos quais devo meu reconhecimento. Portanto, a limitação é inevitável. Agradeço inicialmente ao Doutor Marcelo Porciuncula que, em nome da Editora, fez o convite para a empreitada. Sou grato pela fé na consecução do trabalho, pela gentileza e pela paciência que sempre me dedicou. Espero poder retribuir dando sequência aos próximos volumes, para complementar o projeto do Curso. Agradeço também aos Doutores Guilherme Setoguti Pereira e Viviane Si- queira Rodrigues. Estamos juntos desde seu curso de graduação, quando tive a oportunidade de lhes ministrar aulas de Processo Civil. Continuamos hoje juntos nas atividades de pós-graduação e em outras tarefas acadêmicas. Sem eles, não teria sido possível realizar este trabalho. Eles foram responsáveis pelo levanta- mento dos textos que eu houvera produzido e divulgado por diferentes canais. Mais do que isso, sua ajuda na atualização e na pesquisa foi indispensável. Os debates que travamos e a revisão final da obra me levaram a repensar ou a consolidar posições. Espero que o tempo ainda nos reserve muito mais trabalho e, portanto, convívio gratificante. Conto com eles na continuação. Agradeço a meus Mestres, constante fonte de inspiração, consciente ou não. Naturalmente, eles foram muitos ao longo do tempo. Faço-o, primeiramente, na pessoa do Professor Antonio Junqueira de Azevedo, de saudosa memória

  1. Constantes da primeira edição.

SUMÁRIO

Imprescindíveis palavras ao leitor desta obra .............................. 23 Prefácio à 2ª edição ............................................................ 27

TíTulo I Conceitos introdutórios CApítulo I Sociedade e tutela jurídica

  1. Interesses e conflitos ...................................................... 31
  2. Caráter heterogêneo dos conflitos ...................................... 32
  3. Crises ........................................................................ 33
  4. Pretensão .................................................................... 34
  5. Relação entre pretensão e interesse processual ...................... 35
  6. Formas de solução de conflitos ......................................... 36
  7. Autotutela ................................................................... 37
  8. Autocomposição ........................................................... 38

CApítulo II Direito material e direito processual

  1. Dois diferentes planos .................................................... 41
  2. Distinção a partir do «bem da vida» ................................... 42

10 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

  1. Direito material e evolução metodológica do direito processual .. 44
  2. Os institutos fundamentais do direito processual (ação, exceção, jurisdição e processo) ..................................................... 46
  3. Direito material e processo: instrumentalidade e efetividade ...... 47
  4. Direito processual material? ............................................. 48
  5. Normas processuais e efeitos substanciais ............................ 49
  6. Normas processuais fora do Código de Processo Civil ............ 51
  7. Desdobramentos da distinção entre direito material e processual 52

CApítulo III Fontes, interpretação e eficácia da norma processual

  1. Fontes da norma processual ............................................. 55
  2. Interpretação da norma processual ..................................... 59
  3. Classificação segundo o método ........................................ 60
  4. Segue: analogia e princípios gerais .................................... 62
  5. Segue: método comparativo ............................................. 64
  6. Classificação segundo o agente ......................................... 66
  7. Segue: classificação quanto ao resultado .............................. 69
  8. Norma processual no tempo ............................................. 71
  9. Segue: a regra do «isolamento» dos atos processuais ............... 73
  10. Segue: atos processuais complexos .................................... 75
  11. Segue: lei nova e modulação de efeitos ............................... 75
  12. Segue: normas processuais sancionadoras ............................ 77
  13. Norma processual no espaço ............................................ 78

TíTulo II Princípios do Direito Processual Civil CApítulo I Os princípios, a jurisdição e a Constituição

  1. Princípios e escopos da jurisdição...................................... 83
  2. Princípios e regras ........................................................ 84

12 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

CApítulo III

CApítulo IV

CApítulo V

CApítulo VI

15

CApítulo II Princípios da jurisdição

  1. Princípios da jurisdição .................................................. 207
  2. Investidura .................................................................. 207
  3. Aderência ao território ................................................... 208
  4. Indelegabilidade............................................................ 211
  5. Inevitabilidade.............................................................. 212
  6. Inafastabilidade, juiz natural e inércia ................................. 213

CApítulo III Espécies de jurisdição

  1. Espécies de jurisdição .................................................... 215
  2. Segue: critério do objeto ................................................. 216
  3. Posição hierárquica ....................................................... 218
  4. Jurisdição de direito e de equidade .................................... 219
  5. Segue: equidade e discricionariedade .................................. 220
  6. Jurisdição una e dúplice .................................................. 221
  7. Jurisdição estatal e não estatal .......................................... 222

CApítulo IV Jurisdição e competência

  1. Jurisdição e competência ................................................. 225
  2. Competência e inafastabilidade do controle jurisdicional .......... 226
  3. Competência e princípio do juiz natural .............................. 227
  4. Vinculação entre competência e processo ............................. 228

CApítulo V Critérios de determinação

  1. Critérios de determinação da competência ............................ 231
  2. Critério objetivo ........................................................... 232
  3. Critério territorial ......................................................... 235

SUMÁRIO

16 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

  1. Critério funcional.......................................................... 235
  2. Conflito entre regras inspiradas em critérios diversos .............. 238

CApítulo VI Etapas na determinação da competência

  1. Etapas na determinação da competência .............................. 241
  2. Competência internacional ............................................... 242
  3. Determinação da «Justiça» competente ................................ 243
  4. Competência originária ................................................... 247
  5. Competência de foro ...................................................... 247
  6. Competência de juízo ..................................................... 248
  7. Competência do juiz ...................................................... 249
  8. Competência recursal ..................................................... 251
  9. Competência para cumprimento da decisão .......................... 252

CApítulo VII Competência absoluta e relativa

  1. Competência absoluta e relativa ........................................ 255
  2. Segue: competência absoluta e relativa na arbitragem .............. 257
  3. Formas de modificação de competência (ou de prorrogação da incompetência) relativa ................................................... 259
  4. Segue: reunião de causas ................................................ 260
  5. Prevenção ................................................................... 263
  6. Prevenção e distribuição por dependência ............................ 264
  7. Perpetuação da competência ............................................. 266
  8. Competência e arbitragem ............................................... 268

CApítulo VIII Conflito e reconhecimento de incompetência

  1. Conflito de competência ................................................. 271
  2. Alegação de incompetência .............................................. 272
  3. Consequências do reconhecimento da incompetência ............... 274

18 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

CApítulo III

19

  1. Parte, parte legítima e terceiro.......................................... 345
  2. Legitimidade, direito material e mérito ............................... 346
  3. Legitimidade e pluralidade de partes (litisconsórcio) ............... 347
  4. Interesse processual ....................................................... 347
  5. Interesse e via processual adequada («ação cabível») ............... 349
  6. Legítimo interesse de agir ............................................... 350
  7. Interesse de agir no desenrolar do processo .......................... 351
  8. Segue: perda ulterior do interesse processual (carência superve- niente) ....................................................................... 352 CApítulo IV Elementos identificadores da ação
  9. Elementos identificadores da ação (ou da demanda) ................ 355
  10. Demandas «repetidas» e «repetitivas» .................................. 356
  11. Partes ........................................................................ 357
  12. Causa de pedir (próxima e remota) .................................... 357
  13. Fundamento jurídico e fundamento legal ............................. 358
  14. Pedido ....................................................................... 360
  15. Pedido imediato e mediato ............................................... 360
  16. Pedido, mérito e questões de mérito ................................... 361
  17. Pedido e requerimento ................................................... 362
  18. Iniciativa do pedido....................................................... 363

CApítulo V Aspectos conceituais de exceção

  1. Exceção (significados possíveis) ........................................ 365
  2. Exceção e ônus de alegação ............................................. 366
  3. Exceção e tutela jurisdicional ........................................... 367
  4. Exceção e limites à cognição vertical (profundidade) e horizontal (extensão) ................................................................... 368
  5. Hipóteses em que o réu deduz pedido ................................. 368

SUMÁRIO

CApítulo III CApítulo IV

    1. Imparcialidade e jurisdição Princípio da imparcialidade
    1. Imparcialidade e independência
    1. Independência e técnicas de uniformização da jurisprudência.....
    1. Independência e controle (interno e externo) da Magistratura
    1. Imparcialidade e juiz natural
    1. Imparcialidade e princípio da demanda
    1. Imparcialidade e providências de instrução determinadas de ofício
    1. Imparcialidade: impedimento e suspeição
    1. Caráter taxativo da previsão legal de impedimento e de suspeição?
    1. Adiantamento de juízos de mérito
    • estatal) 67. Imparcialidade e independência do árbitro (confronto com o juiz
    1. Imparcialidade e outros partícipes do processo
    1. Segue: imparcialidade do membro do Ministério Público
    1. Segue: imparcialidade de conciliadores e mediadores
    1. Contraditório e processo Princípio do contraditório
    1. Informação e reação
    1. Informação..................................................................
    1. Segue: informação e processo eletrônico
    1. Reação
    1. Contraditório e prova
    1. Contraditório: defesa técnica e autodefesa
    1. Contraditório e direito a recurso
    1. Contraditório e dever de colaboração (ou de cooperação)
    1. Contraditório e lealdade processual
      • SUMÁRIO
    1. Contraditório e formação do convencimento das partes
    1. Contraditório e motivação
    1. Contraditório, motivação e persuasão racional.......................
    1. Motivação ad relationem
    1. Contraditório e igualdade
    1. O juiz e o contraditório
    1. Derrogação ao princípio
    1. Contraditório e limites de cognição
    1. Princípio do contraditório no Código Civil
    1. Contraditório e atuação de organizações privadas
    1. Igualdade e escopos da jurisdição Princípio da igualdade
    1. Igualdade e acesso à Justiça
    1. Igualdade na relação jurídica processual
    1. Igualdade e processo eletrônico
    1. Igualdade e resultado do processo
    1. Inércia da jurisdição e iniciativa do interessado Princípio da ação ou da demanda
    1. Princípio da demanda e (o assim denominado) princípio dispositivo
    1. Segue: impulso oficial
    1. Disponibilidade e indisponibilidade
    • conhecer de ofício 100. Segue: princípio dispositivo e matérias que o juiz pode e deve
    1. Desdobramentos do princípio da demanda............................
    1. Princípio da demanda e outros princípios
    1. Segue: (aparentes) exceções
    1. Tutela condenatória e tipicidade
    1. Tutela cautelar
    1. Tutela cautelar e efeitos substanciais
    • da tutela provisória 192. Tutela de urgência (cautelar e antecipada): inserção no contexto
    1. O caráter atípico da tutela provisória (cautelar e antecipada)
    1. A efetivação da tutela provisória
    • correspondente exigência de motivação) 195. Fundamentos autorizadores da concessão da tutela provisória (e a
    1. Tutela provisória requerida em caráter antecedente ou incidental
    • antecedente 197. Tutela provisória antecipada de urgência requerida em caráter
    1. Estabilização da tutela provisória antecipada de urgência..........
    1. Tutela provisória cautelar requerida em caráter antecedente
    1. Classificação das ações ou das tutelas (síntese)
    1. Condições da ação e direito material Condições da ação
    1. Razão de ser das condições da ação
    1. Condições da ação e mérito (as «falsas carências»)
    1. Segue: teoria da asserção
    1. Valor e atualidade da categoria das condições da ação
    1. Condições da ação e inafastabilidade do controle jurisdicional
    1. Condições «especiais» da ação
    • «condições de procedibilidade» 208. Condições da ação, pressupostos processuais e (as assim ditas)
    1. Possibilidade jurídica da demanda......................................
    1. Possibilidade jurídica e tipicidade da ação
    1. Legitimidade ordinária e extraordinária
    1. Segue: a oralidade no CPC vigente
    1. Perspectivas da oralidade
    1. Alteração do procedimento pelo juiz
    1. Alteração do procedimento ( rectius do processo) pelas partes
    1. Negócio processual: elementos de existência.........................
    1. Segue: requisitos de validade
    1. Atos processuais: introdução Atos processuais
    1. Forma dos atos processuais..............................................
    1. Lugar
    1. Tempo
    1. Segue: prazos processuais (espécies)
    1. Segue: contagem...........................................................
    1. Lugar e tempo: repercussões do processo eletrônico
    1. Atos processuais sob a ótica dos respectivos sujeitos
    1. Segue: conceito de sentença
    1. Atos dispositivos das partes
    1. Relação jurídica processual Relação jurídica processual
    1. Relação processual e contraditório
    1. Objeto da relação processual
    1. Sujeitos da relação processual...........................................
    1. Segue: capacidade
    • tentativa de delimitação 276. Pressupostos da relação processual (ou pressupostos processuais):
    1. Segue: quais são os pressupostos processuais?.......................

22 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

  1. Utilidade metodológica da categoria dos pressupostos processuais 442
  2. Pressupostos processuais e condições da ação ....................... 442
  3. Características da relação processual .................................. 443

24 FLÁVIO LUIZ YARSHELL

O risco é consciente: esta não é ainda a íntegra do Manual que gostaria de escrever. Mas talvez este seja o primeiro passo; ou mais um passo no processo de amadurecimento, que poderá resultar do acúmulo de mais experiência e da crítica construtiva daqueles que porventura se valham deste trabalho. Sirvo-me aqui do conselho de um Colega (de outra área do Direito) mais experiente na arte de escrever livros com o perfil aqui almejado: «a primeira edição de todo Manual é sempre um rascunho...». É um conselho sábio, não porque consinta em liberar as barreiras da autocrítica responsável e equilibrada; mas porque encerra postura de humildade intelectual. Sempre será possível e necessário melhorar. Mas é preciso dar o primeiro passo. Então, aqui vai o «rascunho» de uma obra que pretende ser o primeiro volume de uma série cuja extensão é ainda indeterminada para mim (embora a intenção inicial fosse a de concentrar toda a matéria num só volume). Nesse contexto, a presente obra é o resultado do exercício de mais de trinta anos de docência, aliado a reflexões extraídas – por tempo ainda superior – de palestras, conferências, bancas de concurso e de exames de tese, peças pro- cessuais, votos, pareceres, artigos esparsos e até mesmo de precedentes obras dedicadas a assuntos específicos. Nesse ambiente, este trabalho foi pensado e escrito essencialmente para aqueles que iniciam o estudo do Direito Processual, conquanto se proponha a ser crítico e, nessa medida, eventualmente possa apro- veitar aos acadêmicos de outros patamares e, conforme acima foi mencionado, até aos profissionais que militam no foro. O trabalho tem como referência fundamental o direito positivo brasileiro, descrito e pensado essencialmente à luz da doutrina e da jurisprudência pátrias. Por ser o resultado também da experiência acumulada no exercício da docência e por ter escopo didático, a obra não apresenta remissões próprias de trabalhos como dissertações e teses. Fica a sugestão de que a leitura seja acompanhada da constante consulta aos textos legais. Eles foram referidos nesta obra com o objetivo de ilustrar os conceitos e, ao mesmo tempo, permitir, tanto quanto possível, visão mais abran- gente do ordenamento. A alusão a dispositivos da lei, quando ainda são tratados temas essencialmente conceituais, pode até soar metodologicamente inadequada por ser prematura. Estou convencido do contrário: o aprendizado será tanto melhor quanto mais rapidamente o aluno puder associar o conceito ao modo pelo qual ele foi tratado pela lei. Ainda que a compreensão seja incompleta no primeiro momento, a combinação de conceito e de referência legal tende a ser construtiva, sem amesquinhar o ensino da disciplina a pretexto de ser positivista. Mas o trabalho evita – embora sem excluir totalmente – a transcrição dos dispositivos porque sua leitura está ao alcance do leitor sem a necessidade de intermediação. Com isso se quis evitar ociosas repetições que tornam o texto

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artificialmente alentado, sem ganho pedagógico relevante. O que a obra pretende, nesse particular, é tratar daquilo que não se contém na literalidade dos textos legais, embora seja imprescindível sublinhar que o contato tão frequente quanto possível com essas fontes – no caso dos estudantes – tenda a contribuir de forma relevante para o aprendizado. Portanto, o que se propõe é que a leitura desta obra provoque a ida frequente aos textos legais e que sirva como uma espécie de guia para sua leitura ordenada e crítica. Ao leitor estudante de graduação, um conselho que nada pretende ter de polêmico: de preferência, na fase do aprendizado, ideal é que os textos legais não sejam daqueles anotados com jurisprudência. Não que ferramentas dessa ordem não sejam úteis. Muito pelo contrário, pouca coisa é tão eficiente para um profissional do Direito quanto um código repleto de pertinentes e atualizadas referências às decisões dos tribunais. Obras como essa são sucessos editoriais e prestam relevantes serviços. Mas é justamente o relativo conforto – na falta de palavra melhor – das fórmulas cristalizadas em tais anotações que pode, parado- xalmente, gerar o risco de amesquinhar o estudo, justamente num momento em que ele precisa ser expandido ao máximo. A formação do estudante com apoio apenas nesses enunciados – que tendem a simplificar o que é essencialmente complexo – pode prejudicar o raciocínio lógico e jurídico, além do espírito crítico; todos eles indispensáveis para o verdadeiro aprendizado. Aliás, aí está o ponto mais importante: de nada vale o conhecimento dos textos legais se ele não considerar sua inserção no sistema e se não for feito de forma crítica. Resumos e fórmulas prontas – cuja leitura é de fato mais «doce», para usar apenas uma imagem – devem vir depois que estiverem sedimentadas as bases mais sólidas, resultantes de um estudo sistemático e crítico. Por isso, o aprendizado mediante o emprego de sinopses ou resumos – que podem até ter serventia em outro contexto – é simplesmente inviável. Ainda ao leitor estudante de graduação, fica o conselho de que não há fór- mula mágica para o verdadeiro aprendizado, que – feliz ou infelizmente – não pode ser instantâneo; embora o imediatismo pareça ser a marca contemporânea do contato com a informação, de um modo geral. Não é possível resumir ou sintetizar aquilo que não se apreendeu em essência. O aprendizado requer dedi- cação e – se não amor pela matéria – ao menos algum interesse. Há de existir alguma forma de gratificação nesse caminho, percorrido às vezes lentamente, em que o aluno é posto em contato com informações, sobre as quais reflete para que, algum tempo depois, as compreenda com inteireza e profundidade. É preciso deixar que a matéria penetre na mente como música, que se deixa entrar pelos ouvidos, ainda que não se possa perceber toda sua complexidade, riqueza e beleza num só e primeiro momento. O ideal é que esse processo ocorra quando do curso de graduação. Re-

AO LEITOR