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Guias e Dicas
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Curso de Cálculo 3, Exercícios de Cálculo

Um bom livro com exercıcios e figuras, e referência para a montagem deste curso é: Cálculo, v.2 de James Stewart, editora CENGAGE. Livros de um nıvel mais ...

Tipologia: Exercícios

2022

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Curso de alculo 3
alculo vetorial, sequˆencias e eries
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIˆ
ENCIAS EXATAS E DA NATUREZA
Usado na disciplina: alculo 3 - 2010.1
Autores: (1a vers˜ao) Gabriel Coutinho
Data: Mar/2010
Observa¸ao importante: Ao longo do que segue, ao estaremos preocupados com os devidos
cuidados formais que algumas defini¸oes, passagens, coment´arios e demonstra¸oes exigem. Este ´e
um texto com o objetivo de motivar e explicar, e ao de apresentar resultados matem´aticos formais.
Para os que quiserem textos rigorosos a n´ıvel de um curso de alculo, sugiro:
alculo 2 de Serge Lang, editora Ao Livro ecnico S.A.
Um curso de alculo vols 2, 3 e 4 de Hamilton Guidorizzi, editora LTC.
Um bom livro com exerc´ıcios e figuras, e referˆencia para a montagem deste curso ´e:
alculo, v.2 de James Stewart, editora CENGAGE.
Livros de um n´ıvel mais aprofundado, para os que quiserem contato com matem´atica a ıvel
superior, ao:
Geometria Diferencial de Curvas e Superf´ıcies de Manfredo P. Carmo, editora da SBM.
An´alise Real v.1 de Elon L. Lima, editado pelo IMPA.
O autor cita ainda
All the Mathematics You Missed - But Need to Know for Graduate School de Thomas A. Garrity,
Cambridge University Press.
como uma excelente fonte para revisar assuntos de cursos de alculo que ele na verdade nunca prestou
muita aten¸ao. Inclusive, as demonstra¸oes para os Teoremas de Stokes e Gauss foram fortemente
inspiradas (copiadas) deste livro.
O autor agradece ao prof. ergio Santa Cruz (UFPE) pelas notas de aula que inspiraram o apˆendice
sobre geometria diferencial de curvas.
Por ´ultimo, o autor sugere a qualquer estudante que realmente deseje aprender alculo (eu sei que
existem) que fa¸ca mais exerc´ıcios do que os que constam nessas notas.
O texto a seguir ao foi bem revisado, e poder´a conter erros. Gentileza report´a-los ao
autores, assim como quaisquer cr´ıticas, d´uvidas, coment´arios, sugest˜oes e principalmente
elogios: gmcout@gmail.com.
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Curso de C´alculo 3

C´alculo vetorial, sequˆencias e s´eries

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIEˆNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

Usado na disciplina: C´alculo 3 - 2010. 1

Autores: ( 1 a vers˜ao) Gabriel Coutinho Data: Mar/ 2010

Observa¸c˜ao importante: Ao longo do que segue, n˜ao estaremos preocupados com os devidos

cuidados formais que algumas defini¸c˜oes, passagens, coment´arios e demonstra¸c˜oes exigem. Este ´e

um texto com o objetivo de motivar e explicar, e n˜ao de apresentar resultados matem´aticos formais.

Para os que quiserem textos rigorosos a n´ıvel de um curso de C´alculo, sugiro:

C´alculo 2 de Serge Lang, editora Ao Livro T´ecnico S.A.

Um curso de C´alculo vols 2 , 3 e 4 de Hamilton Guidorizzi, editora LTC.

Um bom livro com exerc´ıcios e figuras, e referˆencia para a montagem deste curso ´e:

C´alculo, v. 2 de James Stewart, editora CENGAGE.

Livros de um n´ıvel mais aprofundado, para os que quiserem contato com matem´atica a n´ıvel

superior, s˜ao:

Geometria Diferencial de Curvas e Superf´ıcies de Manfredo P. Carmo, editora da SBM.

An´alise Real v. 1 de Elon L. Lima, editado pelo IMPA.

O autor cita ainda

All the Mathematics You Missed - But Need to Know for Graduate School de Thomas A. Garrity, Cambridge University Press.

como uma excelente fonte para revisar assuntos de cursos de c´alculo que ele na verdade nunca prestou

muita aten¸c˜ao. Inclusive, as demonstra¸c˜oes para os Teoremas de Stokes e Gauss foram fortemente

inspiradas (copiadas) deste livro.

O autor agradece ao prof. S´ergio Santa Cruz (UFPE) pelas notas de aula que inspiraram o apˆendice

sobre geometria diferencial de curvas.

Por ´ultimo, o autor sugere a qualquer estudante que realmente deseje aprender c´alculo (eu sei que

existem) que fa¸ca mais exerc´ıcios do que os que constam nessas notas.

O texto a seguir n˜ao foi bem revisado, e poder´a conter erros. Gentileza report´a-los ao

autores, assim como quaisquer cr´ıticas, du´vidas, coment´arios, sugest˜oes e principalmente

elogios: gmcout@gmail.com.

Sum´ario

  • I 1 a unidade
  • 1 Curvas parametrizadas
    • 1 1 Introdu¸c˜ao
    • 1 2 A derivada de uma curva - 1 2 1 Curva (parametriza¸c˜ao) regular - 1 2 2 Reparametriza¸c˜ao
    • 1 3 O comprimento de uma curva - 1 3 1 Reparametriza¸c˜ao pelo comprimento do arco
    • 1 4 Exerc´ıcios
  • 2 Integrais de linha e campos vetoriais
    • 2 1 Integrais de linha por comprimento de arco
    • 2 2 Integrais de linha sobre campos vetoriais - 2 2 1 Trabalho - 2 2 2 Integral de linha sobre um campo - 2 2 3 Campos Conservativos - Conservativos 2 2 4 Teorema Fundamental da Integrais de Linha sobre Campos
    • 2 3 Exerc´ıcios
  • 3 Teorema de Green
    • 3 1 Exerc´ıcios
  • A Apˆendice - Geometria de Curvas
    • A. 1 Curvatura para curvas planas
    • A. 2 Curvas espaciais - o triedro de Frenet e a tor¸c˜ao - A. 2 1 F´ormulas de Frenet
    • A. 3 Parametriza¸c˜oes quaisquer e f´ormulas - A. 3 1 F´ormula para curvatura - A. 3 2 F´ormula para tor¸c˜ao
    • A. 4 Existˆencia e Unicidade de curvas - breve coment´ario
    • A. 5 Exerc´ıcios
  • II - unidade a
  • 4 Superf´ıcies parametrizadas e integrais de superf´ıcie
    • 4 1 Introdu¸c˜ao
    • 4 2 Plano tangente e vetor normal
    • 4 3 A´rea de superf´ıcies
    • 4 4 Integrais de superf´ıcie
    • 4 5 Exerc´ıcios
  • 5 Teorema de Stokes e Teorema da Divergˆencia
    • 5 1 Teorema de Stokes
    • 5 2 Teorema da Divergˆencia
    • 5 3 Exerc´ıcios
  • B Demonstra¸c˜ao do Teorema de Stokes e do Teorema da Divergˆencia
    • B. 1 Demonstra¸c˜ao do Teorema de Stokes
    • B. 2 Demonstra¸c˜ao do Teorema da Divergˆencia
  • C Revis˜ao - integrais triplas
    • C. 1 Coordenadas retangulares
    • C. 2 Mudan¸ca de vari´aveis
    • C. 3 Coordenadas cil´ındricas
    • C. 4 Coordenadas esf´ericas
    • C. 5 Aplica¸c˜ao: C´alculo de volumes
    • C. 6 Exerc´ıcios
  • III 3 a unidade
  • 6 Sequˆencias
    • 6 1 Crit´erios de convergˆencia
    • 6 2 Exemplos cl´assicos
    • 6 3 Exerc´ıcios
  • 7 S´eries
    • 7 1 Crit´erios de convergˆencia e divergˆencia
      • 7 1 1 Crit´erios para s´eries de termos positivos
      • 7 1 2 S´eries de termos quaisquer
    • 7 2 Exemplos mais sofisticados e um resultado surpreendente
    • 7 3 Exerc´ıcios
  • 8 S´eries de Potˆencias e S´eries de Taylor
    • 8 1 Raio de Convergˆencia
    • 8 2 S´eries de Taylor
      • 8 2 1 Derivada e integral de uma s´erie
      • 8 2 2 S´erie de Taylor de uma fun¸c˜ao
    • 8 3 Exerc´ıcios
  • D Breve introdu¸c˜ao `as fun¸c˜oes complexas
    • D. 1 Revis˜ao das propriedades b´asicas
      • D. 1 1 Aritm´etica
      • D. 1 2 O plano complexo e a forma trigonom´etrica
      • D. 1 3 F´ormulas de deMo¨ıvre
      • D. 1 4 Exerc´ıcios desta se¸c˜ao
    • D. 2 Fun¸c˜oes complexas e a derivada
      • D. 2 1 Derivada complexa
      • D. 2 2 Equa¸c˜oes de Cauchy-Riemann
    • D. 3 S´eries de potˆencias complexas
      • D. 3 1 S´eries de potˆencias
      • D. 3 2 S´erie de Taylor
      • D. 3 3 F´ormula para as fun¸c˜oes
    • D. 4 Exerc´ıcios
  • E Uma breve introdu¸c˜ao `as S´eries de Fourier e uma aplica¸c˜ao not´avel
    • E. 1 S´eries de Fourier
    • E. 2 Identidade de Parseval
    • E. 3 Aplica¸c˜ao para o c´alculo da soma dos inversos de potˆencias pares
      • E. 3 1 Expoente igual a
      • E. 3 2 Expoente igual
      • E. 3 3 Expoente par qualquer
      • E. 3 4 Dificuldade para expoente ´ımpar
  • IV Gabaritos
  • 9 Curvas parametrizadas
    • 9 1 Introdu¸c˜ao
    • 9 2 A derivada de uma curva
      • 9 2 1 Reparametriza¸c˜ao
    • 9 3 O comprimento de uma curva
    • 9 4 Exerc´ıcios
  • 10 Integrais de linha e campos vetoriais
    • 10 1 Integrais de linha por comprimento de arco
    • 10 2 Exerc´ıcios
  • 11 Teorema de Green
    • 11 1 Exerc´ıcios
  • F Apˆendice - Geometria de Curvas
    • F. 1 Exerc´ıcios
  • 12 Superf´ıcies parametrizadas e integrais de superf´ıcie
    • 12 1 Exerc´ıcios
  • 13 Teorema de Stokes e Teorema da Divergˆencia
    • 13 1 Teorema de Stokes
    • 13 2 Exerc´ıcios
  • 14 Sequˆencias
    • 14 1 Exerc´ıcios
  • 15 S´eries
    • 15 1 Exerc´ıcios
  • 16 S´eries de Potˆencias e S´eries de Taylor
    • 16 1 Exerc´ıcios

Cap´ıtulo 1

Curvas parametrizadas

  1. 1 Introdu¸c˜ao

Nosso ambiente de estudo poder´a ser os espa¸cos R^2 ou R^3. Nosso interesse inicial ´e descrever curvas

nestes espa¸cos, e para tal vamos introduzir a id´eia de curva parametrizada.

Defini¸c˜ao 1. 1. Uma curva parametrizada em R^2 ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua definida num intervalo I dos

nu´meros reais. Ou seja, α : I → R^2 que associa a cada nu´mero no intervalo a um ponto no plano.

Ser´a comum representarmos da forma a seguir:

α(t) = (x(t), y(t))

A motiva¸c˜ao de introduzir essa defini¸c˜ao para falarmos de curvas no R^2 ´e que nem todas as curvas

podem ser expressas como o gr´afico de uma fun¸c˜ao f : R → R. Por exemplo, n˜ao existe fun¸c˜ao desta

forma cuja o gr´afico seja uma circunferˆencia. No m´aximo podemos expressar uma semi-circunferˆencia

fazendo f (t) =

1 − t^2 (no caso, o raio seria 1 ).

Exemplo 1. 1. Por outro lado, a circunferˆencia de raio 1 pode ser representada como uma curva

parametrizada da seguinte forma:

α(t) = (cos(t), sen(t))

onde t ∈ [ 0 , 2 π], ou seja, α : [ 0 , 2 π] → R^2. Para se convencer disto, basta pensarmos no c´ırculo

trigonom´etrico, que ´e um c´ırculo e as coordenadas dos pontos s˜ao exatamente o seno e o cosseno do

A^ ˆngulo (no caso, o nosso parˆametro t).

Note que neste exemplo, x(t) = cos(t) e y(t) = sen(t).

Talvez seja interessante imaginarmos uma curva parametrizada como um ponto descrevendo uma

trajet´oria no plano. Mesmo que trajet´oria seja o c´ırculo unit´ario, existem diversas como um ponto

pode percorrˆe-la: velocidade baixa, alta, constante ou vari´avel, acelerando e depois desacelerando, etc.

Esta forma de percorrer ´e dada pela parametriza¸c˜ao. Isto nos sugere que diferentes parametriza¸c˜oes

podem ter a mesma curva como imagem.

Exemplo 1. 2. A curva β(t) = (cos( 2 t), sen( 2 t)) com t ∈ [ 0 , π] ´e exatamente o c´ırculo unit´ario, mas ´e

como se a velocidade tivesse sido duas vezes maior. E ainda, (cos(t^2 ), sen(t^2 )), com t ∈ [ 0 ,

2 π] ´e a

mesma curva, mas ´e como se a velocidade fosse aumentando a medida que t cresce. Futuramente, ao

falarmos de derivada, vamos quantificar esta no¸c˜ao de velocidade.

Estender os coment´arios acima para o espa¸co R^3 ´e f´acil.

Defini¸c˜ao 1. 2. Uma curva parametrizada em R^3 ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua α : I → R^3 que associa

a cada n´umero no intervalo I ⊂ R a um ponto no espa¸co. Ser´a comum representarmos da forma a

seguir:

α(t) = (x(t), y(t), z(t))

Exemplo 1. 3. Consideramos a seguinte curva

γ(t) = (cos(t), sen(t), t)

onde t ∈ [ 0 , 2 π]. Qual o formato desta curva? Para responder perguntas deste tipo, o mais interessante

´e eliminarmos uma coordenada de modo que ela se torne mais familiar. Por exemplo, se n˜ao existisse

a ´ultima, seria exatamente o c´ırculo do exemplo anterior. Significa que onde quer que ela esteja no

espa¸co, sua proje¸c˜ao no plano ser´a o c´ırculo unit´ario, ou seja, esta curva localiza-se no cilindro reto

sobre este c´ırculo.

Ocorre que a medida que o parˆametro t aumenta, de 0 a 2 π, as duas primeiras coordenadas fazem

os pontos da curva descrevem uma trajet´oria circular, ao passo que a u´ltima coordenada faz os pontos

“subirem”. Ou seja, teremos um formato helicoidal - a curva ser´a uma h´elice!

Exemplo 1. 4. Qual uma curva parametrizada que representa a interse¸c˜ao entre o cilindro x^2 + y^2 = 1

e o plano y + z = 2? Ora, chamando x = x(t), y = y(t) e z = z(t), temos que:

x(t)

2

  • y(t)

2 = 1

O conjuntos de todos os pontos que satisfazem tal equa¸c˜ao ´e justamente x(t) = cos(t) e y(t) = sen(t),

com t ∈ [ 0 , 2 π]. Agora:

y(t) + z(t) = 2 ⇒ sen(t) + z(t) = 2 ⇒ z(t) = 2 − sen(t)

Portanto nossa curva ser´a:

α(t) = (cos(t), sen(t), 2 − sen(t)) com t ∈ [ 0 , 2 π]

Exemplo 1. 5. Este exemplo ´e um exerc´ıcio. Qual uma curva parametrizada que representa a in-

terse¸c˜ao entre o parabol´oide y = x^2 + z^2 com o plano x = z ??

( 1 ) Encare estas vari´aveis como as fun¸c˜oes x(t), y(t), z(t). ( 2 ) O que vocˆe pode dizer facilmente

sobre x(t) e z(t)? ( 3 ) Arbitrariamente, decida que alguma destas fun¸c˜oes ser´a simplesmente = t.

Quais parecem uma boa escolha? ( 4 ) Substitua na express˜ao para y(t).

Vocˆe seria capaz de desenhar esta curva? Tendo chamado x(t) de t^2 , ter´ıamos obtido a mesma

curva? E se fosse t^3?

Citamos que uma curva parametrizada deve ser uma fun¸c˜ao cont´ınua. De fato, para que isto

ocorra, ´e necess´ario e suficiente que cada fun¸c˜ao coordenada seja cont´ınua. A proposi¸c˜ao a seguir

esclarece este fato:

Proposi¸c˜ao 1. 1. Seja α : I → R^3 uma curva parametrizada tal que α(t) = (x(t), y(t), z(t)). Ent˜ao:

lim t→t 0

α(t) = ( lim t→t 0

x(t), lim t→t 0

y(t), lim t→t 0

z(t))

Se cada componente ´e cont´ınua, teremos que:

( lim t→t 0

x(t), lim t→t 0

y(t), lim t→t 0

z(t)) = (x(t 0 ), y(t 0 ), z(t 0 ))

Logo limt→t 0 α(t) que ´e exatamente a primeira parte ser´a igual a α(t 0 ), que ´e segunda parte, garantindo

que a curva ´e cont´ınua.

Exemplo 1. 7. A derivada da curva α(t) = (cos( 2 t), sen( 2 t)) ´e:

α

′ (t) = (− 2 sen( 2 t), 2 cos( 2 t))

Logo ||α′(t)|| = ||(− 2 sen(t), 2 cos(t))|| = 2

cos^2 ( 2 t) + sen^2 ( 2 t) = 2 Ou seja, a part´ıcula estaria des-

crevendo com velocidade 2 o c´ırculo unit´ario. No exemplo anterior, qual era a velocidade?!

Exemplo 1. 8. Este exemplo ´e um exerc´ıcio. Consideremos a h´elice no R^3 :

β(t) = (cos(t), sen(t), t^2 ) com t ∈ [ 0 , 2 π]

Qual o vetor tangente a curva em t = π? Qual a fun¸c˜ao que determina a velocidade do ponto

percorrendo a curva? Qual a velocidade do ponto em t = 2 π?

( 1 ) Fa¸ca a derivada da curva. ( 2 ) Substitua t = π para saber o vetor tangente. ( 3 ) Calcule a

norma do vetor derivada - esta ser´a a fun¸c˜ao que dar´a a velocidade. ( 4 ) Substitua t = 2 π.

1. 2. 1 Curva (parametriza¸c˜ao) regular

Defini¸c˜ao 1. 3. Dizemos que uma curva (parametriza¸c˜ao) ´e regular se sua derivada nunca ´e o vetor

nulo, ou seja, se α′(t) ∕= 0 para todo t ∈ I, onde este zero representa o vetor nulo.

Note que quando uma curva n˜ao ´e regular, em algum ponto a derivada se anula. Fisicamente, ´e

como se a part´ıcula parasse em sua trajet´oria. Ao retomar o movimento, ela pode alterar drasticamente

a dire¸c˜ao, gerando uma esp´ecie de bico no formato da curva. Observe:

Exemplo 1. 9. A curva α(t) = (t^3 , t^2 ) ´e tal que α′(t) = ( 3 t^2 , 2 t). Quando t = 0 , temos α′( 0 ) = ( 0 , 0 ).

Desenhe esta curva e constate que existe um bico na origem. Para sabermos analiticamente se a curva

formar´a um bico, o ideal ´e escrevermos uma componente (y(t)) em termos da outra: se x(t) = t^3 ,

ent˜ao t = 3

x. Como y(t) = t^2 , teremos: y = x^2 /^3

Derivando, teremos:

dy

dx

x

− 1 / 3

que n˜ao ´e definida se x = 0! Isso nos indica que n˜ao h´a tangente poss´ıvel para a curva - sendo o caso

de existir um bico.

1. 2. 2 Reparametriza¸c˜ao

Vamos atentar para um fato que j´a foi discutido anteriormente. Consideramos uma curva parametri-

zada por α : I → R^3. Agora considere que existe um intervalo J e uma fun¸c˜ao ϕ : J → I. Definimos

β(s) por:

β(s) = α(ϕ(s))

Tal β ´e uma reparametriza¸c˜ao da curva.

Exemplo 1. 10. Lembre-se de quando consideramos a curva α(t) = (cos(t), sen(t)), t ∈ [ 0 , 2 π], e

mostramos que β(s) = (cos( 2 s), sen( 2 s)), s ∈ [ 0 , π], era exatamente a mesma curva. Ora, nosso ϕ

neste caso ´e tal que ϕ : [ 0 , π] → [ 0 , 2 π] sendo ϕ(t) = 2 t.

Observe que se

β(s) = α(ϕ(s))

ent˜ao temos que:

β′(s) = ϕ′(s) · α′(ϕ(s))

Desta forma, ϕ′(s) determina a rela¸c˜ao entre as derivadas. Se for positiva, a reparametriza¸c˜ao ocorre

sem alterar o sentido da trajet´oria. Se for negativo, os sentidos ser˜ao opostos.

Exemplo 1. 11. Este exemplo ´e um exerc´ıcio. Considere a parametriza¸c˜ao do trecho de par´abola:

α(t) = (t, t^2 ), com t ∈ [− 2 , 2 ]

E a reparametriza¸c˜ao do mesmo trecho:

β(s) = (− 4 s, 16 s^2 )

Determine ϕ (incluindo os intervalos) e decida se houve altera¸c˜ao no sentido.

( 1 ) Em quem o parˆametro t foi mandado? ( 2 ) Qual a derivada desta fun¸c˜ao? ( 3 ) Para que a

imagem fique entre − 2 e 2 , o dom´ınio tem que ser qual intervalo? ( 4 ) Qual o sinal da derivada?

Esta subse¸c˜ao estabelece de vez que uma mesma curva pode ter v´arias parametriza¸c˜oes. Preferire-

mos ent˜ao nos referirmos `a parametriza¸c˜ao quando estivermos falando da fun¸c˜ao, e de curva quando

estivermos falando da imagem.

  1. 3 O comprimento de uma curva

Nosso objetivo nesta se¸c˜ao ser´a calcular o comprimento de um arco (trecho) de uma curva parametri-

zada.

Exemplo 1. 12. Consideremos a parametriza¸c˜ao da h´elice α : [ 0 , 2 π] → R^3 com:

α(t) = (cos(t), sen(t), t)

Suponha que uma part´ıcula se move por esta trajet´oria. O significado f´ısico do intervalo sobre o qual

α est´a definido ´e de tempo, e n´os sabemos calcular a velocidade, ser´a:

||α

′ (t)|| = ||(sen(t), cos(t), 1 )|| =

(−sen(t))^2 + (cos(t))^2 + 12 =

Opa, a velocidade ´e constante! N´os sabemos o tempo. Alguma id´eia de qual foi o espa¸co? A f´ısica

nos diz que comprimento da curva, que denotaremos por L, ser´a:

L = velocidade · tempo = 2

2 π

Tudo seria perfeito se a velocidade fosse sempre constante. Ocorre que nem sempre ´e f´acil acharmos

uma parametriza¸c˜ao cuja velocidade seja constante. Por exemplo, qual o comprimento do arco de

par´abola parametrizado por α(t) = (t, t^2 ) com t ∈ [ 0 , 1 ]? A velocidade ser´a ||α′(t)|| =

1 + 4 t^2 , que

infelizmente n˜ao ´e constante.

Ora, o produto tempo vezes velocidade nada mais ´e do que a soma da velocidade por ela mesma

tantas unidades quanto for o tempo. Se a velocidade da part´ıcula na par´abola fosse constante em cada

unidade de tempo, bastaria calcular o comprimento de cada parte e depois somar. O problema ´e que

Lembrando que a identidade trigonom´etrica hiperb´olica fundamental diz que cosh^2 (t) = 1 + senh^2 (t),

teremos que:

||α′(t)|| = cosh(t)

Logo

L =

0

cosh(t) dt = senh(t)

2

0

e^2 − e−^2

2

Exemplo 1. 14. Este exemplo ´e um exerc´ıcio.

Exiba uma integral que determina per´ımetro da elipse que passa pelos pontos ( 2 , 0 ), ( 0 , 1 ), (− 2 , 0 )

e ( 0 , − 1 ).

( 1 ) Que tal desenhar a elipse? ( 2 ) Qual a equa¸c˜ao cartesiana que esta elipse satisfaz? Comece

determinando o a e o b e lembre-se que a equa¸c˜ao ´e x

2 a^2 +^

y^2 b^2 =^1.^ (^3 )^ Qual^ o^ conjunto^ de^ todos

os pontos que satisfazem uma soma de quadrados igual a 1? Isso mesmo, chame

x(t) a =^ cos(t)^ e y(t) b =^ sen(t).^ (^4 )^ Escreva^ a^ parametriza¸c˜ao.^ Qual^ ´e^ o^ intervalo?^ O^ mesmo^ de^ sempre,^ afinal^ estamos dando uma volta. ( 5 ) Calcule a derivada da parametriza¸c˜ao. ( 6 ) Calcule a fun¸c˜ao da velocidade. ( 7 )

Exiba a integral. Vocˆe seria capaz de calcular esta integral?

Algu´em questionador poderia estar pensando: o comprimento de uma curva s´o depende da curva

e n˜ao depende da parametriza¸c˜ao - mas para calcul´a-lo n´os utilizamos uma parametriza¸c˜ao espec´ıfica

α!! A proposi¸c˜ao a seguir vai convencˆe-lo de vez que esta dependˆencia ´e apenas aparente.

Proposi¸c˜ao 1. 3. O comprimento de uma curva n˜ao depende da parametriza¸c˜ao.

Demonstra¸c˜ao. Consideramos duas parametriza¸c˜oes de uma curva qualquer, α : [a, b] → R^3 e

β : [c, d] → R^3 , sendo ϕ : [c, d] → [a, b] como j´a hav´ıamos definido. Suponhamos que ϕ′(s) > 0 sempre,

o caso oposto ´e an´alogo. N´os vamos mostrar que:

󰁝 (^) b

a

||α

′ (t)|| dt =

󰁝 (^) d

c

||β

′ (s)|| ds

Para tal, observe que: 󰁝 (^) d

c

||β

′ (s)|| ds =

󰁝 (^) d

c

||α

′ (ϕ(s))|| · ϕ

′ (s) ds

Agora chamamos t = ϕ(s). Vamos aplicar o Teorema de Mudan¸ca de Vari´aveis para integrais. Pela

regra pr´atica, fazemos: dt

ds

= ϕ

′ (s) ⇒ dt = ϕ

′ (s) ds

Notando tamb´em a = ϕ(c) e b = ϕ(d), teremos:

󰁝 (^) d

c

||α′(ϕ(s))|| · ϕ′(s) ds =

󰁝 (^) ϕ(d)=b

ϕ(c)=a

||α′(t))|| · dt

exatamente como quer´ıamos.

1. 3. 1 Reparametriza¸c˜ao pelo comprimento do arco

Nem sempre ser´a poss´ıvel, mas as vezes ´e interessante reparametrizarmos uma curva de modo que a

velocidade da part´ıcula seja sempre 1 , ou seja, dado um α(t), acharmos um β(s) = α(ϕ(s)) de modo

que ||β′(s)|| = 1. Significa dizer que o comprimento do arco no instante t em α ser´a exatamente igual

`a varia¸c˜ao do tempo (parˆametro s). Por isto tal parametriza¸c˜ao ser´a chamada de parametriza¸c˜ao pelo

comprimento de arco. Queremos dizer que:

s = ψ(t) =

󰁝 (^) t

a

||α

′ (u)|| du

Tal rela¸c˜ao nos permite mandar o intervalo [a, b] do parˆametro t no intervalo [ 0 , L] do parˆametro s

por meio da fun¸c˜ao ψ(t). Mas para acharmos a β(s), precisamos da ϕ(s), que tem exatamente a a¸c˜ao

oposta, ou seja, ´e a inversa de ψ(t).

Como calcular ψ(t)? Ora, se ||α′(t)|| possuir uma primitiva ent˜ao o Teorema Fundamental do

C´alculo nos garante que ψ(t) ser´a exatamente esta primitiva.

Para comprovar que este procedimento de fato ir´a gerar uma parametriza¸c˜ao de velocidade 1 , note

que:

||β

′ (s)|| = ϕ

′ (s) · ||α

′ (ϕ(s))|| =

||α′(t)||

ψ′(t)

Mas ψ(t) ´e uma primitiva de ||α′(t)|| - sua derivada ´e exatamente ||α′(t)||. Logo:

||β′(s)|| =

||α′(t)||

ψ′(t)

||α′(t)||

||α′(t)||

Exemplo 1. 15. Vamos reparametrizar a h´elice dada por α(t) = (cos(t), sen(t), t) pelo comprimento

de arco.

Come¸camos fazendo α′(t) = (−sen(t), cos(t), 1 ). Da´ı teremos que: ||α′(t)|| =

  1. Calculamos

ent˜ao:

ψ(t) =

||α′(t)|| dt

󰁿 󰁾󰁽 󰂀 󰁕 (^) t a ||α

′(u)|| du pelo TFC

2 dt =

2 t

A inversa desta fun¸c˜ao ´e:

ϕ(s) =

s √ 2

Logo a parametriza¸c˜ao por comprimento de arco da h´elice ser´a:

β(s) =

cos

s √ 2

, sen

s √ 2

s √ 2

Quest˜ao 1. 11. Lembra-se da curva dada por (t^2 , t^3 )? Reparametrize-a por comprimento de arco.

Obviamente vocˆe nem se preocupou com o fato que esta curva n˜ao era regular - mas olhe agora para

o seu parˆametro de comprimento de arco e decida se ele pode estar definido no ponto t = 0 ...

Quest˜ao 1. 12. Reparametrize a par´abola por comprimento de arco. Dica: Em alguma integral

que aparecer, chame 2 t = tan(θ) e resolva-a por substitui¸c˜ao (vocˆe tamb´em poderia fazer usando o

ArcSenh). Foi poss´ıvel inverter a fun¸c˜ao obtida?

Quest˜ao 1. 13. Reparametrize a curva

γ(t) =

t^2 + 1

2 t

t^2 + 1

com respeito ao comprimento de arco medido a partir do ponto ( 1 , 0 ) na dire¸c˜ao de um t crescente.

Expresse a reparametriza¸c˜ao na forma mais simples. O que pode-se concluir a respeito da curva?

Cap´ıtulo 2

Integrais de linha e campos vetoriais

At´e o presente momento, ao longo do estudo do c´alculo integral, s´o nos dedicamos a definir integrais

de fun¸c˜oes reais sobre regi˜oes de mesmo dimens˜ao que o espa¸co ambiente. Ou seja, t´ınhamos integrais

de fun¸c˜oes reais de 1 vari´avel sobre R, integrais de fun¸c˜oes reais de 2 vari´aveis sobre R^2 e integrais de

fun¸c˜oes reais de 3 vari´aveis sobre R^3.

Neste cap´ıtulo, estaremos interessados em definir integrais diferentes. O primeiro tipo se pretende

a calcular a integral de uma fun¸c˜ao real definida sobre a curva. J´a o segundo tipo depender´a da no¸c˜ao

de campo vetorial, e pretender´a calcular a integral deste campo ao longo da curva.

  1. 1 Integrais de linha por comprimento de arco

O primeiro tipo de integral que definiremos s˜ao as integrais de linha por comprimento de arco. O

objetivo ´e generalizar as observa¸c˜oes feitas acerca de como se calcula o comprimento de curvas.

Consideramos uma parametriza¸c˜ao α : I → R^3. No espa¸co em que a imagem (curva) estiver

definida, consideramos uma fun¸c˜ao real f : R^3 → R. Estaremos interessados em calcular a integral

desta fun¸c˜ao ao longo da curva. Para tal, lembramos da motiva¸c˜ao do conceito de integral: calcular a

soma dos valores de uma fun¸c˜ao sobre um espa¸co considerando uniformemente a dimens˜ao do espa¸co.

Em outras palavras, ´e como se estiv´essemos somando o valor m´edio da fun¸c˜ao em intervalos regulares

de distˆancia, e fiz´essemos os limites dos comprimentos desses intervalos tenderem a zero.

A parametriza¸c˜ao ´e arbitr´aria, mas sabemos que o componente ||α′(t)|| “uniformiza”a integral - ´e

o parˆametro comprimento de arco. Sem mais delongas, definimos:

Defini¸c˜ao 2. 1. Seja α : I → R^3 uma parametriza¸c˜ao e f : Ω → R uma fun¸c˜ao definida num conjunto

Ω ⊂ R^3 que contenha a curva. A integral de linha de f sobre α com respeito ao comprimento de arco

ser´a: (^) 󰁝

α

f ds =

󰁝 (^) b

a

f (α(t))||α′(t)|| dt

Observe que se por algum motivo a curva estiver parametrizada por comprimento de arco, ent˜ao

||α′(t)|| = 1 e ´e como se simplesmente estiv´essemos calculando a integral sobre um intervalo da reta

de mesmo comprimento que a curva.

Exemplo 2. 1. Vamos calcular a integral da fun¸c˜ao f (x, y) = x^2 + 2 y^2 ao longo da circunferˆencia

unit´aria α(t) = (cos(t), sen(t)) com t ∈ [ 0 , 2 π]. Como sempre, temos:

||α′(t)|| = 1

Note que se a for¸ca n˜ao atuasse no mesmo sentido, e que o ˆangulo entre os sentido fosse θ, far´ıamos

simplesmente:

τ = ||F ||.||γ(b) − γ(a)||. cos(θ) =

F,

γ(b) − γ(a)

= F ·

γ(b) − γ(a)

Suponhamos agora que F e γ sejam quaisquer, com F cont´ınuo e γ suave. Para calcularmos

o trabalho, fazemos como sempre. Consideramos uma parti¸c˜ao de [a, b] chamada P definida por

a = t 0 < t 1 < ... < tn = b, onde o maior ∆ti = ti − ti− 1 ´e suficientemente pequeno. E´ razo´avel ent˜ao

esperar que a soma: 󰁛n

i= 1

F (γ(ti− 1 )) ·

γ(ti) − γ(ti− 1 )

seja uma boa aproxima¸c˜ao para τ. Quanto menor for max ∆ti, melhor ser´a a aproxima¸c˜ao. Agora

lembre-se que:

lim ∆ti→ 0

γ(ti) − γ(ti− 1 )

∆ti

= γ′(ti− 1 )

Logo a medida que max ∆ti diminuir, teremos a aproxima¸c˜ao.

γ(ti) − γ(ti− 1 ) ≈ γ′(ti− 1 )∆ti

Logo temos que:

τ ≈

󰁛^ n

i= 1

F (γ(ti− 1 )) ·

γ′(ti− 1 )∆ti

Como F (γ(t)) · γ′(t) ´e cont´ınua, logo integr´avel, teremos que:

lim ∆ti→ 0

󰁛^ n

i= 1

F (γ(ti− 1 )) · (γ′(ti− 1 )∆ti) =

󰁝 (^) b

a

F (γ(t)) · γ′(t) dt

Isto motiva nossa defini¸c˜ao.

2. 2. 2 Integral de linha sobre um campo

Seja F : Ω → R^3 um campo vetorial cont´ınuo. Seja γ : [a, b] → Ω uma curva suave. Definimos a

integral de linha de F sobre γ como sendo:

󰁝

γ

F dγ =

󰁝 (^) b

a

F (γ(t)).γ′(t) dt

E^ ´ conveniente termos em mente que tal integral independe da parametriza¸c˜ao escolhida, basta que

se tome o cuidado de reparametrizar conservando a mesma orienta¸c˜ao. Isto ´e consequˆencia imediata

do teorema de mudan¸ca de vari´aveis em integrais.

Exemplo 2. 4. Vamos integrar F (x, y) = (−y^2 , x^2 ) em γ(t) = (t^2 , t), como t variando de 0 a 1.

Simplesmente: 󰁝

γ

F dγ =

0

(−t^2 , t^4 ) · ( 2 t, 1 ) dt =

0

t^4 − 2 t^3 dt = −

Exemplo 2. 5. Vamos fazer a integral do campo F (x, y, z) = (x^2 + y^2 , 1 , x + y + z) na curva γ(t) =

(cos(t), sen(t), 0 ), com 0 ≤ t ≤ π. Teremos que:

󰁝

γ

F dγ =

󰁝 (^) π

0

(cos

2 (t) + sen

2 (t), 1 , cos(t) + sen(t) + 0 ) · (−sen(t), cos(t), 0 ) dt =

󰁝 (^) π

0

−sen(t) + cos(t) dt = − 2

Em particular, se a pergunta fosse qual o trabalho realizado por uma for¸ca descrita por F em uma

part´ıcula que percorresse o semi-c´ırculo, ter´ıamos obtido - 2 como resposta.

Uma classe de campos vetoriais merece destaque por se relacionar intimamente com as integrais

de linha sobre si pr´oprios. S˜ao campos que aparecem naturalmente em problemas da f´ısica, e que

felizmente possuem um tratamento muito razo´avel.

2. 2. 3 Campos Conservativos

Come¸camos introduzindo uma defini¸c˜ao a qual recorreremos ao longo do texto a seguir.

Defini¸c˜ao 2. 2. Dada uma fun¸c˜ao real definida em um conjunto Ω ⊂ R^3 , ie ϕ : Ω → R, o gradiente

desta fun¸c˜ao denotado por ∇ ´e definido por:

∇ϕ =

∂ϕ

∂x

∂ϕ

∂y

∂ϕ

∂z

Tamb´em poderemos denotar a derivada parcial como na seguinte forma:

∇ϕ = (ϕx, ϕy, ϕz )

Um campo vetorial F : Ω → R^3 ´e dito um campo conservativo (ou gradiente) se existe ϕ : Ω → R

diferenci´avel tal que

∇ϕ = F em Ω

Se tal ϕ existe, ela ´e chamada de fun¸c˜ao gradiente ou potencial do campo.

Exemplo 2. 6. F : R^3 → R^3 definida por F (x, y, z) = ( 2 x, 2 y, 2 z) ´e conservativo, uma vez que a

fun¸c˜ao ϕ : R^3 → R definida por ϕ(x, y, z) = x^2 + y^2 + z^2 ´e tal que ∇ϕ = F em todo R^3.

Casos cl´assicos na f´ısica de campos conservativos s˜ao aqueles originados pelas for¸cas gravitacional

e el´etrica, sendo as fun¸c˜oes potenciais o que costumamos chamar de potencial gravitacional ou el´etrico.

Abaixo, apresentamos uma condi¸c˜ao necess´aria para que um campo seja conservativo.

Proposi¸c˜ao 2. 1. Seja F : Ω → R^3 tal que F (x, y, z) =

P (x, y, z), Q(x, y, z), R(x, y, z)

. Se F ´e

conservativo e suave, ent˜ao ∂P

∂y

∂Q

∂x

∂P

∂z

∂R

∂x

∂Q

∂z

∂R

∂y

Demonstra¸c˜ao. Se F ´e conservativo, ent˜ao existe ϕ : Ω → R tal que ∇ϕ = F. Logo temos que

ϕx = P , ϕy = Q e ϕz = R em Ω. Pelo Teorema de Schwarz:

∂^2 ϕ

∂x∂y

∂^2 ϕ

∂y∂x

e tamb´em para x, z e y, z

Da´ı, por exemplo para x e y, temos:

∂P

∂y

∂^2 ϕ

∂x∂y

∂^2 ϕ

∂y∂x

∂Q

∂x