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Cultura, um conceito Antropológico. Um breve Artigo sobre a obra do professor emérito da UnB, Roque de Barros Laraia. Por Jason Jr.
Tipologia: Slides
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Por Jason Jr.
mineiro, nascido em 1932, Roque de Barros Laraia é Pós-Doutor pela Universidade de Sussex (Inglaterra), Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo e Bacharel em História pela Univer- sidade de Minas Gerais.
Pela USP ele teve a oportunidade de fazer pesquisas de campo entre indígenas. Come- çou sua carreira como Antropólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e desde 1992 é professor da Universi- dade de Brasília.
Sendo hoje professor emérito da UnB e também membro do Conselho Nacional de Imigração e do Conselho Consultivo do Ins- tituto do Patrimônio Histórico e Ar�stico Na- cional.
O livro foi impresso e distribuído pela Edi- tora Zahar, pioneira na publicação de livros de ciências humanas e sociais no Brasil, com mais de 60 anos de existência. A publicação
de apenas 117 páginas, atingiu 24 reimpres- sões até 2012.
O autor faz algumas considerações iniciais para apresentar a proposta e o conteúdo do livro, sendo assim, nós vamos pontuá-las aqui para dar início a nossa resenha.
Vale ressaltar que o Conceito de Cultura é tema central dos debates antropológicos nos últimos 100 anos. Quem quiser se aprofundar no tema, é aconselhável buscar a bibliografia mais especializada, indicada pelo próprio au- tor no final do livro.
Afinal esta obra tem o objetivo de atin- gir os estudantes dos primeiros períodos dos cursos universitários das ciências humanas e sociais, por isso trata-se de um material com uma proposta didática e simples, em uma tentativa (muito bem-sucedida) de facilitar o entendimento sobre a Cultura como um con- ceito Antropológico.
O livro é dividido em 2 partes:
1.Da Natureza da Cultura ou Da Natureza à Cultura
“A natureza dos homens é a mesma, são os hábitos que os~mantem separados.”
O autor também cita Heródoto - pensador grego considerado “Pai da História” -, para ele um homem que conhecesse todos os costu- mes vividos por outros ainda assim acabaria preferindo os seus próprios, pois estará con- vencido que estes são melhores.
Além do grego, Laraia ainda cita as obser- vações de Tácito – cidadão romano – em re- lação aos hábitos dos germanos. Também ci- tou os relatos do viajante italiano Marco Polo, com suas considerações sobre os Tártaros. Além de lembrar os escritos do padre José de Anchieta e de Montaigne, no século XVI ao fa- larem sobre os costumes Tupinambá.
Por fim, o autor apresenta outros pensa- dores que observaram e se surpreenderam com os hábitos diversos, em lugares e perío- dos distintos, questionando e procurando en- tendimento sobre a formação destes hábitos.
1.1. Determinismo Biológico
O autor começa o capítulo criticando os estereótipos culturais, repetidos inúmeras vezes, de forma pejorativa, tais como: “os ale- mães têm mais habilidades para mecânica” ou “os norte-americanos são empreendedores e interesseiros” ou “que os nórdicos são mais inteligentes que os negros”. Dentre outros exemplos de falas de pesquisadores do século XIX que acreditavam que só era possível haver civilização e cultura em povos que viviam aci- ma da linha do equador, por exemplo.
Nesta parte o autor deixa bem claro que as diferenças culturais não são determinadas pelas diferenças genéticas.
“Não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais”
A exemplo da fala de Keesing, Laraia nos apresenta a seguinte situação: “Se transpor- tarmos para o Brasil, logo após o seu nasci- mento, uma criança sueca e a colocarmos sob os cuidados de uma família sertaneja, ela crescerá como tal e não se diferenciará men- talmente em nada de seus irmãos de criação.”
O autor ainda lembra que é falso afirmar que as diferenças de comportamento entre pessoas de sexos diferentes sejam determina- das biologicamente. Em muitos casos as ativi- dades atribuídas exclusivamente para mulhe- res em uma cultura, podem ser determinadas para os homens em outra. Sendo assim, qual- quer sistema de divisão sexual do trabalho é determinado culturalmente.
“O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação”
1.2. Determinismo Geográfico
Neste capítulo temos a critica direta aos estereótipos culturais e étnicos determinados geograficamente, como vimos nas frases des- tacadas do princípio do capítulo anterior. Desde a antiguidade, acreditava-se que as diferenças de ambiente e clima condiciona- vam a diversidade cultural. Até que em 1920 os antropólogos rejeitaram esta perspectiva, provando que é possível e normal existir di- versas culturas em um mesmo ambiente. Sendo assim, o autor diz que as diferenças entre os homens não podem ser explicadas pelas limitações geográficas e biológicas im- postas a eles.
“Um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível
o material que lhes permita exercer a sua criatividade de maneira revolucionária.”
O capitulo termina com a análise de dois tópicos:
1.5. Ideia sobre a Origem da Cultura
Para Kenneth P. Oakley a cultura seria o resultado de um cérebro mais complexo e vo- lumoso. Já para Lévi-Strauss a cultura surgiu a partir do momento em que o ser humano convencionou as primeiras regras e hábitos. Porém para o americano Leslie White toda cultura depende de símbolos e sem eles não haveria cultura, pois, nosso comportamento é simbólico.
“Uma criança do gênero Homo torna-se humana somente quando é introduzida e participa da ordem de fenômenos superorgânicas que é a cultura. E a chave deste mundo, e o meio de participação nele, é o símbolo.”
Sabemos assim que o desenvolvimento biológico foi fundamental para a expansão do nosso cérebro, possibilitando a criação e a interpretação de símbolos, e principalmente para a comunicação oral e o acumulo de co- nhecimentos.
1.6. Teorias Modernas sobre Cultura
“Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este
conhecimento”
2.1. A Cultura condiciona a visão de mundo do Homem
Já no primeiro capitulo desta parte Laraia cita os pensamentos de Ruth Benedict para entendermos a cultura como a visão do ho- mem sobre o mundo, assim então ele escre- veu:
“Cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, tem visões desencontradas das coisas” – Laraia
E citando o próprio autor podemos perce- ber que a cultura é geralmente etnocêntrica, como ele mesmo afirma ao citar Heródoto no inicio do Livro.
“A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem gora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade”
Ou
“O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais”.
O autor encerra o capitulo afirmando que os etnocentrismos resultam em depreciações dos costumes culturais de outros povos.
“Praticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdos, deprimentes e imorais.”
2.2. A cultura interfere no plano Biológico
O autor nos apresenta um breve conceito de Apatia Cultural, explicando que ela ocorre quando um povo perde a motivação e a fé na sua própria cultura, não vendo mais sentidos para se manterem vivos.
Outro fator descrito por Laraia são as cren- ças em curas ou doenças sem qualquer com- provação cientifica. Como o desenvolvimento de sentimento de sintomas de doenças por medo da morte, ou até mesmo acreditar que a combinação de manga com leite pode cau- sar a morte de alguém.
2.3. Os indivíduos participam diferentemente
de sua cultura
“Nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura. Este fato é tão verdadeiro nas sociedades complexas com um alto grau de especialização, quanto nas simples, onde a especialização refere-se apenas às determinadas pelas diferenças de sexo e idade”
A respeito disso, vale destacar a analise feita pelo próprio autor sobre o assunto:
“Um medico pode desconhecer qual a melhor época do ano para o plantio do feijão, um lavrador certamente desconhece as causas de certas anomalias celulares, mas ambos conhecem as regras que regulam a chamada etiqueta social no que se refere
as formas de cumprimentos entre as pessoas de uma mesma sociedade.”
2.4. A cultura tem uma lógica própria
De acordo com Laraia, todos os sistemas culturais têm a sua própria lógica. E admite que é etnocentrismo a tendência humana de considerar apenas a lógica do seu próprio sistema e atribuir aos outros um alto grau de irracionalismo.
“A coerência de um habito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence.”
2.5. A cultura é dinâmica
“Existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultado da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com outro.”
A cultura também pode sofrer alterações devido a eventos históricos, como catástrofes naturais, alguma grande invenção tecnológica ou algum conflituoso contato cultural.
É preciso entender que todo sistema cul- tural está sempre em mudança, para evitar comportamentos preconceituosos no choque entre as gerações.
“Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema”