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O manual do aluno da disciplina cultura e identidades surdas do curso técnico de tradução e interpretação de libras da escola estadual de educação profissional. Ele aborda conceitos e fundamentos relacionados à surdez, cultura e identidades surdas, objetivando a compreensão e análise crítica das relações entre sociedade, família e criança surda e a língua de sinais. Além disso, discute a importância de reconhecer as línguas de sinais como línguas naturais e independentes das línguas orais.
Tipologia: Provas
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Não perca as partes importantes!
Manual do Aluno (a)
Fortaleza/Ceará 2013
1. Apresentação
Este manual pedagógico corresponde à disciplina Cultura e Identidades Surdas , com carga horária de quarenta horas/aula, componente curricular do primeiro ano do Curso Técnico de Tradução e Interpretação de Libras. Essa disciplina tem o objetivo de levar o aluno a conhecer os conceitos e fundamentos relacionados à Surdez, Cultura e Identidades Surdas para a compreensão e análise crítica das relações estabelecidas entre a sociedade, a família com a criança surda e a língua de sinais. Elaborado no intuito de qualificar o processo de ensino-aprendizagem, este manual é um instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula embasado em um método problematizador e dialógico que aborda os conteúdos de forma clara e participativa, assim tornando o aluno protagonista do seu aprendizado facilitando a apropriação dos conceitos de forma crítica e responsável.
Bons Estudos!
Esta barreira é formada através de conceito sem fundamentação teórica e conhecimento insuficiente sobre o tema. Ela pode acarretar consequências traumáticas, excludentes e marginalizadoras para quem é estigmatizado estas visões produzidas pela ignorância, por isso, fez necessário abordar, neste capitulo, os principais conceitos relacionados a surdez e suas implicações, a fim de esclarecer e minimizar o preconceito existente. O termo surdez é conceituado por Rocha (2003) em seu dicionário como: falta total ou parcial, do sentido da audição. Contudo dependendo do fator que ocasionou esta perda. A surdez é classificada nos seguintes graus:
Figura 02_Graus da surdez
Fonte: elaborado pelo autor.
Esta classificação é utilizada principalmente no meio clínico , para agrupar os indivíduos de acordo com a diferença fisiológica que apresentam em relação aos ouvintes. Para visão clínica-terapêutica ou orgânico-funcional existe ainda classificação secundária quanto ao tipo de surdez que pode ser: condutiva, neurossensorial ou mista. Antes de definirmos cada um dos tipos de surdez observem a figura que apresenta como é o composto o ouvido humano.
Figura 03 _ O ouvido humano.
Fonte: internet.
Tipos de Surdez:
Condutiva: quando a lesão localiza-se no ouvido externo e/ou no médio; Neurossensorial : quando a perda afeta o ouvido interno. Este tipo de perda também pode ser chamado de sensório-neural. Mista : quando ocorrem os dois tipos citados anteriormente de forma simultânea.
A surdez pode ocorrer por diversas causas, podendo ser estas pré-natais , ou seja, antes do nascimento ou pós-natais.
Atividade 01
Faça uma pesquisa com os colegas de classe ou de outras turmas e investigue como foi diagnosticada a surdez, em que estágio de vida ela ocorreu e em qual classificação se enquadra cada um.
A surdez pode ainda ser classificada também de acordo com o período em que a mesma ocorreu. Se a surdez ocorre antes do período de aquisição da linguagem da língua oral a mesma é denominada de pré-linguística , como ocorre com as pessoas natissurdas (que já nasceram surdas). No entanto, a surdez pode ter causas adquiridas e a mesma ser ocasionada depois do período de aquisição assim a mesma é classificada como pós- linguística.
Figura 06 _ Surdez pré e pós-linguística
Fonte: internet
Entretanto, sujeitos surdos falantes de uma língua de sinais contestam a ênfase nesta classificação, afirmando que estes diferentes tipos e graus da surdez não fazem como que os indivíduos surdos se diferenciem. E sim pela apreensão do mundo de forma visual e por compartilharem a língua de sinais. Strobel (2008, p.24), professora surda e estudiosa da cultura surda discorre que:
Os sujeitos surdos não diferenciam um do outro de acordo com o grau de surdez, e sim o importante para eles é o pertencimento ao grupo usando língua de sinais e cultura surda que ajudam a definir suas identidades surdas.
A forma como os surdos se relacionam com a sociedade e a postura que este assume frente às situações do cotidiano onde se definem sua identidade surda. Skliar (1998) apresenta as duas grandes concepções em torno da surdez. Uma é conhecida como clínico-terapêutica e a outra sócio-antropológica. Essas duas visões se contrapõem principalmente em relação a forma de significar as pessoas surdas e sua forma de comunicação. A visão clínico-terapêutica é aquela que entende as pessoas surdas como deficientes, no sentido de que algo falta ou está ausente. É preciso, nesta corrente, que o surdo seja “normalizado”, pois ser surdo significa estar em desvantagem em relação às pessoas ouvintes. É comum relacionar a surdez com patologia e é usado os termos “doença”, “problema” ou “defeito”.
Segundo Skliar (2001), há suposição de que os surdos formam um grupo homogêneo, cujas possíveis subdivisões devem responder à classificação médica das deficiências auditivas. Este erro conduz à crença de que toda problemática social, cognitiva, comunicativa e lingüística dos surdos depende por completo da natureza e do tipo do déficit auditivo, sem considerar as variáveis da dimensão social, tais como: o tipo de experiência educativa dos sujeitos, a qualidade das interações comunicativas e sociais em que participam desde tenra idade, a natureza da representação social da surdez de uma determinada sociedade e a língua de sinais na família e na comunidade de ouvintes em que vive a criança. (ALPRENDE; AZEVEDO, 2008, p.6) Essa visão não reconhece as línguas de sinais enquanto línguas, e sim uma forma de comunicação secundária, e por muitas vezes, que está atrelada a uma língua oral. Este modelo é fortemente ligado a abordagem educacional oralista na Educação de Surdos. Alguns defendem a proibição do uso dos sinais por pessoas surdas, na crença que irá “atrapalhar” o desenvolvimento da linguagem oral. A visão clínico-terapêutica é defendida principalmente pelos profissionais da área da saúde, ultimamente não de maneira ampla. Ela é fruto de uma concepção em torno das minorias e deficiências advinda do período iluminista, que tendia para a “perfeição humana”. Hoje, fortemente combatida pelo povo surdo, este olhar sobre as pessoas surdas tem perdido força diante das discussões e reconhecimento das línguas de sinais no
3. Identidades surdas
As experiências de vida narradas por surdos de todo o mundo apresenta características, com semelhanças e diferenças, em torno da percepção individual e coletiva sobre a surdez e estas experiências são produzidas a partir da interação com o outro, o ouvinte. A relação estabelecida entre o surdo e o mundo ao seu redor é discutida por Gladis Perlin (2011) em torno das Identidades Surdas. E o que seria essa(s) Identidade(s)? Perlin (2011, p.52) utiliza o conceito de identidade defendido por Hall (1997) com aporte nos Estudos Culturais, explica que “a identidade é algo em questão, em construção, uma construção móvel que pode frequentemente ser transformada ou estar em movimento, e que empurra o sujeito em diferentes posições”. A forma como as pessoas surdas se percebem e compreende o mundo constroem suas identidades, estas não são fixas e permanentes, são mutáveis e múltiplas. É preciso reconhecer que a experiência de ser surdo é diversa da experiência de ser ouvinte, e essas diferenças se concretizam das mais variadas formas e relações. A identificação pessoal é marcada pela vivência coletiva, entre o surdo e o ouvinte e entre surdo e outro surdo. É importante ressaltar que há vários estereótipos traçados sobre os surdos, e estes podem impedir um processo de aceitação da identidade surda, já que ele faz uma representação distorcida da surdez. Esses estereótipos têm reforçado preconceitos e
discriminações em torno da diferença cultural e linguística, e estão presentes de formas visíveis ou não e em níveis diferentes, em todos os campos e áreas. Perlin dividiu as Identidades Surdas em seis categorias de classificação, são elas:
Figura 07_Identidades Surdas
Fonte: elaborado pelos autores.
IDENTIDADES Identidades Surdas
IDENTIDADES Identidade Surda de Diáspora
IDENTIDADES
Identidades Surdas Incompletas
Atividade 03
Produza um painel ilustrado com as diferentes categorias de identidades surdas e ao final apresente em equipe cada uma delas. Organizem-se em equipes com componentes surdos e ouvintes.
4. Cultura Surda
No Brasil encontramos uma enorme diversidade cultural, tendo em vista a vasta extensão territorial, os diferentes tipos de colonização, não esquecendo os primeiros moradores, os índios. No entanto vivemos em um país multicultural, onde diferentes grupos de pessoas até mesmo de uma mesma região possuem cultura e costumes diferentes.
Figura 08 _ Brasil cultural.
Fonte: internet.
Segundo o dicionário Houaiss (2005) povo e definido como: conjunto de pessoas que falam a mesma língua tem costumes e interesses semelhantes, história e tradições