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Guias e Dicas
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Crônicas Indígenas para Rir e Refletir: Um Projeto de Leitura, Manuais, Projetos, Pesquisas de Literatura

Este projeto de leitura propõe uma análise crítica de crônicas indígenas escritas por daniel munduruku, com o objetivo de desconstruir estereótipos e promover a reflexão sobre a cultura e a história dos povos indígenas. O projeto aborda temas como a colonização, a contemporaneidade, a cultura ancestral e a importância de se referir às etnias indígenas pelo nome. As atividades propostas exploram a leitura crítica, a análise de recursos expressivos e a pesquisa de temas relacionados às diversas áreas curriculares.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2025

Compartilhado em 02/04/2025

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DANIEL MUNDURUKU
Crônicas indígenas para rir e refletir na escola
PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Tom Nóbrega
DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA
UM POUCO SOBRE O AUTOR
Procuramos contextualizar o autor e sua obra
no panorama da literatura brasileira para
jovens e adultos.
RESENHA
Apresentamos uma síntese da obra para
que o professor, antecipando a temática, o
enredo e seu desenvolvimento, possa avaliar
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus
alunos.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
Apontamos alguns aspectos da obra, consi-
derando as características do gênero a que
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
Alegórica árvore do tempo…
A adivinha que lemos, como todo e qual-
quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
um gênero socialmente construído e tem,
portanto, uma relação com a exteriorida-
de que determina as leituras possíveis. O
espaço da interpretação é regulado tanto
pela organização do próprio texto quanto
pela memória interdiscursiva, que é social,
histórica e cultural. Em lugar de pensar que
a cada texto corresponde uma única leitura,
é preferível pensar que há tensão entre uma
leitura unívoca e outra dialógica.
Um texto sempre se relaciona com outros
produzidos antes ou depois dele: não há como
ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
Retornemos à sombra da frondosa árvo-
re — a árvore do tempo — e contemplemos
outras árvores:
Deus fez crescer do solo toda
espécie de árvores formosas de ver
e boas de comer, e a árvore da vida
no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. (…)
E Deus deu ao homem este manda-
mento: “Podes comer de todas as
árvores do jardim. Mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não
comerás, porque no dia em que dela
comeres terás de morrer”.2
Ah, essas árvores e esses frutos, o
desejo de conhecer, tão caro ao ser
humano…
Há o tempo das escrituras e o tempo da
memória, e a leitura está no meio, no inter-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-
riência humana com a linguagem, a leitura
é uma arte a ser compartilhada.
A compreensão de um texto resulta do res-
gate de muitos outros discursos por meio da
memória. É preciso que os acontecimentos ou
os saberes saiam do limbo e interajam com as
palavras. Mas a memória não funciona como
o disco rígido de um computador em que
se salvam arquivos; é um espaço movediço,
cheio de conflitos e deslocamentos.
Empregar estratégias de leitura e des-
cobrir quais são as mais adequadas para
uma determinada situação constituem um
processo que, inicialmente, se produz como
atividade externa. Depois, no plano das rela-
ções interpessoais e, progressivamente, como
resultado de uma série de experiências, se
transforma em um processo interno.
Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
determinadas e abertas à multiplicidade dos
modos de ler, presentes nas diversas situações
comunicativas é que a leitura se converte em
uma experiência significativa para os alunos.
Porque ser leitor é inscrever-se em uma comu-
nidade de leitores que discute os textos lidos,
troca impressões e apresenta sugestões para
novas leituras.
Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-
mar a escola numa comunidade de leitores é
o horizonte que vislumbramos.
Depende de nós.
Enigmas e adivinhas convidam à decifra-
ção: “trouxeste a chave?”.
Encaremos o desafio: trata-se de uma
árvore bem frondosa, que tem doze galhos,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-
tro sementes: cada verso introduz uma nova
informação que se encaixa na anterior.
Quantos galhos tem a árvore frondosa?
Quantas frutas tem cada galho? Quantas
sementes tem cada fruta? A resposta a cada
uma dessas questões não revela o enigma. Se
for familiarizado com charadas, o leitor sabe
que nem sempre uma árvore é uma árvore,
um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,
uma semente é uma semente… Traiçoeira, a
árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-
-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com
as possibilidades ocultas nas sementes.
O que é, o que é?
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
deixar escapar o sentido que se insinua nas
ramagens, mas que não está ali.
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
mesmo tempo que se alonga num percurso
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na
terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em
flores, que escondem frutos, que protegem
sementes, que ocultam coisas futuras.
“Decifra-me ou te devoro.”
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que
se desdobram em meses, que se aceleram em
dias, que escorrem em horas.
Gênero:
Palavras-chave:
Áreas envolvidas:
Temas transversais:
Público-alvo:
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
a) antes da leitura
Os sentidos que atribuímos ao que se lê
dependem, e muito, de nossas experiências
anteriores em relação à temática explorada
pelo texto, bem como de nossa familiaridade
com a prática leitora. As atividades sugeridas
neste item favorecem a ativação dos conhe-
cimentos prévios necessários à compreensão
e interpretação do escrito.
Explicitação dos conhecimentos prévios
necessários à compreensão do texto.
Antecipação de conteúdos tratados no texto
a partir da observação de indicadores como
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,
informações presentes na quarta capa, etc.
Explicitação dos conteúdos da obra a partir
dos indicadores observados.
b) durante a leitura
São apresentados alguns objetivos orienta-
dores para a leitura, focalizando aspectos
que auxiliem a construção dos sentidos do
texto pelo leitor.
Leitura global do texto.
Caracterização da estrutura do texto.
Identificação das articulações temporais e
lógicas responsáveis pela coesão textual.
Apreciação de recursos expressivos empre-
gados pelo autor.
c) depois da leitura
São propostas atividades para permitir melhor
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos
relacionados aos conteúdos das diversas áreas
curriculares, bem como a reflexão a respeito
de temas que permitam a inserção do aluno no
debate de questões contemporâneas.
pertence, analisando a temática, a perspec-
tiva com que é abordada, sua organização
estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Com esses elementos, o professor irá iden-
tificar os conteúdos das diferentes áreas do
conhecimento que poderão ser abordados,
os temas que poderão ser discutidos e os
recursos linguísticos que poderão ser explo-
rados para ampliar a competência leitora e
escritora dos alunos.
QUADRO-SÍNTESE
O quadro-síntese permite uma visualização
rápida de alguns dados a respeito da obra
e de seu tratamento didático: a indicação
do gênero, das palavras-chave, das áreas e
temas transversais envolvidos nas atividades
propostas; sugestão de leitor presumido para
a obra em questão.
F nas tramas do texto
Compreensão global do texto a partir de
reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
de respostas a questões formuladas pelo pro-
fessor em situação de leitura compartilhada.
Apreciação dos recursos expressivos em-
pregados na obra.
Identificação e avaliação dos pontos de
vista sustentados pelo autor.
Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
Produção de outros textos verbais ou ainda
de trabalhos que contemplem as diferentes
linguagens artísticas: teatro, música, artes
plásticas, etc.
nas telas do cinema
Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
obra analisada, tanto em relação à temática
como à estrutura composicional.
nas ondas do som
Indicação de obras musicais que tenham
alguma relação com a temática ou estrutura
da obra analisada.
nos enredos do real
Ampliação do trabalho para a pesquisa de
informações complementares numa dimen-
são interdisciplinar.
DICAS DE LEITURA
Sugestões de outros livros relacionados de
alguma maneira ao que está sendo lido, esti-
mulando o desejo de enredar-se nas veredas
literárias e ler mais:
do mesmo autor;
sobre o mesmo assunto e gênero;
leitura de desafio.
Indicação de título que se imagina além do
grau de autonomia do leitor virtual da obra
analisada, com a finalidade de ampliar o
horizonte de expectativas do aluno-leitor,
encaminhando-o para a literatura adulta.
__________
1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e
10, 16 e 17.
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
234
Leitor fluente — 8o e 9o anos do Ensino Fundamental
Leitor fluente – 8o e 9o anos
VEREDAS
0001_0008_Encarte_Arte_LP_130001065.indd 1 09/11/2020 10:26:57
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DANIEL MUNDURUKU

Crônicas indígenas para rir e refletir na escola

PROJETO DE LEITURA

Coordenação: Maria José Nóbrega

Elaboração: Tom Nóbrega

Leitor fluente — 8o^ e 9o^ anos do Ensino Fundamental

Leitor fluente – 8o^ e 9o^ anos

VEREDAS

0001_0008_Encarte_Arte_LP_130001065.indd 1

O que é, o que é, Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?^1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-

quer texto, inscreve-se, necessariamente, em

um gênero socialmente construído e tem,

portanto, uma relação com a exteriorida-

de que determina as leituras possíveis. O

espaço da interpretação é regulado tanto

pela organização do próprio texto quanto

pela memória interdiscursiva, que é social,

histórica e cultural. Em lugar de pensar que

a cada texto corresponde uma única leitura,

é preferível pensar que há tensão entre uma

leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros

produzidos antes ou depois dele: não há como

ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvo-

re — a árvore do tempo — e contemplemos

outras árvores:

Deus fez crescer do solo toda

espécie de árvores formosas de ver

e boas de comer, e a árvore da vida

no meio do jardim, e a árvore do

conhecimento do bem e do mal. (…)

E Deus deu ao homem este manda-

mento: “Podes comer de todas as

árvores do jardim. Mas da árvore do

conhecimento do bem e do mal não

comerás, porque no dia em que dela

comeres terás de morrer”.^2

Ah, essas árvores e esses frutos, o

desejo de conhecer, tão caro ao ser

humano…

Enigmas e adivinhas convidam à decifra-

ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma

árvore bem frondosa, que tem doze galhos,

que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-

tro sementes: cada verso introduz uma nova

informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa?

Quantas frutas tem cada galho? Quantas

sementes tem cada fruta? A resposta a cada

uma dessas questões não revela o enigma. Se

for familiarizado com charadas, o leitor sabe

que nem sempre uma árvore é uma árvore,

um galho é um galho, uma fruta é uma fruta,

uma semente é uma semente… Traiçoeira, a

árvore frondosa agita seus galhos, entorpece-

-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com

as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é

deixar escapar o sentido que se insinua nas

ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao

mesmo tempo que se alonga num percurso

vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na

terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em

flores, que escondem frutos, que protegem

sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que

se desdobram em meses, que se aceleram em

dias, que escorrem em horas.

Árvores e tempo de leitura

MARIA JOSÉ NÓBREGA

Gênero:

Palavras-chave:

Áreas envolvidas:

Temas transversais:

Público-alvo:

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê

dependem, e muito, de nossas experiências

anteriores em relação à temática explorada

pelo texto, bem como de nossa familiaridade

com a prática leitora. As atividades sugeridas

neste item favorecem a ativação dos conhe-

cimentos prévios necessários à compreensão

e interpretação do escrito.

  • Explicitação dos conhecimentos prévios

necessários à compreensão do texto.

  • Antecipação de conteúdos tratados no texto

a partir da observação de indicadores como

título da obra ou dos capítulos, capa, ilustração,

informações presentes na quarta capa, etc.

  • Explicitação dos conteúdos da obra a partir

dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-

dores para a leitura, focalizando aspectos

que auxiliem a construção dos sentidos do

texto pelo leitor.

  • Leitura global do texto.
  • Caracterização da estrutura do texto.
  • Identificação das articulações temporais e

lógicas responsáveis pela coesão textual.

  • Apreciação de recursos expressivos empre-

gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor

compreensão e interpretação da obra, indican-

do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos

relacionados aos conteúdos das diversas áreas

curriculares, bem como a reflexão a respeito

de temas que permitam a inserção do aluno no

debate de questões contemporâneas.

F nas tramas do texto

  • Compreensão global do texto a partir de

reprodução oral ou escrita do que foi lido ou

de respostas a questões formuladas pelo pro-

fessor em situação de leitura compartilhada.

  • Apreciação dos recursos expressivos em-

pregados na obra.

  • Identificação e avaliação dos pontos de

vista sustentados pelo autor.

  • Discussão de diferentes pontos de vista e

opiniões diante de questões polêmicas.

  • Produção de outros textos verbais ou ainda

de trabalhos que contemplem as diferentes

linguagens artísticas: teatro, música, artes

plásticas, etc.

nas telas do cinema

  • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou

DVD, que tenham alguma articulação com a

obra analisada, tanto em relação à temática

como à estrutura composicional.

nas ondas do som

  • Indicação de obras musicais que tenham

alguma relação com a temática ou estrutura

da obra analisada.

nos enredos do real

  • Ampliação do trabalho para a pesquisa de

informações complementares numa dimen-

são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de

alguma maneira ao que está sendo lido, esti-

mulando o desejo de enredar-se nas veredas

literárias e ler mais:

  • do mesmo autor;
  • sobre o mesmo assunto e gênero;
  • leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do

grau de autonomia do leitor virtual da obra

analisada, com a finalidade de ampliar o

horizonte de expectativas do aluno-leitor,

encaminhando-o para a literatura adulta.

09/11/2020 10:26:

DANIEL MUNDURUKU

Crônicas indígenas para rir e refletir na escola

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Daniel Munduruku nasceu em Belém do Pará e cresceu em meio à tribo indígena dos Mundu- rukus. Formado em Filosofia, foi professor duran- te dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor em São Paulo. Desenvolve atividades como contador de histórias em escolas da rede pública e particular. Participa, frequen- temente, de ciclos de palestras e conferências, sempre destacando o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira. Tem diversos livros publicados, entre os quais Coisas de índio e As serpentes que roubaram a noite e outros mi- tos , que receberam a menção de Livro Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Atua ocasionalmente em filmes e documentários, como Hans Staden , premiado no Festival de Cinema de Gramado.

RESENHA

Talvez não exista nada de mais absurdo do que a ideia de que um grupo de pessoas mereça mais vida do que as outras. Acontece que basta olhar em volta para perceber que esse equívoco existencial tem força no mundo que nos rodeia: contamina nossos olhares, nossa interação, nos- sas escolhas e preferências. Como nos diz Daniel Munduruku, “a cabeça dos brasileiros é repleta de estereótipos e de equívocos”, em especial no que diz respeito aos povos indígenas. Talvez o mais emblemático desses enganos esteja encravado na própria palavra índio, cunhada pelos colonizado- res. Remonta à desapropriação brutal causada pela chegada dos europeus o hábito de chamar os povos indígenas de algo que não são, negando sua multiplicidade e suas especificidades. Nessas Crônicas indígenas para rir e refletir na escola , Daniel Munduruku compartilha conosco

Leitor fluente — 8o^ e 9o^ anos do Ensino Fundamental

VEREDAS

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2. O livro apresenta a seção Para refletir , em que o autor se aprofunda em alguns tópicos explo- rados nas crônicas. Peça aos alunos para prestar especial atenção em passagens que esclarecem questões como: Por que é mais apropriado usar as palavras indígenas e não índios; povos e não tribos? Quais direitos indígenas são garantidos pela Constituição? 3. Daniel Munduruku menciona algumas canções populares no cenário musical brasileiro que mui- tas vezes retratam os povos indígenas de maneira estereotipada e/ou idealizada. Proponha aos alunos que tomem nota do título para ouvi-las com uma postura crítica. 4. Certamente, os alunos vão perceber que a maior parte das crônicas é autobiográfica. Peça que prestem atenção nos títulos que reproduzem fragmentos de falas dirigidas ao autor como: “Você é índio de verdade?”, “Você fala a minha língua?”. Veja se os alunos percebem, durante a leitura, que o autor dá a entender que ele se depara frequen- temente com perguntas e afirmações do tipo. 5. Peça aos alunos que prestem atenção nas muitas situações desagradáveis vivenciadas por Daniel Munduruku no ambiente escolar – seja como aluno, seja visitando escolas para conversar com alunos. De que maneira os estabelecimentos de ensino acabam por reforçar estereótipos sobre os povos indígenas? 6. Diga aos alunos que prestem atenção nas ilustrações de João Montanaro que aparecem no início de cada capítulo. Sugira que procurem revisitar a ilustração depois da leitura de cada texto, buscando perceber a relação entre o texto e a imagem. Veja se notam como o ilustrador evoca, em imagens, a distância entre os estereótipos a respeito dos povos indígenas e os indígenas con- temporâneos, bem como o modo opressivo com que esses povos têm sido tratados. Montanaro, além de ilustrador, é cartunista e publica charges no jornal Folha de S. Paulo : sugira que os alunos visitem sua página no Instagram, <https://www. instagram.com/joaomontanaro/?hl=pt-br>

Depois da leitura

1. Na crônica – Vocês não têm vergonha? –, o autor fala de um evento em que esteve ao lado de Raoni Metkutire, da etnia Kaiapó, uma das maiores lide- ranças indígenas do Brasil_._ Para que os alunos co- nheçam um pouco mais da importante trajetória

desse líder, assista com eles à entrevista da Agên- cia Pública. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=nlxRbEJy3SE> (acesso em: 22 out. 2020). Leia com eles a carta profecia publicada em 2019 no jornal The Guardian , na qual o líder kaiapó alerta sobre os perigos que o modo de vida e a ganância do homem branco têm trazido para o mundo. Disponível em: <https://midianinja.org/ news/nos-povos-da-amazonia-estamos-cheios- de-medo-em-breve-voces-tambem-terao-diz -cacique-raoni/> (acesso em: 22 out. 2020).

2. Um dos mais recorrentes equívocos apontados por Daniel Munduruku em relação aos povos indígenas é o de imaginar que, por fazerem uso de itens como telefones celulares e se vestirem de modo similar aos outros brasileiros, eles estejam perdendo sua cultura. Para que os alunos reflitam um pouco mais sobre essa questão, assista com eles ao vídeo do Instituto Socioambiental, #Menos- preconceitomaisindio , disponível no link <https:// www.youtube.com/watch?v=uuzTSTmIaUc> (aces- so em: 22 out. 2020), bem como o clipe do rapper guarani Kunumi MC, disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=cT7ZXxAMetY> (acesso em: 22 out. 2020). Sugira ainda que acompanhem o canal do Youtube Wariu , em que o jovem Chris- tian Wari’u Tseremey’wa, da etnia Xavante, fala a respeito do que significa ser indígena no século XXI. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=ySfDWo5dLFE> (acesso em: 22 out. 2020). 3. Além de explicar o motivo pelo qual as palavras índío e tribo são inadequadas para se referir aos povos originários, Daniel Munduruku explica por- que é importante aprender a se referir às etnias indígenas pelo nome. Para que os alunos saibam mais sobre os mais de 305 povos que habitam o território brasileiro, visite com eles a página Povos Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental, disponível em: https://pib.socioambiental.org (acesso em: 22 out. 2020). Nela, é possível encon- trar o nome da maior parte dos povos originários que vivem no país e obter informações de cada etnia. Assista com os alunos ao documentário de 26 minutos Índio somos nós, em que indígenas de diferentes etnias descrevem seus modos de vida. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=ZecRLbA7H3w> (acesso em: 22 out. 2020). 4. Na crônica O índio é mesmo preguiçoso? e na se- ção Para refletir da página 27, o autor desconstrói a equivocada associação do indígena com a preguiça

e comenta como essa ideia preconceituosa tem raízes na diferente compreensão do tempo. Para se aprofundar um pouco mais nesse assunto, vale a pena escutar a reflexão do autor sobre o conceito de “Bem Viver”. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=jDMUg7LPixM> (acesso em: 22 out. 2020).

5. A língua de um povo é um dos seus maiores patrimônios, pois guarda uma maneira única de pensar e conceber o mundo. Na seção Para Refletir da página 45, Daniel Munduruku nos mostra como muitas das palavras que utilizamos em nosso cotidiano e dos nomes topográficos do Brasil têm origem nas línguas indígenas. Para que os alunos compreendam mais sobre a variedade de línguas existentes no país, visite com eles a página do Instituto Socioambiental: <https:// pib.socioambiental.org/pt/L%C3%ADnguas> (acesso em: 22 out. 2020). Sugerimos mais vídeos sobre o tema: a apresentação do projeto Cantos da Terra, do pensador indígena Ailton Krenak, no link <https://www.youtube.com/ watch?v=5754E0TMUP4> (acesso em: 22 out. 2020); um projeto em Roraima que criou espaços de ensino para as línguas macuxi wapichana, dispo- nível em: <https://www.youtube.com/watch?v= fgGbmGW6xjg> (acesso em: 22 out. 2020); e o belo projeto realizado por uma escola em Brasi- lândia (MS), no qual uma professora encorajou alunos indígenas e seus colegas não indígenas a criar um dicionário ilustrado da língua Ofaié. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=mqQsyfqVSho> (acesso em: 22 out. 2020). 6. Na crônica Minha vó foi pega a laço , o autor co- menta seu incômodo e estranhamento ao escutar alguém dizer, com orgulho, que sua avó indígena foi raptada à força e obrigada a viver uma vida que não queria. Escute com os alunos a canção Sangue vermelho , da cantora Kae Guajajara, do povo Guajajara, que traduz com pungência e sensibilidade a experiência vivida por seus ances- trais. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=P9aAhuJLnt0> (acesso em: 22 out. 2020). 7. Na crônica Se você é o índio, então não tenho medo, Daniel Munduruku comenta como muitas vezes a maneira como os indígenas são retrata- dos no material didático dos livros de História pode fazer com que os alunos desenvolvam uma

percepção equivocada desses povos. Proponha aos alunos que visitem a biblioteca da escola e analisem os livros didáticos disponíveis: de que maneira retratam os povos indígenas, seja nos textos, seja nas imagens? Encoraje os alunos a levantar possíveis críticas à abordagem dos livros em questão.

8. A seção Para refletir da página 70 fala de um tema de fundamental importância: os direitos dos povos indígenas estabelecidos pela Consti- tuição de 1988. Para saber quais são os direitos garantidos aos povos indígenas, leia com eles o texto disponível na página do Instituto Socio- ambiental: <https://pib.socioambiental.org/pt/ Constitui%C3%A7%C3%A3o> (acesso em: 22 out. 2020). Em seguida, assista ao memorável discurso proferido pelo jovem Ailton Krenak, porta-voz do movimento indígena, no Congresso Nacional em

  1. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=kWMHiwdbM_Q> (acesso em: 22 out. 2020). Para que você possa se preparar para discutir o tema com os alunos, recomendamos que assista ao documentário Índio cidadão? , de 2014.

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As serpentes que roubaram a noite e outros mitos. São Paulo: Peirópolis. Kabá Darebu. São Paulo: Brinque-Book. O karaíba: uma história do pré-Brasil_._ São Paulo: Melhoramentos. O sinal do pajé. São Paulo: Peirópolis. A caveira gigante, a mulher lesma e outras his- tórias indígenas de assustar. São Paulo: Global.

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A vida não é útil , de Ailton Krenak. São Paulo: Companhia das Letras. A terra dos mil povos , de Kaká Werá Jecupé. São Paulo: Peirópolis. Tembetá: conversas com pensadores indígenas , de Idjahure Kadiweu. Rio de Janeiro: Azougue Editorial. Ay kakyri tama: eu moro na cidade, de Marcia Wayna Kambeba. São Paulo: Polén Livros. Eu sou macuxi e outras histórias , de Julie Dorrico. Nova Lima: Caos e Letras.

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