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Contribuições do sociointeracionismo para o processo de ensino aprendizagem. ... Esse método valoriza as atividades em grupo; a linguagem e o relacionamento.
Tipologia: Notas de estudo
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Elizabeth Cristina Ramos da Silva Almeida Luísa Lisboa de Camargo Santos Paula Alves Ferreira Thaís Lorraine Viana
Betim 2021 / 1
Elizabeth Cristina Ramos da Silva Almeida Luísa Lisboa de Camargo Santos Paula Alves Ferreira Thaís Lorraine Viana
Monografia apresentada à disciplina TCC Orientação I como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia pelo Centro Universitário UNA Betim. Professora Orientadora: Adriana Piva Betim 2021 / 1
O processo de construção do conhecimento envolve quem ensina e quem aprende. A aprendizagem se baseia em resoluções mentais tendo como ponto de partida a interação do indivíduo com o objeto do conhecimento. Nessa concepção, também conhecida como sociointeracionista, a aprendizagem é processual e dinâmica, convidando o professor para a adesão às novas abordagens metodológicas na construção do conhecimento. O sociointeracionismo é uma corrente da psicologia do desenvolvimento, tendo como principal referência teórica: Lev Vygotsky. Segundo a estudiosa Marta Kohl de Oliveira (2006), o pensamento de Vygotsky é melhor traduzido pelo termo sócio-histórico. Apesar do reconhecimento dessa autora como referência nos estudos das obras de Vygotsky, manteremos o termo sociointeracionismo, por ser mais usual no Brasil. Essa abordagem de aprendizagem considera que há uma interrelação entre o sujeito biológico e sua cultura, reconhecendo-o inserido em processo sócio-histórico. Assim, considerando a perspectiva sociointeracionista, é possível trabalhar de maneira lúdica estimulando a autonomia da criança e envolvendo o conteúdo com a realidade. Esta perspectiva não ignora o conhecimento prévio do aluno, conhecimento que é explorado e trabalhado, promovendo ao estudante novas experiências. Com esse estudo pretendemos justamente investigar a teoria sociointeracionista e perceber como ela é utilizada na fundamentação pedagógica de uma escola privada de Belo Horizonte. Temos como objetivos específicos caracterizar a teoria sociointeracionista na educação, e identificar práticas pedagógicas fundamentadas na perspectiva sociointeracionista O interesse por este tema de estudo se deu pelo fato de que, durante nossa trajetória educacional e profissional, sempre tivemos experiências com o ensino tradicional. Num dado momento, foi-nos apresentada uma proposta de escola que elencou outros parâmetros metodológicos para o desenvolvimento escolar de seus alunos. A fundamentação dessa proposta está ancorada na teoria sociointeracionista. Isso despertou o interesse de estudar as metodologias utilizadas nesse modelo e compreender melhor suas especificidades e contribuições para o processo de ensino-aprendizagem.
Além da pesquisa bibliográfica, foi realizado ainda um estudo de caso, a partir da análise do Projeto Político Pedagógico de uma escola privada de Belo Horizonte - MG, e da aplicação de um questionário a um professor da escola. Buscamos identificar com os procedimentos escolhidos como a perspectiva sociointeracionista se revela na proposta pedagógica da escola. O detalhamento de como foi realizada a pesquisa de campo, bem como a análise de seus resultados são apresentados no capítulo três desta monografia. Por fim, no capítulo quatro, apresentamos nossas considerações finais.
2 .1 Compreendendo o sociointeracionismo Lev Vygotsky, teórico bielorrusso, formado em direito, deu início ao estudo da filosofia, e com isso buscou entender a questão de como o ser humano aprende. Vygotsky então criou um grupo de estudos e iniciou toda à perspectiva que nós conhecemos como sociointeracionista. Apesar de todo o contexto do surgimento desta perspectiva, a tradução correta do Russo para o Português seria sócio-histórica e não sociointeracionista, conforme explica Oliveira (2006). Essa corrente de pensamento tem como princípio básico pensar como a aprendizagem humana se relaciona com o social, pois a questão biológica é um fator importante, mas não é o único determinante para o processo de aprendizagem, outros fatores como o social e histórico interferem diretamente. Assim, contribuíram para o fortalecimento de práticas de ensino que considerem o sujeito como ativo em relação constante com o meio onde está inserido. Vygotsky vê o desenvolvimento baseado em quantidades de mediação simbólica que o indivíduo vai vivenciando e que cria certas capacidades que torna possível a aprendizagem. Nesse contexto, que entra o papel da escola, possibilitando o desenvolvimento do pensamento formal, denominado por Vygotsky como pensamento complexo (OLIVEIRA, 2006). Os temas centrais no trabalho de Vygotsky são o desenvolvimento humano e a aprendizagem. Ele buscou entender a origem dos processos psicológicos, a partir da história individual dos sujeitos em interação com a sociedade. Segundo Oliveira (2006), para Vygotsky, o desenvolvimento humano e a formação do indivíduo apontam o uso de signos assim como uso de instrumentos. Os instrumentos são mediadores dos processos de aprendizagem do ser humano e os signos auxiliam o homem nas tarefas que demandam memória e registros, por isso são chamados de "instrumentos psicológicos". Os instrumentos, porém, são elementos externos ao indivíduo, voltados para fora dele: sua função é provocar mudanças nos objetos, controlar processos da natureza. Os signos por sua vez, também chamados por Vygotsky de "instrumentos psicológicos", são orientados para o próprio sujeito, para dentro do indivíduo: dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do próprio individuo, seja de outra pessoa, São ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas, como o instrumento. (OLIVEIRA 2006, p. 30)
compartilhado por um grupo de pessoas. O desenvolvimento da linguagem está ligado diretamente aos pensamentos subjetivos e abstratos, comportamentos intencionais, percepção, atenção, memória e principalmente comunicação. A linguagem é para todos os grupos de seres humanos um sistema simbólico e possui duas funções básicas, a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Vygotsky (1997) citado por Oliveira ( 2006 ) aponta sobre a função de linguagem de pensamento generalizante. O pensamento generalizante é a função que faz da linguagem um mecanismo de pensamento, ela apresenta as organizações do real e os conceitos que concebe a mediação entre o sujeito e objeto de conhecimento. Essa função da linguagem separa o real e ordena todas as situações e objetos dentro de uma categoria. Os signos são denominados por ele como marcas externas, elas são para os seres humanos uma estrutura concreta para desenvolvimento do homem no mundo. O processo de internalização assim como os sistemas simbólicos que utilizamos é fundamental para que ocorra desenvolvimento dos processos mentais e salientam a importância das relações sociais entre os indivíduos na construção de processos psicológicos. O processo de internalização constitui-se em tornar as marcas externas, o que acontece e se vê do mundo externo, em processos internos, ou de internalização como denomina Vygotsky. Nesse processo, são desenvolvidos sistemas simbólicos que organizam os signos de forma estrutural articulada e complexa. Neste sentido, o desenvolvimento individual e coletivo da espécie humana trouxe o aperfeiçoamento e mudanças no uso dos signos e instrumentos, conforme explicita OLIVEIRA (2006, p.35): Ao longo do processo de desenvolvimento, o indivíduo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar signos internos, isto é, representações mentais que substituem os objetos, eventos, situações (...) o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo – isto é, fazer relações, planejar, comparar, lembrar, etc. - supõe um processo de representação mental. Temos conteúdos mentais que tomam o lugar dos objetos, das situações e dos eventos do mundo real. A capacidade do ser humano de lidar com essas subjetividades e representações expande o real, abrindo possibilidades de processos mentais, tais como: imaginar, lembrar, planejar, traçar objetivos e ter intenções sem a necessidade de ter contato com o objeto, espaço ou
pessoa a quem faz relação. Não é necessário o contato direto, essas operações mentais independem do contato físico, presencial e presente. A mediação ocorre pelos signos que foram internalizados considerando que as “representações mentais da realidade exterior são, na verdade, os principais mediadores a serem considerados na relação do homem com o mundo.” (OLIVEIRA, 1997 , p. 35 ). Outro conceito central desenvolvido por Vygotsky e, portanto, importante para a perspectiva do sociointeracionismo, é o de zona de desenvolvimento proximal. Para ele, Zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGOTSKY, 1984apud OLIVEIRA, 2006 , p. 60). Dessa forma, a função pedagógica da escola e do professor é mediar e auxiliar o aluno a aprender utilizando recursos e vínculos que contribuem para a evolução dos níveis de desenvolvimento entre o indivíduo, o objeto de estudo e suas relações com o ambiente social e cultural no qual o sujeito está inserido, pois a criança não se desenvolve plenamente sem a mediação, direcionamento e suporte de outros indivíduos. Segundo Vygotsky (1984 apud Oliveira, 2006 , p.97), "A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário". Oliveira (2006) aponta que a capacidade de realizar tarefas sozinhas de maneira independente está relacionada por Vygotsky ao nível de desenvolvimento real. A zona de desenvolvimento potencial está relacionada àquilo que a criança é capaz de apreender, mas que ainda não o fez. O espaço entre o que o aluno tem potencial para aprender e aquilo que ele já domina é o que Vygotsky chama de zona de desenvolvimento proximal, está ligada às atividades que a criança consegue desempenhar com a ajuda de alguém, assistência ou instruções. A percepção, a abstração da generalização, a dedução, a inferência a formação de conceitos e consequentemente da aprendizagem são influenciadas pela cultura, pela escolarização, pelos ciclos sociais e pela história pessoal, influenciadas, portanto, por tudo aquilo que está relacionado à mediação semiótica. Assim,
O objetivo fundamental desta teoria é ajudar a preparar o aluno para administrar a informação, e não simplesmente acumular dados e informações com a mediação pelo professor. Cabe a ele a promoção de práticas pedagógicas que buscam o desenvolvimento integral dos alunos. Práticas estas que sejam realmente fundamentadas à teoria proposta. As práticas pedagógicas para o desenvolvimento do estudante na perspectiva sociointeracionista são lúdicas, com incentivo ao trabalho coletivo e à construção da autonomia. Barbosa (2013) aponta que os conteúdos sejam trabalhados sem nunca deixar de interagir com a realidade do aluno. Sendo extremamente importante ressaltar que essa perspectiva nunca deixa de considerar os conhecimentos e experiências prévias do aluno; para que, a partir daí, o educador possa promover a construção do conhecimento pelo aluno levando em conta sua bagagem cultural e social. É uma dimensão importante também o objetivo de formação integral do educando, desenvolvendo suas potencialidades e propiciando-lhe o relacionamento da criança e do adolescente ao meio físico e social. A aprendizagem é um processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes e valores, a partir do contato com a realidade, com o ambiente e com as outras pessoas. Dessa forma, Oliveira (2014) ressalta que, O sociointeracionismo pressupõe práticas educativas diferenciadas que impreterivelmente trazem dinamismo, mobilidade, ludicidade e estímulos à cognição (...) utilizar ferramentas tecnológicas e estratégias de ensino que movam os educandos e os levem à indagação, à experimentação, a adaptações ao meio e assimilação do novo. O aluno precisa sentir-se convidado a participar ativamente do processo ensino-aprendizagem de maneira crítica e transformadora. p. O papel do professor é mediar à aprendizagem por meio de estratégias que promovam interatividade para que a criança e ou adolescente encontre significado e sentido no que está sendo ensinado. Outra prática baseada na teoria sociointeracionista é a de desafiar o aluno por meio de situações que necessitem da participação ativa do mesmo no meio social em que está inserido. Dessa forma, as práticas sociointeracionistas despertam no aluno interesse e promove sua participação ativa. O ensino não é pensado como algo engessado e não está voltado somente para o alcance de resultados. Assim,
É necessário permitir aos educandos o acesso à informação e a ferramentas que nada mais são do que estimulantes recursos para a aprendizagem (...) os saberes alheios, as experiências e leituras de mundo que os sujeitos realizam. Ao fazer uso de tais reflexões, o tutor pode provocar uma educação significativa e envolvente, na qual aprender será interessante e motivador. (OLIVEIRA, 2014 , pág. 2). A função da educação, a partir de uma abordagem sociointeracionista, está relacionada à possibilidade de desenvolver no aluno as habilidades motoras, e possibilitar a elas a oportunidade de viver uma infância alegre, saudável, investigativa e muito criativa. A educação nesta perspectiva tem um olhar para que cada uma aprenda em seu próprio ritmo. Tudo sempre com o olhar atento dos educadores, que internalizam valores e fazem pesquisas a partir do interesse individual ou até mesmo coletivo. O professor sempre como mediador do desenvolvimento da linguagem, da afetividade, da capacidade motora, cognitiva e social. Uma instituição com uma proposta pedagógica elaborada a partir dos fundamentos do sociointeracionismo leva o aluno a explorar e descobrir as possibilidades existentes em nosso meio, buscando responder aos seus questionamentos que a partir de relações em seu meio permite o descobrir e pensar. Trata-se de uma aprendizagem construída e relacionada com conhecimentos prévios em que o sujeito participa de um processo ativo, permitindo a reorganização e a reestruturação da informação. Considerando esses apontamentos, uma das barreiras que envolvem a implementação da perspectiva sociointeracionista na escola é que a preparação de aulas, a elaboração de tarefas, a utilização de recursos materiais não pode ser feitada maneira tradicional. O sociointeracionismo nos exige que estejamos atentos ao fato de que cada aluno tem sua demanda e sua especificidade e precisa realizar tarefas personalizadas. Isso requer a realização de aulas envolventes e ativas e, com isso, as aulas se tornam imprevisíveis, os horários de realização de tais atividades não são engessadas, e cada aluno tem seu tempo para desenvolver sua atividade. Assim, nesta perspectiva, o professor precisa ter um olhar mais atento, crítico e estar preparado para reconhecer o nível de desenvolvimento individual de cada aluno a fim de dirigir o ensino de forma específica tomando como ponto de partida o nível real de desenvolvimento do aluno. O docente precisa adequar-se às habilidades, nível de conhecimento e as singularidades culturais e sociais de cada aluno.
Conforme apresentado na introdução, este estudo foi realizado com base em pesquisa bibliográfica e um estudo de caso. Para Godoy (1995), O estudo de caso se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Visa ao exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular. [...] O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões "como" e "por quê" certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de vida real. O caso estudado foi as concepções e as práticas de ensino de uma escola localizada em Belo Horizonte. Para isso, fizemos a análise do Projeto Político Pedagógico da Escola da Serra (Belo Horizonte – MG), e aplicamos um questionário (vide apêndice) a um professor da instituição. Devido ao cenário atual em que o país se encontra, de pandemia do Novo Corona Vírus (COVID19), não foi possível realizar a observação do cotidiano da escola, como planejado inicialmente. Sendo assim utilizamos o recurso digital facilitando a realização da pesquisa. O projeto político pedagógico da escola é de acesso público, disponibilizado no site da escola. 3.1 Análise do PPP da instituição Ao se analisar o Projeto Político Pedagógico, percebe-se que a escola possui uma referência pedagógica sociointeracionista, uma vez que a referida escola tem como um de seus princípios o construtivismo sociointeracionista. Seu projeto pedagógico ressalta a importância da interação do sujeito com o próprio meio em que vive, pretendendo dessa forma, contribuir para “formar indivíduos capazes de pensar e agir como seres históricos, conscientes de todo o seu papel ao longo do processo de transformação de si mesmos e, inclusive, do mundo, e que reconheçam para os outros a mesma esfera de autonomia e de dignidade que exigem para si” (ESCOLA DA SERRA, 2021 , p. 51 ).
Sob a perspectiva da teoria sociointeracionista sublinhada por Vygotsky, a aprendizagem sempre ocorre por meio da interação social, onde por meio das relações os sujeitos acabam trocando ideias, leituras e ricas experiências que culminarão dessa forma, na produção de conhecimentos (OLIVEIRA, 2012). A proposta pedagógica da Escola afirma que o papel do professor é promover junto aos alunos avanços em suas aprendizagens, criando potenciais zonas de desenvolvimento proximal. O aluno, além de ser o sujeito da aprendizagem, também é aquele que aprende com o outro, ressaltando o modelo de ensino pautado na abordagem histórico-cultural do desenvolvimento humano. Considerando as informações disponíveis no site da escola, destacamos as seguintes características: a) O aprender a aprender onde o aluno é o protagonista de seu próprio aprendizado; b) A organização dos tempos escolares em ciclos de formação; c) Os conteúdos são organizados em áreas do conhecimento para que o aluno possa compreender a complexidade da realidade; d) O currículo possui uma abordagem interdisciplinar; e) O papel do professor é o de orientador, ou seja, equipes de docentes que ficam disponíveis para que à medida que for solicitada sua ajuda pelos alunos ele está de prontidão a atendê-los. Os professores têm grande liberdade para propor atividades que enriqueçam a formação do aluno. Eles realizam também a tutoria que auxilia na superação de dificuldades de cada criança. f) O espaço das aulas é organizado em salões de aprendizagem com o objetivo de horizontalização das relações. Os alunos compartilham um espaço com mesas para quatro pessoas e idades e momentos de estudos diferentes, fugindo completamente de um modelo tradicional de sala de aula. Pensando na escola sociointeracionista, o Projeto Político Pedagógico da Escola da Serra busca contribuir para o “desabrochar e o desenvolvimento de todos os potenciais dos alunos”; bem como possibilitar que os alunos por sua vez, se apropriem do legado de conhecimento que é produzido pela humanidade; além de levar o educando a assumir o protagonismo do seu efetivo processo de aprendizagem e assim, a desenvolver a autonomia.
poder gerar conhecimento, o que sugere ao tutor acolhimento, sensibilidade, cordialidade e humanidade em meio à relação com o aluno. Percebe-se ainda, que o foco da ação pedagógica é sempre colocado na aprendizagem do aluno, não no ensino, levando-se em conta, segundo o PPP, o jeito de ser e também de aprender de cada um. Outro também é o papel do próprio educador em sua relação com todo aluno, visto que, ao invés de autoridade que sabe e que ensina a quem não sabe, o mesmo passa a ser um instigador, bem como um orientador e parceiro do aluno na plena produção e reprodução de conhecimento, em um amplo processo de aprendizagem dual, e não unidirecional. O Projeto Político Pedagógico afirma que a educação baseada na epistemologia construtivista sociointeracionista sempre se faz através das “relações tecidas na própria comunidade escolar, da coerência entre os importantes valores abraçados”, e, inclusive a prática do dia a dia, do real significado do que deve ser aprendido e, sobretudo do protagonismo do aluno em meio ao seu processo de aprendizagem. Na escola, de acordo com seu projeto pedagógico, há uma ênfase na busca pela autonomia do aluno, tida como o exercício da liberdade de decidir, e também de agir coerentemente com todos os planos e motivações pessoais, sempre levando em consideração o outro e o contexto. Esse fato reforça que uma instituição que, parte desses pressupostos, se estrutura de forma a poder potencializar a ocorrência de processos de construção de conhecimento pelos alunos. Além disso, segundo o PPP, há ainda diversos recursos e até mesmo estratégias de fortalecimento da plena autonomia, bem como a construção coletiva de combinados; além de assembleias de alunos; eleições de temas de diversos projetos coletivos; disciplinas optativas; incluindo projetos de livre escolha. Percebe-se, portanto, que a proposta da escola, segundo o seu PPP, valoriza as atividades em grupo, bem como a linguagem e o relacionamento interpessoal. Assim, tal instituição preza que o professor seja um mediador ativo no processo de ensino- aprendizagem, e não somente um detentor do conhecimento. A escola busca dar oportunidades para que o aluno possa trocar experiências, sendo sempre motivado a participar de forma ativa da busca pelo conhecimento. Com isso, pareceu-nos evidente a influência da perspectiva sociointeracionista na caracterização do projeto pedagógico da escola, evidenciando valores e formas de organização do trabalho escolar afinados com a proposta teoria de Vygotsky.
3 .2 Análise do questionário O questionário, utilizado como outro instrumento de coleta de dados nesta pesquisa foi elaborado com 11 questões abertas, com objetivo de compreendermos, sob a perspectiva do professor, se o vivenciado no cotidiano da escola atende às perspectivas da teoria sociointeracionista como é explicita no PPP. O questionário foi aplicado através da ferramenta digital Google Forms durante o mês de abril de 2021. O entrevistado é um professor graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Educação e Formação Humana pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Ele atua como docente há quatorze anos, dentre eles há seis anos na escola que realizamos a pesquisa. Diante da primeira pergunto do questionário sobre se a escola é orientada pela perspectiva sociointeracionista, o professor afirmou que apesar da escola ter influências da perspectiva sociointeracionista, não há uma rigidez desta visão especificamente. Para ele, "a escola, como uma pedagogia de vanguarda, se funda através de várias perspectivas - conferindo um amálgama de epistemologias e metodologias e, sobretudo, conferindo uma construção no sentido teórico.". Considerando a pergunta sobre como conheceu o sociointeracionismo e como se deu a adaptação de sua prática a esta perspectiva, o professor contou que conheceu o sociointeracionismo através de estudos efetuados no mestrado, e se aproximou da perspectiva através de leituras e reflexões acerca do ato educativo. E apesar de exercer influência ao pensar a escola e efetuar algumas práticas, a própria escola convida os professores a pensarem sobre outros teóricos e linhas como, Freinet, Carl Rogers e Piaget. Foi perguntado também como se dá a atuação do professor no processo de aprendizagem dos alunos, a partir da proposta pedagógica da escola, e pedido que o respondente descrevesse algumas práticas que eram mais frequentes na escola. Segundo ele, os estudos são orientados através de roteiros, os quais conferem aos alunos uma maior autonomia de aprendizagem, que ocorre em mediação com o tutor do educando. Ele também afirma que , na escola, "o educador não se encerra no ato de dar aulas: dar aulas é uma das ferramentas possíveis para aprendizagem - ele irá propor caminhos, oferecerão modos de aprendizagem através de livros didáticos, podcasts, vídeos e outros". Para ele, o objetivo, em última instância, é que o aluno se torne autônomo para a pesquisa, se incline para o conhecimento e consiga compreender a importância do aprender a aprender.