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Este documento fala os aspecto de Processo-Ensino-Aprendizagem
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação Escola Superior Pedagógica do Bié Departamento de Ciências da Educação
Cursos: Matemática/ Biologia
DISCIPLINA: Didáctica Geral PROFESSOR: Arão Chilulo Cutatela Horas Lectivas: 120 1ª SEMESTRE: 60 h/a 2º SEMESTRE: 60 h/a 2º Ano
Introdução a Didáctica
A Didáctica geral ocupa um lugar fundamental dentro do marco das Ciências Pedagógicas, através da sistematização de regularidades e leis gerais do processo de ensino-aprendizagem (PEA).
Sentidos e significados da Educação, Pedagogia e Didáctica
A Educação: é um termo que apresenta um conceito extremamente amplo. O termo se manifesta da cultura e sendo assim, depende de cada contexto histórico e social em que está inserido. Os fins da educação variam com as épocas e as sociedades, no tempo e no espaço. A educação acontece nas mais variadas esferas de vida social nas famílias, nos grupos sociais, nas instituições educacionais ou assistenciais, nas associações profissionais, sindicais e comunitárias nas igrejas, nas empresas no meio de comunicação de massas etc.
A educação assume diferentes formas de organização a educação escolar, constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e autos graus de organização, ligados intimamente aos demais práticas sociais (Libâneo, 2004).
A Educação pode ser formal (instituições de ensino) e informal (contexto social: família, entre outros). Assim o processo educativo que se denevolve na escola pela instrução e ensino consiste na assimilação de conhcimentos científicos e experiências acumuladas pelas gerações anteriores no decurso do desenvolvimento histórico-social. Neste particular o processo educativo está condicionado pelas relações sociais, cujo interior se desenvolve; e as condições sociais, políticas e económicas ai existentes influenciam decisivamente no PEA (Libâneo, 2004).
A Pedagogia: é a ciência da educação, em sentido amplo, pois abrange todos os aspectos do fato educacional. Ou seja, é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos, tendo em vista a prepara-los para as tarefas da vida social. Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prática social da humanidade, cabe a pedagogia assegura-los, orientando para as finalidades sociais e políticas, e criando um conjunto de condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo (Libâneo, 2004).
O carácter pedagógico da prática educativa se verifica como acção consciente, intencional e planejada no processo de formação humana, através de objectivos e meios estabelecidos por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. Isto é, a pedagogia, vincula-se a opções sociais e políticas referentes ao papel da educação num determinado sistema de relações sociais, pelos quais a própria pedagogia pode dirigir e orientar a formulação dos objectivos e meios do processo educativo (ibidem)
Relação entre educação escolar, pedagogia e ensino
A educação escolar é uma manifestação peculiar do processo educativo global. A pedagogia surge como determinação do rumo desse processo educativo em suas finalidades e meios da acção. O ensino surge como campo específico da instrução e educação escolar. Assim podemos dizer que o processo de ensino e aprendizagem, é fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se conjugam factores externos e factores internos. Ou seja, de um lado, actuam na formação humana como forma de direcção consciente e planejada, através dos objectivos-conteúdos-métodos e formas de organização propostos pela escola e pelos professores; por outro lado, essa influência externa dwepende dos factores internos, tais como as condições físicas, psíquicas e sócio-culturais dos alunos (Libâneo, 2004).
A Didáctica : é o principal ramo do estudo da pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolítico e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função destes objetivos, estabelecer os vínculos entre o ensino e a aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos (Libâneo, 2004).
A didáctica é uma das disciplinas da Pedagogia que estuda as técnicas do ensino em todos aspectos práticos e operacionais. Estuda igualmente os objectivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo do ensino, tendo em vista as finalidades educacionais. Ela investiga o fenómeno “ensino” em todos os níveis do processo de ensino-aprendizagem. A Didáctica é uma cadeira relevante para o profissional da educação pois, visa dirigir, organizar, orientar e estimular a aprendizagem escolar dos alunos.
Unidade I: Aspetos históricos e conceituais: A Didáctica como ciência sua caracterização, leis e princípios.
1.1- Resenha histórica da Didáctica
A didáctica foi concebida como base de uma reforma educacional importante pela primeira vez no século XVII, com João Amós Comenius, em sua obra “Didáctica Magna”. Nesta época Comenius (1562-1670) havia observado que a educação se dava de maneira muito espontânea, permeada de puro praticismo, não havia sistematização, organização ou planejamento. Com o objectivo de organizar e sistematizar a educação, procurou estabelecer os fundamentos no tratado a “arte universal de ensinar tudo a todos” , privilegiando sobretudo o professor, o método e o conteúdo. Na sua obra Comenius apresenta os seguintes princípios que têm influência directa no trabalho do professor:
(i) apresentar o objecto ou ideia directamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando;
A didáctica tem como «objecto de estudo» o processo de ensino-aprendizagem na sua globalidade, sendo assim está inteiramente ligada a Teoria da Educação, as Teorias da Organização Escolar, as Teorias do Conhecimento e a Psicologia da Educação. Esse suporte teórico é a base da prática educativa. Neste sentido a didáctica torna-se o principal ramo de estudos da pedagogia, pois é necessário dominar bem todas as teorias para que haja uma boa prática educativa, pelo que, o educador deve dispor de recursos teóricos para organizar e articular o PEA, onde é importante a consideração das didácticas específicas e das metodologias de investigação.
Didáctica e as metodologías de Investigação: formam uma unidade, mantendo entre sí relações recíprocas. A didáctica trata da teoria geral de ensino. As metodologias específicas, integrando o campo da didáctica, ocupam-se dos conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação com finas educacionais.
Didáctica com as demais componentes do conhecimento pedagógico (Filosofia e a História da Educação): filosofia e a história da educação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, indagando em que consiste o acto educativo, seus condicionantes externos e internos, seus fins e objectivos; busca os fundamentos da prática educativa.
Didáctica com a Sociologia da Educação: A Sociologia da Educação estuda a educação como processo social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social no seu movimento, a partir da dependencia mútua entre seus elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade educacional. A par disso, estuda a escola como «fenómeno sociológico», isto é, uma organização social que tem a sua estrutura interna de funcionamento interligado ao mesmo tempo com outras organizações sociais (conselhos de país, associações de bairros, sindicatos, partidos políticos). A própria sala de aulas é um ambiente social que forma, junto com a escola como um todo, ambiente global da actividade docente organizado para cumprir os objectivos de ensino.
Didáctica e a Psicologia da Educação: a Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do PEA, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação activa de conhecimentos e habilidades. A psicologia aborda questões como: o funcionamento da actividade mental, a influência de ensino no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades mentais para aprendizagem, a organização das relações entre professores-alunos e dos alunos entre sí, a estimulação e o despertamento do gosto pelo estudo, etc. A psicologia, de sua parte, fornece importante contribuição também, para a orientação educativa dos alunos.
Segundo C. Àvarez (1988) o objecto de estudo da didáctica deve ser a direcção do processo docente educativo de modos que contribua para a formação de um estudante que responda com o cargo de preparar o homem para a vida social, assim como para o seu papel na sociedade.
Segundo Luís Alves de Mattos «define» a "didática é a disciplina pedagógica de natureza prática e normativa que tem como objeto específico a técnica de ensino, ou seja, a técnica de efetivamente estimular e orientar os alunos em sua aprendizagem"
Assim, a didáctica pode ser considerada uma área do conhecimento que estuda o processo de ensino e aprendizagem, e é, fundamental para a formação do professor que tem a oportunidade de planejar suas estratégias e aplicá-las de acordo com as necessidades de seus alunos.
Percebe-se que a didáctica passou por um processo de adaptação até que os estudiosos convenceram que a mesma é uma ferramenta essencial em sala de aula, devido a evolução no que diz respeito a percepção de conhecimentos, assim certifica-se de que ela não pode faltar em hipótese alguma na prática educacional, bem como na utilização dos meios pedagógicos, em pesquisas e por fim na avaliação. Hoje o termo “didáctica” indica, o tratamento dos princípios gerais da prática em sala de aula, tais como: “processo de ensino e de aprendizagem; avaliação; métodos; prática de ensino; formulação de objectivos, etc”. Por sua vez, a “didáctica” investiga os fundamentos, condições e modos de realização do ensino, ocupa-se dos conteúdos e organização da aula, assim ela oferece critérios para a relação Ensino-Aprendizagem, eliminando a dicotomia entre teoria e prática. Nota-se aqui que desde o seu surgimento a didáctica torna-se fundamento da prática educativa constituindo-se num conjunto de conhecimentos que interliga a teoria e prática educativa. Segundo Libâneo (2002), a didáctica é uma ponte mediadora entre a teoria e a prática docente, é ela que interliga as bases teóricas a acção prática evitando o espontaneísmo e fornecendo aos profissionais da educação uma praxis educativa sólida. Uma definição contemporânea da didáctica deverá reconhecer a sua contribuição teórica científica de ensinar e o aprender, que se apoia em: “Leis e princípios; Na unidade entre a instrução e a educação; Na importância do diagnóstico integral; O papel da actividade, comunicação e a socialização neste processo; Seu enfoque integral, na unidade entre o cognitivo, o efectivo e o volitivo em função da preparação do ser humano para a vida e o responder a condições sócio-históricas concretas”. Assim o principal papel da didáctica deve ter como visão:
a. Centra sua atenção no aluno e no docente, por isso seu objecto de estudo constituí o processo de ensino-aprendizagem;
b. Considera a direcção científica por parte do professor da actividade cognitiva, prática e valorativa dos alunos, tendo em conta o nível de desenvolvimento alcançado por estes e suas potencialidades para obtê-lo; c. Assume que mediante processos de socialização e comunicação se propicie a independência cognitiva e a apropriação do conteúdo de ensino (conhecimentos, habilidades, valores);
A estrutura do sistema envolve a inter-relação interna e permanente entre as componentes pessoais (aluno-professor) e a relação das componentes não pessoais, tais como: problema, objecto, objectivo, conteúdo, método, meios, formas organizativas e avaliação da aprendizagem (Libâneo, 1994; Miranda & Echevarría, 2019).
Leis (regularidades) do ensino
Na prática quotidiana, os conceitos leis (regularidades), princípios e regras são usados indiscriminadamente e em muitos casos são usados como sinónimos. Por exemplo, costumamos dizer: «as minhas convicções são as minhas regras, são os meus princípios, ou ainda é a lei de minha conduta».
O conceito de regularidade como expressão filosófica refere-se às relações, vínculos e dependências gerais, essenciais e duradouras que se repetem entre os fenómenos da realidade objetiva. Essas regularidades podem ser observadas e compreendidas pelos homens, e quando as descobrem podem expressá-las por meio de teorias, que são justamente as leis.
As leis, como as regularidades, caracterizam-se por serem objetivas, existem independentemente da vontade do homem. A diferença essencial entre as leis (regularidades) naturais e sociais reside no facto de que estas últimas se manifestam através do desenvolvimento da personalidade do homem em função da consciência.
O problema das leis da educação constitui uma das questões mais importantes para conceituar a pedagogia como ciência. Pesquisadores da área da educação e do ensino estudando a realidade, descobrem as relações entre os fenómenos, e na forma de lei refletem os fundamentos de ambas as áreas.
De acordo com as leis que regem o processo de ensino, é verdade que a didática ainda não possui um sistema de leis completo. Exemplo: a relação legítima entre instrução, educação e desenvolvimento da personalidade. Isso, expressa a unidade de instrução e formação dos alunos no processo de ensino.
Assim, a primeira lei da didáctica segundo os autores é o elo de ligação entre a escola e a sociedade (relação do PEA com a sociedade). A necessidade social presente em cada contexto é o ponto de partida para o desenvolvimento de um PEA que satisfaça esta necessidade. Esta lei é representada pela tríade problema-objecto-objectivo:
(i) Sociedade (problema) permite formar as novas gerações de acordo com os interesses e necessidades sociais;
(ii) Escola (objecto) cria-se para satisfazer as necessidades sociais; (iii) Os Objectivos do PEA , expressa as necessidades sociais numa linguagem pedagógica.
A segunda lei da didáctica é a relação entre a instrução e educação (relação entre os componentes internos do PEA). Esta lei é representada pela relação Conteúdo-métodos, formas de organização e avaliação.
A terceira lei da didáctica consiste na relação das componentes não pessoais do sistema interligados internamente entre si e com as componentes pessoais (aluno- professor); o sistema no seu conjunto, relaciona-se com meio exterior.
1.2.2. Princípios didácticos
A “materialização prática” prática da didáctica no PEA implica ter em atenção o sistema de princípios didácticos que servem de normas mais importantes e gerais que norteiam PEA de forma geral que se aplicam a todos os níveis e disciplinas. Porém importa em primeiro lugar fazer uma pequena distinção sobre «leis (regularidades), princípios e regras».
Sobre os princípios, regras e leis de ensino
O uso de uma lei social exige a formulação de regras gerais que orientem a atividade do homem. Essas regras gerais são chamadas de princípios. O termo princípio de ensino não é uma categoria especulativa, mas surgiu como uma generalização da prática docente e, como vimos, reflete as leis objetivas que se manifestam no processo de ensino. O primeiro a formular um sistema de regularidades pedagógicas foi o pedagogo J.A. Coménius. Ele considerava que, como o homem estava sujeito a leis universais, estas também influenciavam o ensino, determinando uma série de regularidades às quais o ensino estava subordinado.
L. Klingberg Os princípios didáticos são aspectos gerais da estruturação do conteúdo metódico organizacional do ensino, que se origina dos objetivos e das leis que os regem objectivamente. Ou seja, MA Danilov são categorias da didáctica que definem os métodos de aplicação das leis da educação, em correspondência com os propósitos da educação e do ensino.
KD Ushinski, querendo estabelecer as diferenças entre as leis científicas e as regras práticas, afirmou que a educação tem suas leis objetivas, que o professor deve conhecer para realizar sua actividade de forma racional; mas é necessário conhecer os fundamentos científicos de onde surgem as regras.
Sobre o sistema de princípios de ensino
Os princípios do ensino formam um sistema. Por exemplo, cada princípio cumpre determinados objetivos no ensino, os objetivos de um determinado princípio estão subordinados aos objetivos de todo o sistema de princípios e a omissão de um deles afeta todo o sistema, para o bom funcionamento do ensino.
Por exemplo: um professor que, ao explicar o assunto da pressão atmosférica, não leva em conta o princípio da relação entre teoria e prática, também desrespeita os princípios do caráter científico e educativo do ensino, o do caráter consciente e ativo dos alunos sob a orientação do professor, o da acessibilidade, o da união do concreto e do abstrato, e assim por diante.
Assim para elaborar princípios, há que considerar uma série de critérios de como a necessidade do sistema de princípios didáticos deve atender às leis essenciais da educação, responder às necessidades da política escolar e da prática docente, entre outros. Para isso a variação do sistema de princípios necessita:
firmes, seu próprio exemplo que desempenha um papel importante nas aulas que ministra diariamente.
2- Princípio do carácter científico do ensino e sua acessibilidade :
O princípio da natureza científica do ensino expressa a necessidade de que os resultados do desenvolvimento da ciência e da tecnologia sejam incluídos na seleção dos conteúdos de ensino.
Na explicação da essência deste princípio, não podemos deixar de abordar um aspecto nele implícito: a Revolução Técnico-Científica. O extraordinário aumento do volume de aproveitamento em ciência e tecnologia, ocorrido nos últimos anos, fenómeno que continua a ocorrer a uma velocidade vertiginosa, impacta diretamente no trabalho da escola, colocando um grande problema: como resolver a contradição entre o volume de informação e o tempo de estudo necessário para a formação dos alunos, que não deve tender a aumentar? A resposta leva à consideração de dois aspectos: a necessidade de seleção de conteúdo científico e a adoção de métodos de trabalho independentes.
A primeira questão a ser considerada na seleção de conteúdo científico é qual conteúdo científico devemos selecionar. É claro que a seleção deve ser feita com base em conhecimentos cuja validade científica é inquestionável. Aqueles que ainda não foram submetidos ao rigor dos testes e estão em processo de treinamento não devem ser incluídos, exceto para ilustrar algumas questões.
A segunda consideração diz respeito à atualização do conhecimento científico que deve ser objeto de ensino.
Quando falamos das regras que o princípio do caráter científico impõe ao professor, devemos expressar que devido à estreita relação que existe entre este princípio e o do caráter educativo do ensino, as regras que expusemos, para cumprir as últimas, são válidas para o princípio do caráter científico. No entanto, consideramos pertinente analisar outros que estejam diretamente ligados a este que são:
(i) apreciar o objecto em suas múltiplas relações e de diferentes ângulos. Essa regra suscita no professor a necessidade de apresentar o objecto de conhecimento sob os diferentes pontos de vista possíveis, questão que evita o mecanismo na aprendizagem. Além disso, é fundamental que o professor direcione a atenção dos alunos para que estabeleçam as relações do objecto com outros objectos e fenômenos aos quais correspondem. Quando o professor leva em conta a exigência dessa regra, ele ajuda a desenvolver o pensamento dialético nos alunos.
(ii) mostrar os melhores exemplos, ideias e factos. O sucesso no ensino depende muito da forma como o professor organizou a actividade cognitiva dos alunos, para a apropriação do conhecimento científico. Acima de tudo, é importante que o professor selecione os melhores e mais representativos exemplos, factos e fenómenos da realidade que permitam fazer as generalizações que fundamentam o conceito. O princípio do caráter científico, em suma, exige que o professor organize a transição do fenómeno à essência, da observação dos elementos externos à assimilação dos internos.
(iii) conhecer a história do fenómeno em estudo. A aplicação desta regra tem um papel preponderante na natureza científica do ensino, uma vez que qualquer generalização deve ser reflexo do percurso histórico do desenvolvimento da natureza e da sociedade. Daí a eficácia do professor mencionar em seu ensino o desenvolvimento histórico do conhecimento em estudo.
Esta regra é indispensável nos níveis superiores de ensino. Revelar as contradições dos objetos e fenómenos que estão sendo estudados. Quando os alunos percebem as contradições existentes no fenómeno em estudo, e percebem que não possuem os conhecimentos e procedimentos para resolver a situação apresentada, sentem-se mais motivados a resolver a contradição que os levará a se apropriar de um novo conhecimento.
O carácter científico do ensino deve estar interligado ao princípio da acessibilidade. Assim, a essência do princípio da acessibilidade da educação se dá no reconhecimento pelo professor das particularidades da idade dos alunos, do nível de desenvolvimento de suas competências e habilidades, da experiência acumuladas, que o orientam na organização e condução do processo de ensino.
A acessibilidade do ensino, também significa « simplificação didáctica» , baseada na relação entre as exigências de rendimento que o professor planifica e a capacidade actual do rendimento do aluno.
Deve-se esclarecer que a acessibilidade da educação não é de forma alguma uma educação fácil que não implique dificuldades, nem vai além das reais possibilidades dos alunos. A acessibilidade da educação consiste justamente em apresentar dificuldades aos alunos e ensiná-los a eliminá-los. Então, deve ficar claro que nas condições actuais esse princípio não se limita a levar em conta as características da idade dos escolares, mas também aborda aspectos como: a capacidade do professor de relacionar os novos conhecimentos com os mecanismos de pensamento dos alunos.
Mesmo observando isso, pode surgir a situações de que o novo conhecimento não requeira novas operações mentais e, neste caso, o aluno não experimenta nenhuma dificuldade. Mas pode haver outra situação que oferece dificuldades aos alunos, e é quando o conhecimento exige colocar em jogo novos procedimentos intelectuais, novos raciocínios.
Esta actividade implica que o aluno tenha que executar uma nova operação de pensamento lógico: a comparação e, portanto, a partir de aspectos que já lhe foram explicados, o conhecido, o aluno poderá, pela comparação, chegar a um novo conhecimento ou conclusão.
Segundo L.S. Vygotsky, o direcionamento correcto do processo de ensino favorece a acessibilidade e possibilita a materialização da ideia de que o ensino está à frente do desenvolvimento.
Já M. A. Danilov refere que a ampliação das possibilidades cognitivas dos alunos ocorre no processo de complexidade gradual daquelas tarefas didácticas e práticas que são dadas para resolver no decorrer do processo de ensino e que colocam em tensão suas forças intelectuais e físicas. A correcta determinação do grau e da natureza das dificuldades no processo de ensino constitui o principal método nas mãos do professor para gerar a força motriz do estudo e ampliar as possibilidades cognitivas dos alunos.”
3- Princípio da sistematização do ensino e sua relação com a prática :
A essência do princípio do carácter sistemático do ensino é dada pela necessidade de que toda a actividade do professor e dos alunos seja o resultado de um planeamento e de uma sequência lógica, onde se combina harmoniosamente o estudo dos conhecimentos e a aquisição gradual das habilidades e hábitos numa ordem estritamente lógica, bem como a aplicação destas aquisições na vida para a resolução de tarefas de natureza prática e para realizar actividades laborais (Miranda & Echevarría, 2019).
O primeiro desses elementos, a assimilação consciente do conteúdo da aula pelos alunos, é uma condição fundamental da aprendizagem. Uma excelente forma de produzir essa reflexão é expor os alunos a situações que apresentam contradições.
A natureza consciente da aprendizagem pressupõe, acima de tudo, a formação de interesses cognitivos, que se entrelaçam com o conteúdo do ensino em que os alunos participem conscientemente das aulas quando o conteúdo das disciplinas lhes interessa, e isso depende em grande medida do professor e seu estilo de trabalho.
O segundo elemento, o desenvolvimento da actividade cognitiva, baseia-se no facto de que o psiquismo não é um reflexo passivo da realidade, mas, ao contrário, tem um caráter muito activo, portanto, apenas com a participação activa do aluno no processo de ensino é possível que ele compreenda o conhecimento e possa aplicá-lo de forma criativa.
A actividade cognitiva no processo de ensino abrange diferentes níveis: o mais alto é onde os alunos trabalham de forma independente na actividade intelectual e manual. O nível mais baixo, a atenção dos alunos não é estável, eles não conseguem concentrar sua atenção por muito tempo na explicação do professor ou na leitura do texto, não desenvolveram interesses cognitivos, em consequência, esses alunos assimilam mal.
O correcto direccionamento do processo de ensino por parte do professor permite encontrar meios e formas de elevar a actividade cognitiva dos alunos. Assim, devido ao papel desempenhado pelo professor na assimilação consciente dos alunos, nesse princípio a actividade dos alunos se entrelaça com o direcionamento que o professor realiza do processo de ensino; portanto, podemos afirmar que a actividade consciente e viva dos alunos em sala de aula só é possível sob a correta orientação do professor. Entre as regras para a aplicação do princípio apresentamos as seguintes:
(i) incentivar a participação dos alunos nas aulas; (ii) empregar métodos de trabalho independentes; (iii) usar convenientemente o aspecto interessante e útil do conhecimento. 5- Princípio da solidez na assimilação dos conhecimentos, habilidades e hábitos :
Esse princípio exige, por parte do professor, direccionar o processo de ensino de tal forma que o conhecimento perdure na mente dos alunos. Pela relevante importância a consolidação é considerada como um elemento presente ou inter-relacionado com todas as funções didáticas: apropriação de novos conhecimentos, exercício, aplicação e avaliação, além de se basear em regularidades pedagógicas e psicológicas.
Ao explicar este princípio, devemos começar por reconhecer a estreita ligação que tem com o princípio discutido anteriormente, o da assimilação consciente dos conteúdos pelos alunos sob a direção do professor, e com o princípio da natureza audiovisual do ensino. A relação com a primeira se explica pelo facto de que quanto mais consciente e viva for a participação dos alunos na apropriação do conhecimento, mais firme e duradouro esse conhecimento permanecerá nos alunos. Ao explicar sua relação com o princípio audiovisual de ensino, ter-se-á a transmissão de ideias concretas aos alunos por meio do uso dos diferentes materiais didáticos. Portanto, se os alunos quando estudam um determinado objeto ou fenômeno conseguem percebê-lo, é lógico que o conhecimento será mais duradouro.
Em muito casos, e geralmente, o professor relega a consolidação para segundo plano e está mais preocupado em fornecer novos conhecimentos. Para esse tipo de professor, a sistematização, a repetição, o exercício e a revisão não têm lugar. No entanto, por mais avançado que esteja, como aponta L. Klingberg, não avançará realmente porque no ensino é preciso assegurar a "recuo didático".
A consolidação é uma necessidade motivada pelo processo de esquecimento. A investigação realizada nesta área fornece-nos uma série de resultados valiosos. Acabamos de afirmar que a assimilação consciente permite assimilar com mais firmeza o conhecimento. No entanto, apesar disso, pesquisas mostram que o processo de esquecimento é mais rápido e mais forte imediatamente após o processo de assimilação, e opera mais lentamente a partir de então. Essa regularidade é necessária para que o professor a atenda e os mecanismos de consolidação possam ser estabelecidos no momento certo.
Por outro lado, é inquestionável que o esquecimento é mais profundo quando o material não é significativo para o aluno. Está provado que, quando uma pessoa considera algo importante, não o esquece ou demora mais para esquecê-lo.
O processo de esquecimento está relacionado ao volume de material a ser lembrado. A quantidade de conhecimento que é preservada e/ou armazenada após um certo tempo é inversamente proporcional ao volume do material. Conclui-se que é importante dosar o material de estudo.
Sabe-se também que diferentes tipos de conhecimento são esquecidos de diferentes maneiras. Princípios e teorias são mais bem lembrados e o singular, o particular e menos ainda o conteúdo textual são menos lembrados. O material de natureza mais geral é retido na memória. Assim, devido à importância de consolidar os conhecimentos e competências dos alunos, cada professor terá em conta o seguinte:
(i) relacionar os novos conhecimentos com os já assimilados, com os quais tem ligação;
(ii) ativar o pensamento dos alunos fazendo perguntas; (iii) destacar as ideias essenciais do material de estudo, bem como dividir o conteúdo para que tenha uma extensão logicamente assimilável;
(iv) apresentar os aspectos essenciais na aula de apropriação de novos conhecimentos para que nas aulas de exercício e aplicação de conhecimentos, estes possam ser alargados e aprofundados;
(v) atribuir tarefas independentes para os alunos aplicarem seus conhecimentos e habilidades;
(vi) usar diferentes formas e métodos para consolidação. 6- Princípio da atenção as diferenças individuais no contexto colectivo no processo educacional.
O princípio da atenção às diferenças individuais a partir da natureza colectiva do ensino baseia-se na regularidade, na inter-relação entre a comunidade e as individualidades. O objecto principal de nossa análise reconhece a necessidade de instruir e educar os alunos no coletivo para o coletivo, sem perder de vista suas diferenças individuais.
O tratamento frontal do conteúdo em aula pelo professor tem vantagens inquestionáveis como: a possibilidade de ministrar o material de estudo a um determinado número de alunos, a economia de tempo e a racionalização no uso dos diferentes suportes , entre
material que lhe dará uma imagem de descrição certa e vívida. E para a criança ainda maior, o concreto só é alcançado com os factos da realidade objetiva. Em outras palavras, o que é concreto para uma época é inteiramente incompreensível e não concreto para outras épocas. Ensinar para cada idade, para cada nível, selecionar o material específico que será organicamente relacionado à experiência da criança, é muito importante.
A teoria marxista-leninista do conhecimento, ao dar a este princípio seu fundamento epistemológico, possibilitou a interpretação científica que consiste em vê-lo não apenas como a percepção de objetos e fenómenos da realidade ou suas representações, mas como a necessária inter-relação do que concreto e o abstrato.
É indiscutível que a observação direita é de grande importância, pois proporciona ao aluno um conhecimento autêntico, razão pela qual, tradicionalmente, tem sido enfatizado que esse aspecto desempenha um papel preponderante na aprendizagem, principalmente em crianças em idade escolar, daí a importância do ensino auxiliar na apropriação do conhecimento.
Como sabemos, existem diferentes métodos de ensino que facilitam a observação directa do objeto de estudo:
(i) os objectos reais: plantas, animais, materiais diversos, etc.; a representação de objetos: modelos do corpo humano, animais e outros objetos;
(ii) os meios gráficos: desenhos, tabelas, diagramas, gráficos, que mostram aos alunos as relações dos fenômenos;
(iii) a palavra : descrição, exemplificação, que pode fornecer representações com forte carga emocional;
(iv) a mídia: o cinema, o rádio, a televisão, que proporcionam a percepção de fatos e fenômenos em sua dinâmica.
É necessário expor que a percepção facilitada por qualquer um desses tipos de mídia, mesmo a dos objetos mais concretos como os objetos reais, se manifesta em unidade com o pensamento abstrato, o que muda é o carácter da actividade cognitiva do aluno.
Finalmente, deve-se estabelecer claramente que o princípio da natureza audiovisual do ensino só pode ser interpretado em sua relação com a unidade do concreto e do abstrato e como consequência lógica da teoria marxista-leninista do conhecimento. Esta base torna possível que os alunos realizem uma aprendizagem bem-sucedida. Assim, na aplicação deste princípio são válidas as seguintes regras:
(i) desenvolver a capacidade de observação dos alunos; (ii) usar a experiência dos alunos no ensino; (iii) usar convenientemente processos analíticos, sintéticos, indutivos e dedutivos;
(iv) fazer uma boa seleção de materiais didáticos.
Porém, importa referir que nem sempre no ensino o ponto de partida é o objeto e o fenômeno real ou sua representação as vezes, baseia-se também em conceitos e teorias já assimilados pelos alunos.
1.2: A Didática como mediação da formação de professores e do trabalho docente
A didáctica é a arte de ensinar. Deste esta perpectiva, proporciona ao professor ferramentas necessárias para que o trabalho do professor se efective com éxitos. Daí que, o professor é ser um profissional que domina a arte de reencarnar, de despertar nas pessoas a capacidade de encorajar-se e mudar (Dassoler & Lima, 2012).
A didática utiliza a palavra «mediação» para expressar o papel do professor no ensino, isto é, mediar a relação entre o aluno e o objeto de conhecimento. Na verdade, trata-se de uma dupla mediação: primeiro, tem-se a mediação cognitiva, que liga o aluno ao objeto de conhecimento; segundo, tem-se a mediação didática, que assegura as condições e os meios pelos quais o aluno se relaciona com o conhecimento. Sendo assim, a especificidade de toda didáctica está em propiciar as condições óptimas de transformação das relações que o aprendiz mantém com o saber (Libâneo, 2011).
Assim, Demo (2000, citado por Dassoler & Lima, 2012, p. 1) referem: “a pedra de toque da qualidade educativa é o professor visto como alguém que aprende a aprender; alguém que pensa, forma-se e informa-se, na perspectiva de transformação do contexto em que actua como profissional da educação”.
A mediação significa que o trabalho do professor é viabilizar a relação ativa do aluno com a matéria de estudo, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino, proporcionados pela didáctica. Por isso, a formação e o conhecimento desta área disciplinar relaciona-se também com à ideia de aprendizagem constante no sentido de provocar inovação na construção de novos conhecimentos que darão suporte teórico ao trabalho docente.
Libâneo (1994), considera que a didáctica enquanto mediação da formação profissional do professor deve ter em conta duas dimensões de formação para o trabalho docente na sala de aula: a primeira diz respeito a formação teórico-científica formada de conhecimentos da filosofía, sociologia, história da educação e pedagogia. A segunda é a técnico-prática, que representa o trabalho docente incluindo a didáctica, metodológias, pesquisas e outras facetas práticas do trabalho do professor.
Referimos que a didáctica é uma disciplina que estuda o processo de ensino no qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de organização da aula se combinam entre si, de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. Ela ajuda o professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe mais segurança profissional.
Portanto, o « principio básico que define esse processo de ensino e aprendizagem » é: o núcleo da atividade docente e a relação ativa do aluno com a matéria de estudo, sob a direção do professor. O processo de ensino consiste de uma combinação adequada entre o papel de direção do professor e a atividade independente, autônoma e criativa do aluno (Libâneo, 2011).
Em sua amplitude a didáctica deve ajudar de forma precisa na formação do professor, viabilizando ao mesmo a capacidade de formular seus objectivos a serem atingidos no decorrer de sua carreira. O professor ao assumir essa postura deve lembrar-se de que é um dos responsáveis pelo sucesso do PEA, por isso, não pode esquecer que outros componentes fazem parte desse processo e são tão importantes quanto ele, assim é viável afirmar que a aprendizagem se constrói a partir da interacção professor, aluno, família e o contexto histórico, dessa forma é possível dizer que cada ser humano contribui de certa forma para a mudança do contexto social, formulando suas próprias ideias a partir de suas experiências da partilha de conhecimentos.
tempo, a atividade construtiva do aluno, a influência educativa do professor e a aprendizagem dos conteúdos (Libâneo, 2002).
É certo que a maioria do professorado tem como principal objetivo do seu trabalho conseguir que seus alunos aprendam da melhor forma possível. Por mais limitações que um professor possa ter (falta de tempo para preparar aulas, falta de material de consulta, insuficiente domínio da matéria, pouca variação nos métodos de ensino, desânimo por causa da desvalorização profissional, etc.), quando entra na sala de aulas, ele tem consciência de sua responsabilidade em proporcionar aos alunos um bom ensino, a pesar em alguns casos esse tipo de ensino retirar a qualidade desejada e definir em outros casos o estilo do professor.
Daí que, há diversos tipos de professores, a depender, igualmente, do tipo de mediação formativa que lhe foi proporcionada pela didáctica e dos seu esforço pessoal. Assim, dos tipos de professores existem os mais tradicionais, estes contentam-se em transmitir a matéria que está no livro didáctico, por meio de aula expositiva. É o «estilo professor-transmissor de conteúdo».
Suas aulas são sempre iguais, o método de ensino é quase o mesmo para todas as matérias, independentemente da idade e das características individuais e sociais dos alunos. Pode até ser que essas práticas de passar a matéria, dar exercícios e depois cobrar o conteúdo na prova, tenham algum resultado positivo. Mesmo porque alguns alunos aprendem “apesar do professor”. O mais comum, no entanto, é o aluno memorizar o que o professor fala, decorar a matéria e mecanizar fórmulas, definições etc. A aprendizagem que decorre desse tipo ensino é mecánica e repetitiva. Serve para responder questões de uma prova, sair-se bem no exame ou num concurso, mas ela não é duradoura, ela não ajuda o aluno a formar esquemas mentais próprios. O aluno que aprende mecanicamente, na maior parte dos casos, não desenvolve raciocínio próprio, não forma generalizações conceituais, não é capaz de fazer relações entre um conceito e outro, não sabe aplicar uma relação geral para casos particulares.
O professor transmissor de conteúdo não favorece uma aprendizagem sólida porque o conteúdo que ele passa não se transforma em meio de actividade subjetiva do aluno. Ou seja, o aluno não dá conta de explicar uma ideia, uma definição, com suas próprias palavras, não sabe aplicar o conhecimento em situações novas ou diferentes, nem na sala de aula, nem fora dela.
A participação do aluno é pouco solicitada, e quando o professor faz uma pergunta, ele próprio imediatamente a responde. É possível que entre os professores que apoiam-se desses procedimentos de ensino haja alguns que levem os alunos a aprender os conceitos de forma mais sólida, que saibam lidar de forma autônoma com os conceitos. Mas, não é o caso da maioria. O que se vê em alguns professores particularmente é um ensino meramente expositivo, empírico, repetitivo, memorístico. Os alunos desses professores não aprendem sólidamente, ou seja, não sabem lidar de forma independente com os conhecimentos, não “interiorizam” os conceitos, o modo de pensar, raciocinar e actuar, próprios da matéria que está sendo ensinada e, assim, os conceitos não se transformam em instrumentos mentais para actuar com a realidade.
O «estilo professor-facilitador» aplica-se a professores que se julgam mais actualizados nas metodologias de ensino, tentam variar mais os métodos e procedimentos. Alguns deles preocupam-se, realmente, com certas características individuais e sociais dos alunos, procuram saber os conhecimentos prévios ou as experiências dos alunos, tentam estabelecer diálogo ou investir mais no bom relacionamento com os alunos. Outros tentam inovar organizando trabalhos em grupo
ou estudo dirigido, utilizando recursos audiovisuais, dando tarefas que requerem algum tipo de pesquisa.
Há, também, em algumas áreas de conhecimento, professores que entendem que a melhor forma de aprender é colocar os alunos no laboratório, na crença de que, fazendo experiências, lidando com materiais, assimilam melhor a matéria. Essas formas de trabalho didático, sem dúvida, trazem mais vantagens do que aquelas do ensino tradicional.
Entretanto, quase sempre esses professores acabam voltando às práticas tradicionais, por exemplo, não sabem utilizar a actividade própria do aluno para eles próprios formando conceitos. Com efeito, ao avaliar a aprendizagem dos alunos pedem respostas memorizadas e a repetição de definições ou fórmulas. Mesmo utilizando técnicas activas e respeitando mais o aluno, as mudanças metodológicas ficam apenas na forma, mantendo empobrecidos os resultados da aprendizagem, ou seja, o aluno não forma conceitos, não aprende a pensar com autonomia, não interioriza acções mentais. Ou seja, sua actividade mental continua pouco reflexiva.
Existem outros tipos de professores como por exemplo: «o professor-técnico» (preocupado pelo lado operacional, prático da sua matéria, seu objetivo é saber-fazer, não fazer-pensar-fazer); «o professor-laboratório» (acha que única forma eficaz de aprender é a pesquisa ou a demonstração experimental); «o professor-comunicador (o típico professor de cursinhos que só sabe trabalhar o conteúdo fazendo graça, não dando conta de colocar o próprio conteúdo no campo de interesses e motivos do aluno), etc...
Em suma, muitos professores não sabem como ajudar o aluno, através de formas de mobilização de sua actividade mental, elaborar de forma consciente e independente o conhecimento para que possa ser utilizado nas várias situações da vida prática. As actividades que organizam não levam os alunos a adquirir conceitos e métodos de pensamento, habilidades e capacidades mentais, para poderem lidar de forma independente e criativa com os conhecimentos e a realidade, tornando esses conceitos e métodos meios de sua atividade.
Por isso, muitos autores sugerem para quem deseja um ensino eficaz, tendo em vista aprendizagens mais sólidas dos alunos, a metáfora do «professor-mediador». Quais são as características do professor mediador? O que caracteriza uma didática baseada no princípio da mediação? Numa formulação sintética, boa didática significa um tipo de trabalho na sala de aula em que o professor actua como mediador da relação cognitiva do aluno com a matéria. Há uma condução eficaz da aula quando o professor assegura, pelo seu trabalho, o encontro bem sucedido entre o aluno e a matéria de estudo. Em outras palavras, o ensino satisfatório é aquele em que o professor põe em prática e dirige as condições e os modos que asseguram um processo de conhecimento pelo aluno.
A força impulsionadora do processo de ensino é um adequado ajuste entre os objetivos/conteúdos/métodos organizados pelo professor e o nível de conhecimentos, experiências e motivos do aluno. O movimento permanente que ocorre a cada aula consiste em que, por um lado, o professor propõe problemas, desafios, perguntas, relacionados com conteúdos significativos, instigantes e acessíveis; por outro lado, os alunos, ao assimilar consciente e activamente a matéria, mobilizam seus motivos, sua atividade mental e desenvolvem suas capacidades e habilidades. Portanto, um bom planejamento de ensino depende da análise e organização dos conteúdos junto com a análise e consideração dos motivos dos alunos.