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Um guia metodológico ilustrativo sobre como construir habitações resilientes em moçambique, que é frequentemente exposto a riscos naturais. O manual aborda as principais ameaças, requisitos técnicos, estratégias de disseminação e medidas de resiliência para habitações. O objetivo é capacitar técnicos, artesãos e outros interessados na construção de habitações resilientes.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, HABITAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS DIRECÇÃO NACIONAL DE HABITACÃO
TÍTULO | Guião de Construção de Habitação Resiliente
PROMOTOR Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos Direcção Nacional de Habitação Av. 24 de Julho, nº2341, 4º-5ºAndar Maputo TEL | +258 21430434/
EQUIPA TÉCNICA Maria Sofia Issufo dos Santos (Arquitecta e Planificadora Física) Dinis José Moreno (Engenheiro Civil) Faizal Julaya (Engenheiro Civil) Helena Adolfo Chiziane (Antropológa) Rodolfo Armindo Zandamela (Arquitecto e Planificador Fisico)
APOIO TÉCNICO E FINANCEIRO
Distribuição Gratuita – Permitida a Reprodução 1ª Edição - 2020
Moçambique tem cerca de 28.9 milhões
de habitantes, com tendência para um
crescimento demográfico acelerado.
Está exposto aos riscos naturais, au-
mento da magnitude das ameaças (Mu-
danças Climáticas), vulnerabilidade das
infraestruturas e, como consequência
alto impacto económico e custos so-
ciais, após os desastres.
A magnitude da destruição das habita-
ções está associada ao elevado nível
de vulnerabilidade do país aos eventos
extremos, dai que a adaptação as mu-
danças climáticas deve ser um processo
dinâmico que tem de ser revisto ao lon-
go do tempo com base em informações
actualizadas, exigindo a colaboração e
coordenação de todos os sectores in-
cluindo parcerias com a academia, sec-
tor privado e outros.
Deste modo, o Ministério das Obras Pú-
blicas, Habitação e Recursos Hídricos
através da Direcção Nacional de Ha-
bitação, pretende contribuir para o in-
cremento da construção resiliente de
infraestruturas habitacionais, apoiando também as iniciativas de construção de habitação por parte da comunida- de, por meio de um guião metodológico ilustrativo que incorpora elementos que os tornem resiliente aos impactos dos eventos climáticos extremos.
O guião de “Construção de Habitação Resiliente” tem por objectivo orientar os actores de construção e usuários, prin- cipalmente, técnicos distritais, artesãos e outros interessados na interpretação, implementação correcta das técnicas de construção resiliente. Especificamente com este manual o usuário deverá ser capaz de planificar, orçamentar e execu- tar a construção de habitação resiliente.
Neste guião são tratadas as medidas técnicas de resiliência conhecidas que são aplicadas por vários actores, daí que, o uso destas traz-nos bons resul- tados perante desastres naturais, con- tribuindo para a redução dos custos de reconstrução de habitação.
Este guião de “Construção de Habitação Resiliente” contém quatro (4) capítulos:
As recomendações contidas neste guião devem ser observadas, principalmente, nos detalhes construtivos relativos à fundação, pavimento, estruturas de pa- redes e cobertura, visto tratarem-se de factores que interferem na qualidade da construção e serem fundamentais para um bom desempenho da habitação.
O Perfil de Ameaça em Moçambique dá a conhecer os potenciais riscos natu- rais que possam causar impacto sobre a habitação e daí influenciar na correcta concepção.
Os Requisitos Técnicos para a Habitação Resiliente habilitam o usuário, o conhe- cimento dos tipos de medidas técnicas de resiliência a aplicar perante uma de- terminada ameaça natural.
As Estratégias para Disseminação nas Comunidades são direcionadas aos téc- nicos dos Serviços Distritais de Planea- mento e Infraestrutura e dos Municípios, este capitulo pretende habilitar aos téc- nicos com capacidades para disseminar as técnicas pelas comunidades locais, com vista a melhoria da qualidade das habitações bem como a redução da vul- nerabilidade.
Devido a sua localização geográfica, Moçambique é um dos mais expostos no Mundo a fenómenos naturais adversos, registam-se de um a dois Ciclones por ano; Sismos regulares, às vezes com magnitude significativas; Cheias afec- tando quase anualmente as grandes ba- cias hidrográficas do País e inundações em bairros de alguns distritos, vilas e Município que muitas vezes deve-se a ineficiência e/ou inexistência de sistema de drenagem de aguas pluviais, e Secas nas regiões semi-áridas sem contar com as zonas que não são semi-ári- das mas que apresentam dificuldade no acesso à água.
A combinação de ameaças naturais ex- tremas e alto nível de vulnerabilidade em assentamentos humanos (ou seja, cidades, vilas e comunidades rurais) au- menta o risco de desastre, incluindo a perda de vidas humanas e impactos so- cioeconómicos negativos nas comuni- dades afectadas. Estima-se que até 60% da população em Moçambique viva em áreas de risco, sem infraestrutura re- sistente às ameaças naturais, com baixa observância das normas de uso e plane- amento de terras sensíveis a desastres.
áreas cronicamente sujeitas à seca, o que faz com que as pessoas percorram longas distâncias para colectar água e enfrentem enormes dificuldades para sustentar as actividades agrícolas. Os exemplos mais recentes de secas ocor- reram entre 2016 e 2019, quando foi de- clarada pelas Nações Unidas como a pior seca em 35 anos, afectando apro- ximadamente 7 milhões de pessoas por causa da perda de 30% a 40% das cultu- ras.
A mudança climática já está exacerban- do os desastres naturais relacionados à temperatura. Espera-se que ciclones e chuvas aumentem sua intensidade e frequência com o aumento esperado do nível do mar. Além disso, a saliniza- ção subsequente dos recursos de água doce agravará a situação já vulnerável. O registo histórico de 1960 a 2005 aponta para uma tendência de aquecimento no Centro e Norte de Moçambique, de 1,1 a 1,6ºC, no que diz respeito à temperatu- ra máxima e a um aumento significati- vo da duração das ondas de calor, bem como ao atraso do início da estação das chuvas. A mudança climática esperada no futuro poderá agravar a variabilidade climática real, levando a secas mais in- tensas, chuvas inesperadas, inundações e incêndios esporádicos.
CHEIAS TERREMOTOS CICLONES SECAS
Areas mais afetadas por as calamidades
Mapa | Mapa de Sin- tese de Zonas de Alto Nível de Ameaças (Ciclones, Cheias, Sismos e Secas)
CHEIAS TERREMOTOS CICLONES SECAS
Areas mais afetadas por calamidades
i ) É recomendável que o edifício esteja localizado distante da linha de água, segun- do a legislação nacional (Lei de Terras, Regulamento da Lei de Terras, Regulamento do Solo Urbano) que preconiza mínimo de 100m.
FIGURA | Distância da linha de água
FIGURA | Proximida- de de árvores
ii ) É recomendável que esteja localizada a uma Distância (D) maior ou igual a altura (H) da arvore.
FIGURA | Proximida- de entre edifícios
iii ) É recomendável que os edifícios estejam separados a uma Distância (D) maior ou igual a altura (H) do edifício mais alto.
FIGURA | Proximi- dade de encostas (declives e aclives)
iv ) É recomendável que o edifício esteja localizado a partir do topo ou da base da encosta, pelo menos, a uma distância igual a ½ (metade) da altura da mesma encos- ta, e em todos os casos não menor do que 2 m.
FIGURA | Princípios técnicos fundamentais
3.2.3 Princípios técnicos fundamentais
São três (3) princípios técnicos fundamentais que devem ser seguidos para que um edifício possa resistir aos efeitos dos eventos extremos predominante na área onde ela se localiza:
A B^ C
FIGURA | Planta da casa
FIGURA | Forma da cobertura
Medida Técnica 01
Projectar edifícios com forma simétrica com planta circular, quadrangular, ou rectangular cuja relação comprimento e largura não seja superior a 1/3, isso quer dizer C≤3L.
ANTI-CICLONE
ANTI-CICLONE
Medida Técnica 02
Projectar cobertura com forma simétrica, cónica (forma palho- ta), quatro águas ou 2 águas com inclinação entre 30° a 45°.
FIGURA | Pontos vulneráveis da casa
É necessário ga- rantir conexões fortes nos seguin- tes cinco (5) pon- tos vulneráveis da casa:
FIGURA | Fundações resilientes
ANTI-CICLONE ANTI-SISMO
ANTI-SISMO
ANTI-INUNDAÇÃO
Medida Técnica 03
Projectar fundações compactas e mais profundas com uma boa drenagem e impermeabilização.
ANTI-CICLONE
Medida Técnica 09
Reforçar a conexão entre as madres (longarinas) e os bar- rotes ou pernas. Com uso de arame galvanizado ou recozido (queimado), com uso de varão de 6mm, com hurricane clip e com cantoneira.
FIGURA | Conexões refor- çadas entre as madres e os barrotes
Varão o 6
Hurricane clip ou chapa galvanizada (o mesmo usado pelos latoeiros)
Triângulo de madeira reforçado com arame recozido ou galvanizado
Cantoneiras
ANTI-CICLONE
Medida Técnica 10
Construir cobertura com material que possa resistir aos efeitos ad- versos dos vendavais e ciclones.
ANTI-CICLONE
10.1 Construções com Materiais Locais
As coberturas em palha, macuti ou capim devem ter uma espes- sura que possa aguentar com a pressão exercida pelos ventos, a espessura recomendável deve ser de 10cm e com uma plastico de impermeabilização na parte
ANTI-SISMO
ANTI-CICLONE
ANTI-CICLONE
Medida Técnica 06
Reforçar a zona das aberturas com bandas de reforço em betão, esta medida é so aplicável para construções convencionais locali- zadas em zonas de risco de sismo.
Medida Técnica 07
Colocar janelas distantes dos cantos do edifício, pois estas são umas das partes e reforçar a sua fixação com chumbadores em pregos ou varões de 6mm.
Medida Técnica 08
Construir janelas e portas com aberturas para fora. Assim, a acção do vento não faz pressão para o in- terior, não deixando o vento entrar.
FIGURA | Bandas de reforço em betão
FIGURA | Abertura das janelas e portas
FIGURA | Localiza- ção e ancoragem de janelas e portas
ANTI-CICLONE
10.2 Construções com Materiais Convencionais
10.1 – As coberturas em chapa devem ter espessura recomendá- vel para que possa aguentar com a pressão exercida pelos ventos, a espessura recomendável deve ser entre 0.4mm a 0.6mm e fixado com pregos de chapas adequados.
FIGURA | Correta insta- lação de coberturas em chapa com pregos retor- cidos ou ganchos
Medida Técnica 11
Instalar sistema de recolha, transporte e armazenamento de águas pluviais na casa, conforme as seguintes especificações:
. Fixar suportes da caleira com ajuda de um cordão; . Traçar uma paralela sobre a tábua de beiral com um declive de 5 mm entre um terminal de descarga e último suporte; . Marcar os pontos de fixação de suportes cerca de 40 cm e no mínimo 5 cm das junções de cada, para uma livre dilatação; . Montar a caleira, colocar o tubo de queda e fixar as abraçadeiras.
A escolha dos diferentes materiais de construção é uma das principais medidas para segurança da construção. Testando e escolhendo entre diversos materiais de diferentes componentes (desde o solo ao tipo de argamassa por exemplo) melhora significativamente ou enfraquece a estrutura do edifício.
A escolha dos materiais e em particular a combinação dos componentes para pro- dução de diferentes elementos (tijolos, argamassa, gesso), afecta a durabilidade da habitação. A fraca qualidade dos materiais construtivos influi directamente:
A qualidade dos materiais construtivos pode ser garantido se os materiais construtivos forem devidamente:
Betão é um dos materiais mais utilizado na construção civil, é composto por uma mistura de água, cimento e agregados. O cimento é o aglomerante que une os agre- gados. Estes podem ser agregados miúdos ou agregados graúdos.
Blocos de Adobe: os blocos de adobe devem ser fabricados de forma que este tenha óptima qualidade. Para tal se adiciona palha a mistura da seguin- te forma:
São uma mistura adequada de terra (argila) e água, preparada e moldada em seu estado plástico e depois seca em Sol. Em Moçambique o adobe geralmente resulta da mistura de terra (argila) e água e seca ao sol ou queimado, pelo que esta mistura tem sido frágil e sem muita resistência a pequenas trações, assim para garantir maior resistência pode ser acrescentada nessa mistura a palha que garantirá maior resistência.
O Objectivo de Desenvolvimento Sus- tentável 11, tornar as cidades e assen- tamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis) na sua meta 11.1 recomenda que Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, por outro lado e Nova Agenda Urbana reconhece a habitação como um contributo para o bem-estar das famílias, possuindo um valor económico constituindo assim uma importante componente na cons- trução de activos.
As tecnologias alternativas já consa- gradas pelo uso em várias intervenções habitacionais, realizadas por diversas entidades ou por iniciativas directas das comunidades, sob a forma de autocons- trução, tem tido bons resultados prin- cipalmente na redução de custos, mas algumas destas tem sérias fragilidades que podem levar a perder parte ou todo o investimento alocado a habitação. Assim, o uso de materiais e tecnologias localmente disponíveis, tem grandes vantagens pois permite a construção de casas convencionais resilientes a um preço acessível. FOTO | Modelo de casa re- siliente, adequada e aces- sível. Quelimane – Zam- bezia
Este capítulo é de importância extrema, visto que dá directrizes para a dissemi- nação das medidas técnicas para cons- trução de uma habitação resiliente e sustentável nas comunidades.
A tarefa de disseminar as técnicas ema- nadas neste guião é dos técnicos dos Serviços Distritais de Planeamento e Infraestruturas (SDPI) e dos Municípios. Portanto, estes técnicos deverão ser formados no domínio da identificação e aplicação das ameaças predominantes no seu distrito, identificação das medi- das técnicas adequadas para as amea- ças predominantes e identificação das tecnologias e dos materiais existentes localmente. Assim eles serão os forma- dores distritais e municipais em aplica- ção de medidas técnicas de resiliência em Habitação e outras infraestruturas.
A palestra terá a duração de três (3) horas e será ministrada com auxílio do Guião de construção de habitação resiliente e por cartazes auxiliares seguindo o progra- ma abaixo ilustrado:
A disseminação destas técnicas deve ser feita por meio de palestras nas di- ferentes comunidades que constituem o Distrito, Município onde está afecto o técnico, o grupo alvo dever ser constitu- ído pelos artesãos locais (carpinteiros e pedreiros), habitantes que constroem as próprias casas e líderes comunitários (régulos, secretário de bairros, e pesso- as influentes).
As palestras deverão incluir uma com- ponente teórica que será ministrada com auxílio do guião e de cartazes ilus- trativos, e uma componente prática em que o formador distrital, municipal en- sina como fazer a identificação e aplica- ção das medidas técnicas de resiliência a ser aplicado.
ANEXO
FOTO | Modelo de casa resiliente, ade- quada e acessível. Quelimane – Zambezia