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Uma pesquisa sobre as bíblias temáticas e os comentários temáticos, que são discursos dependentes da bíblia e são utilizados para explicá-la ou justificar ideias baseadas no texto bíblico. O texto aborda as características da literatura devocional, a história de sua origem e o desenvolvimento no brasil, e a relação com os estados unidos. Além disso, o documento discute as diferentes abordagens literárias e teológicas do texto bíblico e a importância do valor religioso para os leitores.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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Não perca as partes importantes!
Universidade de Brasília Instituto de Letras - IL Departamento de Linguas Estrangeiras e Tradução -LET Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução - Postrad
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução, Postrad, da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Estudos da Tradução
Orientadora: Alessandra Ramos de Oliveira Harden
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UNB INSTITUTO DE LETRAS – IL DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO – LET PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA TRADUÇÃO – POSTRAD
“FEITA ESPECIALMENTE PARA VOCÊ”: CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRADUÇÃO DE BÍBLIAS TEMÁTICAS NO BRASIL
CAROLINA DIAS PINHEIRO
BANCA EXAMINADORA
Professora Doutora Alessandra Ramos de Oliveira Harden (POSTRAD/UnB) (Orientadora)
Professor Doutor Julio Cesar Monteiro (POSTRAD/UnB) (Examinador interno)
Professora Doutora Marie-Hélène Catherine Torres (PGET/UFSC) (Examinadora Externa)
Professora Doutora Germana Henriques Pereira de Sousa (POSTRAD/UnB) (Suplente)
Brasília - DF, 10 de março de 2017
Dissertação de mestrado submetida ao programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução- Postrad, da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Estudos da Tradução.
Ao Criador de tudo, infinito, sobrenatural, incompreensível e piedoso.
“Porque d‘ Ele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” (Romanos 11:36, ARC)
E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?
E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar?
Atos 8:30,31 (ARC)
Bíblias Temáticas (BT) são formadas pela combinação do texto bíblico com paratextos (ou comentários) cuja finalidade é influenciar o leitor na interpretação e compreensão de determinadas passagens. Esses comentários temáticos são organizados de forma a delimitar o público-alvo consumidor do produto final, o que cria nichos específicos para comercialização e recepção do texto bíblico. No que diz respeito aos Estudos da Tradução, existem BTs compostas por comentários temáticos traduzidos e anexados a um texto bíblico já existente na cultura receptora. É preciso desenvolver um pensamento analítico específico para examinar as consequências desse relacionamento entre discursos. Da mesma forma, é possível inferir algumas características sobre a cultura do sistema receptor (que traduz o comentário) a partir da forma com que os discursos paratextuais à Bíblias foram reapresentados. A construção que essa análise requer encontra base teórica nas metodologias descritivas em Estudos da Tradução, e por isso ocorre também uma investigação histórica e cultural dos sistemas fonte e receptor.
Palavras-chave: Tradução de textos religiosos; Bíblia temática; comentário temático; paratextos; Estudos Descritivos em Tradução (DTS)
Tabela 1 – Esquematização dos Paratextos na Hands-On Bible......... 90 Tabela 2 – Recolocação do Comentário Temático na Tradução......... 117
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Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas!
Quem me dera, fossem gravadas num livro!
(Jó 19:23, ARC)
Em 2017 comemoram-se 300 anos da Reforma Protestante. Uma boa parcela dos discursos produzidos com relação à data diz respeito às revoluções provocadas na Bíblia, especialmente com relação às novas traduções e formas de interpretação que foram motivadas pela Reforma. É da produção desses discursos, na forma de tratados, teses e manifestos, que as denominações protestantes vieram a se estabelecer. Como parte da reflexão sobre os textos escritos gerados pelo protestantismo, é preciso analisar os discursos nascidos da interpretação da Bíblia, cuja escrita e tradução estabeleceram as bases para difusão do novo pensamento religioso. Esses discursos são baseados na Bíblia, e é a partir do texto bíblico que visões religiosas protestantes antigas e atuais baseiam suas justificativas.
Essa produção discursiva não é estagnada. Manifestações textuais relacionadas às práticas protestantes ocorrem a todo o momento, e são a motriz para fortalecer ou enfraquecer práticas correntes; com o advento da era digital, sua circulação alcança cada vez mais leitores. Os formatos desses materiais são os mais variados: desde longos livros até postagens em blogs, passando por Bíblias com recursos especiais, que são o objeto de investigação dessa pesquisa.
Os materiais denominados aqui como Bíblias com recursos especiais são as publicações do texto bíblico acompanhadas por alguma forma de discurso paratextual. Boa parte dos textos escritos dentro da esfera protestante servem a um único propósito: explicar a Bíblia, texto central da doutrina protestante. Seus autores se valem de diferentes estratégias para fazê-lo, visando diferentes públicos-alvo. Dentre as variadas formas de adicionar recursos especiais a uma Bíblia publicada (mesmo algumas ilustrações já devem ser entendidas como paratexto acrescentado), essa dissertação se dedica a definir, de forma descritiva e crítica, uma variedade classificada aqui como Bíblia Temática.
Quase onipresentes em lojas virtuais e físicas de Bíblias, esse produtos chamam a atenção não pelo texto bíblico, mas pelo conjunto de auxílios que oferecem em torno
Capítulo 1. Introdução 18
isso, referências ao texto sagrado para o cristianismo serão feitas com frequência ao longo da pesquisa.
A Bíblia aqui é tratada, primeiramente, como um livro publicado. Dessa forma o substantivo “bíblia” é sempre referido com inicial maiúscula. A Bíblia está sujeita às variações de composição causadas pelas diferenças entre as religiões que a adotam como texto central. Essas variações, entretanto, não atingem essa pesquisa num primeiro momento. Uma vez que a publicação escolhida para análise é uma Bíblia Temática evangélica, e que o objetivo dessa pesquisa está na compreensão de características da cultura evangélica, as referências à Bíblia feitas ao longo dessa pesquisa referem-se à Bíblia protestante, formada por 66 livros menores, 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Já títulos de publicações que envolvam a palavra Bíblia na sua composição são referidos em itálico, como em Bíblia das Descobertas, ou Bíblia da Mulher.
Apara evitar possíveis ambiguidades, com frequência é utilizada expressão texto bíblico para se referir ao texto da Bíblia. Isso ocorre principalmente nos momentos em que é descrita a organização de elementos na página. Por fim, é importante lembrar que, mesmo dentro de uma única religião, podem ser aceitos diferentes textos bíblicos, não quanto à composição, mas quanto à tradução. Sendo assim, quando é preciso fazer uma referência a uma determinada tradução da Bíblia, as palavras tradução e versão são utilizadas de forma intercalada e sinônima.
1.2 Evangélico, protestante e denominação
O segundo esclarecimento diz respeito ao termos protestante, evangélico e denominação. Evangélico é o substantivo pelo qual são conhecidos os brasileiros adeptos de igrejas protestantes. Entratanto, essa alcunha raramente é utilizada para se referir a estes cristão não-católicos.
Essa diferença surgiu dos primeiros anos do estabelecimento da religião protestante no Brasil. Vivendo em um país oficialmente católico, os adeptos da nova religião trazida por missionários ingleses e americanos sentiam necessidade de construir uma nova identidade, especialemnte porque a ideologia protestante que se formava então era marcada pelo sectarismo. Nesse processo de formação de uma identidade protestante brasileira, os fiéis adotavam o termos “evangélicos” (da palavra inglesa evangelical, como se identificavam os missionário “portadores do evangelho”); outra alcunha comum adotada foi a palavra “crente” (da posição religiosa “crente em Jesus Cristo”). Assim, “evangélico” tornou-se a forma comum tanto para os adeptos se autoidentificarem, como para o restante da sociedade nomeá-los (CUNHA, 2007). Nessa pesquisa, os termos “evangélico” e “protestante” são usados de forma intercalada, sendo que a palavra “protestante” é a preferida para se referir aos
Capítulo 1. Introdução 19
movimentos internacionais e anteriores ao estabelecimento da religião reformada no Brasil. Já a palavra “evangélico” é usada nos momentos em que o assunto tratado é o protestantismo brasileiro, e ao termo será usado para se referir às igrejas, comportamentos e manifestações culturais-religiosas surgidas no Brasil A cultura e a organização protestante podem ser vistas como “nebulosas” por alguns. A própria doutrina protestante se estabelece sobre a possibilidade de diferentes reuniões cristã (ao contrário do Catolicismo que contestou durante a Reforma). Essa ideologia foi a responsável pelo surgimento de vertentes dentro do protestantismo, cujas práticas, em alguns momentos, divergem umas das outras: as formas de organização dos cultos, as normas de vestuários e a forma como determinados rituais são normalizados não são uniformes quando o assunto são “igrejas evangélicas”. Sendo assim, quando é preciso se referir a esse fenômeno de variação dentro da religião, a palavra utilizada é “denominação evangélica\protestante”, ou simplesmente “denominação”. A palavra “igreja” é escrita com letra minúscula, para fazer contraposição à Igreja Católica.
1.3 Organização da Pesquisa
Para cumprir com o objetivo estabelecido um caminho teórico e metodológico foi traçado. Conceitos históricos, metodológicos, culturais e descritivos são trabalhados ao longo da dissertação. A divisão em capítulos adotada é a seguinte: No Capítulo 2 é feita a abordagem conceitual de elementos necessários à compreensão de Bíblias Temáticas. Serão definidas as características gerais dessas publicações, relativas tanto ao seu conteúdo quanto à sua apresentação visual. Diversas conceituações originais são construídas, em especial com relação ao tema, e ao comentário temático. Também é feita a descrição e definição dos paratextos que são o principal suporte para os discursos das Bíblias temáticas. Por ser um capítulo dedicado a conceitos, as definições estabelecidas nesse capítulo se apoiam em um corpus de exemplos. São textos e imagens retirados de outras Bíblias Temáticas, sobre os quais serão desenvolvidas reflexões que auxiliem na compreensão dos conceitos apresentados. São elas: Bíblia da Garota de fé (2007), Bíblia da Mulher (2007), Bíblia da Mulher que Ora (2008), Bíblia do Pregador Pentecostal (2010), Bíblia das Descobertas para Adolescentes (2010), Bíblia da Família (2011), Bíblia da Galera Radical (2012), e Bíblia Desafios de Todo Homem (2012). As reflexões estabelecidas com o apoio destes exemplos serão retomadas no momento da análise, como parte de um quadro maior. Também nesse primeiro capítulo são abordados conceitos definidos por estudiosos da literatura religiosa, da linguística e da critica, com o apoio dos quais são