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Este artigo apresenta considerações sobre a origem do romance grego de aventuras, que se desenvolveu e se consolidou durante o período de grandes transformações iniciado com a morte de alexandre magno e a ascensão do império romano. O texto explora a importância da biblioteca de alexandria na disseminação da escrita e na formação do acervo impressionante de obras, além da influência da cultura grega na literatura de aventura. A linguagem sutil deste gênero literário marca o ideal de liberdade e o desejo de desbravar fronteiras, abrindo novos horizontes para o público leitor.
Tipologia: Notas de estudo
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Profa. Dra. Elisa Costa Brandão de Carvalho (UERJ) Resumo: A narrativa de viagens, mais conhecida como romance grego de aventuras, se desenvolveu e se consolidou num período de grandes transformações, iniciado com a morte de Alexandre Magno e concomitante com a ascensão, a expansão e a consolidação do Império Romano. Assim, a finalidade do presente artigo é traçar algumas considerações sobre a origem do romance grego de aventuras que, marcado por uma linguagem sutil, vem assinalar o ideal de liberdade e o desejo de desbravar fronteiras, descortinando novos horizontes para o público leitor. Palavras-chave: Biblioteca de Alexandria, paideia grega, Período Helenístico, romance CONSIDERATIONS ABOUT THE ORIGIN OF GREEK ROMANCE OF ADVENTURES Abstract : The travel narrative, better known as the Greek novel of adventures, developed and consolidated in a period of great transformation, begun with the death of Alexander the Great and concomitant with the rise, expansion and consolidation of the Roman Empire. Thus, the purpose of this article is to draw some considerations on the origin of the Greek novel of adventures that, marked by a subtle language, points out the ideal of freedom and the desire to open borders, opening new horizons for the readers. Keywords: Library of Alexandria, greek paideia, Hellenistic Period, romance No começo do século III a. C., a tecnologia da escrita já estava disseminada praticamente por todo o mundo grego urbanizado. Na cosmopolita Alexandria, o centro político e cultural do Mediterrâneo Oriental de então, a escrita era usada, nos diversos graus de letramento, para registrar os mais variados tipos de atividades, do aparato burocrático de estado aos trâmites comerciais os mais comuns. O papiro, o material de apoio mais comum, facilitava a divulgação dos textos na grande metrópole. Funda-se a Biblioteca de Alexandria. Esta começou a ser formada ainda no governo de Ptolomeu I Sóter, sucessor de Alexandre. O poderoso regente tinha em vista arrolar todo o conhecimento disponível, possibilitando assim armazenar a memória do mundo conhecido. Ptolomeu II Filadelfo, que lhe sucedeu, deu seguimento aos empreendimentos iniciados pelo pai, desenvolvendo o Museu e a Biblioteca. E com Ptolomeu III Evérgete, que governou em seguida o Egito, a Biblioteca veio a alcançar um acervo impressionante, até então jamais visto, incluindo, possivelmente, uns quinhentos mil rolos de papiro. O Templo de Serápis, o Serapeu, por sua vez, abrigava cerca de quarenta mil rolos. Uma anedota famosa dizia que quando um navio, contendo
livros ainda não adquiridos pela Biblioteca, aportava em Alexandria, os seus proprietários tinham de emprestar os rolos para que os copistas da instituição pudessem providenciar as cópias, e enquanto eles não terminassem a tarefa, não devolviam os livros. Muitas doações e outros tipos de empréstimos também concorreram para o incremento do monumental acervo, tão grandioso que certamente nenhum homem poderia lê-lo na totalidade. Nessa civilização da Paideia, muitos indivíduos abastados não mediam esforços para contratar tutores particulares para que ensinassem seus filhos. Basta citar aqui o exemplo maior de Alexandre, cujo pai, Filipe, o rei da Macedônia, recorreu a ninguém menos que Aristóteles, o grande filósofo ateniense de Estagira, para preparar o futuro conquistador do mundo conhecido. E Alexandre aproveitou a oportunidade, dedicando- se ao conhecimento dos mitos e do pensamento, enfim, da cultura e da obra dos gregos. O Magno apreciava a literatura épica e cultuava com devoção a poesia de Homero, o autor maior de toda a Paideia helênica. Consta que trazia sempre consigo a Ilíada , literalmente seu livro de cabeceira, e que gostava de ouvir as histórias ao redor da fogueira até bem tarde da noite, não apenas para se deleitar, mas também para não ceder ao sono e abrir a guarda ao inimigo. As leituras públicas, por sua vez, contribuem para reforçar a associação entre oralidade e escrita, própria dessa Paideia, num ambiente cultural onde a oratória continua a desempenhar um papel central na vida política e no cotidiano dos homens. Nesse contexto de erudição e pesquisa, onde a filologia empreende passos decisivos na formação do homem, faz-se necessária a função do bibliotecário. Como sugere MILANESI (2002, p. 16): Quando o primeiro organizador, talvez de papiros, explicou a um auxiliar como fazia para manter o controle sobre milhares de rolos, ou contou a uma visita a sua engenharia para dominar aquele mundo de sinais desenhados à mão sem correr o risco de ser afogado por eles, estava estabelecendo as regras. Calímaco de Cirene, ainda que não tenha desempenhado propriamente a função de bibliotecário, toma a si o encargo de registrar em catálogo as obras da Biblioteca. Surgem também os manuais, rolos de papiro menores e mais curtos, facilitando em muito a leitura. As listas de livros em ordem alfabética adquirem uma função prática, até então inusitada. A Biblioteca de Alexandria deixa de ser assim mero depósito de textos e passa a ser um grande centro de informações sistematizadas, ensejando o aprendizado fundamentado da palavra escrita.
aparentes, disfarces imaginativos, enfim, os apaixonados se deparam com toda sorte de obstáculos, que só serão superados no final da narrativa. Em alguns romances, o casamento dos jovens acontece logo no começo da história, mas em outros, a cerimônia só se realiza no fim da jornada. De qualquer modo, o desfecho das obras coincide com o tão ansiado reencontro e o final feliz. Descortinam-se assim novos caminhos para a ficção. Mas pode ser que, não integrados à Paideia, os romances não tenham desfrutado tanto assim de grande popularidade entre o público leitor, se levarmos em consideração os poucos fragmentos restantes, ainda que disponhamos de um número significativo. Essas narrativas romanescas possibilitavam um entretenimento descompromissado, destinando-se, particularmente, a um público feminino culto em busca de uma leitura amena, distante dos épicos guerreiros e dos dramas vividos no teatro, mais apreciados pelos homens. Não obstante, a recepção desses romances perdurou por mais ou menos cinco séculos, começando a decair entre os séculos VI e VIII. Posteriormente, os eruditos bizantinos lograram recuperar a popularidade dos romances durantes os séculos IX e X, possibilitando o seu acesso aos árabes, aos espanhóis e aos futuros leitores de toda a Europa.
. O romance grego viveu o seu momento maior por volta do século II, e continuou a ser produzido até o fim da dominação romana da Grécia, alcançando ainda o Império Bizantino. Assim sendo, a produção do gênero abarca um longo período de mais ou menos cinco séculos. De acordo com os estudiosos, pode-se traçar um quadro cronológico aproximado das obras cujos títulos nos chegaram são datadas como se segue:
do Ano no Significado da Obra , que ensejou a pesquisa que resulta na tese ora apresentada;