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Guias e Dicas
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Conflitos no Ambiente Organizacional do Hucam: Estudo Setores Administrativos, Notas de estudo de Conflito

Uma pesquisa sobre conflitos no ambiente organizacional do hucam, um hospital da rede pública vinculado a uma instituição federal de ensino. O estudo analisa o processo de trabalho dos setores administrativos e identifica fatores que geram conflitos, como comunicação deficiente, objetivos divergentes e desconhecimento do trabalho de outros setores. A pesquisa propõe soluções para reduzir esses conflitos, como melhoria na comunicação, treinamentos e dinâmicas de grupos.

O que você vai aprender

  • Quais soluções são propostas para reduzir conflitos no Hucam?
  • Como as comunicações deficientes contribuem para conflitos?
  • Como a falta de conhecimento sobre o trabalho de outros setores contribui para conflitos?
  • Como os objetivos divergentes entre setores geram conflitos?
  • Quais fatores geram conflitos no ambiente organizacional do Hucam?

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Tucupi
Tucupi 🇧🇷

4.6

(74)

401 documentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS - CCJE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PÚBLICA
VALCERLI GERMANO GAICK
CONFLITOS ORGANIZACIONAIS:
ESTUDO DE CASO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO
ANTONIO MORAES - HUCAM
VITÓRIA-ES
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Baixe Conflitos no Ambiente Organizacional do Hucam: Estudo Setores Administrativos e outras Notas de estudo em PDF para Conflito, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS - CCJE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PÚBLICA

VALCERLI GERMANO GAICK

CONFLITOS ORGANIZACIONAIS:

ESTUDO DE CASO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO

ANTONIO MORAES - HUCAM

VITÓRIA-ES

VALCERLI GERMANO GAICK

CONFLITOS ORGANIZACIONAIS:

ESTUDO DE CASO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO

ANTONIO MORAES - HUCAM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação, Mestrado Profissional em Gestão Pública, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Orientadora: Prof.ª Drª Marilene Olivier Ferreira de Oliveira.

VITÓRIA-ES

AGRADECIMENTOS

À Deus, a vida e todas as coisas boas, que sei, é o Senhor que me dá. Este feito é dEle! E, entro exultante por esta vereda da vida, e vida em abundância, de muito mais realizações, honras, alegrias e sucessos, dizendo que coisas grandiosas faz o Senhor. À Sheyla G. S. Rocha Gaick, esposa dedicada e carinhosa, e, a maior incentivadora da minha vida acadêmica. Administração de Conflitos foi o tema escolhido na sua graduação, pouco debatido na Universidade, até então. E, agora eu tive a oportunidade de levá-lo adiante, trazendo-o para estudo nesta dissertação de Mestrado. A ela minha admiração, carinho e amor. Aos meus filhos Gabriel e Guilherme, por entenderem minhas horas de ausência neste período de estudos. À minha orientadora Professora Dra. Marilene Olivier por sua grande dedicação, pela confiança e pela generosidade em compartilhar tantos ensinamentos e conselhos. Minha gratidão. Ao Programa de Mestrado Profissional em Gestão Pública da UFES, a todos os professores, administração e secretaria, por me proporcionarem uma convivência harmoniosa, troca de conhecimento e experiências que contribuíram para um novo olhar profissional e institucional. Aos Professores Simone da Costa Fernandes e Valdir Machado Valadão Junior, membros da Banca Examinadora, por terem atendido ao convite para desempenhar este papel, dispondo de seu tempo e conhecimento para analisar este trabalho. À comunidade hospitalar do HUCAM/EBSERH, pelo incentivo, apoio e amizade, fundamentais para o desenvolvimento deste. À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para esta conquista.

RESUMO

O clima organizacional se bem cultivado pode ser um excelente instrumento de gestão visando o conflito na empresa. Mas se relegado às forças relacionais e às pressões do ambiente, pode gerar consequências danosas às organizações. É neste cenário que esta pesquisa busca esclarecer o seguinte problema de investigação: Quais os principais conflitos existentes em Hospitais Universitários e que meios apresentam maior probabilidade para seu gerenciamento? Assim, definiu-se como objetivo geral levantar e descrever os principais conflitos no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, no segmento administrativo. Por decorrência foram estabelecidos alguns objetivos específicos, quais sejam: levantar, na percepção dos técnicos administrativos, quais os principais focos de conflitos; fazer o mapeamento desses conflitos e suas relações setoriais; identificar técnicas de gestão de conflitos mais apropriadas às situações encontradas; apresentar proposta de intervenção nesse segmento do ambiente hospitalar. O estudo se limitou à área administrativa do hospital (almoxarifado, financeiro, compras e contratos) por se tratar de uma área na qual se inter-relacionam profissionais de diversos segmentos de atuação, o que pode gerar consequências em todo o Hucam. A pesquisa, inicialmente quantitativa, foi complementada com uma análise qualitativa dos dados. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram o questionário, a entrevista livre e a observação. Os dados foram tratados por meio de estatísticas e, posteriormente, de forma qualitativa, auxiliada pelas respostas dos entrevistados e pelas anotações de campo. Ao todo participaram 38 servidores que representam a população alvo. Os resultados estatísticos não geraram resultados claros dos conflitos existentes, em função da variação de respostas de cada setor. A análise qualitativa revelou que apenas dois dos participantes se relacionam de forma harmoniosa com os pares. Os demais 36 servidores apresentaram potencial de conflitos internos ao grupo e intergrupais. Os maiores problemas identificados dizem respeito aos valores, falta de conhecimento do trabalho dos colegas, perfil de personalidade e relacionamentos interpessoais. Palavras chave: Hospital, Conflitos, Hucam.

LISTA DE SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCJE - Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas CF - Constituição Federal CNS - Conferência Nacional de Saúde CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira FAS/CEF - Fundo de Apoio de Desenvolvimento Social da Caixa Econômica Federal FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz HE - Hospitais de Ensino HUFs - Hospitais Universitários Federais HUCAM - Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes INPS - Instituto Nacional da Previdência Social INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social LOS - Lei Orgânica da Saúde MS – Ministério da Saúde SNPS - Sistema Nacional da Previdência Social SNS - Sistema Nacional de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde UFES - Universidade Federal do Espírito Santo

LISTA DE QUADRO

  • Quadro 1 - NÍVEIS DE CONFLITO.....................................................................................
  • Quadro 2 - TIPOS DE PERSONALIDADE.........................................................................
  • Quadro 3 - MODELO BIG 5................................................................................................
  • YQuadro 4 - MECANISMOS DE DEFESA DO EGO.............................................................
  • Quadro 5 - TIPOS DE VALORES MOTIVACIONAIS..........................................................
  • Quadro 6 - CLASSIFICAÇÃO DE CLIMA ORGANIZACIONAL..........................................
  • Gráfico 1 - OCORRÊNCIAS DO DIA A DIA.......................................................................................... LISTA DE GRÁFICOS
  • Gráfico 2 - VALORES BÁSICOS DIFERENTES...................................................................................
  • Gráfico 3 - AS NORMAS DO HUCAM/UFES VERSUS VALORES DE CADA SETOR........................
  • Gráfico 4 - IMPORTÂNCIA DAS NORMAS VERSUS OBJETIVOS DA UNIDADE ADMINISTRATIVA.
  • Gráfico 5 - OBJETIVOS SETORIAIS VERSUS OPERACIONALIZAÇÃO............................................
  • Gráfico 6 - EXIGÊNCIAS IMPOSSÍVEIS DE SEREM EXECUTADAS
  • Gráfico 7 - ATIVIDADES QUE EXIGEM COMPORTAMENTOS DIFERENTES...................................
  • Gráfico 8 - EXCESSO DE TAREFAS....................................................................................................
  • Gráfico 9 - DIFERENÇA NA COMPLEXIDADE DAS TAREFAS
  • Gráfico 10 - DESEMPENHO DO SETOR.............................................................................................
  • Gráfico 11 - DESCONHECIMENTO DO TRABALHO DOS SETORES................................................
  • Gráfico 12 - INTERAÇÃO ENTRE OS SETORES................................................................................
  • Gráfico 13 - COMUNICAÇÃO ENTRE OS SETORES
  • Gráfico 14 - DEFICIÊNCIAS NA COMUNICAÇÃO...............................................................................
  • Gráfico 15 - CRÍTICAS DESTRUTIVAS...............................................................................................
  • Gráfico 16 - DIFERENÇAS DE OPINIÃO COMO CRÍTICAS PESSOAIS............................................
  • Gráfico 17 - COMPORTAMENTOS PAUTADOS EM VALORES PESSOAIS.......................................
  • Gráfico 18 - AS PESSOAS SÃO EGOCÊNTRICAS.............................................................................
  • Gráfico 19 - AS PESSOAS SE JULGAM MAIS INTELIGENTES AS DEMAIS.....................................
  • Gráfico 20 - STATUS DA FUNÇÃO NO TRABALHO............................................................................
  • Gráfico 21 - PERSONALIDADE DIFÍCIL DE SE LIDAR.......................................................................
  • CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS.......................................................... SUMÁRIO
  • 1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................
  • 1.2 O CONTEXTO DO PROBLEMA.......................................................................
  • 1.3 OBJETIVOS......................................................................................................
  • 1.4 DELIMITAÇÃO..................................................................................................
  • 1.5 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA.......................................................................
  • CAPÍTULO 2 - MÉTODOS E MATERIAIS DA PESQUISA.....................................
  • 2.1 NATUREZA DA PESQUISA..............................................................................
  • 2.2 FONTES DE DADOS E PARTICIPANTES.......................................................
  • 2.3 A COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS......................................................
  • 2.4 DIMENSÕES ÉTICAS......................................................................................
  • CAPÍTULO 3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................
  • 3.1 OS SUJEITOS..................................................................................................
  • 3.2 AS ORGANIZAÇÕES.......................................................................................
  • 3.3 GESTÃO HOSPITALAR....................................................................................
  • 3.4 CLIMA ORGANIZACIONAL..............................................................................
  • 3.5 A GESTÃO DE CONFLITOS............................................................................
  • 3.5.1 Conceitos....................................................................................................
  • 3.5.2 Tipos............................................................................................................
  • 3.5.3 Origens e causas.......................................................................................
  • 3.5.4 Processos dos conflitos...........................................................................
  • 3.5.5 Impactos.....................................................................................................
  • 3.5.6 Gestão e solução de conflitos..................................................................
  • CAPÍTULO 4 - TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS......................................
  • 4.1 O HUCAM.........................................................................................................
  • 4.2 OS RESULTADOS DA PESQUISA
  • 4.2.1 Diferenças de percepção..........................................................................
  • 4.2.2 Normas legais versus valores pessoais.................................................
  • 4.2.3 Operacionalização.....................................................................................
  • 4.2.4 Exigências impossíveis.............................................................................
  • 4.2.5 Tarefas.........................................................................................................
  • 4.2.6 Relações entre os setores........................................................................
  • 4.2.7 Comunicação entre os setores................................................................
  • 4.2.8 Infraestrutura física...................................................................................
  • 4.2.9 Relações interpessoais.............................................................................
  • CAPÍTULO 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................
  • REFERÊNCIAS........................................................................................................
  • APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA...............................................
  • APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO....................................................
  • APÊNDICE C – ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................

Os anos que se passaram foram eivados de medidas que, se por um lado beneficiavam a população, por outro, não deixavam de lado os interesses econômicos, tanto que, no final dos anos 1970 o Governo Militar criou o Sistema Nacional da Previdência Social (SNPS) e, ao mesmo tempo, transformou o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) em Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Assim, o modelo médico-assistencial-privatista teve sua origem na tecnocracia modernizante instalada na Previdência Social, privilegiando a transferência de recursos públicos para o setor privado. Os recursos para sua gestão eram oriundos das seguintes fontes: financiamento de investimentos físicos através do Fundo de Apoio de Desenvolvimento Social da Caixa Econômica Federal (FAS/CEF), de custeio e de insumos e equipamentos, o que permitiu a construção de um complexo médico-industrial, responsável pelos excessos da medicalização observados no Brasil desde então (LUZ, 1995). Mais tarde ficou evidente o papel das Conferências Nacionais de Saúde em termos de se repensar esse modelo. De acordo com Bertolozzi e Greco (1996, p. 388) como resultado da V Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em 1975, foi criado o Sistema Nacional de Saúde por meio da Lei nº 6.229 de 17 de julho de 1975, que tornava legítima no contexto institucional a pluralidade do setor. Ficaram assim definidas: [...] as responsabilidades de várias instituições, cabendo à Previdência Social, a assistência individual e curativa, enquanto que, os cuidados preventivos e de alcance coletivo ficaram sob a responsabilidade do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde (BERTOLOZZI; GRECO, 1996, p. 388). Ganhou força o movimento que apoiava a Reforma Sanitária, sendo realizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, ampliando as discussões de aspectos eminentemente técnicos, para outros, mais sociais, conseguindo-se, inclusive a participação da sociedade civil. As políticas de saúde passaram a ser discutidas no coletivo. No entanto, em que pesem essas vitórias, nada se compara à proposta da criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e o fato de o Estado se antecipar à sua implementação, antes mesmo de seu marco legal.

Segundo Campos (2007) isso só foi possível graças à ação de profissionais diversos que desenvolviam seu trabalho em serviços estatais de atenção à saúde, tais como a Fundação Oswaldo Cruz, o Instituto Butantã, Escolas de Saúde Pública, universidades e hospitais públicos, departamento de saúde preventiva, serviços do INAMPS e centros de saúde. Dessa forma, foram inseridos na Constituição Federal (CF) de 1988, alguns princípios fundamentais referentes à saúde no Brasil, destacando-se entre eles o Art. 196, ao afirmar que “A saúde é direito de todos e dever do Estado [...]” (BRASIL, 1988), organizada em um sistema com as seguintes diretrizes: descentralização, atendimento integral e participação da comunidade. Posteriormente, por meio da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, conhecida como Lei Orgânica, outros princípios se fizeram mais específicos, tais como:

  • a definição do conceito de integralidade;
  • a preservação da autonomia das pessoas;
  • a justiça;
  • a equidade;
  • a descentralização político-administrativa, e
  • regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde. É importante observar que a descentralização da gestão das políticas ou de aspectos da gestão teve impacto nas organizações federais, estaduais e municipais. Em relação ao Governo Federal, a descentralização da prestação e parte do controle da prestação de serviços de saúde, por exemplo, implicou uma mudança importante que levou à extinção do INAMPS. Esse instituto era vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social com Secretarias em todos os estados da União, sendo considerado por Mezomo (1995), como um locus de poder sensível aos interesses do setor privado de saúde. A extinção dessa estrutura exigiu mudanças no Ministério da Saúde, fortalecido, em tese, em seu poder de regulação e, por isso, instado a transformar-se em termos de funções e dimensões. Como registra Mezomo (1995, p. 17), Os serviços de saúde, tanto individuais quanto comunitários, são planejados e prestados de formas muito variadas, englobando desde complexas organizações, como universidades e centros médicos até pequenas organizações operadas por poucos profissionais. Por isso a complexidade da tarefa administrativa está relacionada com o tamanho da organização e com sua missão. A partir das observações desse autor percebe-se que além da complexidade

Constituição de 1988. O sistema é único porque segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três esferas de governo: federal, estadual e municipal (VILAÇA, 1998, p. 90). A saúde é definida como um elemento da Seguridade Social, ou seja, como “[...] um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988). Esse conceito traz objetivos de universalidade, equidade e descentralização, entre outros. Porém, não se pode dizer que o povo brasileiro tenha acesso à saúde. O tamanho e a complexidade do sistema explicam em parte a inoperância. A outra parte da explicação fica por conta do descaso com que se costuma tratar os serviços destinados à população mais carente (VILAÇA, 1998). O SUS se apresenta como um modelo universal no atendimento público e gratuito, teoricamente com acesso por parte de qualquer cidadão brasileiro. Pode-se dizer que ele já alcançou uma grande parcela da população, mas ainda está longe da consecução de seus objetivos. Isso porque muitas de suas propostas e princípios não são executadas, havendo um gap entre a demanda da população e a realidade do atendimento. De qualquer forma, a Constituição e a criação do SUS representam mudanças importantes de direitos sociais para os cidadãos, construídos pela sociedade civil e tornando-se um direito reconhecido, legítimo. O SUS tem como objetivos: identificar os fatores condicionantes e determinantes da saúde e formular políticas para erradicar as desigualdades sociais que interferem na saúde. Em termos de suas competências podem ser citados: controle, fiscalização, execução de ações de saúde, formação de recursos humanos, proteção do meio ambiente e do trabalho, entre outras (COSTA; CARBONE, 2004). A regulamentação do SUS foi estabelecida em l990, através do conjunto de duas leis, a Lei Orgânica da Saúde (LOS) de nº. 8.080 de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990a) e a de nº. 8.142 de 28 de dezembro de 1990 (BRASIL, 1990b), para dar execução e disciplinar legalmente à proteção e a defesa da saúde, com diretrizes e limites que devem ser adotados pelo território nacional, esclarecendo o

papel das três esferas de governo. Na LOS destacam-se os princípios organizativos e operacionais do Sistema, de tal modo que indica a descentralização político-administrativa e enfatiza a municipalização dos serviços de saúde, com redistribuição de poder, de competências e de recursos e afirma o novo conceito. A saúde compreendida até então como a ausência de doenças e um bem estar físico e mental, passou a ter um conceito ampliado em seus diversos fatores determinantes e condicionantes das condições de vida da população, com a intenção de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde (BRASIL, 2002). Ainda segundo a Lei nº. 8.080 de 19 de setembro de 1990 (BRASIL, 1990a), visão de saúde na concepção integral prevê que as ações devam ser desenvolvidas sobre o ambiente e os indivíduos, destinadas à proteção, promoção e recuperação da saúde, e voltadas para a erradicação das causas sociais que interferem na saúde (BRASIL, 2002). Em termos do financiamento do Sistema ele é feito com recursos do orçamento da Seguridade Social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes, significando recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população (BRASIL, 1998). No entanto, esses recursos mostraram-se insuficientes para fazer face à demanda pelos serviços de saúde. Assim, cerca de dez anos depois, em 1999, a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) tornou-se imposto permanente e subiu de 0,20% para 0,38%. No entanto, o que se verificou é que o recurso arrecadado por esse imposto era desviado para pagar, também, juros e serviços da dívida externa. As denúncias foram feitas por vários ministros que ocuparam a pasta da saúde, durante o primeiro mandato do Fernando Henrique Cardoso, destacando Adib Jatene, em 1996, e Jorge Albuquerque, em 1998, sem grandes consequências. Dessa forma, considerando os sucessivos escândalos sobre o desvio do dinheiro destinado à saúde pública e a ausência de investimento no setor, observa-se o