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Jung e a Psicologia dos Arquétipos: Introversão, Extroversão e Personalidade, Notas de estudo de Psicoterapia

Neste documento, aprenda sobre a teoria de carl gustav jung sobre a orientação interior-exterior de cada indivíduo, os arquétipos da personalidade, incluindo o ego, a persona, a sombra, a anima e o self, e o papel dos sonhos na comunicação entre consciente e inconsciente. Além disso, saiba sobre os símbolos coletivos e o processo de individuação.

O que você vai aprender

  • O que é a Sombra e qual é seu papel na psique?
  • Como Jung descreve o processo de Individuação?
  • Quais são os símbolos coletivos e o papel deles nos sonhos?
  • Qual é a diferença entre introvertidos e extrovertidos, de acordo com Jung?
  • Quais são os principais Arquétipos da personalidade, de acordo com Jung?

Tipologia: Notas de estudo

2019

Compartilhado em 22/01/2022

usuário desconhecido
usuário desconhecido 🇧🇷

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Sumário
Introdução ................................................................................................................... 1
1. As Atitudes: Introversão e Extroversão ................................................................... 1
2. As Funções Psíquicas ............................................................................................. 1
2.1. O Pensamento .................................................................................................. 2
2.2. O Sentimento .................................................................................................... 2
2.3. A Sensação ...................................................................................................... 2
2.4. A Intuição .......................................................................................................... 2
3. Arquétipos ............................................................................................................... 3
4. Símbolos ................................................................................................................. 4
5. Os Sonhos ............................................................................................................... 4
6. O Ego ...................................................................................................................... 5
7. A Persona ................................................................................................................ 5
8. A Sombra ................................................................................................................ 6
8.1. O Self ................................................................................................................ 7
9. Crescimento Psicológico - Individuação .................................................................. 7
10. Obstáculos ao Crescimento .................................................................................. 9
Referências bibliográficas ......................................................................................... 11
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Baixe Jung e a Psicologia dos Arquétipos: Introversão, Extroversão e Personalidade e outras Notas de estudo em PDF para Psicoterapia, somente na Docsity!

Sumário

  • Introdução
    1. As Atitudes: Introversão e Extroversão
    1. As Funções Psíquicas
    • 2.1. O Pensamento
    • 2.2. O Sentimento
    • 2.3. A Sensação
    • 2.4. A Intuição
    1. Arquétipos
    1. Símbolos
    1. Os Sonhos
    1. O Ego
    1. A Persona................................................................................................................
    1. A Sombra
    • 8.1. O Self
    1. Crescimento Psicológico - Individuação
    1. Obstáculos ao Crescimento
  • Referências bibliográficas

JUNG E OS CONCEITOS BÁSICOS DE PSICOLOGIA ANALÍTICA

INTRODUÇÃO

Dentre todos os conceitos de Carl Gustav Jung, a idéia de introversão e extro- versão são as mais usadas. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracteri- zado como sendo primeiramente orientado para seu interior ou para o exterior, sen- do que a energia dos introvertidos se dirige em direção a seu mundo interno, en- quanto a energia do extrovertido é mais focalizada no mundo externo. Entretanto, ninguém é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões a extroversão é mais adequada mas, as duas atitudes se excluem mutuamente, de forma que não se pode manter ambas ao mesmo tempo. Também enfatizava que nenhuma das duas é melhor que a outra, citando que o mundo precisa dos dois tipos de pessoas. Darwin, por exem- plo, era predominantemente extrovertido, enquanto Kant era introvertido por exce- lência. O ideal para o ser humano é ser flexível, capaz de adotar qualquer dessas ati- tudes quando for apropriado, operar em equilíbrio entre as duas.

1. AS ATITUDES: INTROVERSÃO E EXTROVERSÃO

Os introvertidos concentram-se prioritariamente em seus próprios pensamentos e sentimentos, em seu mundo interior, tendendo à introspecção. O perigo para tais pessoas é imergir de forma demasiada em seu mundo interior, perdendo ou tornan- do tênue o contato com o ambiente externo. O cientista distraído, estereotipado, é um exemplo claro deste tipo de pessoa absorta em suas reflexões em notável preju- ízo do pragmatismo necessário à adaptação. Os extrovertidos, por sua vez, se envolvem com o mundo externo das pessoas e das coisas. Eles tendem a ser mais sociais e mais conscientes do que acontece à sua volta. Necessitam se proteger para não serem dominados pelas exterioridades e, ao contrário dos introvertidos, se alienarem de seus próprios processos internos. Algumas vezes esses indivíduos são tão orientados para os outros que podem aca- bar se apoiando quase exclusivamente nas idéias alheias, ao invés de desenvolve- rem suas próprias opiniões.

2. AS FUNÇÕES PSÍQUICAS

Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. E cada uma dessas funções pode ser experienciada tanto de maneira introvertida quanto extrovertida.

3. ARQUÉTIPOS

Dentro do Inconsciente Coletivo existem, segundo Jung, estruturas psíquicas ou Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém desde que a água começa a fluir por eles. Particularmente comparo os Arquétipos à porta de uma geladeira nova; existem formas sem conteúdo - em cima formas arredondadas (você pode colocar ovos, se quiser ou tiver ovos), mais abaixo existe a forma sem conteú- do para colocar refrigerantes, manteiga, queijo, etc., mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você existir lhe oferecer tais produtos. De qualquer maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo. Arquetipicamente existe a forma para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias existenciais, culturais e pesso- ais. Jung também chama os Arquétipos de imagens primordiais, porque eles cor- respondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e len- das populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser encon- trados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. De acordo com Jung, os Arqué- tipos, como elementos estruturais e formadores do inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo. A história de Édipo é uma boa ilustração de um Arquétipo. É um motivo tanto mitológico quanto psicológico, uma situação arquetípica que lida com o relaciona- mento do filho com seus pais. Há, obviamente, muitas outras situações ligadas ao tema, tal como o relacionamento da filha com seus pais, o relacionamento dos pais com os filhos, relacionamentos entre homem e mulher, irmãos, irmãs e assim por diante. O termo Arquétipo freqüentemente é mal compreendido, julgando-se que ex- pressa imagens ou motivos mitológicos definidos. Mas estas imagens ou motivos mitológicos são apenas representações conscientes do Arquétipo. O Arquétipo é uma tendência a formar tais representações que podem variar em detalhes, de povo a povo, de pessoa a pessoa, sem perder sua configuração original. Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um Arquétipo. Por exemplo, o Arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada indiví- duo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria, mãe Natu- reza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O Arquétipo materno inclui aspectos positivos e negativos, como a mãe ameaçadora, dominado- ra ou sufocadora. Na Idade Média, por exemplo, este aspecto do Arquétipo estava cristalizado na imagem da velha bruxa. Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da personalidade seri- am Arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a Sombra, a Anima (nos homens), o Animus (nas mulheres) e o Self.

4. SÍMBOLOS

De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um Arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo se harmonizar com o material inconsciente organizado ao redor de um Arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa e emocionalmente carregada. Jung se interessa nos símbolos naturais, que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberada-mente criados por um artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indi- víduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens reli- giosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista. Imagens e termos simbólicos, via de regra, representam conceitos que nós não podemos definir com clareza ou compreender plenamente. Para Jung, um signo re- presenta alguma outra coisa; um símbolo é alguma coisa em si mesma, uma coisa dinâmica e viva. O símbolo representa a situação psíquica do indivíduo e ele é essa situação num dado momento. Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu significado convencional e óbvio. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbóli- ca quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto inconsciente mais amplo que não é nunca precisamente definido ou plenamente explicado.

5. OS SONHOS

Os sonhos são pontes importantes entre processos conscientes e inconscien- tes. Comparado à nossa vida onírica, o pensamento consciente contém menos emoções intensas e imagens simbólicas. Os símbolos oníricos freqüentemente en- volvem tanta energia psíquica, que somos compelidos a prestar atenção neles. Para Jung, os sonhos desempenham um importante papel complementar ou compensatório. Os sonhos ajudam a equilibrar as influências variadas a que esta- mos expostos em nossa vida consciente, sendo que tais influências tendem a mol- dar nosso pensamento de maneiras freqüentemente inadequadas à nossa persona- lidade e individualidade. A função geral dos sonhos, para Jung, é tentar estabelecer a nossa balança psicológica pela produção de um material onírico que reconstitui equilíbrio psíquico total. Jung abordou os sonhos como realidades vivas que precisam ser experimenta- das e observadas com cuidado para serem compreendidas. Ele tentou descobrir o significado dos símbolos oníricos prestando atenção à forma e ao conteúdo do so- nho e, com relação à análise dos sonhos, Jung distanciou-se gradualmente da ma- neira psicanalítica na livre associação.

Ela serve para proteger o Ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem. A Persona é também um instrumento precioso para a comunica- ção. Nos dramas gregos, as máscaras dos atores, audaciosamente desenhadas, informavam a toda a platéia, ainda que de forma um pouco estereotipada, sobre o caractere as atitudes do papel que cada ator estava representando. A Persona pode, com freqüência, desempenhar um papel importante em nosso desenvolvimento posi- tivo. À medida que começamos a agir de determinada maneira, a desempenhar um papel, nosso Ego se altera gradualmente nessa direção. Entre os símbolos comumente usados para a Persona, incluem-se os objetos que usamos para nos cobrir (roupas, véus), símbolos de um papel ocupacional (ins- trumentos, pasta de documentos) e símbolos de status (carro, casa, diploma). Esses símbolos foram todos encontrados em sonhos como representações da Persona. Por exemplo, em sonhos, uma pessoa com Persona forte pode aparecer vestida de forma exagerada ou constrangida por um excesso de roupas. Uma pessoa com Per- sona fraca poderia aparecer despida e exposta. Uma expressão possível de uma Persona extremamente inadequada seria o fato de não ter pele.

8. A SOMBRA

Para Jung, a Sombra é o centro do Inconsciente Pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A Sombra inclui aquelas tendências, desejos, me- mórias e experiências que são rejeitadas pelo indivíduo como incompatíveis com a Persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Quanto mais forte for nossa Per- sona, e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A Sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa per- sonalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra freqüentemente aparece como um animal, um anão, um vagabundo ou qualquer outra figura de categoria mais baixa. Em seu trabalho sobre repressão e neurose, Freud concentrou-se, de inicio, naquilo que Jung chama de Sombra. Jung descobriu que o material reprimido se organiza e se estrutura ao redor da Sombra, que se torna, em certo sentido, um Self negativo, a Sombra do Ego. A Sombra é, via de regra, vivida em sonhos como uma figura escura, primitiva, hostil ou repelente, porque seus conteúdos foram violenta- mente retirados da consciência e aparecem como antagônicos à perspectiva consci- ente. Se o material da Sombra for tra-zido à consciência, ele perde muito de sua na- tureza de medo, de desconhecido e de escuridão. A Sombra é mais perigosa quando não é reconhecida pelo seu portador. Neste caso, o indivíduo tende a projetar suas qualidades indesejáveis em outros ou a dei- xar-se dominar pela Sombra sem o perceber. Quanto mais o material da Sombra tornar-se consciente, menos ele pode dominar. Entretanto, a Sombra é uma parte integral de nossa natureza e nunca pode ser simplesmente eliminada. Uma pessoa sem Sombra não é uma pessoa completa, mas uma caricatura bidimensional que rejeita a mescla do bom e do mal e a ambivalência presentes em todos nós.

Cada porção reprimida da Sombra representa uma parte de nós mesmos. Nós nos limitamos na mesma proporção que mantemos este material inconsciente. À medida que a Sombra se faz mais consciente, recuperamos partes previa- mente reprimidas de nós mesmos. Além disso, a Sombra não é apenas uma força negativa na psique. Ela é um depósito de considerável energia instintiva, esponta- neidade e vitalidade, e é a fonte principal de nossa criatividade. Assim como todos os Arquétipos, a Sombra se origina no Inconsciente Coletivo e pode permitir acesso individual a grande parte do valioso material inconsciente que é rejeitado pelo Ego e pela Persona. No momento em que acharmos que a compreendemos, a Sombra aparecerá de outra forma. Lidar com a Sombra é um processo que dura a vida toda, consiste em olhar para dentro e refletir honestamente sobre aquilo que vemos lá.

8.1. O Self

Jung chamou o Self de Arquétipo central, Arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Segundo Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamen- te em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o Self. Jung descobriu o Arquétipo do Self apenas depois de estarem concluídas suas investigações sobre as outras estruturas da psique. O Self é com freqüência figurado em sonhos ou imagens de forma impessoal, como um círculo, mandala, cristal ou pedra, ou de forma pessoal como um casal real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Todos estes são símbolos da to- talidade, unificação, reconciliação de polaridades, ou equilíbrio dinâmico, os objeti- vos do processo de Individuação. O Self é um fator interno de orientação, muito diferente e até mesmo estranho ao Ego e à consciência. Para Jung, o Self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente quanto o inconsciente, ele é o centro desta totalidade, tal como o Ego é o centro da consciência. Ele pode, de início, apa- recer em sonhos como uma imagem significante, um ponto ou uma sujeira de mos- ca, pelo fato do Self ser bem pouco familiar e pouco desenvolvido na maioria das pessoas. O desenvolvimento do Self não significa que o Ego seja dissolvido. Este último continua sendo o centro da consciência, mas agora ele é vinculado ao Self como conseqüência de um longo e árduo processo de compreensão e aceitação de nossos processos inconscientes. O Ego já não parece mais o centro da personalida- de, mas uma das inúmeras estruturas dentro da psique.

9. CRESCIMENTO PSICOLÓGICO - INDIVIDUAÇÃO

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou au- to desenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo.

O próximo passo é o confronto com a Sombra. Na medida em que nós aceita- mos a realidade da Sombra e dela nos distinguimos, podemos ficar livres de sua in- fluência. Além disso, nós nos tornamos capazes de assimilar o valioso material do inconsciente pessoal que é organizado ao redor da Sombra. O terceiro passo é o confronto com a Anima ou Animus. Este Arquétipo deve ser encarado como uma pessoa real, uma entidade com quem se pode comunicar e de quem se pode aprender. Jung faria perguntas à sua Anima sobre a interpretação de símbolos oníricos, tal como um analisando a consultar um analista. O indivíduo também se conscientiza de que a Anima (ou o Animus) tem uma autonomia conside- rável e de que há probabilidade dela influenciar ou até dominar aqueles que a igno- ram ou os que aceitam cegamente suas imagens e projeções como se fossem deles mesmos. O estágio final do processo de Individuação é o desenvolvimento do Self. Jung dizia que o si mesmo é nossa meta de vida, pois é a mais completa expressão da- quela combinação do destino a que nós damos o nome de indivíduo. O Self torna-se o novo ponto central da psique, trazendo unidade à psique e integrando o material consciente e o inconsciente. O Ego é ainda o centro da consciência, mas não é mais visto como o núcleo de toda a personalidade. Jung escreve que devemos ser aquilo que somos e precisamos descobrir nos- sa própria individualidade, aquele centro da personalidade que é eqüidistante do consciente e do inconsciente. Dizia que precisamos visar este ponto ideal em dire- ção ao qual a natureza parece estar nos dirigindo. Só a partir deste ponto podemos satisfazer nossas necessidades. É necessário ter em mente que, embora seja possível descrever a Individuação em termos de estágios, o processo de Individuação é bem mais complexo do que a simples progressão aqui delineada. Todos os passos mencionados sobrepõem-se, e as pessoas voltam continuamente a problemas e temas antigos (espera-se que de uma perspectiva diferente). A Individuação poderia ser apresentada como uma espi- ral na qual os indivíduos permanecem se confrontando com as mesmas questões básicas, de forma cada vez mais refinada. Este conceito está muito relacionado com a concepção Zen-budista da iluminação, na qual um individuo nunca termina um Ko- an, ou problema espiritual, e a procura de si mesmo é vista como idêntica à finalida- de.)

10. OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO

A Individuação nem sempre é uma tarefa fácil e agradável. O Ego precisa ser forte o suficiente para suportar mudanças tremendas, para ser virado pelo avesso no processo de Individuação. Poderíamos dizer que todo o mundo está num processo de Individuação, no entanto, as pessoas não o sabem, esta é a única diferença. A Individuação não é de modo algum uma coisa rara ou um luxo de poucos, mas aqueles que sabem que passam pelo processo são considerados afortunados.

Desde que suficientemente conscientes, eles tiram algum proveito de tal pro- cesso. A dificuldade deste processo é peculiar porque constitui um empreendimento totalmente individual, levado a cabo face à rejeição ou, na melhor das hipóteses, indiferença dos outros. Jung escreve que a natureza não se preocupa com nada que diga respeito a um nível mais elevado de consciência, muito pelo contrário. Logo, a sociedade não valoriza em demasia essas proezas da psique e seus prêmios são sempre dados a realizações e não à personalidade. Esta última será, na maioria das vezes, recompensada postumamente. Cada estágio, no processo de Individuação, é acompanhado de dificuldades. Primeiramente, há o perigo da identificação com a Persona. Aqueles que se identifi- cam com a Persona podem tentar tornar-se perfeitos demais, incapazes de aceitar seus erros ou fraquezas, ou quaisquer desvios de sua auto-imagem idealizada. Aqueles que se identificam totalmente com a Persona tenderão a reprimir todas as tendências que não se ajustam, e a projetá-las nos outros, atribuindo a eles a tarefa de representar aspectos de sua identidade negativa reprimida. A Sombra pode ser também um importante obstáculo para a Individuação. As pessoas que estão inconscientes de suas sombras, facilmente podem exteriorizar impulsos prejudiciais sem nunca reconhecê-los como errados. Quando a pessoa não chegou a tomar conhecimento da presença de tais impulsos nela mesma, os impul- sos iniciais para o mal ou para a ação errada são com freqüência justificados de imediato por racionalizações. Ignorar a Sombra pode resultar também numa atitude por demais moralista e na projeção da Sombra em outros. Por exemplo, aqueles que são muito favoráveis à censura da pornografia tendem a ficar fascinados pelo assun- to que pretendem proibir; eles podem até convencer-se da necessidade de estudar cuidadosamente toda a pornografia disponível, a fim de serem censores eficientes. O confronto com a Anima ou o Animus traz, em si, todo o problema do relacio- namento com o inconsciente e com a psique coletiva. A Anima pode acarretar súbi- tas mudanças emocionais ou instabilidade de humor num homem. Nas mulheres, o Animus freqüentemente se manifesta sob a forma de opiniões irracionais, mantidas de forma rígida. (Devemos nos lembrar de que a discussão de Jung sobre Anima e Animus não constitui uma descrição da masculinidade e da feminilidade em geral. O conteúdo da Anima ou do Animus é o complemento de nossa concepção consciente de nós mesmos como masculinos ou femininos, a qual, na maioria das pessoas, é fortemente determinada por valores culturais e papéis sexuais definidos em socie- dade.) Quando o indivíduo é exposto ao material coletivo, há o perigo de ser engolido pelo inconsciente. Segundo Jung, tal ocorrência pode tomar uma de duas formas. Primeiro, há a possibilidade da inflação do Ego, na qual o indivíduo reivindica para si todas as virtudes da psique coletiva. A outra reação é a de impotência do Ego; a pessoa sente que não tem controle sobre a psique coletiva e adquire uma consciên- cia aguda de aspectos inaceitáveis do inconsciente-irracionalidade, impulsos negati- vos e assim por diante.