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Este documento discute a síndrome uveodermatológica (sud) em cães, uma doença autoimune rara que afeta olhos e pele. O texto aborda sintomas, diagnóstico, raças prediletas, complicações oculares e tratamento. Além disso, são citados estudos relacionados.
Tipologia: Exercícios
Compartilhado em 07/11/2022
4.5
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TÍTULO: COMPLICAÇÕES OFTALMOLÓGICAS E DERMATOLÓGICAS DE UM CÃO COM SÍNDROME UVEODERMATOLÓGICA: ACOMPANHAMENTO DURANTE 9 MESES TÍTULO: CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA: ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA: SUBÁREA: MEDICINA VETERINÁRIASUBÁREA: INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCAINSTITUIÇÃO: AUTOR(ES): ALINE GONÇALVES DIAS CARMOZINEAUTOR(ES): ORIENTADOR(ES): ADRIANA TORRECILHAS JORGE, CRISTIANE DOS SANTOS HONSHO, FERNANDA GOSUEN GONÇALVES DIAS, LUCAS DE FREITAS PEREIRA ORIENTADOR(ES):
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1. RESUMO A síndrome uveodermatológica é uma enfermidade autoimune rara, que acomete cães, manifestando graves alterações dermatológicas e oftalmológicas. Ocorre hipersensibilidade à melanina causando despigmentação, uveíte e panuveíte crônica, sendo o prognóstico de reservado a ruim. O tratamento deve ser realizado por toda a vida do animal. Diante da incidência rara objetivou-se com o presente relato alertar o médico veterinário sobre a ocorrência e a gravidade desta enfermidade e, não obstante, enfatizar a sintomatologia, diagnóstico e terapêutica, pois quanto mais precoce o tratamento, melhor o prognóstico visual e dermatológico. Para tanto, foi atendido um cão Akita, macho, com 1 ano de idade com áreas de despigmentação em pálpebras e uveíte bilateral. Instituiu-se tratamento ocular e sistêmico com anti-inflamatório esteroidal, porém, mesmo com as medicações, complicações como glaucoma, perda visual e lesão dermatológica foram observadas. Decorridos 9 meses do diagnóstico houve piora acentuada dos sintomas, diante da gravidade e prognóstico ruim, o tutor optou pela eutanásia. Com base no presente relato, admitiu-se que mesmo com o precoce diagnóstico e terapêutica, a agressividade dos sintomas acarretou em comprometimento da qualidade de vida. Ainda, ressalta-se que o envolvimento do tutor é fundamental para o sucesso terapêutico e consequentemente, maior sobrevida do animal. 2. INTRODUÇÃO A síndrome uveodermatológica (SUD) é uma enfermidade autoimune, de ocorrência rara, que compromete os olhos e a pele de cães (THOMAS; CHAHORY, 2009), é semelhante a Síndrome Vogt-Koyanagi-Harada (VKH) que acomete seres humanos (ZAVROZ et al., 2001). Em 1977, a SUD foi primeiramente descrita em dois cães da raça Akita (CARTER et al., 2005). Ocorre hipersensibilidade à melanina, ou seja, um ataque as células que contém melanina (SIGLE et al., 2006), porém, o mecanismo da ação imunorreguladora não foi completamente elucidado (YAMAKI et al., 2000). Em cães não há predisposição quanto ao sexo do animal (HERRERA et al, 1998). No que concerne a idade dos acometidos, há uma variação entre 8 meses a 4 anos, sendo frequentemente diagnosticada entre 8 meses a 2 anos de idade (BARROS et al., 1991).
ressaltaram que apenas os sinais clínicos são insuficientes para o diagnóstico definitivo (HERRERA et al., 1998). Na análise histopalógica da pele observa-se dermatite da interface liquinóide com infiltração por histiócitos, linfócitos, células plasmáticas, células gigantes multi- nucleadas (CARTER et al., 2005; PEÑA; LEIVA, 2008) e diminuição da quantidade de melanina na epiderme e no folículo capilar (CULLEN; WEBB, 2007; AROCH; OFRI; SUTTON, 2013 ). Nos casos de panuveíte, a enucleação é indicada, sendo que na histologia, observa-se infiltrado plasmocitário difuso no trato uveal (FOSTER et al., 1990), como macrófagos, células plasmáticas e linfócitos em íris, retina e coroide (CULLEN; WEBB, 2007; KANG; LIM; PARK, 2014) e na microscopia eletrônica relacionam-se a macrófagos com melanócitos fagocitados (MOORTHY et al., 1995). No diagnóstico diferencial da SUD devem-se descartar enfermidades como o vitiligo, linfoma cutâneo, lúpus eritematoso discoide, pênfigo foliáceo e eritematoso (KANG et al., 2013). Em regiões endêmicas é necessário o diferencial para leishmaniose (HENDRIX, 2007). O prognóstico da SUD é de reservado (CULLEN; WEBB, 2007) a ruim (PEÑA; LEIVA, 2008; AROCH; OFRI; SUTTON, 2013 ), sendo o tratamento realizado por toda a vida do animal (CULLEN; WEBB, 2007). A terapêutica baseia-se no controle dos infiltrados granulomatosos (THOMAS; CHAHORY, 2009), com a utilização oral de glicocorticoide (HERRERA; DUCHENE, 1998; AROCH; OFRI; SUTTON, 2013) ou seja, prednisolona oral na dose de 1 a 2 mg/kg/dia (MONDKAR et al., 2000), por longo tempo ou pelo resto da vida do animal (AROCH, OFRI; SUTTON, 2013 ), ainda, é indicado a combinação com os imunossupressores, evitando assim, efeitos indesejáveis do corticosteróide (HERRERA; DUCHENE, 1998; MONDKAR et al., 2000), como o desenvolvimento de de hiperadrenocorticismo iatrogênico (ALSAEID, 1998). Os imunossupressores são a azatioprina (1 a 2mg/Kg por dia), ciclosfosfamida (1 a 2 mg/Kg por dia) e a ciclosporina (7 a 10mg/Kg dia) (HERRERA; DUCHENE, 1998). O tratamento ocular é administrado por via tópica, colírio de cicloplégico, anti- inflamatório esteroidal e não esteroidal. Nos casos de alterações secundárias como glaucoma, a terapia adequada deve ser instituída. Recomenda-se também a aplicação subconjuntival de metilprednisolona com intervalos de 15 dias (AROCH; OFRI; SUTTON, 2013 ).
Diante da incidência rara da Síndrome Uveodermatológica em cães, objetivou-se com o presente trabalho alertar o médico veterinário sobre a ocorrência e a gravidade desta enfermidade e, não obstante, ressaltar que o envolvimento do tutor é fundamental para o sucesso terapêutico e consequentemente, maior sobrevida do animal.
4. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO Foi atendido no Hospital Veterinário um cão Akita, macho, com 1 ano de idade. O tutor relatou em ambos os olhos, blefaroespasmo, secreção mucóide e congestão conjuntival há 15 dias. Foi levado a um médico veterinário que diagnosticou infecção ocular, prescrevendo por 7 dias, 1 comprimido de acetato de Dexametasona (Cort-trat SM®, a cada 24 horas), colírio de ciprofloxacina associada a condroitina A (Ciprovet®, a cada 12 horas), porém, houve piora. No exame oftalmológico realizou-se o teste da lágrima de Schirmer do tipo 1 (TLS-1) com a inserção de uma tira de papel filtro milimetrada estéril comercial no fórnix conjuntival, no terço médio da pálpebra inferior, durante 60 segundos. O resultado no olho direito (OD) foi de 20 mm/min e olho esquerdo (OE) 21 mm/min. Ato contínuo, verificou que os reflexos pupilares direto e consensual estavam diminuídos, porém, os testes de ameaça e obstáculos eram normais. Ainda, observou área de despigmentação nas margens palpebrais inferior e superior no canto nasal, discreta congestão conjuntival em ambos os olhos e no OD discreto edema corneal e hifema. As demais estruturas estavam normais. A pressão intraocular (PIO) foi mensurada após a instilação de uma gota de colírio anestésico, com auxílio do tonômetro de aplanação portátil. Foram efetuadas três aferições consecutivas, com valor de significância menor que 5% e a média destas considerada. Os valores obtidos foram OD 9mmHg e OE 11mmHg. A oftalmoscopia indireta foi realizada, porém, não foram observadas alterações. Ato contínuo, o teste de fluoresceína foi feito, sendo negativo em ambos os olhos. No exame clínico sistêmico as únicas alterações observadas foram discreta área de despigmentação em lábios e focinho. Exames complementares como hemograma completo, ALT, creatinina, ureia e urinálise encontravam-se dentro da normalidade.
1C). No exame oftalmológico observou blefarite; edema corneal discreto bilateral, fratura da membrana de Descemet esquerda (Figura 1D); sinéquia posterior bilateral; vítreo liquefeito bilateral; pontos hemorrágicos na zona tapetal esquerda próximo ao nervo óptico. Diminuição dos reflexos de ameaça. A PIO estava no OD 10 mmHg e no OE 25 mmHg. Institui-se colírio de acetato de prednisolona (a cada 4 horas); colírio de cloridrato de dorzolamida (a cada 12 horas) e colírio de Trometamol cetorolaco (a cada 8 horas). Ainda, por via oral, prednisona 20 mg ( 1 comprimido e meio, a cada 12 horas) e azatioprina 50mg (1 comprimido e um quarto de comprimido, a cada 24 horas). Aos 9 meses, quando retornou houve piora acentuada do quadro dermatológico e ocular, ainda, o tutor relatou que não fez tratamento anteriormente prescrito. No exame observou despigmentação total das margens palpebrais direita e esquerda; blefarite com presença de crostas bilateral; reflexo de ameaça negativo; reflexos direto e consensual negativos; congestão conjuntival acentuada; edema Figura 1: Imagem fotográfica de cão Akita com Síndrome Úveo Dermatológica aos sete meses de tratamento. Observe em A área de despigmentação em focinho. Observe em B lesão em membro torácico direito de cão em região de cotovelo com área ulcerada, avermelhada e apresentando tecido de granulação. Observe em C lesão circular em membro pélvico esquerdo, em região de articulação, ulcerada, avermelhada e apresentando tecido de granulação. Em D observe despigmentação palpebral e em córnea esquerda edema (*) e fratura da membrana de Descemet (seta).
corneal moderado bilateral; fratura da membrana de Descemet esquerda; midríase paralítica bilateral. A PIO estava no OD 5 mmHg e no OE 7 mmHg. Diante da gravidade dos sinais clínicos o tutor optou pela eutanásia.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O início dos sinais clínicos no presente relato ocorreu com 1 ano de idade corroborando ao relatado na raça Jack Russelll (BAIKER et al., 2010), no entanto, houveram descrições do aparecimento aos 3 anos no Daschund (HERREIRA; DUCHENE, 1998), aos 5 anos na raça Akita (CARTER et al., 2005); Fila brasileiro (LAUS et al., 2004); Bernese (THOMAS; CHAHORY, 2009) e em poodle (KANG; LIN; PARK, 2014). Thomas e Chahory (2009) diagnosticaram a SUD através dos sinais dermatológicos (vitiligo, poliose e áreas multifocais de despigmentação), oftalmológico (panuveíte) e pela ausência de alterações no hemograma e perfil bioquímico, ainda estes autores afirmaram que a biópsia pele não foi requerida pelos sinais evidentes, sendo o suficiente para comprovar a SUD, porém, no presente relato, apesar dos sinais clínicos característicos como áreas de despigmentação associada a uveíte anterior bilateral, ainda assim, a biópsia da pele foi solicitada confirmando a suspeita inicial. Assim, como descrito na literatura não houveram alterações nos exames laboratoriais rotineiros (THOMAS; CHAHORY, 2009). Áreas de despigmentação foram observadas nas margens pálpebras e focinho conforme descrito na literatura (KANG et al., 2013; LAUS et al., 2004; THOMAS; CHAHORY, 2009). As ulcerações e crostas nas margens palpebrais estiveram presentes apenas 7 meses após o início do tratamento quando o animal parou de responder ao tratamento, porém, na literatura, em um cão Bernese, este quadro este presente já no primeiro atendimento (THOMAS; CHAHORY, 2009). No que concerne ao hifema este foi visualizado apenas na primeira consulta, sendo o mesmo relatado em um Fila Brasileiro (LAUS et al., 2004). A presença de uveíte foi inicialmente diagnosticada conforme a literatura científica (KANG et al., 2 013; LAUS et al., 2004; THOMAS; CHAHORY, 2009). Glaucoma secundário a uveíte foram descritos (BAIKER et al., 2010; LAUS et al., 2004), sendo que no presente relato, o desenvolvimento se deu após 30 dias do início do tratamento, após a formação de sinéquia posterior. Assim como relato por Thomas e Chahory (2009) além da sinéquia posterior houve presença de flare.
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