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Uma análise de dados de observação glonass e gps para os primeiros 200 dias de 2012 no brasil, avaliando a precisão e cobertura de ambos os sistemas de navegação satelital. O texto discute as necessidades de melhor precisão e disponibilidade de satélites, além de descrever os fundamentos teóricos do sistema glonass. A análise estatística descritiva dos dados de observação é realizada para consolidar uma série histórica de dados.
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Tipologia: Notas de estudo
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Revista Brasileira de Cartografi a (2013) N 0 65/3: 529- Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto ISSN: 1808-
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP Departamento de Engenharia de Transportes – PTR / LTG - Laboratório de Topografia e Geodésia Av. Prof. Almeida Prado, Travessa 2, n o^ 83- Cidade Universitária- São Paulo /SP, Brasil – CEP 05508- {jhonnes.vaz, pissardini, edvaldoj}@usp.br
Recebido em 08 de novembro, 2012/ Aceito em 23 de janeiro, 2013 Received on november 08, 2012/ Accepted on january 23, 2013
O presente artigo descreve o sistema GLONASS e seus conceitos fundamentais, explorando suas características em comparação com o sistema GPS. É realizada uma análise de dados de observação GLONASS e GPS para os 200 primei- ros dias de 2012, de modo a avaliar a acurácia e qualidade de cobertura de ambos os sistemas em território brasileiro. Para isto, foram obtidos os dados de posicionamento absoluto de uma estação da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) para ambos os sistemas, os quais foram processados em um serviço online de PPP - Posicionamento por Ponto Preciso. Sobre os resultados dos processamentos avaliam-se a acurácia e a cobertura dos sistemas analisados para soluções de navegação e posicionamento, de forma independente e combinada. Mediante análise realizada foram obtidas recomendações sobre as condições em que, inicialmente, cada sistema é mais conveniente.
Palavras-chave: Sistemas de Navegação Global por Satélite, GLONASS, GPS.
This paper describes the fundamental concepts of GLONASS system, exploring its features in comparison with the GPS system. An analysis of GLONASS and GPS observations data is presented for the first 200 days of 2012, intending assess the accuracy and quality of coverage of both systems in Brazilian territory. For this, was obtained positioning data of a station of the Brazilian Network for Continuous Monitoring (RBMC) for both systems, which were processed in an online service of Precise Point Positioning. On the results of the processing we evaluate the accuracy and coverage of the analyzed systems for navigation and positioning solutions, independently and combined. Through analysis were obtained recommendations on the conditions in which, initially, each system is more convenient.
Keywords: Global Navigation Satellite Systems, GLONASS, GPS.
Vaz J.A. et al.
Sistemas de Navegação Global por Satélites (em inglês Global Navigation Satellite Systems
Monitoramento Contínuo (RBMC), de forma a consolidar uma série histórica de dados. Sobre esta série de dados foram aplicadas técnicas de análise estatística descritiva, de forma a mensurar-se a acurácia e possíveis lacunas (com seus motivos) na obtenção de sinal dos sistemas GPS e GLONASS, oferecendo assim o cenário de como os sistemas GNSS estão em operação. Este artigo também descreve de forma consolidada os fundamentos teóricos do sistema GLONASS, obtidos mediante revisão bibliográfica na literatura científica nas línguas inglesa e portuguesa, utilizando como descritores GLONASS e GPS, no período entre 1981 e 2012. Os fundamentos são apresentados de forma a contextualizar as informações disponibilizadas na análise e fornecer uma introdução técnica adequada ao tema, o que é raro em língua portuguesa. Para o sistema GPS, há uma extensa literatura técnica específica em diversos idiomas, entre os quais se recomenda a leitura de Kaplan e Hergarty (2006); Wellenhof, Lichtenegger e Wasle (2007) e Monico (2008).
2.1. Conceito de sistema GNSS O termo GNSS foi utilizado pela primeira vez em 1991 pela Associação Internacional de Aviação Civil (International Civil Aviation Organization - ICAO) durante a X Conferência de Navegação Aérea para designar os sistemas de posicionamento por satélites artificiais com cobertura mundial (SEEBER, 2003). Até Agosto de 2012 dois sistemas estavam operacionais: o sistema estadunidense NAVSTAR-GPS e o sistema russo GLONASS, ambos considerados como GNSS de primeira geração. GPS e o GLONASS foram desenvolvidos para fins militares, mas suas funcionalidades foram parcialmente estendidas também para uso civil. Outros sistemas em desenvolvimento incluem o sistema da Comunidade Europeia denominado GALILEO (desenvolvido pela comunidade civil) e o sistema chinês BEIDOU/COMPASS (de uso civil e militar), ambos previstos para estarem completamente operacionais até o ano de 2020 (ECONOMIST, 2012; EUROPEAN REPORT, 2012). Países como Índia (sistema IRNSS) e Japão (sistema QZSS) também têm desenvolvido
Vaz J.A. et al.
cooperação internacional. Isto possibilitou o início de negociações para a integração do sistema GLONASS ao sistema GALILEO (KAPLAN; HERGARTY, 2006; RAO, 2010). Com a recuperação econômica russa na primeira década do século XXI, a modernização do sistema GLONASS foi considerada prioritária. Em 2003, foi lançada a segunda geração de satélites chamada de GLONASS-M com modernizações no sistema que incluíam alterações na estrutura dos satélites (como a redução do peso), aumento da vida operacional para sete anos, a adição de uma segunda modulação civil na banda de frequência L2, melhoria e maior estabilidade nos sinais de navegação (URLICHICH et al, 2011). No ano de 2007, todas as restrições do sistema foram eliminadas e o sinal de uso militar ficou disponível também para uso civil (KAPLAN; HERGARTY, 2006). Em 2011 foi lançado o primeiro satélite da terceira geração de satélites, chamada de GLONASS-K, que deve atualizar completamente o sistema até o ano de 2021. Entre as inovações propostas para esta geração de satélites está o aumento da vida operacional útil dos satélites para 10 anos, transmissão de cinco sinais de navegação (ao invés de dois) e adição de sinais utilizando Code Division Multiple Access (CDMA), compatíveis com sinais GPS/ GALILEO(WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007; URLICHICH et al, 2011).
2.2.2. Estrutura do sistema GLONASS
De forma semelhante ao GPS, o sistema GLONASS é composto por três segmentos: espacial, usuário e controle (GLONASS ICD, 2008; MONICO, 2008). O segmento espacial é composto por uma constelação de 24 satélites em Média Órbita Terrestre (medium Earth orbit - MEO), distribuídos em três planos orbitais distintos, situados aproximadamente a 19.100 km de altitude, separados em 120 graus, com uma inclinação de 64,8 graus em relação ao plano do Equador. Cada satélite do sistema tem um período de revolução de 11 horas, 15 minutos e 40 segundos. Em cada plano orbital há um conjunto de 8 satélites, igualmente espaçados, onde 7 satélites estão operacionais e um satélite é sobressalente (GLONASS ICD, 2008 ; RAO, 2010). O segmento espacial tornou- se completamente operacional no dia 23 de
dezembro de 2011, permitindo que sejam vistos em qualquer lugar da Terra entre seis e onze satélites simultaneamente (MONICO, 2008). O status da constelação GLONASS pode ser acompanhado de forma atualizada em IAC (2012). O segmento de usuário é composto pelos receptores GLONASS que calculam sua posição, tempo e velocidade na superfície terrestre através do rastreio de satélites GLONASS. Para calcular a posição de um determinado receptor é necessário o rastreio de, no mínimo, quatro satélites: três para determinar as coordenadas X, Y e Z, e o quarto para sincronizar o tempo (ROSSBACH, 2001; GLONASS ICD, 2008) (ROSSBACH, 2001). Até o ano de 1993, a maior parte dos receptores GLONASS era construída exclusivamente na Rússia, porém desde aquela data têm se tornado mais comum o desenvolvimento de receptores GPS/GLONASS combinados (RAO, 2010). O segmento de controle e monitoramento do sistema GLONASS localiza-se em território russo e é composto por um Sistema de Controle Central (SCC), uma Central de Sincronização (CS) que é responsável pelo sistema de tempo GLONASS e as estações de comando e rastreio (ECR). O SCC sob o comando da Força Espacial Russa está localizado em um complexo militar no Centro Espacial de Krasnoznamensk a 70 km de Moscou e é responsável por predizer as órbitas, controlar os satélites, sincronizar os relógios, entre outras atribuições (MONICO, 2008). A CS localiza-se em Shchyolkovo na região de Moscou e as ECRs estão distribuídas em diversas cidades no território russo (WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007). De forma resumida, as ECRs obtêm os dados de distância e telemetria de cada satélite GLONASS. Estes dados são processados no SCC para determinar o estado do relógio dos satélites e suas órbitas e o resultado do processamento obtido é retornado para as ECRs, que retransmitem atualizações para os satélites. Cada satélite é equipado com refletores lasers que recebem e calibram, de forma periódica, os dados entre as estações e os satélites (SEEBER, 2003). O sistema é sincronizado pelo SCC através de um sistema central composto por um relógio atômico de hidrogênio com alta precisão que, integrado aos relógios atômicos de césio dos satélites, dá origem ao sistema
Comparação da Cobertura e Acurácia entre os Sistemas Glonass e GPS...
de tempo GLONASS (ROSSBACH, 2001; WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007; MONICO, 2008).
2.2.3. Características dos Sinais GLONASS
O GLONASS transmite três tipos de informação: código pseudoaleatório (PRN), dados de almanaque e dados das efemérides. O GLONASS, de forma semelhante ao GPS, transmite dois códigos PRN: Coarse/Acquisition (C/A) e Precision Code (P-Code ou P), também chamados de Precisão Padrão (Standard Precision- SP) e alta precisão (High Precision- HP), respectivamente. Estes códigos são transmitidos em duas frequências portadoras chamadas de L1 e L2. A frequência L1 transmite o sinal de C/A e P e a L2 transmite o sinal P, que é transmitido em quadratura de fase com o sinal de C/A com uma largura de banda dez vezes maior. Assim, o código C/A possui frequência de 0.511 MHz e o código P possui frequência de 5.11 MHz, o que pode tornar as pseudodistâncias GLONASS menos acuradas do que as do GPS (ROSSBACH, 2001; WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007; MONICO, 2008). Cada satélite transmite seus sinais em uma frequência própria gerada a partir de um intervalo distinto de uma frequência central de canais: L está situada na banda entre 1597-1617 MHz e a L2 entre 1240-1260 MHz, onde o espaçamento entre os canais em L1 é de 0,5625 MHz e entre os canais de L2 é de 0,4375 MHz (ROSSBACH, 2001). Desta forma, as frequências de cada satélite podem ser representadas pelas expressões (WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007):
L1 = 1602 + 0,5625 * n (MHz)
L2: 1246 + 0,4375 * n (MHz)
onde n representa o número do satélite. Todos os satélites transmitem o mesmo código PRN, o que faz com que os satélites sejam diferenciados pela frequência do sinal enviado, além de um número sequencial e um número baseado na série Cosmos (MONICO, 2008). O sistema GLONASS não ativou uma política de técnicas de segurança com o objetivo de degradar a acurácia dos sinais. Apenas é mantida a distinção
entre os sinais de alta precisão e os de precisão padrão, destinados aos usuários autorizados e não autorizados, respectivamente (ROSSBACH, 2001; MONICO, 2008). Isto significa que ainda que o sinal de alta precisão não seja encriptado ou degradado, ele não é oficialmente avalizado pelo Ministério de Defesa da Rússia para uso não autorizado (WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007). O processo de divisão da frequência em diferentes bandas é feito utilizando a técnica de Frequency-Division Multiple Access (FDMA), o que demanda receptores de maior custo pela necessidade de processamento de múltiplas frequências (KAPLAN; HERGARTY, 2006). No entanto, a geração GLONASS-K têm a proposta de também utilizar a técnica CDMA sem deixar de utilizar a técnica FDMA. 2.2.4. Tempo e sistema de coordenadas GLO- NASS O sistema de tempo no GLONASS é baseado em uma escala atômica, não contínua, orientada ao horário padrão da cidade de Moscou, Rússia (UTC(SU)) e que considera os saltos de segundo. O sistema de tempo GLONASS é gerado com base em relógios de hidrogênio na CS. Há uma comparação periódica entre o tempo da CS e o tempo de cada satélite da constelação, sendo enviadas correções temporais duas vezes ao dia pelo segmento de controle de modo que a diferença entre os relógios dos satélites e do UTC (SU) não seja maior do que 100 nanossegundos (ROSSBACH, 2001; WELLENHOF; LICHTENEGGER; WASLE, 2007; GLONASS ICD, 2008; MONICO, 2008; RAO, 2010). Inicialmente o sistema de coordenadas do GLONASS utilizava o Sistema Geodésico Soviético - 1985 (SGS-1985). O nome foi modificado após o colapso da URSS e, desde Agosto de 1993, GLONASS transmite os dados de suas efemérides no, agora, Earth Parameters System 1990 (em russo, Parametry Zemli 1990
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e satélites permite afirmar, em teoria, que o GPS possui melhor cobertura global do que GLONASS, apresentando PDOP reduzido na maior parte do planeta. No entanto, desde o surgimento do GLONASS, diversas pesquisas têm levantado que a combinação entre os sistemas, isto é, a recepção de ambos os sinais com integração entre os resultados dos processamentos permitam promover o aumento da acurácia graças à obtenção de diversas vantagens que os sistemas, isoladamente, não conseguem obter. Estas vantagens, de acordo com Urlichich et al (2011) incluem:
3.1. Descrição da Estação de Observação de Observação e dos Dados Obtidos
A seguir é apresenta-se um conjunto de análises estatísticas sobre uma série temporal de dados de observação GLONASS e GPS. Estes dados foram extraídos de arquivos de observação, em formato RINEX, de uma estação da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A RBMC é uma rede de estações de monitoramento de alto desempenho dos sistemas GNSS, onde cada estação possui coordenadas conhecidas e, por isto, pode ser utilizada como um ponto de referência, eliminando a necessidade de imobilização de um receptor para ocupação de um ponto de interesse para obter coordenadas através do método relativo (IBGE, 2012c). Desta forma, também se torna possível a análise da acurácia e qualidade de um sistema GNSS utilizando um ponto de referência com coordenadas precisas. Em Agosto de 2012 a RBMC contava com 93 estações, porém nem todas as estações monitoravam satélites GLONASS. Para iniciar
o processo de análise, a escolha da estação cujos dados foram obtidos para este trabalho teve como pré-requisito possuir dados concomitantes de observação de satélites GLONASS e GPS desde que o sistema GLONASS tornou-se completamente operacional. A estação mais próxima dos pesquisadores com dados completos foi a de Presidente Prudente (PPTE), pertencente à RBMC, com o código internacional 93900. A estação consiste em um pilar de concreto dotado de um dispositivo de centragem forçada, localizado no Campus da Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Presidente Prudente - SP (IBGE, 2012a). Suas coordenadas oficiais em SIRGAS2000 (Época 2000,4), além das características dos receptores e antena estão no Quadro 2. Inicialmente esta pesquisa foi feita e testada para uma única estação, sendo que a proposta é, posteriormente, estender esta análise para outras estações. Os dados de obser vaç ão obt i dos compreendem o período entre 01 de Janeiro de 2012 e 18 de Julho de 2012, totalizando 200 dias de análise. Estes dados foram segmentados em dois grupos: os satélites em observação separados por posição e época e as características dos sinais obtidos em cada sistema. Além destes dois grupos, foi criado um terceiro resultado do processamento dos dados de observação em um produto de Posicionamento Preciso por Ponto (PPP) utilizando dados do sistema GLONASS, do sistema GPS e da integração GLONASS/GPS para avaliar a precisão obtida pelos sistemas de forma independente (GPS e GLONASS) e de forma combinada (GPS/ GLONASS). A escolha da técnica PPP deu-se pelo interesse em analisar as discrepâncias na obtenção de posicionamento utilizando sistemas GLONASS, GPS e GLONASS/GPS utilizando uma técnica precisa de posicionamento absoluto, não sendo, nesta pesquisa, utilizadas técnicas de posicionamento relativo. A solução PPP proposta inicialmente foi a utilização do produto de PPP do IBGE (IBGE, 2012b), porém o sistema processa apenas dados GPS. Desta forma, todo o processamento PPP foi realizado no produto denominado MagicGNSS da GMV Aerospace and Defence, na Espanha (GMV, 2012).
Vaz J.A. et al.
Os dados resultantes destes processamen- tos foram importados para um Sistema de Ge- renciamento de Bancos de Dados (MySQL 5.5) para extração e consolidação dos dados, cujas análises e geração dos gráficos foram realizadas utilizando o software Microsoft Excel 2010.
3.2. Descrição do Processamento e Resultados Obtidos
A análise dos dados GLONASS e GPS abrange o período entre 01/01/2012 e 18/07/2012, o que totaliza 200 dias de análise. Porém, 199 dias foram processados, já que a estação não possuía os dados GPS e GLONASS para a data de 19/01/2012. Considerando-se que a estação obtém dados dos satélites GPS e GLONASS a cada 15 segundos, caracterizando uma época, o processamento realizou a análise de 1.146. épocas. Destas épocas, 3.641 (0,32 %) não possuíam dados para os sistemas GLONASS e GPS, simultaneamente. Considerando de forma individual, a quantidade de épocas sem dados GLONASS foram de apenas 26, enquanto nenhuma época ficou sem dados GPS individualmente. Considerando-se que estas épocas sem dados são, estatisticamente, desprezíveis, pode-se deduzir que ambos os sistemas possuem uma disponibilidade de dados
semelhante. Comparando a quantidade de épocas em que um sistema possuiu maior quantidade de satélites observáveis pela estação do que o outro, o GPS em 1.089.329 épocas (95,03 %) possuía maior número de satélites do que o sistema GLONASS (56.911 ou 4,97%), o que também pode ser visualizado no Figura 2, que demonstra a média de satélites de cada sistema em cada conjunto de épocas. A maior quantidade de satélites GPS na maior parte do tempo, não minimiza, no entanto, o fato de que GLONASS possui uma cobertura eficiente na maior parte das épocas, possuindo o mínimo de quatro satélites ou mais em mais de 99% das épocas processadas. Desta forma, é possível concluir que; ainda que o sistema GLONASS apresente menor número de satélites do que o GPS em todas as épocas, ele pode ser utilizado para posicionamento de forma eficiente no que diz respeito à cobertura do sistema. Se os sistemas são utilizados de forma combinada, a quantidade de satélites disponíveis aumenta e permite uma cobertura mais eficaz do que um sistema utilizado isoladamente. Baseado na confirmação que a cobertura GLONASS é eficiente para posicionamento absoluto, deve-se agora estimar sua acurácia em comparação com o sistema GPS. A Tabela 1 traz a
Quadro 2 - Dados da estação PPTE da RBMC para a época 2000,4 (IBGE, 2012a)
Vaz J.A. et al.
com o sistema GLONASS e com a combinação GLONASS/ GPS. Em termos práticos, para a estação PPTE, o sistema GLONASS isoladamente ou em combinação com o GPS pode ser utilizado como uma alternativa ao sistema GPS, apresentando uma acurácia semelhante ao GPS para todas as épocas. Em casos que necessitam de alta acurácia, no entanto, ainda é recomendado o uso do GPS isolado, sendo a combinação entre os sistemas recomendada apenas para melhorar a cobertura de satélites, não oferecendo uma melhor acurácia em comparação ao sistema GPS isolado.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo apresentou os fundamentos teóricos do sistema GLONASS de forma atualizada, além de apresentar, preliminarmente, uma análise para os primeiros 200 dias de dados que permitem comparar o sistema GPS e o sistema GLONASS de uma estação RBMC. De acordo com os resultados obtidos, o sistema GLONASS obteve acurácia aceitável nas coordenadas da posição da estação estudada, desde que a aplicação em questão não demande precisão na ordem de centímetros, onde o GPS ainda oferece precisão mais adequada. Desta forma, dentro das condições estudadas, o sistema GPS ainda é mais recomendado para necessidades de maior acurácia, porém o GLONASS também pode ser utilizado para necessidades mais genéricas de posicionamento. Os dados obtidos através do sistema GLONASS podem servir também para controle e comparação dos dados GPS e a combinação entre sistemas permite aumentar de forma efi ciente a cobertura de satélites. Além disto, o GLONASS apresenta-se como uma alternativa viável e com aplicação adequada para aqueles que não desejam ser dependentes de apenas um sistema GNSS. Discutiu-se que o sistema GLONASS possui menor acurácia do que o sistema GPS. Esta acurácia pode envolver diversos motivos, o que demanda maior estudo sobre posicionamento e a modelagem dos fatores que influenciam o posicionamento de alta precisão com o referido sistema. Entre as principais dificuldades desta pesquisa esteve a ausência de ferramentas de processamento PPP online adequadas para
processamento e análise de dados, tanto do sistema GPS quanto do sistema GLONASS. Em especial, o sistema GLONASS possui, ainda, escassos serviços para processamento de dados, que com a completa operação do sistema e a sua popularização, espera-se um aumento da oferta. Entre as possibilidades de trabalhos futuros visualizadas no desenvolvimento deste artigo inclui-se o estudo de observações GLONASS em comparação com o GPS para mais estações da rede RBMC, de preferência que cubram toda a extensão do território brasileiro, com o objetivo de tornar mais consistente os resultados aqui obtidos e verificar a sua aplicabilidade. Também convém destacar a possibilidade de estudos para mais dias de observação, aplicando-se análises estatísticas e algoritmos de mineração de dados, assim como análises e testes de comparação processando-se os dados em diferentes serviços PPP ou mesmo o uso do processamento relativo. AGRADECIMENTOS Os autores deste artigo agradecem ao Engenheiro Jardel Aparecido Fazan por sugestões de abordagens estatísticas e pela indicação do serviço MagicGNSS do GMV para processamento PPP dos dados GLONASS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOUCHER, C.; ALTAMIMI, Z. ITRS, PZ- and WGS 84: current realizations and the related transformation parameters. Journal of Geodesy. v. 75, n. 11, pp.613-619. Springer-Verlag, 2001. ECONOMIST. Rocket Galore: China’s Space Programme. (January 7, 2012). Disponível em < http://www.economist.com/node/21542379>. Acesso em 20 de Agosto de 2012. EUROPEAN REPORT. Transport Council: Ministers Agree on Continuation of Galileo (June 11, 2012). Disponível em <http://www. highbeam.com/doc/1G1-292373230.html>. Acesso em 18 de Agosto de 2012. GLONASS ICD. Technical report. v.5.1.p. 8-65. 2008. GMV. MagicGNSS Precise Point Positioning. Disponível em <http://magicgnss.gmv.com/ ppp/>. Acesso em 09 de Agosto de 2012. H O F M A N N - W E L L E N H O F , B. ; LICHTENEGGER, H.; WASLE, E. GNSS:
Comparação da Cobertura e Acurácia entre os Sistemas Glonass e GPS...
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