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trata de comidas e seus ingredientes e para que servem
Tipologia: Resumos
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Centro de Estudos da Cultura Afro-Americana
Não vos esqueçais, Senhor, que eu faço nascer o Sol! Sou vosso servo... Mas a importância do meu cargo Impõe-me certas arrogâncias. Apesar de tudo, reconheço que sou vosso servo... Não esqueçais, Senhor, que eu faço nascer o Sol! Amém!
Carmem B. de Gasztold - (Orações na Arca).
1ª Parte CAPÍTULO I O Candomblé O Candomblé, é a forma de culto existente no Brasil, das divindades de origem africana. A forma original, trazida há mais de quatrocentos anos pelos escravos negros, submetida a um processo de aculturação, resultou num modelo novo, muito diferente daquela da qual provém e que serve hoje, tão somente, como ponto de referência, de acordo com a reformulação ou total rejeição de muitos de seus elementos.
A influência da civilização cristã, assim como os costumes de grupos ameríndios, foram assimilados e seus traços culturais podem ser observados mesmo nas mais tradicionais casas de Candomblé, que auto-intitulam-se "núcleos de resistência religiosa e cultural".
A caracterísca de núcleo de resistência, destiolou-se através dos tempos e, o que vemos hoje, é uma prática religiosa em constante processo de renovação, onde as características culturais da minoria, tendem a mudarem, ao reagirem à maioria envolvente.
Este fenômeno pode ser observado também em países da América Latina, onde os cultos de origem africana recebem nomes diferentes, como: Vudú, Palo Mayombe, Santeria, etc., variando de um país ou de uma região para outra, da mesma forma que, no Brasil, podemos encontrar diferentes práticas que variam de região para região, como: Tambor de Mina no Maranhão; Batuque e Babaçuê no Pará; Toré e Catimbó em toda a região nordeste; Pajelança no norte do país; Xangô em Pernambuco; Macumba no Rio de Janeiro e São Paulo; Pará em Porto Alegre; Candomblé na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, e Umbanda, existente em todo o Território Nacional.^1
Os cultos, embora tenham uma origem comum, não são homogêneos, possuindo diferentes procedimentos litúrgicos, o que não se verifica somente de região para região, mas também, de terreiro para terreiro, muito embora restem sempre vários elementos comuns a todos os grupos praticantes.
A ausência de um culto direcionado a um Deus Único e Todo-Poderoso, paralelamente ao culto festivo às entidades intermediárias, (Orixás, Voduns ou Inkisis), fez com que Nina Rodrigues escrevesse: "A concepção dos Orixás é francamente politeísta, constitui uma verdadeira mitologia, ao mesmo tempo que sua representação material continua sendo inteiramente fetichista"
Vários outros autores viriam, posteriormente, corrigir tal afirmação, notadamente, Roger Bastide, Edson Carneiro, M.Delafosse, Pierre Verger, L. Solanbê e outros que afirmam a existência, na cultura religiosa dos negros yorubanos, fons e das diversas nações do Sul da África, um Deus Único, Criador de Todas as Coisas, Onisciente e Onipresente.
Este Deus, a que denominam "Olorun", "Olodumare" ou "Olofin", é o Ser que controla o universo e todas as coisas, por intermédio de vários agentes denominados, coletivamente, "Orixás". Dessa forma pode-se distinguir o
Olofin é também uma das designações da Divindade suprema. Quando em extrema aflição, os nagôs costumam solicitar o auxílio divino, invocando os três nomes: Olorun! Olofin! Olodumare
"O termo religião é, de modo quase geral, relacionado com o verbo latino religere: cumprimento consciencioso do dever, respeito a poderes superiores, profunda reflexão. O substantivo religio, relacionado com o verbo, refere-se ao objeto dessa preocupação interior quanto ao objetivo da atividade a ela relacionada. Outro verbo latino posterior é citado como fonte do termo, religare, que implica um relacionamento íntimo e duradouro com o sobrenatural”.^2
As religiões pressupõem sistemas de crença, prática e organização, que estabelecem uma ética manifestada no comportamento de seus seguidores no que concerne ao procedimento ritualístico, (práticas padronizadas e invariáveis, por meio das quais os adeptos representam, de forma simbólica, sua relação com os seres sobrenaturais).
Estes rituais compreendem diferentes propostas, como súplicas, adoração, ou tentativa de controle sobre os acontecimentos, o que conduz então, à prática da magia ou da feitiçaria. É o próprio ritual que pode estabelecer um código de comportamento, através do qual os adeptos poderão se organizar.
“A organização religiosa define os membros da comunidade de crentes, tenta manter a tradição e reunir a dissidência, e, através de diferenciação interna, atribui tarefas religiosas aos crentes” 3.
Tudo isso exige, para que possa se efetivar, a existência de uma liderança centralizada numa autoridade sacerdotal, individualizada ou composta por um grupo de adeptos de alta hierarquia. A autoridade aí representada é que irá estabelecer a padronização do ritual, o reconhecimento de novos adeptos e a ordenação de novos sacerdotes.
A partir da organização, do estabelecimento de liderança universalmente aceita e reconhecida, da uniformização ritualística e da codificação de éticas comportamentais e procedimentais, o Candomblé poderá então - e só então - atingir o status de religião, na medida em que possui milhares e milhares de seguidores e adeptos, em sua maioria atrelados a falsos líderes que não possuem as verdadeiras atribuições que distinguem os legítimos sacerdotes, devendo-se ressaltar que, o processo iniciático é insuficiente para habilitar o indivíduo no exercício do cargo sacerdotal de hierarquia máxima.
A habilitação ao referido cargo não pressupõe simplesmente que o candidato seja iniciado. É necessário e indispensável que haja para isso, uma determinação dos próprios Orixás, o que só pode ser constatado através da consulta ao Oráculo de Ifá.
A ética religiosa pode, no entanto, ser consoante com o resto do sistema religioso e estar ao mesmo tempo, em contradição formal com ele, o que provoca certas tensões que fornecem novos impulsos, que tendem a produzir mudanças no sistema geral, ocasionando então, o surgimento de um ou vários grupos dissidentes, que, orientados
pelos fundamentos principais do grupo originário, determinam, para seus componentes, mudanças no sistema geral e, apartando-se, estabelecem-se como seitas.
A conceituação de "seita" difere suficientemente para que não possa ser aceita como classificação para o Candomblé ao entendermos que: "Uma seita é um grupo religioso formado em protesto a outro grupo religioso, e geralmente se separando dele; sua formação representa a manutenção de credos, práticas rituais e padrões morais, mais comumente considerados pelos membros da seita como um retorno a formas mais antigas e mais puras dessa religião em particular,... ...com o tempo a seita muda para a posição de isolamento limitado, à parte do sistema circundante, ou para um estado de adaptação à ele."^4
Seita seria portanto, o resultado da separação de um grupo dissidente de uma religião, de um culto estabelecido ou até mesmo de outra seita, onde o surgimento de uma nova seita seria o resultado da canalização do descontentamento criado por divergências de qualquer natureza.
O objetivo do grupo dissidente não poderia ser outro senão o de mudar, através de uma ação inovadora, alguns, se não todos os elementos que caracterizam sua própria origem.
Diante do exposto concluímos que, o Candomblé, não podendo ser classificado como uma religião e tampouco como seita por falta de características essenciais, nada mais é do que um culto, subdividido em diversos grupos, com práticas ritualísticas que objetivam manter o sentido religioso original, orientado por liderança individual e geralmente carismática, e não sacerdotal, como era de se esperar.
Como característica comum esses grupos mantém os ritos específicos em homenagem aos Orixás, deidades africanas que servem de base ao sistema religioso em questão e cujo culto é mantido atualmente, muito mais através da manipulação dos adeptos pelo medo, do que por um sentido mais profundo de devoção religiosa.
A base principal do sistema está pautada na relação homem-Orixá, o que deverá ser estudado de forma suscinta para que possamos atingir o objetivo do presente trabalho.
1 - “Representação dos Orixás” ( In Antologia do Negro Brasileiro. P. Alegre, Globo, 1950, pg. 310). 2 - BIRBAUM. Religião - In: Dicionário de Ciências Sociais, Fundação Getúlio Vargas - Rio, 1987 3 - Obra citada - p. 1058, B.3. 4 - Obra citada, p.1104 A.
O quarto e mais importante componente, é "Iporí", a Essência Divina que, individualizada e desprendida de sua Origem, habita cada um de nós. Iporí teria por sede a cabeça (Ori) e, ao encarnar num novo indivíduo, perde a consciência de sua origem divina, de seus atributos e qualidades, embotado que fica pela queda e aprisionamento na matéria.
É Deus manifestado no homem e daí a revelação de Sri Krishna contida no Bhagavad Gita: " Eu estou em você, mas você não está em Mim ..."
Sendo divino, Ipori é imortal e, cumprida mais uma fase de sua escalada evolutiva efetuada em diversas e sucessivas encarnações, retira-se para um local onde irá avaliar seu desempenho na última encarnação e preparar- se para uma outra.
Neste local, que os yorubanos chamam de Orun, assim que lhe seja dada permissão para um novo nascimento, Ipori escolherá seu próprio destino (Odu), assim como escolherá o Ori em que irá habitar na nova encarnação. Ao escolher Ori (cabeça), Iporí escolhe também o corpo, já que o corpo, para os yorubanos, nada mais é que uma extensão da cabeça, sede e comando de todo o conjunto.
Segundo as crenças Yorubanas, a entidade encarregada de modelar ori, Babá Ajalá, é muito velho e descuidado, não mantém um padrão de qualidade em suas obras e, por relaxamento, utiliza-se de diferentes tipos de materiais para confeccionar seus modelos, lançando mão do material que lhe estiver mais próximo no momento em que estiver modelando.
Em decorrência, é muito difícil encontrar-se à disposição, cabeças de boa qualidade, o que justifica a diferença existente na maneira de ser dos seres humanos.
A lenda acima descrita contém importantes revelações esotéricas, fundamentais para a compreensão da relação homem-Orixá, principal fundamento de todo o contexto filosófico.
O que a maioria dos adeptos desconhece é que, são os Orixás que fornecem a matéria com a qual são confeccionados os Oris e desta forma, fica estabelecida a relação existente entre o ser humano e seu Orixá, ou seja, a entidade que forneceu ou "emprestou" a matéria com a qual sua cabeça e, por extensão, seu corpo, foram confeccionados, primeiro num plano superior em que a própria matéria apresenta-se mais sutil, embora essencialmente idêntica ao seu correspondente no plano físico e depois no plano, para nós plenamente perceptível, de forma densa e grosseira.
Babá Ajalá, o Modelador de Cabeças, é o simbolismo através do qual, os yorubanos tentam explicar a diversidade das características do caráter, do biofísico e do próprio desempenho do homem nesta vida.
Estabelecida desta forma, a relação homem-Orixá, resta-nos uma questão de fundamental importância: Por que razão, algumas pessoas são impelidas ou obrigadas a prestarem culto aos seus Orixás, enquanto outras passam pela vida sem sequer tomarem conhecimento de suas existências e, mesmo dentro do culto, observamos que alguns iniciados não são tomados por seus Orixás, embora prestem-lhe regularmente, reverências com sacrifícios e oferendas, como é o caso dos ogans e ekéjis?
Segundo informações do Dr. J. Olatunji Oxo, nigeriano, sacerdote de Ogun: "Aos Orixás cabe o direito de, se assim quiserem, cobrar de seus filhos culto e oferendas como forma de "pagamento" (se é admissível o termo), pela utilização da matéria com a qual seus corpos foram confeccionados e que pertence a eles, Orixás."
Nos casos de pessoas que não são submetidas ao fenômeno de incorporação do Orixá, observa-se a superioridade hierárquica do Iporí em relação aos Orixás que, nos casos específicos de Ogans e Ekéjis, não permite que o Orixá, mesmo em se tratando do Olorí (Dono da cabeça) do indivíduo, se aposse ou se manifeste nestas cabeças, o que implica em obliteração parcial e momentânea de sua presença.
Existe no entanto, um culto específico à Iporí, o que significa dizer que, existe um culto específico à Divindade Suprema aí manifestada. Este culto, por demais comum, nem sempre pressupõe iniciação e nunca estabelece vínculo espiritual entre o sacerdote que o oficia e a pessoa que a ele se submete.
De posse desta informação podemos avaliar a importância e a solenidade da referida cerimônia, denominada "Bori" -Ebó Ori- (dar comida à cabeça), para a qual existem várias fórmulas e variações, que vão desde oferendas incruentas, até cerimônias de liturgia complexa conforme a descrita na obra de Pessoa de Barros^5.
A verdade é que, o culto aos Orixás, tem sua origem estabelecida em tempos imemoriais, havendo surgido provavelmente, logo após a antropogênese, assim que o ser humano, dotado da capacidade de raciocínio, percebeu a existência de forças e entidades superiores e com elas estabeleceu um primeiro contato.
O termo "Orixá" é de origem yoruba, pertencendo portanto, à cultura religiosa deste povo e refere-se à Deuses de seu panteão, considerados como regentes das forças da natureza.
As mesmas entidades, com outras denominações, são, sem dúvida, cultuadas por diferentes povos de diferentes organizações culturais, o que nos possibilita afirmar que, seja qual for a religião adotada, o homem religioso sempre presta-lhes culto, embora de formas diferentes.
Para melhor compreensão, selecionamos algumas análises etimológicas do termo "Orixá": Segundo Abraham, Orixá = Oosà - Divindade yorubana separada de Olórún...^6 Fonseca Jr., Orixá = Anjo de Guarda, etimo.: Ori = cabeça, Sa (xa) = guardião - Guardião da Cabeça, Divindade Elementar da Natureza, figura central do culto afro^7.
Os yorubanos acreditam que quando Deus criou o céu e a terra, criou simultaneamente, espíritos e divindades, conhecidos como Orixás, Imolés ou Eboras, para assumirem funções específicas no processo de criação, manutenção e administração do universo.
A diferença existente entre as três categorias de entidades espirituais aqui referidas não está muito bem delineada devido ao tratamento genérico dado a todas, até mesmo pelos próprios yorubanos.
No Brasil os termos Imole e Ebora são praticamente desconhecidos, sendo poucos os adeptos da religião que os utilizem ou saibam o seu significado. Estes dois termos fazem referência às entidades espiritais situadas
Os Voduns velhas (mulheres) são: Sobô, Naiadona, Naêngongon, Naité, Nananbicô, Afru-Fru, Abê. Os Voduns (Moços) são: Dosu, Apógêvó, Daco, Bosu, Tocé, Tocá, Dosu-Pé, Avérêquête, Apogi, Póli- Boji ou Pódi-Boji, Roeju.
Os Voduns (Moças) são: Ananin, Acoévi ou Assonlévi, Déssé, Sépazin e Boçá. Além dos Voduns, cultua-se, na Casa das Minas, as Tôbôsis ou Meninas, entidades alegres e gentis que adoram dançar, brincar e comer frutas. Elas se denominam:
Asoabébe, Dágêbe, Omacuibe, Sandolêbê, Ulólôbê, Agôn, Trôtrôbe, Asonlêvive, Révivive, Nanonbêbe, Sanlêvive e Agamavi.
Desta relação destacamos alguns como Badé que no Nagô é Xangô, sendo conhecido também em linguagem fon, como Xeviosô ou Kevioso. Loko, irmão de Badé é o Irôko nagô; Akósapatá é Oxun e Abê (Dona do Mar, Senhora do Mar), seria sem dúvida nenhuma, Olokun que para alguns, é do sexo masculino.
Os Inkisis, são as deidades trazidas e cultuadas pelos povos originários do Sul da África e que, no Brasil, tiveram seus cultos inseridos ao Candomblé. Assim como os Voduns dos fon, correspondem aos Orixás nagô.
Na África o culto a cada Orixá está ligado a uma região, cidade ou estado. Desta forma, Oxalá é cultuado em Ilê Ifé, com Oxalufan em Ifã e Oxaguian em Ejigbo. Ogun Deus da guerra e do ferro, é cultuado em Ekiti e em Ondô; Xangô em Oyó; Logunedé em Ilexá; Oxun em Oxogbo e assim sucessivamente. Estes cultos são realizados em separado e cada Orixá possui seu templo particular onde sacerdotes e fiéis dedicam-se exclusivamente a cada um deles, não ocorrendo, como se verifica nos países americanos como Brasil, Cuba, Haiti e outros, a diversificação de cultos a diferentes Orixás dentro de um mesmo templo e sob a direção de um mesmo sacerdote. Ao adepto africano, membro de uma família ou de um grupo comunitário qualquer, as obrigações e deveres para com o Orixá se limitam a uma ajuda material efetivada através de contribuições que visam a manutenção do templo, a aquisição do material destinado ao culto e ao sustento dos membros do corpo sacerdotal. Sua participação nas cerimônias e festas limita-se a entoar cânticos, dançar e bater palmas em honra e louvor do Orixá. Se atenderem a estas exigências e respeitarem certas proibições alimentares e comportamentais exigidas pelo culto, estão perfeitamente em dia com seu compromisso religioso.
Em alguns casos, o que é considerado como grande honraria, o adepto é escolhido para compor o corpo de sacerdotes, solicitação feita sempre pelo Orixá e que, independente do cargo a ser ocupado ou função a ser exercida, deverá ser prontamente atendida, sendo necessário para tal, que seja submetido a uma iniciação específica.
Quando um africano se afasta de sua comunidade o Orixá individualiza-se e, da mesma forma que seu filho, separa-se do grupo familiar ou comunitário a que pertence.
No Brasil, ao contrário do que acontece na África, cada indivíduo deve assegurar o atendimento das exigências de seu Orixá devendo para isto, seguir a orientação de um Babalorixá ou de uma Iyalorixá com casa de Candomblé estabelecida e pertencente à uma linhagem reconhecidamente originária da África.
No caso de ser necessário submeter alguém à uma iniciação (aqui denominada feitura-de-Santo), o Babalorixá ou a Iyalorixá ficará incumbido de levar a bom termo o cerimonial, responsabilizando-se não só pelo seu sucesso, como também pelo equilíbrio que deve estabelecer-se, a partir de então, entre o iniciando e seu Orixá, o que se configura num vínculo que não pode ser rompido sejam quais forem as circunstâncias.
Na feitura, o Orixá recebe seu assentamento que, dependendo da nação em que haja sido feito, varia em forma e elementos componentes, verificando-se no entanto, a existência de um componente comum a todas as nações, o okutá.
O okutá é uma pedra sacralizada ao Orixá, sendo sua própria representação e sobre a qual são oferecidos os sacrifícios propiciatórios a ele endereçados.
O assentamento ou igbá do Orixá recém feito é depositado no quarto de seu correspondente na casa, simbolizando o reagrupamento do que um dia, por qualquer motivo, tenha sido dispersado.
No Brasil é costume manter-se o igbá do Orixá do iniciado junto ao do Santo da Casa durante sete anos, tempo exigido para que o iniciado, após fazer as "obrigações" de praxe, receba um grau hierárquico mais alto, quando poderá, se assim quiser, levar seu Orixá para sua casa ou, se tiver cargo para tal, abrir seu próprio Candomblé, o que por certo implica num complexo procedimento ritualístico que não pode nem deve ser descrito em suas minúcias.
Em Cuba, onde o culto recebe o nome de Santeria, segundo informações do Babalaô Rafael Zamora (Ifa Bii Ogundakete), o igbá do iniciando permanece na "Casa de Santo" somente durante os três meses subseqüentes ao "dia do nome", ocasião em que, em cerimônia pública, o Orixá traz o seu nome ao conhecimento de todos, o que caracteriza que realmente "está feito". Este costume, segundo Zamora, prende-se ao fato de que o Orixá em questão pertence ao seu filho e não ao sacerdote que o consagrou, o que implica num contato diário entre o iniciado e seu Orixá, contato este considerado indispensável e obrigatório.
Sobre o ritual cubano é ainda Zamora que nos informa : "Logo após realizar um ebó que se faz três meses depois do dia do nome, o iniciado leva seus Santos para casa, podendo colocá-los em qualquer de suas dependências. O importante é que estejam sempre juntos.
O iyawo tem que, todos os dias, logo que despertar, lavar a boca e, antes de falar com qualquer pessoa, "bater cabeça" para seu Orixá, saudá-lo conforme tenha aprendido e pedir-lhe tudo o que deseja de bom para si, seus familiares e amigos. Nunca se deve pedir coisas ruins aos Orixás, pois isto é uma atitude condenável e desrespeitosa, que pode provocar a sua fúria e resultar em severas punições ".
5 -"A Galinha d’angola ". Vogel,Arno - Silva Mello,M.A.da - Pessoa de Barros, J.F. -Pallas Ed.- Rio - 1993. 6 - Abraham, R.C. - Dictionary of Modern Yoruba - London - 1958.. 7 - Fonseca Jr., E. - Dicionário Yoruba (Nagô)-Português - 1983. 8 - J.O. Awolalu - Yoruba Beliefes and Sacrificial Rites - Longman Group Limited - 1979.
Conta um itan do Odu Oxefun, que certo dia, Oxun recebeu de Obatalá, a ordem de iniciar o primeiro ser humano no culto aos Orixás.
Havendo selecionado entre muitos, aquele que viria a ser o primeiro iniciado, Oxun tratou de seguir as orientações fornecidas pelo grande Orixá-Funfun, contando para isto com o auxílio de Elegbara e Osaiyn, além das orientações de Orunmilá.
Todos os preceitos foram seguidos à risca e era Orunmilá, através da consulta ao oráculo, quem traduzia as orientações emanadas de Obatalá.
Ao fim da cerimônia, verificou-se uma total mudança na personalidade do iniciado que, de pessoa comum, transformou-se num ser excepcional, dotado de profundo sentimento religioso e plena dedicação ao culto para o qual havia sido preparado.
Diante deste fato, Oxun, percebendo que jamais seria possível a obtenção de um ser humano de tantas qualidades, intercedeu junto ao Grande Orixá para que o sacerdote fosse preservado do toque de Iku.
Obatalá, em sua imensa sabedoria, não querendo interferir na lei natural que determina que todos os seres vivos devem um dia ser entregues aos cuidados de Iku, admitiu a possibilidade de eternizar, apenas simbolicamente, aquele a quem foi confiada a propagação de sua própria religião e desta forma, ordenou que sobre sua cabeça fosse colocado o oxú, transformando-o, imediatamente, numa ave a que deu o nome de Etú (galinha d'Angola).
Quando o iyawo é recolhido, depois dos preceitos obrigatórios à Egun e Exú, que não nos cabe descrever no presente ensaio, será então colocado em contato direto com os primeiros procedimentos litúrgicos que visam o processo de transmissão do Axé.
Durante a cerimônia de iniciação, procede-se a um ritual denominado Sasaiyn, em louvor do Orixá Osaiyn, dono e senhor de todos os vegetais e, por conseguinte, das folhas sagradas, indispensáveis em qualquer procedimento litúrgico, o que é confirmado pela máxima yoruba: "Kosi ewé, kosi Orixá", (sem folhas, sem Orixá), o que ocorre no terceiro dia de enclausuramento do iniciando.
A seleção das folhas litúrgicas utilizadas neste cerimonial varia de casa para casa, o que significa dizer que, embora seja estritamente obrigatória a presença das folhas do Orixá que está sendo feito, alguns sacerdotes acrescentam também as folhas de seu próprio Orixá, outros juntam aí, as folhas do juntó do iyawo, como também folhas específicas de Obatalá.
Os Orixás são invocados e seus poderes individuais são catalisados em forma de Axé, que Exú, em sua função de elemento transportador, irá direcionar em favor do iyawo, para que a metamorfose possa se concretizar plenamente.
O ritual divide-se em duas partes distintas. Na primeira parte somente as energias geradoras são invocadas, com exceção de Oxalá, que embora sendo um Orixá gerador, por uma questão de hierarquia, é invocado e saudado no final da segunda parte, quando os Orixás provedores são homenageados e têm seus poderes invocados em favor do iyawo.^3
Exú não cria nem se intitula pai de nada nem de ninguém, limitando-se, outrossim, a promover transformações em todos os sentidos.
Alguns Orixás, por acumularem as funções de provedores e geradores, são invocados nas duas etapas do rito. Para melhor compreensão das funções específicas de cada Orixá, os sacerdotes do culto dividiram-nos em duas categorias, nas quais não são considerados seus posicionamentos hierárquicos. (Nestas categorias são classificados como Orixás geradores e Orixás provedores).
Como Orixás geradores são considerados todos aqueles que, de alguma forma, possuem o poder de gerar qualquer tipo de manifestação de vida, e dentre eles encontramos: Iyemanjá, Nanã, Ogun, Omolú, Oxalá, Oxun, Oyá e Xangô
Os Orixás provedores são todos aqueles que têm, como atribuição, suprir, em todos os aspectos, as necessidades dos seres gerados pelas entidades anteriormente relacionadas. São eles: Exú, Iyemanjá, Logunedé, Nanã, Obá, Ogun, Omolú, Osaiyn, Oxalá, Oxóssi, Oxumarê, Oxun e Yewá.
Como podemos observar, Ogun, Iyemanjá, Nanã, Omolú e Oxun, por acumularem as duas funções, são relacionados nas duas categorias.
O Olorí do iyawo será sempre invocado nas duas partes do ritual, independente de pertencer a qualquer dos dois aspectos.
A primeira parte do rito precede ao "orô do labé", durante o qual, o iniciando é submetido à raspagem de cabeça, além de outros procedimentos indispensáveis à sua consagração ao Orixá.
A finalidade, como afirmamos acima, é obter-se o consentimento dos Orixás geradores, para que possa ocorrer o surgimento de uma nova personalidade, dotada de um caráter religioso que deverá sobrepor-se, definitivamente, à personalidade anterior. É necessário que as entidades invocadas emprestem seu Axé ou força propulsora, para que o fenômeno possa se verificar com pleno sucesso e sem a interferência de outros seres espirituais, como Egun e Ajé que, por qualquer motivo, queiram interferir no processo o que, sem sombra de dúvidas, resultará num fracasso total, cujas conseqüências podem ser altamente negativas.
Como vimos, as divindades africanas estão separadas em duas categorias hierárquicas. Na categoria mais elevada, encontram-se as entidades que participaram da criação do universo, consideradas como ancestrais espirituais de tudo quanto possa ocorrer nos dois planos de existência, chamadas, para diferenciá-las das demais, de "Orixás Funfun" (Orixás Brancos).
Neste aspecto, a filosofia religiosa yorubana em muito se assemelha à budista que afirma que, "Não há um criador, mas uma infinidade de potências criadoras que formam em seu conjunto, a substância Una e Eterna, cuja essência é inescrutável e por conseguinte, insuscetível de qualquer especulação por parte de um verdadeiro filósofo". 4
Considerado como a mais importante Divindade no contexto religioso, Oxalá é cultuado em todo o território de cultura yorubana, com nomes diversos que variam de uma região para outra. Em Ile Ifé, Ibadan e outras localidades é conhecido como Orixan'la; na região de Ogbomosó é chamado de Orixá Pópó; em Ejigbo, Orixá Ogiyán; em Ijàyie, Orixá Ijàiye; em Ugbo, Orixá Onilé.
Oxalá é o Orixá do Branco, símbolo da pureza incontestável. Detentor do princípio genitor masculino, qualquer oferenda a ele dedicada deve ser composta de elementos inteiramente brancos.
É Juana Elbein dos Santos quem afirma que "O obí, a oferenda por excelência para os Funfun, é o obí ifin, o obí branco; todos os animais, aves ou quadrúpedes, devem ser dessa cor. O sangue vegetal é simbolizado pelo ori, manteiga vegetal, e pelo algodão; o sangue mineral pelo giz e o chumbo. Sua oferenda preferida é o sangue branco do igbin (caracol), equiparado ao sêmen, do qual os Irunmale da direita são os detentores por excelência."^1
Dentre as principais atribuições de Oxalá, está o completo domínio sobre a vida e a morte representado pelo "alá" - emblema-símbolo composto de um pano de brancura imaculada que mantém estendido, como forma de proteção, sobre as diversas formas de vida que ocorrem nos dois planos de existência. Oxalá é o Sopro Divino, a primeira manifestação individualizada de Olorun, que dá início a todo o processo da existência diferenciada.
ODUDUWA Oduduwa é um Orixá sobre o qual existe muita discordância dos adeptos do culto. Se Oxalá representa o princípio masculino-ativo da criação, Oduduwa é a representação do princípio feminino-passivo, do qual surge a vida após o processo de "fecundação".
Oduduwa é um Orixá Funfun absolutamente diferente dos demais, embora semelhante em essência, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como esposa de Oxalá, embora seja, em princípio, sua irmã.
Uma grande controvérsia foi criada em torno deste Orixá colocando em dúvida não somente o seu gênero, como também seu status no complexo teogônico desta religião.
Oduduwa um Orixá-Funfun feminino ou um ancestral masculino divinizado por seus feitos notáveis? Segundo determinadas correntes mais atreladas às explicações científicas que às filosóficas, Oduduwa teria sido o fundador de Ifé, capital espiritual do povo Yoruba e fundador da dinastia que deu origem à esta etnia.
Fonseca Júnior propõe para o nome de Oduduwa a seguinte análise etimológica: Odu-(ti-o): recipiente auto- gerador; Da: Criador(a); Iwa: Existência: Oduduwa; O Ser Criador da Existência Terrena.
É o mesmo autor que, em referência a Oduduwa (personagem histórico), apresenta a seguinte teoria: "...presume-se que Oduduwa teria ido para a África a mando de Olodumare (Jeovah), para redimir os descendentes de Caim (Hetentotes) que, a semelhança de seu ancestral, carregavam o sinal da Besta na testa. (Gen.4,cap.15/16)". Mais adiante, Fonseca Jr. explica:
2 - Após o pacto semelhante ao que foi feito entre Deus e Abraão, Ninrod troca de nome passando a chamar-se Oduduwa;
3 - Oduduwa (Ninrod), filho de Olodumare (Jeovah), parte para a terra prometida. (Vide Gênesis, 12-1/2/3; Gen.17-4/5/6;
4 - Ninrod era descendente de Noé, neto de Cam (Camita) e filho de Cusi (kusi). (Gen.10-8/9); 5 - Abrahão (ex-Abrão), descendente de Sem (Semita) e Oduduwa (ex-Ninrod), descendente de Cam (Camita), eram parentes. “^2
A explicação de Fonseca Júnior parece aumentar ainda mais a confusão que teria sido gerada, segundo nos parece, num simples caso de homonímia verificado quando o personagem histórico (masculino), fundador de Ile Ifé, resolveu adotar, quiçá por determinação religiosa, o nome do Orixá (feminino) a quem é atribuída a "fundação" da Terra em que habitamos. A tradição cuidou de alimentar a confusão, existindo ainda hoje em Ile Ifé, um marco monolítico adornado de misteriosos sinais, denominado "Opá Oraniyan" que acredita-se, demarque o local exato da fundação da Terra. O mesmo monumento serve de túmulo a Oraniyan, rei dos yorubanos, bisneto de Oduduwa e pai de Xangô e de Ajaká.
Pierre Verger toma posição diante da questão, afirmando ser Oduduwa ..."um personagem histórico, guerreiro terrível, invasor e vencedor dos Igbo, fundador da cidade de Ile Ifé e pai de reis de diversas nações yorubas".^3
Segundo Verger, foi o Padre Baudin que primeiro classificou, em seu livro sobre religiões de Porto Novo, Oduduwa como Orixá, sendo posteriormente seguido nesta teoria por ..."compiladores encabeçados pelo tenente- coronel A.E. Ellis... A obra de Ellis foi o ponto de partida de uma série de livros escritos por autores que se copiaram uns aos outros..."
Verger confessa comungar da opinião do Reverendo Bolaji Idowu quando este afirma que "Oduduwa tornou-se objeto de culto após sua morte, estabelecido no âmbito do culto dos ancestrais (e não das divindades)".
Para reforçar ainda mais sua tese, o cientista continua: "A respeito de Oduduwa, acumulou-se com o tempo, uma vasta documentação escrita, tida como erudita porque é constituída de textos, a única valiosa aos olhos dos letrados, mesmo que estes textos estejam inspirados por escritos anteriores, inexatos e contrários à verdade".^4
O que o grande mestre francês esqueceu-se de citar seria talvez, a primeira pista esclarecedora, quando o próprio Idowu, na mesma obra, relata que "Até mesmo em Ile Ifé onde predominam os cultos às divindades masculinas, existe na liturgia, fortes indícios de tratar-se de uma Deusa, uma Divindade Feminina. Em alguns pontos esclarecedores desta liturgia, pode-se encontrar o termo "Iya Male" (Mãe das Divindades ou Mãe Divina)...^5
..."Em Adó, Oduduwa é irrefutavelmente uma Deusa... e parte da liturgia começa desta forma: Iya dakun gba wa o; - Oh Mãe! nós suplicamos que nos libertes; ki o to ni to mo; - olhai por nós, olhai por nossos filhos;
em decorrência da grande carga de negatividade de que são portadores. Um outro nome usado para mencionar estes Odus, é Gadeglido.
Os Odu-Ifá que falam exclusivamente de Legba, são Odi-Gundá, Gunda-Di e Di-Turukpon. Por sua importância e atributos, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos os procedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência.
A atitude do africano diante desta divindade é de verdadeiro pavor, devido ao seu poder de atuação sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, de quem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião, procuram estar bem com ele, evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira.
Bi á bá rúbo, ki á mú t'Exú kuro - " Quando qualquer sacrifício é oferecido, a parte que cabe à Exú deve ser depositada diante dele".
Esta regra deve ser sempre observada porque desta forma evita-se que, com atitudes maliciosas, Exú venha a ocasionar contratempos e confusões de todos os tipos.
Numa das mais importantes louvações de Exú, encontramos a expressão “Exú, otá Orixá” - "Exú, o adversário dos Orixás" - o que reafirma os constantes problemas existentes entre eles, ocasionados pela disputa do poder e da autoridade.
Entre os muitos nomes ou títulos honoríficos de Exú, destacamos: Logemo orun : Indulgente filho do céu. A n'la ka'lu: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça. Pápá Wàrà: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente. A túká ma xe xa: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído. Exú possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc...
No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de Exú provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes, dotado de asas como as dos morcegos.
Se por um lado houve a intenção, por parte dos antigos missionários cristãos, de desmoralizar Exú, devemos levar em conta que, deixadas de lado as conotações maléficas injustas e incompreensíveis atribuídas à Lúcifer (O Portador de Luz), Exú poderia perfeitamente ser comparado a esta magnífica entidade espiritual ao compreendermos suas verdadeiras funções e atribuições.
Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú.
Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo, Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, da mesma forma de outras que se apresentam como pretos- velhos, caboclos, boiadeiros, ciganos, etc.
É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades, que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados, de forma diferente e específica, mas que, independente de não serem Orixás, possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram.
O Orixá Exú é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente.
1 - Santos, J.E. - Os Nagô e a Morte. Padê, Axexe e o Culto Egun na Bahia. - Vozes - Petrópolis - 1986.. 2 - Obra citada. 3 - 0bra citada. 4 - Obra citada. 5 - Idowu, E.B. - Olodumare, God in Yoruba Belief - Longmans - 1962.. 6 - Idowu, E.B. - Obra citada. ADIMU - OFERENDAS AOS ORIXÁS 2ª Parte AS OFERENDAS Dentro do culto aos Orixás, o mais importante são as oferendas aos Orixás, que têm por finalidade manter o equilíbrio das relações entre eles e os seres humanos.
É através das consultas ao Oráculo de Ifá, que as pessoas, mesmo as não iniciadas, são informadas a respeito das exigências de seus Orixás e principalmente de Exú, relativas às oferendas que desejam receber.
Nem sempre estas exigências são estabelecidas pela relação anteriormente explicada entre o ser humano e seu Orixá de cabeça, muitas das vezes, é um outro Orixá quem se oferece para solucionar um determinado problema ou alguma dificuldade que está sendo vivenciada e, em troca, exige algum tipo de sacrifício em seu louvor.
Algumas vezes, pessoas atormentadas pelos mais diversos tipos de dificuldades, recorrem aos préstimos de algum Orixá, oferecendo algum tipo de sacrifício como penhor de sua confiança e de sua fé, da mesma forma que os católicos recorrem aos seus santos, implorando graças e fazendo promessas que, invariavelmente, são pagas somente após a obtenção da graça solicitada.